COMENTÁRIO

Francamente doutor não sei o que a Paula quer mais, não sei do que se queixa: uma casa herdada da madrinha com mobília de primeira que era a minha inveja, um bom emprego, o pai que foi o que foi antes da revolução sem ninguém a incomodar por causa disso tirando um ou dois episodiozitos que derivado aos entusiasmos da democracia e aos comunistas à solta por aí as coisas nem sempre correram como deviam, aposto que dinheiro no banco, a família da mulher do irmão, riquíssima, pronta a ajudá-la se ela precisar e agora não me venha com histórias que a culpa é minha se a Paula não sai, se fica a criar teias de aranha na sala domingos a fio, se não passa férias em Vilamoura ou no estrangeiro, e sobretudo não me venha sugerir que a culpa é minha se a Paula não se sente feliz. Aliás o que a Paula contou não me diz respeito nem me interessa, escusa de mexer na pasta, de mostrar esses papéis que tenho mais que fazer e não vou lê-los, ou bem que me acredita ou bem que não me acredita e já vai cheio de sorte de eu falar consigo porque se a Adelaide se lembrar de folhear o seu livro e der com o meu nome lá dentro e as mentiras da Paula sobre mim estou feito, a Paula que eu não vejo, a não ser por acaso na rua, desde séculos antes do nascimento do filho, e se acontece vê-la é bom dia boa tarde e acabou-se, nem um beijo nem um aperto de mão nem um sorriso, a Paula que eu procurava por desfastio e por cansaço de ela não me largar o telefone quando o rei fazia anos, era o tempo de cumprir o serviço e ia-me embora a galope, conheci-a em rapaz por intermédio de uma prima minha, andava eu nessa época a trabalhar com um táxi à espera do concurso nas Finanças e deu-lhe para simpatizar, para meter conversa, para me oferecer gravatas e pronto, nos dias de folga no serviço íamos de carro a Grândola ou ao Montijo ver os pássaros que chegam de África em maio e armam ninho nos caniços e nos cascos podres, arrumávamos o táxi perto da água, desligava-se o motor, os flamingos levantavam das ervas da vazante e regressavam a gritar, ameaçando-se e brigando, para além das ervas e de uma ou outra oliveira submersa notavam-se chaminés e telhados afogados no Tejo, um bairro operário náufrago com os ossos dos habitantes a murmurarem no lodo e a Paula a abrir a mala de verniz e a limpar os óculos com o lenço, que sempre a conheci de mala de verniz como a madrinha do cabeleireiro, a Paula mais feia que bonita, bastante mais feia que bonita e de lentes tão grossas que mal se percebiam as sobrancelhas e os olhos, a crescer para mim desinteressada dos flamingos

— César

e assim que eu começava a entusiasmar-me batiam com os nós dos dedos na janela

— Está livre?

a gente a compor-se à pressa e era um casal de velhotes que queria ir para Alcochete ou um grupo de franciscanos descalços que avariara a furgoneta do convento e se acomodava a rezar lausperenes à espera que o transportássemos a Lisboa, a Paula a abotoar a blusa e a ajustar o soutien, as oliveiras submersas flutuando ramos cor de iodo, os perus selvagens a caminharem no sargaço como quem anda de patins fora do ringue, eu a subir o fecho éclair e a calar um palavrão porque trilhei as partes, a tentar libertar a pele dos dentes metálicos, a Paula a pretender ajudar-me deslocando o fecho e a trilhar-me mais, o casal de velhotes que o mau feitio protegia do reumático e do açúcar no sangue a impacientar-se atrás de nós

— É para hoje ou vão continuar com as porcarias muito tempo?

e portanto, sem que me comprometesse

(bruxo)

sem que declarasse, Deus me livre, que gostava dela, passeávamos por aqui e por ali nos dias de folga que não abundavam, para mais com a Adelaide grávida à perna, até que uma tarde, ao entregar o táxi, tinha o cabo da Guarda à minha espera, todo detective, todo FBI, a amandar-se de um plátano como um sapo, não este cabo da Guarda que para sua informação também é fresco, o anterior, o bexigoso, que tomava pílulas de alho na ilusão de melhorar a cútis e enquanto a cútis não melhorava ia empestando o mundo

— Depressinha que há visitas para ti no posto

e fora do posto três automóveis do Governo afocinhados contra o pau da bandeira como cachorros partilhando um tronco e cinco ou seis paisanos da secreta revistando as imperiais dos camionistas sem contar o que trepava à torre da igreja a confirmar a inocência das cegonhas, no interior do posto o retrato do professor Salazar em novo, o retrato do senhor almirante em velho, uma pilha de garrafões vazios contra o ficheiro a fim de os entregarem na taberna e receberem o dinheiro da verga e do vidro para uma almoçarada no Seixal, carteiras de jardim de infância com soldados de língua ao canto da boca a escreverem multas de estacionamento numa lentidão pré-primária, paisanos da secreta que se me interessaram pelas reentrâncias para o caso de eu ocultar pelotões de pára-quedistas russos nos sovacos, e depois de uma janela para a horta onde os guardas cultivavam com amor ervas ruins e ratazanas, apertada por barracas de vendedores ambulantes de caçarolas, pensos rápidos e bustos de Beethoven, e tendas de circo onde um leão esquecido ia ganhando traça, um gabinete com um homem de chapéu a mastigar uma ponta de cigarrilha sem atentar em mim, o sargento que eu topava à noite curtindo o medronho sob os pombos que o tomavam por uma estátua em desgraça, o major da polícia a folhear um caderno de fotografias e o chapéu para o cabo que se perfilava numa continência de pudim

— É este?

uma traineira caminhava como um apóstolo na água perturbando os albatrozes, as ondas enrugavam e desenrugavam inquietações de testa, um arroto do sargento que era um grito de alma, um discurso de cirrose e solidão, o major a mostrar o caderno ao chapéu que eu conhecia sem me lembrar de onde

— É este senhor ministro

que eu conhecia afinal de condecorar bombeiros na televisão, de confortar ceguinhos no jornal, de garantir aos pretos que eram tão portugueses como nós na condição, facílima de cumprir, de continuarem a bater palmas agradecidas por morrerem de fome, de explicar na telefonia que os primeiros horrores que a União Soviética havia de fazer se entrasse no País era acabar com o cicloturismo e as missas campais, o paisano que se certificava do sentimento patriótico das cegonhas protestando aos insultos com o colega divertido que lhe fugiu com o escadote, e o chapéu para mim sem se ralar com o caderno

— Porque é que desencaminhaste a minha filha?

o colega divertido a mostrar de longe o escadote à torre da igreja e a gesticular adeuses à medida que o das cegonhas lhe punha de rastos a família, eu cuidando tratar-se de uma confusão, de um engano, sem entender quem seria a filha dele visto que só tinha a quarta classe e era humilde demais para conhecer engenheiros quanto mais ministros, eu que tratava por meninos, sem o atrevimento de lhes apertar a mão, os netos do veterinário e do juiz que por seu turno me chamavam por olha lá e tu aí e se referiam a mim como aquele, o da barba, o sobrinho da Custódia, e o major a exibir o que pareciam relatórios

— Não ouviste o que o senhor ministro perguntou camelo?

a respiração de seixos e calhaus do rio que o meu tio Zé Francisco insistia ter suicidas de há imensos anos a falarem-nos do fundo, o meu tio atento à água, a recomendar-me silêncio

— Não ouves o teu nome?

não ouvia o meu nome, ouvia asas molhadas que batiam, o apito da fábrica, o sino da escola, as pedras da muralha a despenharem-se uma a uma mas não ouvia os mortos

— Não ouço os mortos tio

o meu tio Zé Francisco de indicador na boca porque os suicidas se assustam com as palavras, porque, na timidez deles, sem paz não se dirigem a nós, podemos ficar séculos à espera e eles népia, escondidinhos como peixes na raiz das algas, o do ninho de cegonhas pendurado na torre a garantir que se não lhe entregassem imediatamente o escadote se lançava de cabeça para baixo e depois sempre quero ver-lhes a cara seus ursos, o major a bater-me com o caderno no nariz

— Não ouviste o que o senhor ministro perguntou?

e eram fotografias da Paula comigo em Grândola, no Montijo, na pedreira da primeira vez que a gente tal e coisa faço-me entender, e lembro-me que ao contrário dos suicidas os pinheiros esses sim ouviam-se, uma exaltação vaga de resina, um concerto difuso de suspiros, a Paula e eu no táxi de cotovelos e pernas desfocados, a minha tatuagem, os óculos da Paula, espessos como tubos de inventar planetas, a fitarem a câmara sem se aperceberem dela, um naco de ombro nu, um naco de barriga, e ao contrário dos suicidas os pinheiros, esses sim, ouviam-se, agulhas e agulhas e o pasmo dos ramos, os vidros descidos, o taxímetro tac tac tac, a camisola subida até ao queixo, os agrafes que recusavam desprender-se, a alavanca das mudanças a filar-me as calças, a Paula a estrangular-me com os sapatos

— César

os pinheiros, esses sim, ouviam-se como se ouvia um operário a martelar na poeira, como as estevas se ouviam, como se ouvia o guizo de uma cobra, fotografias da Paula comigo no adro do cemitério de Santiago com uma vendedeira de rainúnculos a espreitar das corolas, a Paula comigo encostada a um muro na mata de Sintra, naquelas manchas cor de alcatrão entre os pavões

— César

e eu para o major

— Essa não é filha de nenhum ministro senhor é a Paula uma infeliz que não vale um chavo coitada e trabalha no escritório do solicitador a afilhada da dona Alice do largo

eu que antes de entrar em casa me cheirava à cautela, procurava nódoas, procurava cabelos no casaco, ia ao sanitário da pastelaria do Ferreira e esfregava-me com a compota azul do sabonete, alisava a barba que ela me mordia em dentadinhas de paixão

— César

endireitava o colarinho, acertava a risca com o pente, piscava o olho ao Ferreira a pedir-lhe um café e o Ferreira a tirar-me a italiana roidinho de inveja

— Malandreco

abria a porta de casa a pisar forte e a falar grosso e amandava logo uma azevia ao Mário Jorge que riscava o papel de parede novo com os lápis de cor, o Mário Jorge aos uivos, a televisão aos uivos, a cadela aos uivos, a Adelaide, de Marie Claire no colo, que eu não desgostava de ler por causa das miúdas dos reclames

— Há crise?

uma trinca-espinhas quando a conheci que com os partos e a idade foi ficando forte, foi ficando espaçosa, foi ficando um primor, a Adelaide que ainda por cima ganha mais no banco do que eu na repartição a conferir impressos como um mouro, sem contar os subsídios e os prémios, a Adelaide que se não jogo rente e cuspo fininho me põe com dono num instante, o major de punho no ar e o Mário Jorge esperneando na alcatifa a estragar-me o pêlo com os ténis

— O papá arriou-me

o do ninho das cegonhas a descer finalmente do escadote, sacudindo folhas, sacudindo pó, a atirar-se ao divertido de pistola engatilhada e o chapéu a estalar os suspensórios

— Aguente os cavalinhos major

o chapéu a examinar as fotografias uma a uma virando as páginas com a ponta do dedo em cautelas bibliófilas, a Paula e eu a entrarmos de braço dado numa pensão, a sairmos de braço dado de outra pensão, formas misturando-se, relevos quase líquidos, o que se assemelhava a uma nádega, o que se assemelhava a um sorriso, o chapéu de cigarrilha apagada na boca e isqueiro aceso na mão a quilómetros da cigarrilha e do isqueiro, observando pormenores, voltando atrás, interessando-se, o chapéu para o major, a fechar devagarinho o caderno

— Major

e o major sem entusiasmo algum, cansado, aborrecido

— Senhor ministro

o chapéu a reparar em mim pela primeira vez, a mirar-me sem zanga nem curiosidade, com aquilo que parecia um sorriso mas não era um sorriso, eram dentes, afastando o fumo da cigarrilha com o leque preguiçoso da mão, o chapéu num eco distraído, quase com amizade, quase com ternura, a abrir de novo o caderno e a olhar os retratos

— A infeliz da Paula a coitada da Paula

alguém deve ter entrado porque me apercebi de uma alteração no ar, de um assobiozinho de vento, porque apesar de nem o chapéu nem o major se moverem a lâmpada do tecto balouçou, não senti dor, senti um sono estranho, uma desistência, uma indiferença, a língua presa, qualquer coisa vagarosa a alastrar-me na boca, o chapéu, o major e as fotografias não existiam mais, o posto não existia nem o sargento nem o cabo nem uma torneira que sangrava sem descanso, ou então não era a torneira era algo que eu conhecia sem saber o que era, ou não era algo que eu conhecia sem saber o que era, era a minha garganta, o meu tronco, era eu querendo tomar duche para me lavar do sangue e dos pedacinhos de dentes e contudo sem forças, sem ninguém que me ajudasse, avançando um passo às cegas ao encontro da Paula

— Paula

a Paula, acho que era a Paula, ou seja, achei que era a Paula e não era a Paula, era um homem tão remoto que o não via

— A infeliz da Paula a coitada da Paula

os ossos abertos, uma certeza de paz, o meu tio Zé Francisco de indicador na boca a recomendar-me silêncio

— Escuta César

um afogado a chamar-me dos calhaus do rio, da minha idade, do meu tamanho, parecido comigo, a sumir-se na areia, estendi a mão para ele e escapou-se-me, estendi a mão para ele sem conseguir tocar-lhe e o cimento do chão tão frio na minha cara, os paisanos da secreta fitando-me e a seguir trevas sobre trevas e anos volvidos, anos volvidos sim senhor, imensos anos volvidos, não julgue que exagero, não exagero, a minha cama e o meu quarto nascendo peça a peça como me dava ideia a mim que nascia numa dolorosa construção de tendões e falanges e nervos e músculos e veias, fragmentos que convergiam e se soldavam doendo-me, o rádio encaixou-se na mesinha de cabeceira e doeu-me, o quadro do barco rabelo que comprei ao meu cunhado prendeu-se no prego e doeu-me, o reposteiro enfiando-se na vareta vibrou uma gargalhadinha de cassa e doeu-me, saliências, cores dispersas, rangidos e ecos coagulando-se até formarem uma Adelaide incompleta, um esboço de Adelaide, que se foi precisando a pouco e pouco com o Mário Jorge agarrado a uma locomotiva de corda preso à saia, uma Adelaide que era e não era ela

— Estavas feito num oito à nossa porta

uma Adelaide que reparando melhor, quanto mais não fosse pelo desamor da voz, era ela, a aliança, o cordão que lhe ofereci nos anos, os irmãos Metralha do avental, como era o enfermeiro, o meu compadre, o Vítor, que me ligava o joelho, me apertava o punho, entre dois paus, aparecia e desaparecia com uma agulha de coser, me pincelava com um creme que ardia, eu a tentar saber para que era o creme, a agulha, o algodão, as talas, a tentar saber o que fazia num oito à nossa porta e o Vítor, de luvas de borracha, a arrancar-me a orelha esquerda com uma pinça

— Quietinho

e não apenas o quarto, não apenas a Adelaide, a cómoda, a santa de auréola, o guarda-fato e os seus cheiros tristes de criatura idosa ao abandono, eu a quem os paisanos da secreta largaram no capacho como quem larga

— O infeliz do César o coitado do César

um cão morto, roupa que não se quer, sobejos, o infeliz do César a mirar o Vítor, a mirar a Adelaide como os afogados me miravam

— Silêncio

dos calhaus do rio, eu a esforçar-me em remar para a tona

— Quietinho

dado que o Mário Jorge riscava o papel da parede com um lápis vermelho e eles não reparavam sequer, o papel caríssimo com açafates e medalhões azuis que gastei um domingo inteirinho a colocar, quis prevenir que o lápis não saía nem com lixívia, que aquele papel se esgotara, tentei levantar-me para um sopapo na criança e o Vítor a introduzir-me um rolo de esponja que devia ter bicos que se farta no nariz, a rebentar-me as bochechas como se as pisasse

— Quietinho

com a Adelaide a espreitar-lhe sobre o ombro, a mão da Adelaide nas costas dele, a anca da Adelaide contra a anca dele, o polegar da Adelaide no pescoço dele e eu a aperceber-me do atrevimento, da falta de respeito, da pouca vergonha para não falar do Mário Jorge com vocação rupestre de bisonte em bisonte pelo papel fora, eu capaz de os comer aos três de uma dentada só

— O que é isto?

e em lugar da minha fúria uma salivazinha roxa, um borbotão desmaiado, o Mário Jorge de lápis em punho desenhando-me animais primitivos no pijama tomado de inspirações neolíticas, a boca da Adelaide na boca do Vítor e eles a jurarem que não em protestos ofendidos

— Eh pá eh pá

e eu sem saber se havia de acreditar ou não acreditar, a fingir que acreditava, a pensar

— Hei-de fazer o mesmo à Fátima deixa

e o meu mal consiste em a Fátima não ser espaçosa como a Adelaide, ser uma anã peluda, simpática de acordo, boa dona de casa de acordo, mas que dá medo aos cães, a boca da Adelaide na boca do Vítor e o Vítor a entrapar-me em ligaduras e adesivos como se entrapasse uma múmia a seguir empalhá-la com os seus algodões e os seus líquidos egípcios gelados

— O teu marido ficou tão apardalado com a tareia que nem sequer nos vê

o Mário Jorge de gatas na cama em transe criador iniciando mamutes nos lençóis, eu a chupar caldos por uma palhinha durante quinze dias, sopa de rabo de boi minestrone gaspacho que sabiam ai de mim ao alumínio do pacote, eu a passear como um gondoleiro de bengala pela casa, primeiro o vime e a seguir a minha pessoa, lavrando o soalho centímetro a centímetro com os pés pesadíssimos, eu de manta no colo a comer papas de reformado frente à televisão, a entrar na pastelaria do Ferreira sem fôlego, sem energia, sem alma, incapaz de uma palavra, eu num ronco aflito

— Café

os clientes a crescerem em redor das mesas, das garrafas, das xícaras, das torradas, a crescerem ao balcão como cresciam os plátanos do largo e as camionetas do Algarve e os telhados e o rio, como cresciam o castelo lá em cima e a Paula que felizmente não reparou em mim, rezei a todos os mártires para que não desse por mim, para que nunca mais desse por mim na vida porque se me sorrisse, se me chamasse, se me cumprimentasse

— Olá César

a Adelaide havia de espreitar outra vez sobre o ombro do Vítor, com a mão nas costas dele, a anca contra a anca dele, o polegar no pescoço dele e eu não admito atrevimentos, poucas vergonhas, faltas de respeito e muito menos admito que o Mário Jorge me estrague com bisontes o papel de parede caríssimo, de açafates e medalhões azuis, que gastei um domingo inteirinho a colocar.