CENÁRIO: Uma sala no palácio. Um ano depois. Está decorada com tapeçarias coloridas. Há uma entrada à E.
Horemheb e Tutankhaton estão ocupados com uma pilha de armaduras. Este último está polindo uma lança.
Horemheb: Esplêndido, é assim que deve brilhar. É necessário seguir esfregando até que se possa enxergar o próprio reflexo.
Tutankhaton: (mostrando) Que tal assim?
Horemheb: Está bom o suficiente. Tem as características de um soldado de primeira, meu garoto.
Tutankhaton: (ruborizado e feliz) Tenho? Tenho mesmo? Vai me levar junto em sua próxima campanha?
Horemheb: Com alegria.
Tutankhaton: É uma promessa?
Horemheb: Uma bem fácil de cumprir. É muito difícil que haja uma campanha.
Tutankhaton: (um tanto desanimado) É, suponho que não vá haver nenhuma.
(Uma pausa. Horemheb suspira.) Está triste, meu senhor?
Horemheb: Não, não exatamente triste. (Devagar.) Um homem tende a ficar aflito quando é barrado de desempenhar sua função.
Tutankhaton: Gostaria de lutar.
Horemheb: Não pela luta em si. (Hesita) Mas ver o Egito... o Egito sendo tratado com insolência...
Tutankhaton: Onde foi isso?
Horemheb: Em Hanigalbat, mandaram uma mensagem insolente em lugar do tributo anual...
Tutankhaton: Quem fez isso?
Horemheb: Mês passado, o Rei de Mitanni ousou deter o enviado do faraó e mandou uma mensagem insolente quando protestamos. O Rei da Babilônia teve a impertinência maldita de escrever e reclamar que os mensageiros dele haviam sido roubados no território egípcio e que o faraó deveria, deveria, repare bem, compensar as perdas deles. Os hititas estão descendo para o sul, e eles também estão com um tom insolente.
Tutankhaton: E não estamos tomando nenhuma providência? Poderíamos, imagino?
Horemheb: Temos o poder de mandar um exército que calaria todos os insultos.
Tutankhaton: O rei, meu sogro, os admoestou.
Horemheb: Admoestou? Essa gente não entende palavras moles. Sabe o que estão achando? Acham que temos medo.
Tutankhaton: Isso é verdade?
Horemheb: O Egito, com medo de um punhado de valentões das montanhas e vagabundos do deserto? A ideia é risível... e no entanto não dá pra rir. Falta pouco para o caldo entornar.
Tutankhaton: Como assim?
Horemheb: Existe algo chamado “prestígio”, sabe. O Egito representa uma ideia bem definida. Representa a força invencível e a justiça. Esses paisinhos ficam roubando e atacando uns aos outros incessantemente. O Egito impôs paz a eles. Devem viver em amizade e irmandade por ordem do Egito. Porque, se não o fizerem, a ira egípcia vai descer sobre eles. Mas agora estão se perguntando, e se o Egito não for mais um leão? E se não existe mais nenhuma ira para descer sobre eles? Então, mais uma vez, vai haver pilhagem e estupro e guerras incessantes entre as tribos, todo o trabalho será desfeito, e as pessoas vão mergulhar de novo na barbárie.
Tutankhaton: (impressionado) Nunca pensei nessas coisas.
Horemheb: (amargo) Aqui, nesta cidade, existe outra coisa para se pensar que não seja o prazer?
Tutankhaton: É tão lindo aqui.
Horemheb: A beleza... a beleza... que loucura é essa por conta da beleza? Afinal, o que a beleza pode fazer pelo mundo? Não faz crescer as lavouras, não dá justiça ao oprimido. Na minha cabeça, uma província com governo decente, bem policiada, onde as pessoas podem plantar sem medo e tocar suas vidas, vale uma dúzia de estátuas – ou um palácio inteiro de baixos-relevos e tapeçarias penduradas.
Tutankhaton: Entendo o que quer dizer... Sim, estou entendendo.
Horemheb: Mas não deve me dar ouvidos. É só que, de fato, não aprecio a arte. A poesia me dá sono, e toda essa conversa sobre o sentimento na arte, a forma significativa e o ritmo delineado nas estátuas me deixa boiando.
(Entra um Servo Núbio.)
Servo: Meu senhor, dois emissários acabam de chegar da Síria e querem lhe falar. Pediram que lhe avisasse que são os filhos de Ribaddi.
Horemheb: Os filhos de Ribaddi? Vou agora mesmo.
(Sai com o Servo. Tutankhaton continua a esfregar a armadura. Apanha uma lança e faz o movimento de arremessá-la. Enquanto se diverte, o Sumo Sacerdote entra disfarçado em uma veste longa de lã síria, com chapéu alto e cônico e sapatos com ponta arrebitada. Ele observa por alguns instantes. Tutankhaton se vira e leva um susto.)
Tutankhaton: Oh! Não sabia que havia alguém aí.
Sumo Sacerdote: (apressado) Sou um dos filhos de Ribaddi. Recebi ordens de esperar por lorde Horemheb aqui.
Tutankhaton: Ah, sim, imagino que ele deva voltar logo.
Sumo Sacerdote: Será que um humilde estrangeiro tem permissão de perguntar o nome do nobre egípcio com quem fala?
Tutankhaton: Sou Tutankhaton, em breve serei genro do Grande Rei.
(O Sumo Sacerdote faz uma reverência.)
Sumo Sacerdote: É aquele, então, de quem se diz coisas grandiosas.
Tutankhaton: (surpreso) Eu?
Sumo Sacerdote: Sim, foi profetizado que será seu o trono do Egito, e que será um rei mais importante do que aquele que o antecedeu.
Tutankhaton: (constrangido, porém contente) Oh, mas tenho certeza de que isso é bobagem.
Sumo Sacerdote: É sabido que tem grande habilidade. (Com consideração.) Poderia ser um grande comandante.
Tutankhaton: Oh, acho que não.
Sumo Sacerdote: Lorde Horemheb tem Vossa Alteza em alta conta.
Tutankhaton: É mesmo? Isso me alegra.
Sumo Sacerdote: Dizem que Vossa Alteza vai levar o Egito a novas vitórias.
Tutankhaton: (animado) Que eu vou fazer isso? (Então cai em si.) Mas não vai haver mais nenhuma guerra.
Sumo Sacerdote: Claro. A nova religião proíbe. Foi Amon Rá quem liderou a vitória do Egito.
Tutankhaton: Resta agora muito pouco da religião de Amon no Egito.
Sumo Sacerdote: De certa forma, talvez seja uma pena. Todos os grandes conquistadores egípcios, todos aqueles cujos nomes foram marcados na história, eram seguidores de Amon.
Tutankhaton: (pensativo) Sim, isso é verdade, suponho.
Sumo Sacerdote: Não há dúvida de que Amon recompensa muito bem aqueles que lhe servem. Há o ditado: “Como são prósperas as posses daquele que conhece os presentes desse Deus. Sábio é aquele que o conhece. Favorecido é aquele que o serve. Existe proteção para aquele que o segue”.
Tutankhaton: Nosso pai, Aton, nos cerca de paz e amor.
Sumo Sacerdote: Mas nada de poder e fama.
Tutankhaton: Não.
(Horemheb entra rapidamente. Parece preocupado.)
Horemheb: Alteza, Tutankhaton, venha, lhe suplico, me acompanhe até o rei, eu... (Para ao ver o Sumo Sacerdote.) O senhor, Santidade?
Sumo Sacerdote: Eu mesmo...
Horemheb: (gaguejando) Mas como... por quê...
Sumo Sacerdote: Para lhe implorar um favor.
Horemheb: Mas de fato, Santidade, eu não posso fazer nada...
Tutankhaton: Santidade? (Olha fixo.) Quem é este homem?
(Horemheb hesita; o Sumo Sacerdote sinaliza para que fale.)
Horemheb: Este é o Sumo Sacerdote de Amon.
Tutankhaton: O Sumo Sacerdote de Amon?
Sumo Sacerdote: (falando com dignidade) Ainda assim, meu filho. Um Sumo Sacerdote, com seu orgulho derrubado, vem, vergonhosamente e em segredo, disfarçado, para buscar um favor de alguém que um dia lhe teve amizade.
Horemheb: (constrangido) De fato, Reverendíssimo, não me esqueci de sua bondade para comigo nos velhos tempos. Como me selecionou e se interessou por minha carreira. Acredite, não sou ingrato.
Sumo Sacerdote: Eu sei, meu filho, que um coração nobre jamais esquece os benefícios que recebeu, apenas uma natureza cruel fica constrangida e tenta esquecer. Não achei por um minuto que teria esquecido dos velhos tempos.
Horemheb: (ainda constrangido) Não, isso é verdade.
Sumo Sacerdote: Então vim procurá-lo, Horemheb, em um momento de necessidade.
Horemheb: Infelizmente, Reverendíssimo, é por demais desagradável o que tenho a lhe dizer, mas não posso fazer nada pelo senhor. Sei como deve me ver, como um traidor de tudo, de todas as crenças de minha juventude. Mas isso está acabado. Já fiz minha escolha. Oficialmente, cultuo o Aton.
Sumo Sacerdote: Oficialmente, talvez, mas não com convicção.
Horemheb: Nunca fui do tipo religioso.
Sumo Sacerdote: Não, mas sempre foi um homem de lealdade, fiel aos velhos amigos.
Horemheb: Às vezes, as lealdades entram em conflito umas com as outras.
Sumo Sacerdote: Isso é verdade.
Horemheb: (desesperado) Entenda de uma vez por todas, Santidade, e me perdoe por colocar assim de forma tão grosseira. Sou um homem do rei. Eu sirvo ao rei.
Sumo Sacerdote: Vê as coisas assim, entre Amon e o rei. E está do lado do rei.
Horemheb: Sim. É bem isso.
Sumo Sacerdote: Isso eu já sabia. E entre o Egito e o rei?
Horemheb: Não entendo.
Sumo Sacerdote: É bem simples. Sua lealdade é para seu rei e seu país, mas qual deles vem em primeiro lugar?
Horemheb: São a mesma coisa.
Sumo Sacerdote: Foram... no passado.
Horemheb: O que quer dizer?
Sumo Sacerdote: Nada. Só um pensamento que gostaria que considerasse. Eu também amo o Egito. (Pausa.) Mas está enganado se pressupõe que vim até aqui pedir em nome de uma antiga aliança à causa de Amon. Venho simplesmente como um velho amigo angustiado em perigo.
Horemheb: Angustiado e em perigo?
Sumo Sacerdote: Sim. Eu lhe peço, em nome de nossa antiga amizade, para que suplique ao rei por mim.
Horemheb: O rei não oprime ninguém.
Sumo Sacerdote: Não sabe o que aconteceu.
Horemheb: O que aconteceu?
Sumo Sacerdote: Houve um levante na Cidade de No. O povo destruiu o novo templo de Aton e está buscando restaurar o poder a Amon.
Horemheb: É sério isso?
Sumo Sacerdote: É. Não tive nada a ver com isso. (Amargurado.) Mas é difícil esperar que alguém acredite. Venho implorar que suplique ao rei por mim, que ele não acabe comigo por raiva ou deposite sua raiva nos desafortunados sacerdotes da Cidade de No.
Horemheb: Certo, Reverendíssimo, vou suplicar ao rei pelo senhor. Mas não tema, ele é dócil e sempre inclinado à misericórdia.
Sumo Sacerdote: Meu filho, você tem um grande e nobre coração. Um que não deserta um velho amigo.
(Enquanto ele fala, Akhenaton abre as tapeçarias ao centro e fica parado por alguns instantes ali sem ser percebido.)
Akhenaton: (em sua voz irônica) Minha nossa. Será que meu velho amigo Meriptah mudou de nacionalidade? (Adianta-se.) Não sabia, Santidade, que era um dos meus súditos sírios.
Sumo Sacerdote: Vossa Majestade. (Faz uma mesura.)
Akhenaton: Um encontro muito interessante. Ouvi dizer que você estava recebendo visitantes sírios, Horemheb, mas não fazia ideia da identidade deles.
Sumo Sacerdote: Vossa Majestade, deve acreditar em mim, lorde Horemheb não sabia de minha visita. Não se trata de nenhuma intriga criada por nós como deve estar pensando. Eu...
Akhenaton: (frio) Meu senhor, julga meus pensamentos tomando por base a sua cabeça.
Horemheb: (não está constrangido, pois é seguro de sua honestidade) É verdade, Majestade, não fazia ideia de que ele viria.
Akhenaton: Isso eu sei. Não duvidei de você, Horemheb.
Horemheb: Confia demais, Majestade.
Akhenaton: Confiar demais em você! Isso seria impossível.
Horemheb: Está seguro confiando em mim. (Sorri.) Mas é recomendável sempre manter uma pequena desconfiança. Não conhece o mundo como eu.
Akhenaton: Vou aprender a desconfiar, até de você.
Horemheb: (sério) Seria melhor desconfiar de mim e dos outros do que confiar em gente demais.
Akhenaton: Está errado. Confiança e amor, são as duas grandes armas que vão renovar o mundo.
Horemheb: Existem algumas pessoas, Majestade, que não entendem essas qualidades. Há notícias graves chegando da Síria. Os hititas estão marchando para o sul, colocando todos na ponta da espada. Ithakama se autoproclamou Rei de Kadesh e isolou a cidade leal de Tunip. O fiel Ribaddi, Rei de Byblos, que é seu criado leal, enviou o filho para impeli-lo a enviar ajuda rapidamente para aliviar a guarnição de Simyra. Se Simyra cair, Byblos não conseguirá resistir. Ele defenderá a cidade até a morte, mas implora que tropas cheguem logo. Os khabiri, a praga do deserto, estão arrasando a cidade e os povoados e queimando e saqueando a terra.
Akhenaton: Oh, que maldade habita o coração dos homens. (Com angústia.) Quando é que os homens vão aprender a se amar e viver em paz e irmandade?
Horemheb: Peço permissão real para despachar sem demora dois regimentos para...
Akhenaton: Não.
Horemheb: Mas, Majestade, essas pessoas precisam de justiça. O nome do Egito representa a justiça.
Akhenaton: No futuro deixe que represente a misericórdia. Mensageiros serão enviados, mas nada de forças armadas.
Horemheb: O senhor vai fazer com o que o Egito seja motivo de piada por todo o império!
Akhenaton: Enfrentar a violência com violência é gerar ainda mais violência.
Horemheb: Homens mortos então não devem ser vingados?
Akhenaton: Suas mortes são belas pois morreram em lealdade.
Horemheb: Eram amigos meus...
Akhenaton: A vingança poderia devolver-lhes a vida?
Horemheb: Não, mas...
Akhenaton: Precisa aprender a perdoar.
Horemheb: O Egito... o grande Egito... traindo aqueles que confiaram nesta nação.
Sumo Sacerdote: (com suavidade, para Horemheb) Assistir nossa nação humilhada, desonrada, desgraçada...
Akhenaton: Como o Egito é grandioso, todos os olhares do mundo recaem sobre ele, e, ao verem como o Egito procede, as nações menores vão fazer igual.
Horemheb: Vão apenas dizer, o Egito é fraco! (Dá as costas.)
(Entram Ay, Nefertiti, Nezzemut e Servo Núbio.)
Ay: Sua majestade, há notícias chegando da Cidade de No. As pessoas se revoltaram e destruíram o templo de Aton. Estão andando de um lado a outro nas ruas bradando alto por Amon. A rebelião é estimulada pelos sacerdotes.
Sumo Sacerdote: (dando um passo à frente) Isso não é verdade.
Ay: Então está aqui, Meriptah? É louco de se aventurar a entrar neste lugar, mesmo que disfarçado?
Akhenaton: (fanático) Amon! Os sacerdotes de Amon!
Sumo Sacerdote: Eles não participaram disso.
Horemheb: Meu senhor, o Sumo Sacerdote veio me pedir para que intercedesse junto à Vossa Majestade, já que sabia que sua raiva recairia sobre ele.
Ay: A rebelião foi obra dos sacerdotes, minha informação é verdadeira.
Sumo Sacerdote: Mentira.
Akhenaton: (depois de uma pausa, ele treme) Fui paciente por tempo demais e também meu pai Aton. Que maldição é essa desta terra? A tirania de Amon. Escravizou as pessoas, explorou os pobres, se fartou de sangue e crueldade. (Fanático.) O poder de Amon precisa ser arrancado pela raiz!
Sumo Sacerdote: (melodramático) Pode me matar, se quiser...
Akhenaton: Não derramo sangue. Isso você sabe. (Bem alto.) Mandem escribas para registrar minhas palavras.
(Servo sai correndo.)
Ay: (ansioso) O que desejaria fazer, Majestade? Tenha cuidado, não tome atitudes precipitadas.
Akhenaton: Sei o que precisa ser feito.
Nezzemut: (para o Sumo Sacerdote) Isso foi arriscado.
Sumo Sacerdote: Mas deu certo.
Nefertiti: Tire um tempo para pensar, Akhenaton. Está fora de si.
Akhenaton: Há um poder maligno nesta terra. Precisa ser expulso. Vou arrasar com a malignidade de Amon!
(Sumo Sacerdote e Nezzemut trocam olhares rápidos.)
Horemheb: Meu senhor, não faça nada imprudente. O culto a Amon é antigo e bem estabelecido. Leva conforto a muitos.
Akhenaton: O mal deve ser extirpado!
Nefertiti: Não com ódio, Akhenaton, não faça nada com ódio.
(Escriba entra.)
Akhenaton: (com tom oficial) Ouçam minhas palavras, as palavras do Rei do Alto e Baixo Egito. Vivendo em verdade, o senhor das Duas Terras. (Pausa. O Escriba anota.) Esta é minha vontade, que o culto a Amon não mais seja permitido, que o nome de Amon onde quer que ocorra sobre a terra do Egito seja apagado. De todos os monumentos e em todas as inscrições por todo o território, o nome de Amon será obscurecido.
Horemheb: (protestando) Majestade...
Akhenaton: (subindo o tom) E é meu comando que meus criados entrem nas tumbas dos mortos e apaguem o nome de Amon.
Horemheb: (estarrecido) Mas o nome de seu próprio pai!
Akhenaton: O nome de meu pai não será poupado. Que seja apagado junto com o restante.
Ay: Isso é um sacrilégio!
(Há um murmúrio coletivo.)
Akhenaton: (para o Escriba) Vá. Que minhas ordens sejam cumpridas imediatamente.
(O Escriba se apressa. Meriptah, fingindo estar totalmente arrasado, o segue. Nezzemut se retira para o fundo e observa os outros, que se agrupam em torno de Akhenaton.)
Horemheb: Meu senhor, não pode fazer isso! Vai gerar antagonismo em todo o território. É uma política ruim. As consequências podem ser extremamente sérias.
Akhenaton: (tremendo de emoção) O nome de Amon será varrido do Egito!
Ay: Não há sabedoria nessa linha de ação. Vai derrotar seu próprio objetivo. E desfigurar as inscrições nas tumbas... (Balança a cabeça.)
Nefertiti: O nome de seu próprio pai! Akhenaton, você não pode fazer isso.
Ay: Esteja avisado, filho. O coração das pessoas não se voltará para Aton, mas de volta a Amon. E o sacrilégio com o nome de seu pai... (Balança a cabeça.) Deus sabe o que vai acontecer com tudo isso.
Akhenaton: Palavras... só palavras. Existe um mal, e apenas um nesta terra (seu rosto palpita), o poder do clero de Amon. Eu sei, ninguém sabe melhor do que eu, cresci à sua sombra. Esta é a guerra, Horemheb, a verdadeira guerra que devemos lutar. Entre a luz e a escuridão, entre a verdade e a falsidade, entre a vida e a morte. Amon e os sacerdotes de Amon são o poder sombrio que estrangula a Terra do Egito. Vou libertar minha terra. Vou conduzi-la da escuridão para a luz, a luz eterna do Deus infinito. De agora em diante, a batalha é entre mim e os sacerdotes. E a luz vai derrotar a escuridão. (Abre os braços num rompante e cambaleia até o sofá.)
Horemheb: (como num sonho) Egito... o que será de ti? Egito...
CAI O PANO