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Um dia, quando Coração de Ferro varria a rua, passou um cortejo. Havia lacaios a correr, envergando librés dourados, dois guardas montados em corcéis brancos como a neve, e finalmente uma carruagem dourada com dois lacaios agarrados atrás. Coração de Ferro não conseguiu fazer nada além de arregalar os olhos quando a carruagem se aproximou. Quando estava mesmo ao seu lado, a cortina mexeu-se e ele viu o rosto da senhora que ia lá dentro. E que rosto era! Tinha uma forma perfeita, a tez tão branca e suave que podia bem ser marfim. Coração de Ferro seguiu-a com o olhar. Ao seu lado, uma voz cacarejou. «Achas a princesa Consolação bonita?»

Coração de Ferro virou-se e viu um velho mirrado onde antes não estava ninguém. Franziu o sobrolho, mas teve de admitir que a princesa era extremamente formosa. «Então», disse o velho, chegando-se tão perto que Coração de Ferro sentiu o fedor do seu hálito, «gostarias de casar com ela?»

Excerto de Coração de Ferro