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COMO OS ESPÍRITOS SE COMUNICAM

É necessária muita energia para um espírito fazer algo se manifestar no plano físico. É aí que entra nossa participação. Quanto mais dispostos estivermos a nos abrir à existência de espíritos e a desenvolver nossa capacidade de comunicação com eles, mais os espíritos irão se revelar. Os espíritos tentam se comunicar conosco de diversas maneiras: com variações de temperatura, sons de batidas, aromas conhecidos e identificáveis, como tabaco ou um determinado perfume, alterações na corrente elétrica de lâmpadas, rádios, televisores ou telefones, e assim por diante. Eles manipulam a matéria e a energia e com isso são capazes de fazer coisas se moverem, de nos transmitir informações por meio de pessoas e animais e de quebrar nossa rotina. Os espíritos usam qualquer coisa para chamar nossa atenção. Sempre fico perplexo quando as pessoas compartilham comigo suas experiências de encontros com espíritos, porque quase sempre é algo novo para mim. Os espíritos são engenhosos porque não estão aprisionados à natureza terrena: sua criatividade não tem limites.

Evelyn, uma mulher que participou de um dos meus workshops, disse que, depois da morte do pai, cada vez que visitava a mãe na casa em que o casal tinha morado durante 30 anos, ainda sentia o cheiro do tabaco impregnado em tudo, por causa dos muitos anos que o pai passara ali fumando.

– Eu disse a minha mãe que mandasse limpar as cortinas e os tapetes para eliminar o cheiro de cigarro. Ela fez isso. Doou as roupas do meu pai e jogou fora todos os cinzeiros. Ainda assim, toda vez que eu ia fazer uma visita, sentia aquele cheiro de tabaco.

– Ele fumava muito? – perguntei.

– Ele começou a fumar aos 9 anos. Nunca o vi sem um cigarro na boca. Havia marcas de queimaduras e manchas nos tapetes e nos móveis da casa toda. Meu pai só foi parar de fumar quando o médico lhe disse que estava com câncer no pulmão.

– Então, você acha que o cheiro de cigarro era o seu pai se manifestando?

– Bom, no começo não achei que fosse. Pensava que a fumaça estava impregnada em tudo. Mas, depois que os tapetes e as cortinas foram lavados, percebi que só podia ser ele.

– Ele ainda está lá?

– Não, o cheiro sumiu mais ou menos um ano depois que ele morreu. Acho que meu pai só queria dar um tempo para ver se a minha mãe iria ficar bem.

Mostre-nos um sinal

Por que os espíritos desejam se comunicar conosco? Os espíritos são iguaizinhos a nós, e seus motivos são diversos, mas parece que a razão mais comum para um espírito querer entrar em contato é para ajudar sua família enlutada. Logo depois que a pessoa passa para o outro lado, sente a dor e o sofrimento de seus parentes. O que o espírito deseja é simplesmente informar à família que não está morto, mas plenamente vivo, e por isso fica por perto. A maioria das famílias está em tal estado de choque ou tão envolvida com o funeral que não percebe seus entes queridos tentando chamar sua atenção. É como se não ouvíssemos a campainha do telefone e o deixássemos tocar e tocar. Os espíritos sentem uma grande frustração quando não conseguem se comunicar com seus entes queridos.

Minha irmã Lynn e eu ficamos muito perturbados quando nosso pai morreu, mas sabíamos que ele estava perto de nós. Durante o velório, eu o vi várias vezes e também recebi muitas mensagens reconfortantes. Mas Lynn não recebeu qualquer mensagem. Quando colocamos a casa de papai à venda, Lynn e eu entramos no imóvel para dar nosso último adeus. Passamos de cômodo em cômodo e cada um deles nos trazia recordações de uma certa época. Ríamos e chorávamos enquanto nossas lembranças dançavam à nossa frente.

Quando fomos para o quarto de nossos pais, imediatamente sentimos o perfume característico e conhecido da loção pós-barba Old Spice. Era a preferida do meu pai, e nos abraçamos emocionados.

O aroma era inconfundível. Apesar de eu não estar enxergando o espírito de meu pai naquele momento, eu sabia que ele estava tentando nos mostrar que se encontrava ali. Depois de meia hora, percebemos que chegara o momento de deixar as antigas lembranças descansarem. Fomos embora da casa.

Quando entramos no carro, Lynn disse:

– Jamie, espero que estejamos fazendo a coisa certa. – Então ela olhou para o céu e implorou: – Papai, por favor, mande um sinal para mostrar que você concorda com a venda da casa.

Apesar de o médium ser eu, Lynn tem muita habilidade psíquica e sua intuição é bastante forte. Enquanto nos afastávamos da casa de carro, ela insistia:

– Aposto que ele nos mandará um sinal para mostrar que devemos mesmo vender a casa.

Dez minutos depois, quando viramos à esquerda numa avenida, Lynn recebeu o sinal que esperava. Ela exclamou, toda animada:

– Ai, meu Deus! Lá está! É o papai!

Lynn apontou para o carro que estava na nossa frente. A placa era AVP-770K. O primeiro nome do meu pai era Allan. Allan Van Praagh. Suas iniciais eram AVP, as mesmas letras da placa.

Os sinais nem sempre são aquilo que esperamos. Depende de como o espírito consegue transmitir sua mensagem. Muitas vezes são sutis, mas reconhecíveis. E freqüentemente parecem coincidência. Abandonar o pensamento racional e entrar em sintonia com nossa intuição é mais difícil se não estivermos dispostos a aproveitar todas as oportunidades que se oferecem. No entanto, quanto mais abertos estivermos, mais fácil será reconhecer os entes queridos que tentam fazer contato conosco.

A figurante

É necessário lembrar que os espíritos conservam a mesma mentalidade que tinham na Terra. Se eram teimosos aqui, continuarão a ser teimosos no além. Eles não vão desistir de se comunicarem até que alguém os escute.

Durante a segunda temporada do seriado The Ghost Whisperer, eu estava no set observando a filmagem. A cena daquele dia se passava na praça de uma cidade e havia muitos extras no local. Ao olhar para toda aquela gente, uma coisa chamou minha atenção. Quando uma figurante loura de uns 35 anos atravessou a rua, percebi que havia uma mulher mais velha, de cabelo louro desbotado e usando um suéter azul, que imitava cada gesto da mais nova. A mulher mais velha era um espírito. Fiquei intrigado pelo modo como ela tentava chamar a atenção da mais nova. O espírito cutucou o ombro da moça, assoprou dentro do seu ouvido, despenteou seu cabelo, mas nada disso surtiu efeito. A mulher mais jovem não conseguia perceber o que se passava, como acontece com a maioria das pessoas. Em um certo momento, o espírito gritou bem na sua frente, mas não adiantou. Eu estava vendo que o espírito tinha alguma mensagem a transmitir e que estava ficando muito frustrado. Essa cena se repetiu uma meia dúzia de vezes.

Quando o diretor finalmente gritou “Corta!”, a equipe toda saiu para almoçar. Os figurantes fizeram uma fila na frente do caminhão onde a comida seria servida. Naquele momento, senti vontade de ajudar a figurante loira e por isso fui até a sua mesa e me apresentei.

Ela olhou para mim encantada.

– Sou sua fã – disse ela. – É uma honra trabalhar neste programa. Sabe, é muito esquisito você ter vindo falar comigo. Deve ter algum motivo, não é mesmo?

Sugeri que nos afastássemos e levei-a para um canto vazio do set. Quando nos sentamos, ela se apresentou como Donna.

O espírito que havia aparecido antes surgiu bem na minha frente e fez alguns gestos com a mão.

– Diga que a culpa não é dela.

Relatei o que eu tinha testemunhado ao longo da última hora e Donna começou a chorar. Pareceu bastante perturbada, mas eu sei que não cabe a mim julgar as situações. Meu trabalho consiste apenas em transmitir a mensagem, por isso prossegui.

– Ela está dizendo que a culpa não é sua. Você entende?

Donna continuou chorando e o espírito começou a massagear seus ombros. Donna olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas e lentamente começou a explicar o que a mensagem significava.

– Minha mãe, Sheila, foi internada várias vezes ao longo de um ano por causa do câncer nos ossos. A doença era terminal e ela sofreu muito.

Fiquei imaginando toda a dor que a mãe tinha sentido.

– Perto do fim, ela entrou em coma, e eu a visitava todos os dias. Era muito difícil ver sua vida se esvaindo lentamente. Eu sabia que ela sentia muita dor, porque estava tomando morfina intravenosa na época.

Donna explicou que a mãe queria morrer com alguma dignidade.

– Uma noite, fui ao quarto dela e soprei em seu ouvido: “Agora você pode ir para casa. Tudo vai ficar bem. Quero que fique em paz.”

Donna disse aos médicos que podiam tirar a mãe do aparelho de respiração e, duas horas depois, Sheila morreu.

– Desde então, tenho vivido cheia de culpa e arrependimento, achando que talvez tenha errado. Quem sou eu para mandar desligar os aparelhos? Meu irmão, Jack, me acusa de ter assassinado minha mãe.

Sheila começou a se comunicar comigo por meio de pensamentos. Relatei a Donna o que sua mãe estava tentando transmitir-lhe.

– Sua mãe está dizendo que você fez a coisa certa. Foi um ato de amor. Ela está imensamente grata. Sua motivação foi pura. Sua intenção foi ajudá-la, e não prejudicá-la.

Donna enxugou as lágrimas.

– Sua mãe diz que tem tentando entrar em contato com você há um ano. Você tem um abajur na mesa de cabeceira à esquerda da sua cama?

– Tenho – respondeu ela.

– Sua mãe tem se esforçado muito para manipular a eletricidade e fazer a lâmpada acender e apagar o tempo todo.

– Achei que o abajur estava entrando em curto, por isso o tirei da tomada.

– Sua mãe diz que chegou até a trocar coisas de lugar no seu quarto, como livros. Sumiu algum objeto? Ela está dizendo que mudou de lugar uma foto da sua cômoda.

Os olhos de Donna se arregalaram.

– Então foi ela! Eu não sabia o que tinha acontecido com a foto, achei que tinha derrubado no cesto de lixo sem querer. Fiquei mesmo imaginando por que aquelas coisas estavam acontecendo...

– Agora ela está me falando algo a respeito da lavanderia.

– Minha nossa, eu achei a foto em uma prateleira da lavanderia e fiquei imaginando como tinha ido parar lá.

– E também está dizendo que você sempre perde as chaves.

– É verdade, James. Que coisa incrível. Eu até fiz uma piada, pedindo a minha mãe que as devolvesse.

– Bom, Sheila está me dizendo que sempre muda as chaves de lugar.

– Por que ela faz isso? – Donna quis saber.

– A intenção dela é fazer com que você desacelere e preste atenção. Você anda sempre ocupada e se preocupa demais com tudo. Ela quer que você passe mais tempo fazendo o que gosta.

Donna concordou e começou a rir.

– Sua mãe está aqui porque não consegue seguir em frente sem a sua ajuda. Você tem que deixar a culpa de lado. Você não fez nada de errado.

Então Sheila me falou a respeito de um livro.

– Tem um livro ao lado da sua cama com letras douradas – disse a Donna. – Ele caiu da cama hoje.

– É, caiu mesmo. – Donna começou a chorar de novo. Meneou a cabeça e murmurou: – Não consigo acreditar.

Garanti mais uma vez que estava tudo bem e a abracei.

Donna me olhou nos olhos.

– James, o nome do livro ao qual ela está se referindo é Letting Go (Desapegando-se). Minha mãe estava lendo esse livro no hospital. Pensando bem, o livro caiu da mesa pelo menos duas vezes, num momento em que eu estava passando por dificuldades. Achei que minha mãe estivesse zangada comigo. Fico muito feliz por saber que não está.

Sheila continuou falando sobre outros integrantes da família. Donna estava visivelmente aliviada, pois finalmente tinha se livrado do sentimento de culpa.

Ninguém no set de filmagem ficou sabendo o que tinha acontecido entre Donna, sua mãe e eu, nem sobre a linda mensagem de amor e perdão que nós três compartilhamos.

Costumo dizer que não existem acasos. Era meu destino estar no set de filmagem naquele dia. Eu precisava ajudar Donna. O mundo espiritual com freqüência manda aquilo que chamo de “sinal de validação” para mostrar que estamos no lugar certo na hora certa. Meu sinal de validação veio naquele mesmo dia, quando me dei conta de que o episódio que estávamos filmando era sobre uma família que tinha que decidir se desligava ou não os aparelhos de um rapaz em coma. Coincidência? Eu acho que não.

Nós nos veremos em meus sonhos

Sem dúvida alguma, o modo mais fácil que os espíritos têm de se comunicar com um ente querido é por meio dos sonhos. Costumo perguntar em minhas demonstrações:

– Quantos aqui já sonharam com entes queridos que faleceram?

Noventa por cento das pessoas levantam a mão. Algumas são capazes de se lembrar melhor de seus sonhos do que outras. Lembrar sonhos é apenas uma questão de prática.

Visitas em sonhos são bem comuns. No estado de sono, é a mente intuitiva e subconsciente que está no comando. Assim, os mecanismos de defesa que nos impedem de aceitar o mundo invisível estão adormecidos e nós ficamos livres e soltos para penetrar em outras dimensões. Muitos já descreveram as visitas que recebem em sonhos como algo muito concreto. Há uma sensação de que aquilo acontece em um cenário palpável e que a conversa é real. Essas visitas já foram descritas como avisos: um espírito revela alguma informação profética sobre um perigo que se aproxima. Muitas vezes, os sonhos são simbólicos e temos que examinar seu significado com atenção para ter certeza do que eles querem dizer.

Minha tia Anne McLane era a segunda mais velha de oito filhos, em uma família muito unida. Aos poucos, os irmãos e irmãs de tia Anne foram falecendo. Brinco com o meu público dizendo que não é à toa que sou capaz de conversar com os mortos, pois quando eu era criança ia a um enterro por ano. Chamávamos aquilo de “maldição irlandesa”, porque o lado materno de minha família era irlandês. Mas enterros também eram ocasiões de reunião da família, e sempre achei bem esquisito o clima meio festivo que se instalava.

Anne foi a última irmã que sobrou. Ela morava sozinha em uma casa antiquada em Mount Morris, uma cidadezinha pequena e decadente no estado de Nova York. Era uma mulher especial: tinha uma fé profunda em Deus e na Igreja Católica, mas era ao mesmo tempo independente e única. Fazia as coisas a seu modo e tinha uma grande curiosidade sobre o mundo e as pessoas. Era gentil e muito agradável, sempre tinha uma palavra carinhosa e deixava todo mundo à vontade. As pessoas se sentiam especiais perto dela.

Infelizmente, em seus últimos anos de vida tia Anne sofreu muito com problemas de artrite e tinha dificuldade para se movimentar. Apesar disso, dizia:

– Jamie, se Deus me deu essa cruz para carregar, terei que lidar com isso. Tem muita gente que sofre coisas bem piores.

Nunca conversei em detalhes com tia Anne sobre o tipo de trabalho que faço, porque ela era uma católica muito devota e o contato com os mortos não se encaixava em sua crença. Eu a respeitava e não queria perturbar sua fé. Só trouxemos o assunto à tona depois que Freddi, com quem ela fora casada durante 52 anos, faleceu. Na ocasião, senti que ela desejava muito saber o que acontece quando vamos para o céu.

Quando tia Anne fez 90 anos, conversamos um pouco por telefone, e foi a última vez em que nos falamos. Ela me contou um sonho que tivera na noite anterior.

– Eu era menina e estava sentada na varanda da casa em que nós crescemos. Todos os meus irmãos e irmãs andavam por perto. De repente, olhei para cima e vi minha mãe estendendo a mão para mim. “Venha, Anne”, ela disse. “Você sempre fica para trás!”

Minha tia não compreendeu o que o sonho significava, mas eu sabia que a mãe estava vindo buscá-la. Alguns dias depois, Anne morreu tranqüilamente enquanto dormia.

Um cruzeiro para o Taiti

Tenho muita sorte por poder desempenhar esse tipo de trabalho. Ajudo as pessoas a libertarem a mente e a abandonarem o medo da morte. Não existe recompensa maior para mim do que realmente fazer diferença na vida de alguém.

Descobri que uma das melhores maneiras de ensinar e de conhecer o planeta é em um cruzeiro. No início dos anos 1990, meu amigo Ron Oyer me procurou com a idéia de fazer um cruzeiro espiritual. Assim nasceu a Viagem da Iluminação.

Uma das nossas viagens foi à encantadora ilha do Taiti, localizada na Polinésia Francesa. O Taiti é o local mais próximo do céu que consigo imaginar. A transparência azul-esverdeada do mar, a hospitalidade local e a energia mágica que existe lá fazem da ilha um lugar perfeito para retiros espirituais.

Durante a reunião de orientação, conversei com o grupo sobre o processo de comunicação com os espíritos. Expliquei que para ter os melhores resultados possíveis era necessário que os participantes abandonassem qualquer expectativa que tivessem trazido consigo.

Essas expectativas ansiosas com freqüência bloqueiam qualquer chance de comunicação. Eu as comparo a uma mangueira de jardim que foi torcida e retorcida várias vezes. A água não consegue passar através dela porque o fluxo está interrompido. Permanecer aberto para o que pode acontecer pode ser uma tarefa extremamente difícil. Todos querem uma gratificação imediata, principalmente se estiverem pagando por ela. Mas eu lembro às pessoas que os espíritos se manifestam de maneiras sutis. As mensagens podem chegar por meu intermédio, através de outra pessoa que está no recinto ou mesmo de alguém que não participa do workshop.

Esse foi o caso de Joyce Randall. Joyce havia decidido fazer nossa viagem ao Taiti depois da morte devastadora de sua filha. Marie era uma universitária cheia de vida que estava estudando para ser médica. Infelizmente, sua vida foi abreviada por uma rara doença nos ossos.

Joyce era uma pessoa tímida e discreta que sofria intensamente com a perda da filha. Tinha passado por uma depressão profunda e estava ansiosa para fazer contato com a jovem. Depois que a conheci melhor, ficou claro para mim que, na relação de mãe e filha, Joyce assumia o papel da criança, enquanto Marie funcionava como uma figura maternal que cuidava da mãe. Sem a filha, a vida de Joyce também desapareceu. Ela não sabia como lidar com a dor. Então, um dia, uma amiga lhe deu o meu livro A força da vida. Depois de lê-lo, ela entrou no meu site e acabou reservando um lugar no cruzeiro.

A viagem mudou a vida de Joyce para sempre. Durante a semana, ela me contou várias histórias adoráveis sobre ela e a filha. Chorando, ela dizia que gostaria de poder, de algum modo, recuperar parte de seu passado. Olhei-a nos olhos e senti seu sofrimento. Joyce parecia muito deprimida e solitária.

– Tenho certeza de que a sua filha vai se revelar de algum modo. Basta ficar aberta aos sinais.

Um dia, programamos um workshop especial em terra, comandado por uma moradora da ilha. A palestra seria sobre a cultura do Taiti e suas crenças espirituais. Joyce estava presente.

– Não sei dizer muito bem por que estou aqui, mas senti que deveria vir – disse ela assim que chegou.

Então ela se virou, olhou para a mestre de cerimônias do workshop e ficou boquiaberta.

– É Marie! – exclamou. – É a imagem viva de minha filha.

Quando ficou sabendo que o nome da mestre de cerimônias era Maria e que seu aniversário era apenas dois dias depois do da filha, Joyce ficou eufórica.

No momento em que viu Joyce, Maria também sentiu que havia uma conexão imediata entre as duas. Devo acrescentar que a mãe de Maria havia falecido recentemente. As duas mulheres perceberam que o mundo espiritual as havia reunido de uma maneira que nenhuma delas jamais poderia ter imaginado. Joyce e Maria continuaram a se comunicar por meio de telefonemas, e-mails e cartas. Elas lembram uma à outra que ninguém jamais está perdido ou esquecido e que o amor entre mãe e filha ficará sempre presente.

Uma surpresa de aniversário

Outro modo que os espíritos usam para fazer contato conosco é através de fotografias. Já vi muitas imagens onde aparecem globos de luz ou alguma coisa parecida com fumaça ao redor de pessoas fotografadas. Muitos acham que esse tipo de efeito estraga as fotos. Mas eu acredito que isso acontece porque, de alguma forma, um espírito transferiu uma parte de força para a energia eletromagnética da fotografia. Repito: é necessária muita energia espiritual para fazer isso, mas tenho uma página inteira em meu site dedicada a “fotos de espíritos”.

Meses depois da morte de meu cunhado Dennis, que se suicidou há dez anos, fiz uma sessão espiritual para minha sobrinha Gail. Dennis sempre fora cético em relação a médiuns e comunicação com espíritos. Por isso, quando ele apareceu na sessão, fiquei um pouco surpreso. Uma das primeiras coisas que ele admitiu foi:

– Estou vivo, consigo falar com você.

Depois de enviar algumas mensagens comoventes para a filha, Dennis concluiu:

– Vejo todos vocês na festa de aniversário.

Eu tinha certeza de que ele estava se referindo ao aniversário de Gail, que iria ocorrer dentro de alguns dias, mas o aniversário passou e nada aconteceu. Gail e eu ficamos decepcionados.

Três meses depois da sessão, a neta de Dennis, Brittany, fez 3 anos. No dia seguinte, minha irmã, Lynn, ligou para mim, praticamente berrando ao telefone.

– Você não vai acreditar!

– No quê? – perguntei.

– Foi o Denis! Ele apareceu na foto com a Brittany! Está ajoelhado, esticando a mão para ela.

Mais ou menos um mês depois da conversa telefônica, encontrei minha irmã em Nova York, e ela me mostrou a fotografia. Até hoje, aquela é uma das fotografias espirituais mais nítidas que já vi. Além do nariz e dos olhos, dava para enxergar as costeletas, o corpo, a camisa e as calças de Dennis.

Ele provou a todos – mas sobretudo a si mesmo – que de fato existe vida após a morte.

Nosso filho, o geólogo

Há ocasiões em que um espírito se utiliza de métodos únicos e raros de comunicação, por meio da manipulação da estrutura molecular. Em outras palavras, o espírito é capaz de fazer um objeto aparecer e desaparecer. O espírito também é capaz de mover um objeto ou mesmo de enviá-lo para um local completamente diferente na casa. É necessária muita energia para fazer isso, mas é real e acontece.

Em agosto de 2001, fizemos um cruzeiro da Turquia até Atenas. A água é um condutor de energia muito especial, e por isso as experiências que as pessoas vivem nessas viagens são com freqüência amplificadas. Esse workshop reuniu pessoas de várias partes do mundo e de diversos perfis. Mas todas tinham um só objetivo: viver uma experiência que transformaria sua vidas.

Fayed e Shania, um casal do Kuwait, tinham perdido o filho, Bruno, havia cerca de um ano. Embarcaram no cruzeiro na esperança de fazer contato com ele e obter paz. Com apenas 24 anos, Bruno era respeitado pelos colegas devido à sua inteligência e talento. Ele adorava tudo que se relacionasse a rochas e tinha estudado geologia na faculdade.

Como em todos os meus workshops, expliquei à platéia como o processo de comunicação espiritual funciona. Naquela primeira sessão, vários espíritos se manifestaram, mas Bruno não se comunicou com os pais, deixando Fayed e Shania decepcionados. Os dois permaneceram na sala depois que todos saíram, chorando pela perda do filho.

Meu assistente, Jorge, percebeu o quanto o casal estava abalado. Aproximou-se deles e explicou novamente o que eu tinha dito durante o workshop:

– James não trouxe uma mensagem de seu filho, mas isso não significa que ele não esteja por perto. Fiquem abertos. Algo irá acontecer e vocês saberão que ele está aqui. Sempre acontece algo nesses workshops.

Fayed e Shania se sentiram reconfortados e foram se preparar para o jantar.

Fayed estava lavando as mãos no banheiro quando de repente uma pedra grande caiu no chão. Ele chamou a mulher e, quando Shania chegou ao banheiro, encontrou o marido olhando fixamente para a pedra.

– O que é isso? – perguntou ela.

– É o Bruno! – respondeu Fayed, todo animado. – Foi o Bruno que mandou esta pedra. Como se explica esta pedra no meio do quarto, no meio do oceano?

Quando Fayed e Shania chegaram para jantar, vi que algo tinha acontecido, pois parecia que a aura deles tinha se acendido em tons de dourado e de azul. Quando relataram a história da pedra que tinha surgido do nada, fiquei perplexo com aquela materialização. Até hoje, acho que esse foi um dos exemplos mais fortes do poder da comunicação espiritual que já testemunhei.

Espíritos têm sobre nós um impacto muito maior do que imaginamos. Como não podemos aplicar leis físicas de tempo e espaço aos mundos dos espíritos, freqüentemente chamamos de coincidência aquilo que é na verdade uma influência da esfera espiritual. Precisamos pesquisar mais as coincidências que acontecem conosco, pois não existe acidente nem sorte. Ainda que nosso Universo seja percebido como caótico e fora de controle, ele é um sistema governado de modo perfeito por leis espirituais. Da próxima vez que uma coincidência ocorrer em sua vida, examine-a um pouco mais a fundo para descobrir seu verdadeiro significado. Sempre há algo por trás de um encontro fortuito ou de um golpe de sorte. Normalmente, é um espírito ou até dois tentando enviar uma mensagem.

É necessário lembrar sempre que qualquer espírito que esteja na luz não vai se comunicar de modo ameaçador. No entanto, um espírito preso à Terra pode estar se sentindo esgotado ou confuso, e por isso sua comunicação causa perturbações. São os espíritos presos à Terra que assombram os vivos e que podem causar danos.