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Foi um ataque premeditado, bem organizado e armado. A grande porta de entrada foi arrebentada com o auxílio de um aríete de madeira por uma dezena de habitantes do vilarejo. Outra dezena tinha os fuzis apontados para a condessa. Os invasores usavam cinturões dos quais pendiam estacas claras, lisas e pontiagudas de madeira de freixo. Zejna logo compreendeu, pois ela também sabia o modo de matar um vampiro. Não se moveu quando aquela feroz horda humana atravessou o salão para cercá-la. Em frente ao tabuleiro de xadrez, deixava o fogo da lareira iluminá-la, tornando-a bela e maldita aos olhos de seus inimigos. Interrogou-os apenas com o olhar impassível, sem palavras para a humanidade à qual era indiferente.

«Blasfema, condessa», disse um deles, chamando sua atenção.

«Saiam da minha residência», ordenou, embora consciente de fazê-lo em vão.

«A senhora decidiu ofender o Pai, e nós viemos aqui para expulsar o demônio e puni-la por tê-lo protegido», acrescentou o camponês com altivez, orgulhoso de ser um soldado de Deus naquele momento. Zejna fez-se de desentendida.

«Estão escondidos aqui os dois assassinos que estão dizimando nossa gente, e será aqui que eles encontrarão seu fim», sentenciou o homem. Os outros iniciaram a busca na mansão.

«É sempre assim ou estão concedendo-me uma exceção?», perguntou a mulher, levantando-se e levando o interlocutor a observá-la de perto. «Vocês têm o hábito de atacar mulheres sozinhas?», zombou divertidamente, porém por dentro sentia o sabor amargo do medo e, no ar, a inconfundível chegada da morte. Havia sobrevivido para aquilo? Talvez sim.

«Você não está sozinha, cadela infernal», insultou-a. Um lampejo em sua mente lembrou-lhe que, ao contrário daqueles homens, um vampiro e o seu cão haviam sempre a respeitado. A raiva e o sentimento de impotência fizeram-na tremer.

«Vocês são loucos se pensam que podem sobreviver contra eles.» Decidiu não negar mais. Estava perdida, não suplicaria piedade. O camponês aproximou-se. Ela se enrijeceu.

«Basta um único golpe certeiro, condessa, e esta sordidez estará acabada», quase lhe sussurrou ao ouvido, agarrando-a, empurrando-a, encenando uma espécie de comédia que ela sabia ser uma armadilha. Tentou afastar o camponês, enquanto os outros tomavam posição, como um acordo tácito. Uma armadilha para seus hóspedes, e ela nada podia fazer além de fingir não ter medo.

Caiu de costas, com a estaca de freixo erguida sobre ela como um punhal. Ele a mataria. Talvez não daquela forma, mas a mataria. Tentou retroceder, mas o pé pesado do adversário bloqueou-a. No último instante, aquilo que viu foi Vuk sobre ela, o sorriso triunfante do homem que havia conseguido arrancar um dos vampiros do esconderijo e a estaca que afundava no ar em direção às costas do cão, que rosnava. As longas presas brancas, pontiagudas e letais, os olhos âmbar agora escarlates e ferozes. O golpe foi poderoso.