Questões para discussão e revisão

As seguintes questões são destinadas a facilitar a discussão e podem também ser apropriadas como tópicos para trabalhos.

1 Husserl e o projeto de fenomenologia pura

1) Como e por que Husserl argumenta contra o naturalismo? Qual é a relação entre seus argumentos contra uma concepção naturalista da lógica e sua concepção de fenomenologia? Por que ele pensa que os fenômenos da fenomenologia não podem ser entendidos como entidades naturais, semelhantes aos objetos materiais?

2) De que modo(s) a fenomenologia para Husserl é uma investigação transcendental? Que tipos de questões a fenomenologia considera, e por que Husserl pensa que a atitude natural, incluindo as ciências naturais, não permite responder a esses tipos de questões?

3) O que é a redução fenomenológica? Como ela funciona e por que Husserl pensa ser ela necessária à fenomenologia? O que, de acordo com Husserl, a redução fenomenológica revela?

4) Considere sua própria experiência perceptual, um episódio particular de experiência visual ou auditiva, e tente descrevê-la usando os conceitos estruturais de Husserl, tais como retenção e protensão, horizonte e síntese, noesis e noema. Como argumentar que essas estruturas são essenciais à sua experiência sendo o que ela é?

5) O que é a redução eidética? Como ela funciona? Em que medida ela difere da redução fenomenológica? Por que a redução eidética é essencial ao projeto geral de fenomenologia transcendental de Husserl?

2 Heidegger e a virada existencial

1) O que é a “questão do ser”, e como ela está relacionada à fenomenologia? Por que Heidegger diz que “somente como fenomenologia, a ontologia é possível”?

2) A fenomenologia de Heidegger é uma fenomenologia da cotidianidade. Por que ele pensa que a fenomenologia deve proceder dessa maneira? Quão acuradas ou convincentes você acha que são suas descrições de nossa atividade diária? De que modo, se de algum, você acha suas descrições problemáticas? Existe alguma coisa que Heidegger parece estar ignorando ou omitindo que levantaria dificuldades para sua descrição?

3) Uma característica principal da fenomenologia de Husserl é sua preocupação com a intencionalidade: toda consciência é consciência de alguma coisa. De que modo, e em que medida, Heidegger compartilha dessa preocupação? Ou seja, de que modo sua descrição da “cotidianidade” do Dasein é uma descrição da noção de intencionalidade, e de que modo, se de algum, a descrição transcendental de Heidegger é como a de Husserl? Se Heidegger está interessado na intencionalidade, isso significa que ele também está basicamente preocupado com a consciência?

4) Heidegger diz que o Dasein, ou seja, o tipo de ente que somos, é um ser “para o qual, em seu ser, esse ser é um tema”. Qual é a significância dessa definição com respeito à fenomenologia de Heidegger, ou seja, que tipo de fenômenos dependem crucialmente da, ou se mantêm unidos à, ideia de que somos entes cujo modo de ser é algo que podemos confrontar e determinar? Poderia haver uma fenomenologia de um ente cujo próprio ser não fosse um tema para ele? Poderia esse ente “ter” um mundo no sentido de “mundo” para Heidegger?

5) Que papel a noção de morte desempenha no projeto de Heidegger em Ser e tempo? Quais são algumas das peculiaridades envolvidas em pensar sobre a morte, especialmente quando se trata de pensarmos sobre nossa própria morte? Por que, para Heidegger, a morte é tão importante para a realização da “autenticidade” do Dasein? Poderia um ente que fosse imortal, ou seja, um ente para o qual a morte não fosse um tema ou uma possibilidade, ser autêntico no sentido de Heidegger?

3 Sartre e a subjetividade

1) Em A transcendência do ego, o principal objetivo de Sartre é demonstrar que falta um ego à “consciência de primeiro grau”, e o modo principal pelo qual ele demonstra isso é pela descrição fenomenológica. Que tipos de questões surgem ao tentarmos descrever a consciência de primeiro grau? Por que, por exemplo, o método da reflexão, de Husserl, é problemático? O que Sartre propõe em vez da reflexão? Como sabemos quando demos uma descrição adequada da consciência não reflexiva?

2) O que Sartre quer dizer quando diz em A transcendência do ego que “o ego é por natureza fugaz”? Como essa afirmação afeta nossa compreensão da relação entre a consciência e o ego? Qual é a significância dessa afirmação para compararmos a fenomenologia de Sartre à de Husserl? Que consequências essa afirmação tem para a natureza e possibilidade do autoconhecimento, ou seja, em que sentido existe um eu para ser conhecido, e o que pode ser conhecido sobre “ele”?

3) Um conceito central de O ser e o nada é o de má-fé. O que é má-fé, e por que ela é significante? Ou seja, o que uma consideração sobre a má-fé mostra sobre a estrutura da consciência (ou sobre o tipo de ente que somos)?

4) Em O ser e o nada, Sartre afirma que os entes humanos são uma combinação de “facticidade” e “transcendência”. O que Sartre quer dizer ao afirmar isso, e como essa afirmação está relacionada com a ideia de que os entes humanos são conscientes?

4 Merleau-Ponty e a fenomenologia da corporificação

1) Um conceito central na fenomenologia é o de redução fenomenológica. Como essa noção é desenvolvida em Merleau-Ponty? Como sua concepção de uma redução se compara à de Husserl? De que modo o “retorno aos fenômenos” de Merleau-Ponty é uma continuação do projeto original de Husserl e de que modo é uma separação dele?

2) O que Merleau-Ponty quer dizer quando afirma que “uma impressão nunca pode por si mesma ser associada a uma outra impressão”? Como ele argumenta a favor dessa afirmação? Qual é a significância dessa afirmação dentro de sua tentativa de superar “preconceitos tradicionais” no domínio da percepção?

3) Como Merleau-Ponty argumenta contra a ideia de que toda experiência perceptual envolve juízo?

4) Por que Husserl e Merleau-Ponty pensam que o corpo não pode ser considerado como somente mais um objeto dentre outros? Do que trata a experiência do corpo que a diferencia, categoricamente, da experiência de objetos?

5) Na Parte I de Fenomenologia da percepção, Merleau-Ponty dedica atenção considerável ao caso de Schneider, um veterano da Primeira Guerra Mundial com um conjunto curioso de debilitações. Que conclusões Merleau-Ponty extrai do caso de Schneider? Como ele usa Schneider para criticar tanto o empirismo como o intelectualismo?

6) O que Merleau-Ponty quer dizer por “intencionalidade motora”? Em que sentido ela é, como Merleau-Ponty afirma, “intencionalidade básica”, ou seja, o que ele quer dizer ao afirmar que a “consciência é, em primeiro lugar, não uma questão de ‘eu penso que’, mas de ‘eu posso’”?

5 Problemas e perspectivas – A fenomenologia e seus críticos

1) Qual é o problema das outras mentes? Como o problema surge na fenomenologia e como é tratado nas concepções da fenomenologia que exploramos nos capítulos 1-4?

2) O que está errado com a noção de totalidade, entendida como o objetivo ou propósito da investigação intelectual? O que é ignorado ou eliminado na busca pela totalização? Por que Lévinas pensa que a fenomenologia exemplifica a aspiração da filosofia ocidental pela totalidade?

3) Qual é a significância da noção, proposta por Lévinas, de “a face” para a fenomenologia? Em que sentido sua descrição acerca “do outro” é fenomenológica? De que modo ela constitui uma crítica à fenomenologia?

4) Como Derrida critica a noção de presença? Qual é a significância de suas críticas para a concepção de Husserl da fenomenologia? Mais especificamente, se Derrida está certo, como devemos alterar nossa concepção de consciência, e, desse modo, o projeto de descrever seu conteúdo e articular sua estrutura?

5) O que Derrida quer dizer ao afirmar que “um signo nunca é um evento, se por evento significamos um particular empírico insubstituível e irreversível”? Qual é a significância dessa afirmação em seu argumento geral contra Husserl?

6) O que é heterofenomenologia, de acordo com Dennett, e por que ele pensa ser ela superior às formas mais tradicionais de fenomenologia (ou Fenomenologia)? Que tipos de problemas cercam a fenomenologia e por que Dennett pensa que esses problemas não podem ser superados?

7) O que é o modelo de Rascunhos Múltiplos da consciência e por que Dennett pensa ser ele superior às concepções mais tradicionais de consciência?

8) Como Husserl e outros membros da tradição fenomenológica podem responder às várias críticas levantadas por Lévinas, Derrida e Dennett?