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Esconderijos

No dia em que Paxton Osgood foi ao correio levar a caixa de forro laminado com os envelopes que ela tinha mandado um calígrafo profissional endereçar, começou a chover tanto que o ar ficou branco como algodão alvejado. Até o cair da noite, os rios tinham subido, chegando a causar enchentes e, pela primeira vez desde 1936, a correspondência não pôde ser entregue. Quando as coisas começaram a secar, quando os porões tiveram a água drenada e os galhos das árvores foram recolhidos dos jardins e das ruas, os convites foram finalmente entregues, mas todos nas casas erradas. Os vizinhos riam por cima das cercas, entregando aos seus verdadeiros donos a correspondência equivocadamente recebida, comentando sobre o clima maluco e o carteiro negligente. No dia seguinte, um número incomum de pessoas apareceu no consultório médico, com cortes inflamados feitos por papel, pois os envelopes ficaram lacrados como cimento, por conta da umidade. Mais tarde, os próprios convites, feitos em cartões individuais, pareciam se esconder e ressurgir aleatoriamente. O convite da Sra. Jameson sumiu por dois dias, depois reapareceu num ninho de passarinho, lá fora. O convite de Harper Rowley foi encontrado na torre da igreja; o do Sr. Kingsley, no jardim de sua mãe idosa.

Se alguém estivesse prestando atenção aos sinais, teria percebido que o ar fica esbranquiçado quando as coisas estão prestes a acontecer, os cortes de papel significam que há mais coisas escritas na página, palavras que os olhos não podem ver, e os pássaros estão sempre a postos, para protegê-lo daquilo que você não vê.

Mas ninguém estava prestando atenção. Muito menos Willa Jackson.

O envelope ficou intocado no balcão dos fundos da loja de Willa por mais de uma semana. Ela o pegou, com curiosidade, quando foi entregue juntamente com o restante da correspondência, mas depois o soltou, como se a tivesse queimado, assim que reconheceu o que era. Mesmo agora, quando passava por ele, ela lhe lançava um olhar suspeito.

— Abra isso de uma vez — Rachel finalmente disse, irritada, naquela manhã. Willa virou-se para Rachel Edney, que estava atrás do balcão do café, do outro lado da loja. Ela tinha cabelos curtos e escuros, vestia calças capri e uma blusa esporte, parecendo pronta para escalar uma rocha imensa. Não importava quantas vezes Willa lhe dissesse que ela não precisava se vestir com as roupas vendidas na loja — a própria Willa raramente se desviava dos jeans e das botas — Rachel estava convencida de que tinha de fazê-lo.

— Eu não vou. Não há necessidade de abrir — disse Willa, decidindo assumir a tarefa de dobrar o novo estoque de camisetas orgânicas, torcendo para que isso ajudasse a ignorar a sensação estranha que lhe arrebatava toda vez que ela pensava no convite, algo como um balão de expectativa no centro de seu corpo. Ela costumava se sentir assim com frequência quando era mais nova, pouco antes de fazer algo imbecil. Mas achou que tivesse superado tudo isso. Revestira sua vida com tanta calma que achava que nada poderia penetrá-la. Aparentemente, algumas coisas ainda podiam.

Rachel estalou a língua.

— Você é tão elitista.

Isso fez Willa rir.

— Explique por que não abrir um convite para uma festa de gala, dada pelas mulheres mais ricas da cidade, faz de mim uma elitista.

— Você olha tudo que elas fazem com desdém, como se fossem tolas demais para terem crédito.

— Eu não.

— Bem, é isso ou você está reprimindo um desejo secreto de ser uma delas — disse Rachel, ao vestir o avental verde com Au Naturel Artigos Esportivos e Café bordado em amarelo.

Rachel era oito anos mais nova que Willa, mas esta nunca descartava as opiniões daquela, como se fosse apenas mais uma garota de vinte e dois anos que se achasse sabichona. Rachel tinha vivido uma vida nômade e boêmia e conhecia muito da natureza humana. O único motivo para que, por enquanto, ela estivesse instalada em Walls of Water era por ter se apaixonado pelo local. Ela sempre dizia que o amor muda o jogo.

Mas Willa não queria falar a respeito do que sentia ou não com relação às famílias ricas da cidade. Rachel nunca passara mais do que alguns meses num lugar enquanto crescia. Willa tinha morado ali quase sua vida toda. Ela compreendia de forma inerente as misteriosas dinâmicas sociais de Walls of Water; só não sabia explicá-las às pessoas que não entendiam. Portanto, Willa fez aquela pergunta que sabia que distrairia Rachel.

— O que tem no cardápio de hoje? Está com um cheiro fantástico.

— Ah, coisas excelentes, isso eu lhe digo. Cereal com grãos de café cobertos com chocolate, biscoitos de aveia com glacê de chocolate e brownies de expresso — ela gesticulou como uma apresentadora de televisão para a vitrine embaixo do balcão.

Havia quase um ano, Willa tinha deixado Rachel assumir o balcão do café da loja, anteriormente fechado, dando-lhe permissão para ir em frente e acrescentar no cardápio petiscos que tivessem café como ingrediente. Acabou sendo uma ótima ideia. Entrar na loja, toda manhã, passara a ser realmente um prazer. Ser recebida pelo aroma acentuado de chocolate, misturado ao cheiro do café sendo preparado, dava uma sensação secreta e misteriosa, como se Willa tivesse finalmente encontrado o lugar perfeito para se esconder.

A loja de Willa, especializada em roupas esportivas orgânicas, ficava na National Street, via principal que conduzia à entrada da Floresta Nacional das Cataratas, amplamente conhecida por suas lindas quedas-d’água, no coração da cadeia montanhosa de Blue Ridge, na Carolina do Norte. Todas as lojas que atendiam ao pessoal das trilhas e acampamentos ficavam localizadas ali, numa extensão movimentada. E foi ali que Willa tinha finalmente encontrado seu nicho, se é que podia chamar assim. Na verdade, ela não ligava muito para caminhadas ou acampamentos, nem todo esse negócio de ar livre que sustentava a cidade, mas se sentia muito mais à vontade com os outros proprietários de lojas e o pessoal novo da região do que com as pessoas que conhecia quando era jovem. Se ela tinha de morar ali, aquela rua era seu lugar, e não com as locais chamativas.

As lojas ficavam em edificações antigas, construídas havia mais de um século, quando Walls of Water era só uma cidadezinha que vivia da madeira. Os telhados eram de estanho e o piso, feito com chapas de madeira pregadas com pregos batidos e gastos. Com a mais leve pressão, eles rangiam e estalavam, como ossos de uma mulher velha, motivo pelo qual Willa soube que Rachel se aproximara.

Ela virou-se e viu Rachel estendendo o temido envelope.

— Abra.

Willa o pegou, relutante. Era grosso e encorpado, dando a sensação de papel de carta. Só para tirar Rachel de seu pé, ela abriu. No instante em que o fez, a campainha tocou e ambas olharam para ver quem era.

Mas não havia ninguém ali.

Rachel esfregou os braços nus, que estavam arrepiados.

— Acabei de ter um arrepio.

— Minha avó diria que isso significa que um fantasma passou por você.

Rachel fungou.

— As superstições são a forma de o homem tentar controlar coisas de que não tem controle algum.

— Obrigada, Margaret Mead.

— Vá em frente — Rachel cutucou-lhe. — Leia.

Willa pegou o convite e leu:

Em 12 de agosto de 1936, um pequeno grupo de senhoras de Walls of Water, Carolina do Norte, formou uma sociedade que, desde então, se tornou um dos mais importantes clubes sociais da área, o qual organiza angariações de fundos, patrocina eventos culturais locais e anualmente concede bolsas de estudo.

É com grande orgulho que as atuais integrantes do Clube Social Feminino a convidam, como ex-integrante ou parente de alguma antiga integrante, para a comemoração do 75º aniversário da fundação dessa grande organização.

Venha nos ajudar a celebrar os 75 anos de brilhantes boas ações. A festa será o primeiro evento realizado na recém-restaurada Blue Ridge Madam, em 12 de agosto, às 19 horas.

RSVP através do cartão anexo, a Paxton Osgood, Presidente.

— Está vendo? — disse Rachel, acima do ombro de Willa. — Não é tão ruim.

— Não posso acreditar que Paxton esteja realizando isso na Blue Ridge Madam.

— Ora, vamos. Eu daria tudo para ver o interior daquele lugar, e você também.

— Eu não vou.

— Você é maluca de dispensar isso. Sua avó...

— Ajudou a fundar o clube, eu sei — Willa terminou a frase, ao colocar o convite de lado. — Ela fundou, não eu.

— É seu legado.

— Não tem nada a ver comigo.

Rachel jogou as mãos para o ar.

— Eu desisto. Quer um pouco de café?

— Sim — disse Willa, contente pelo fim da conversa. — Leite de soja e dois cubinhos de açúcar. — Na semana anterior, Rachel tinha se convencido de que a forma que as pessoas tomam seu café dá alguma pista secreta de sua personalidade. Será que as pessoas que tomam café preto são inflexíveis? As que gostam de café com leite, sem açúcar, têm problemas com a mãe? Ela tinha um caderno atrás do balcão, no qual anotava suas descobertas. Willa decidiu manter seu empenho, fazendo um pedido diferente a cada dia.

Rachel caminhou de volta ao balcão do café para escrever em seu caderno.

— Humm, interessante — disse ela, seriamente, como se fizesse todo o sentido do mundo, como se ela finalmente tivesse compreendido quem era Willa.

— Você não acredita em fantasmas, mas acredita que a forma como tomo meu café diz algo sobre minha personalidade.

— Aquilo é superstição. Isto é ciência.

Willa sacudiu a cabeça e voltou a dobrar as camisetas, tentando ignorar o convite, agora em cima da mesa. Mas aquilo continuava a chamar a atenção, tremulando como se fosse soprado pelo vento.

Ela jogou uma camiseta em cima e tentou esquecer o assunto.

Quando elas fecharam a loja naquela noite, Rachel seguiu para encontrar seu namorado, para uma caminhada noturna, que era tão irritantemente saudável que Willa compensou pegando um brownie da vitrine de petiscos e comendo em grandes mordidas. Depois ela entrou em seu jipe Wrangler amarelo a fim de ir para casa lavar roupa. As noites de quarta-feira eram sempre para lavar roupa. Ela até ficava na expectativa disso.

Sua vida era monótona, mas isso a mantinha afastada de problemas. Ela tinha trinta anos. Seu pai diria que isso era ser adulta.

Mas, em vez de ir direto para casa, Willa virou na direção de Jackson Hill, seu desvio particular diário. Era uma colina íngreme, um trajeto assombroso, quase agourento, mas era o único caminho para se chegar à mansão de antes da Guerra Civil que ficava no topo, localmente conhecida como Blue Ridge Madam. Desde que a reforma começara, havia mais de um ano, Willa fazia essas viagens secretas morro acima, para observar a evolução da obra.

O local havia sido abandonado anos antes pela última de uma série de incorporadoras duvidosas. A casa estava dilapidada e lentamente se desintegrava quando a família Osgood se apresentou para comprá-la. Agora, quase inteiramente restaurada e prestes a se tornar uma hospedaria com um salão de banquetes, as belas e brancas colunas dóricas estavam de volta, ao longo da extensão da casa, em um arrebatador estilo neoclássico. O pórtico inferior agora tinha um lustre épico pendendo do teto. O pórtico superior tinha cadeiras de ferro fundido. E agora havia um conjunto surpreendente de janelas, antes quebradas e fechadas com tapumes. Parecia algo do velho Sul, um solar de alguma fazenda, onde as mulheres de saias rodadas se abanavam e homens de terno falavam do preço das colheitas.

A Madam fora construída em 1800 pelo tataravô de Willa, fundador da já extinta Companhia Madeireira Jackson. Tinha sido presente de casamento à sua jovem noiva — uma jovem bela e delicada de uma proeminente família de Atlanta. Ela adorava a casa, considerada à sua altura, mas detestava essa cidade montanhosa chamada Walls of Water, odiava suas terras verdes solitárias e molhadas. Ela ficou conhecida por dar bailes esmerados, na esperança de persuadir os cidadãos a tornarem-se refinados como ela queria que eles fossem. Nunca aconteceu. Sem conseguir elaborar uma sociedade com o que tinha, ela decidiu trazer a sociedade para si. Convenceu seus amigos de Atlanta a visitar, construir casas, tratar esse lugar como um paraíso divertido, algo que ela própria nunca achara, mas ela era muito boa em convencer os outros. É a magia particular das mulheres belas e insatisfeitas.

Assim, uma rica sociedade se formou nessa minúscula cidadezinha da Carolina do Norte, cercada de cachoeiras e que um dia fora habitada principalmente por madeireiros rudes. Essas famílias prósperas eram curiosas, incongruentes e teimosas. E nada bem-vindas. Mas quando o governo comprou a floresta montanhosa dos arredores e a transformou em um parque nacional, e a indústria madeireira local definhou, foram essas famílias que ajudaram a cidade a sobreviver.

A ironia é que os Jackson, que um dia foram uma das mais distintas famílias da cidade, razão primordial de sua existência, acabaram perdendo todo o seu dinheiro quando a exploração da madeira cessou. A lembrança de quem eles eram e do dinheiro que possuíram os sustentou por um tempo. Contudo, quando eles não conseguiram pagar os impostos, foram forçados a se mudar da Madam. A maioria dos que tinham o sobrenome Jackson deixou a cidade, permanecendo apenas uma adolescente chamada Georgie Jackson — avó de Willa. Ela tinha dezessete anos, era solteira e estava grávida. Ela acabou se tornando empregada da família Osgood, que um dia fora muito amiga dos Jackson.

Willa parou no acostamento da estrada, pouco antes da entrada que conduzia à Madam. Ela sempre cronometrava o tempo, de modo a chegar ali depois que os trabalhadores já tivessem deixado a obra. Ela desceu do jipe e subiu no capô, recostando-se no para-brisa. Era fim de julho, o período mais quente e denso do verão, com a vivacidade do zunido dos insetos apaixonados. Ela colocou os óculos escuros diante do sol poente e ficou olhando a casa.

A única coisa que faltava na remodelagem era o paisagismo, que aparentemente tinha acabado de começar naquele dia. Isso empolgou Willa. Novas coisas a estudar. Ela viu que havia estacas de madeira e marcadores de corda formando um patchwork de quadrados ao longo do quintal da frente, e tracejados de cores diferentes pintados na grama, indicando onde passavam os dutos de luz, gás, água e telefone, para que os trabalhadores não cavassem ali. No entanto, a maior parte da atividade parecia estar concentrada na área ao redor da única árvore na parte plana do topo da colina, onde ficava a casa.

A árvore ficava junto ao precipício no lado esquerdo do declive. Suas folhas cresciam em ramos finos e longos, e seus galhos se estendiam amplamente. Quando a luz batia na árvore, na hora certa da noite, ela realmente parecia alguém à beira do precipício, prestes a mergulhar no oceano. Havia uma escavadeira estacionada ao lado da árvore, e cordas plásticas estavam amarradas em volta dos galhos.

Eles a derrubariam?

Ela ficou se perguntando o motivo, pois a árvore parecia perfeitamente saudável.

Bem, independentemente do que fizessem, com certeza seria o melhor a ser feito. Os Osgood eram conhecidos por seu bom gosto. A Blue Ridge Madam voltaria a ser um local espetacular.

Por mais que Willa não quisesse admitir, Rachel estava certa. Ela adoraria ver o visual interno. Só achava não ter direito algum de vê-lo. A casa já não era mais de sua família desde a década de 1930. Até mesmo estar assim tão próxima parecia invasão de propriedade... algo que, se fosse honesta consigo mesma, era um dos motivos pelos quais ela fazia isso. Mas Willa nunca tivera a ousadia de sequer se aproximar o suficiente para ver o interior quando era adolescente, e invadir a casa em deterioração era um ritual de celebração da maioridade. Em sua juventude, ela passava todos os tipos de trote possíveis e era tão boa nisso que ninguém soube que era ela até o finalzinho. Ela se tornara uma lenda que sua turma de formandos chamou de A Piadista da Escola Walls of Water. Mas esse lugar era diferente. Costumava ter um efeito desconcertante sobre ela, e ainda tinha. Todo adolescente que invadira a casa sempre contava histórias de passos e batidas misteriosas de portas, e um chapéu Fedora escuro que flutuava pelo ar, como se estivesse sendo usado por um homem invisível. Talvez fosse isso que sempre a impediu de se aproximar mais. Os fantasmas a assustavam, graças à sua avó.

Willa se sentou e enfiou a mão no bolso traseiro dos jeans. Ela tirou o convite e leu novamente. Dizia RSVP com o cartão anexo, então Willa olhou dentro do envelope, à procura do cartão, e o puxou.

Ela ficou surpresa ao descobrir um Post-it colado, que dizia:

Willa:

Sua avó e a minha são as únicas sobreviventes dos membros originais do clube, e eu gostaria de planejar algo especial para elas na festa. Ligue para mim e vamos tentar bolar alguma coisa.

Pax

Sua letra era bonita, claro. Willa se lembrava disso, do ensino médio. Uma vez, ela tinha pegado um bilhete que Pax acidentalmente deixara cair no corredor e o guardou durante meses — uma lista estranha de características que Paxton queria que seu futuro marido tivesse. Ela lera repetidamente, estudando o y curvo e o x garboso. Ela estudou tanto que descobriu que conseguia reproduzi-los. Depois que ela dominou essa habilidade, era impossível não a usar, o que resultou num encontro muito constrangedor entre a altiva Paxton Osgood e Robbie Roberts, roceiro farrista do colégio, que achou que Paxton lhe mandara uma carta de amor. A piadista da Escola Walls of Water atacava novamente.

— Linda, não é?

Willa deu um pulo ao ouvir a voz, seu coração deu um tranco. Ela deixou o convite cair e ele foi levado pelo vento até o dono da voz, em pé a poucos palmos, à direita do jipe.

Ele estava de calças escuras, com uma gravata azul estampada para fora de um dos bolsos. Sua camisa social branca estava transparente de suor e seus cabelos escuros, grudados na testa e no pescoço. Os óculos espelhados escondiam seus olhos. O convite bateu direto em seu peito e tremulou como um peixe fora d’água. Ele sorriu ligeiramente, cansado, desgrudando o convite, como se isso fosse a última coisa com que ele quisesse lidar naquela hora. Isso era um sinal, pensou Willa. Ela só não tinha ideia de quê. Era exatamente o que sua avó dizia quando acontecia algo inesperado, geralmente acompanhado pelas instruções de bater três vezes na madeira, girar ou colocar castanhas e moedas no parapeito da janela.

Ele tirou os óculos escuros e ergueu os olhos para ela. Uma estranha expressão surgiu em seu rosto e ele disse:

— É você.

Ela o encarou, até compreender. Ai, meu Deus. Ser flagrada ali era uma coisa; ser flagrada por um deles era algo totalmente diferente. Mortificada, Willa rapidamente deslizou do capô e disparou para dentro do jipe. Era um sinal, sim. Um sinal que dizia “corra o mais rápido que puder.

— Espere — ela o ouviu dizer quando ligou o motor.

Mas ela não esperou. Engrenou a marcha do jipe e partiu velozmente.