Conceber um texto de apresentação de um estudo que deu origem a um clássico da historiografia brasileira não é um exercício dos mais fáceis. Pelo contrário, trata-se de tarefa espinhosa. Como é do conhecimento de muitos, Vida social no Brasil nos meados do século XIX é a tradução brasileira de seu texto de mestrado Social life in Brazil in the middle of the 19th century, apresentado na Faculdade de Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais da Universidade de Columbia, em Nova York, Estados Unidos, e publicado na Hispanic American Historical Review, no volume 5, em 1922. A partir das reflexões desenvolvidas nesse seu trabalho para a obtenção do título de Master of Arts, Freyre continuaria suas pesquisas e publicaria Casa-grande & senzala, em 1933.
Freyre sempre regozijou-se do fato de o crítico norte-americano Henry L. Mencken tê-lo aconselhado a expandir o trabalho de mestrado em livro. O jovem pernambucano acabaria por cumprir o que Mencken teria desejado e onze anos depois publicaria Casa-grande & senzala. Em carta de 3 de abril de 1922 a Oliveira Lima, Freyre confessa estar satisfeito com a parte que já havia conseguido escrever de seu estudo de mestrado. Quando finalizado, Freyre tinha em mente que Social life seria um “preliminary inquiry”, pois já tinha planos de “aprofundar a sondagem”.1 E deixa claro ao diplomata o plano que tinha em mente: “É possível que algum dia este seu amigo apareça com dois volumes debaixo do braço – uma História social da família brasileira (durante os dois impérios)”.2
Social life ficaria consagrado como o germe embrionário de Casa-grande & senzala. Cumpre observar que a importância do texto de mestrado de Freyre não reside somente ao estatuto de ter dado origem à sua obra mais famosa. Faz-se necessário salientar que no texto de mestrado do jovem pernambucano estão presentes temas e abordagens teórico-metodológicas que Freyre desenvolveria em outros livros de sua extensa obra.
Há que se realizar, antes de adentrar nos meandros do livro, um histórico das edições do texto. Conforme já aqui mencionado, “Social life in Brazil in the middle of the nineteenth century” foi primeiro publicado no volume 5 de Hispanic American Historical Review, de 1922. O trabalho seria posteriormente reeditado em 1964, ocasião na qual o mesmo número da revista foi reimpresso. No mesmo ano sairia no Brasil a primeira tradução do original inglês, feita por Waldemar Valente e revista pelo autor. A segunda edição brasileira viria a lume em 1977 e a terceira, em 1985. Todas com prefácios do autor. Freyre tinha como prática – ou quase como uma obsessão – adicionar prefácios ou introduções para novas edições de seus livros. Nesses textos, Freyre não só procurava recontextualizar a obra em seu tempo como também responder a questionamentos que iam surgindo às suas colocações com o passar dos anos. Questionamentos que ele também buscava rebater através do processo de reescrita das próprias obras com o passar de suas edições. E, como não poderia deixar de ser, era nos prefácios que Freyre rememorava – com enorme deleite pessoal – os grandes acertos que identificava em seus escritos. O antropólogo Darcy Ribeiro chegou a comentar na edição venezuelana de Casa-grande & senzala, publicada dentro da coleção Biblioteca Ayacucho, o traço autoelogioso da personalidade de Freyre, ao afirmar que “él se gusta terriblemente a si mismo”.3 A edição de Vida social ora apresentada traz esses prefácios e permite ao leitor acompanhar Freyre respondendo a seus críticos e satisfazendo-se com suas glórias. Assim como outros textos de Freyre, seu trabalho de mestrado foi modificado e ampliado ao longo de suas edições, aspecto que será rapidamente comentado nesta apresentação.
A escolha do tema de seu mestrado parece ter tirado o sono do jovem pernambucano. É o que indica sua correspondência com Oliveira Lima, seu mestre e conterrâneo que, além de lhe franquear bons contatos no período em que esteve nos Estados Unidos, tornou-se um interlocutor decisivo para que o estudante definisse o tema de sua pesquisa. Primeiramente, em contato com o professor Haring Shepherd, da Universidade de Columbia, Freyre elencou dois possíveis temas para sua dissertação: a abolição da escravatura ou as revoluções americanas, com ênfase nas brasileiras, possibilidades que foram respeitosamente comunicadas a Oliveira Lima4 Com base na sua larga experiência de historiador, o diplomata alerta Freyre sobre o fato de a abolição da escravatura ter sido bem analisada em um trabalho de um pesquisador de Stanford e vê com melhores olhos o desafio de estudar as revoluções.5
A correspondência de Freyre com Oliveira Lima deixa clara a imensa admiração do jovem estudante pelo já consagrado historiador e diplomata, haja vista que até os passos mais simples do percurso acadêmico do jovem estudante são relatados ao ilustre amigo. É possível afirmar que o recorte temporal de Vida social (1848-1864) está diretamente relacionado à influência de Oliveira Lima, cujos estudos, em grande parte, versaram sobre o período monárquico.
Ao analisarmos a bibliografia utilizada por Freyre em Vida social, saltam aos olhos duas principais categorias de documentos: os anúncios de jornais e os livros de viajantes estrangeiros. Freyre utilizaria fartamente esses dois tipos de fontes documentais em seus estudos posteriores. No que tange à primeira categoria, Freyre dedicaria um livro inteiro à análise dos anúncios de escravos em jornais brasileiros do século XIX.6 Os livros de viajantes estrangeiros, por sua vez, constituíram-se em fontes centrais para o sociólogo em boa parte de seus livros. Seu entusiasmo diante deles é também visível em sua correspondência com Oliveira Lima, no prefácio à primeira edição de Casa-grande & senzala e em outros momentos.7 Eles aparecem em importantes passagens de Vida social para dar suporte às reflexões de Freyre a respeito da estrutura econômica da época, da vida que as sinhás levavam e também a respeito do cotidiano dos escravos.
A fim de se alcançar uma compreensão mais refinada acerca da arquitetura das ideias de Freyre, é mister visualizar a singularidade da formação acadêmica norte-americana por ele experimentada. Freyre esteve na Universidade de Columbia em plena fase de atividade intelectual de uma corrente de historiadores e cientistas sociais ligados àquela Universidade e à New School for Social Science Research, que ficou consagrada como “New History”.8 Essa corrente de intelectuais ansiava, de forma semelhante ao que foi proposto pelos historiadores, geógrafos e cientistas sociais franceses reunidos em torno da revista Annales, reformular o ofício do historiador. O novo tipo de investigação histórica, nos parâmetros projetados pela “New History”, deveria concentrar uma atenção mais efetiva na análise dos aspectos culturais, sociais e econômicos.
Na biblioteca de sua casa em Apipucos, no Recife, figuram dois livros importantes da produção teórica dos “new historians”: The new history and the social studies (1925)9 de Harry Elmer Barnes, e Recent developments in social sciences (1927),10 organizado por E. C. Hayes. Ambos os exemplares da biblioteca de Freyre encontram-se intensamente grifados. O livro de Barnes é uma espécie de balanço dos últimos dez anos dos avanços teórico-metodológicos propostos pelo círculo de pesquisadores da “New History”. Já o livro organizado por Hayes é uma coletânea de textos nos quais cada autor apresenta uma avaliação do estágio em que cada disciplina se encontrava na época: Sociologia, Antropologia, Psicologia, Geografia Cultural, Economia, Ciência Política e História. O capítulo que concerne aos estudos históricos é de autoria de Harry Elmer Barnes e revisita vários argumentos por ele desenvolvidos em seu The new history and the social studies.
A busca pela ampliação de interesses deveria ser uma constante no ofício do historiador; este é o cerne da obra de Barnes acima mencionada. Em outras palavras, a pesquisa das variáveis em jogo para a compreensão de um processo histórico deveria ultrapassar as pistas fornecidas por uma história política. Barnes avalia que as descobertas das ciências naturais durante o século XVIII e a Revolução Industrial alteraram sensivelmente as bases do pensamento humano, aumentando o leque de temas para o estudo da história e fornecendo novos subsídios para o historiador aproximar-se com mais competência dos objetos de sua investigação. As novas ferramentas disponíveis para o pesquisador são as novas ciências que tomaram forma e que deveriam ser consideradas aliadas da história.
Essas novas ciências são a ciência da vida, ou a biologia, a ciência do homem, ou antropologia, a ciência da mente, ou psicologia, a ciência das relações industriais, ou economia, a ciência da relação do homem com seu ambiente, ou antropogeografia, a ciência do controle da comunidade, ou ciências políticas, a ciência das relações sociais, ou sociologia. Cada uma dessas ciências representa um novo conjunto de interesses que se desenvolveram como resultado de uma necessidade vital por esse tipo de informação e análise. Seu espírito e suas tendências reagiram sobre a história para dar-lhe um conteúdo mais amplo, completo e humano.11
Ao desejar fornecer ao conhecimento histórico um conteúdo mais humano, os “new historians” tencionavam combater o peso excessivo que, em seu ponto de vista, era dado à história dos grandes feitos. Dentro da sua concepção, o historiador deveria operar com a noção de processo histórico, o que o levaria obrigatoriamente a recorrer aos recursos fornecidos pelas demais ciências para dar conta de aproximar-se da forma mais completa possível de seus objetos de estudo. Barnes, no artigo “Recent developments in history” do livro organizado por E. C. Hayes observa que “a ascensão da psicologia, antropologia e sociologia introduziu novas linhas de abordagem ao estudo do homem e de suas atividades em sociedade, e forneceu orientação adicional para a execução deste projeto”.12
Esse ambiente de renovação do campo de trabalho do estudioso da história deixou marcas indeléveis na formação de Freyre como analista social. Como já observado anteriormente, algumas das principais posturas teórico-metodológicas adotadas por Freyre em Vida social e em seus ensaios posteriores são tributárias das propostas esboçadas pela “New History”. A opção por uma história do cotidiano em contraposição à dos grandes acontecimentos, a busca por entender o “como” em vez do “o quê” e o recurso ao conhecimento disponibilizado pelas demais ciências são traços da abordagem freyriana da história que remetem aos pressupostos ventilados por essa corrente de intelectuais que representou uma significativa viragem nas ciências humanas nos Estados Unidos nos anos 1910-1920.
São esses novos pressupostos que vemos ressoar já em Vida social, obra na qual anúncios de escravos à venda e de escravos fugidos nos jornais brasileiros são apresentados por Freyre com a finalidade de mostrar a mestiçagem da população brasileira. O autor demonstra o alto grau desse processo, dentre outras formas, através das variadas denominações encontradas nos anúncios: “mulatas”, “pardos”, “acobreados”, “fulos” e “cabras”.13 A miscigenação, tema que ocupa lugar central em Casa-grande & senzala e na produção intelectual de Freyre como um todo, já é pensada por ele em Vida social: “A miscigenação campeava já desbragadamente. Muita mistura era de brasileiros brancos com gentes de cor. De europeus com ameríndios. De portugueses com negras”.14 Traço que para Freyre seria marcante na formação histórica brasileira, a tendência do português para a miscigenação – ideia que é detidamente desenvolvida em Casa-grande & senzala – merece uma rápida menção em Vida social. Ao avaliar a presença dos colonos europeus no sul do Brasil, Freyre sentencia que eles eram brancos que, “ao contrário dos portugueses, não se misturaram logo, nem facilmente, com gentes de cor”.15
A contraposição entre a alegria do negro e a apatia do indígena, comparação presente em Casa-grande & senzala, é também esboçada em Vida social de forma semelhante, baseando-se em depoimento do viajante Alfred Russel Wallace.16 Ancorando-se ainda em seu relato, Freyre também sugere a atmosfera idílica do cotidiano dos escravos no Brasil, pontuando que “Alfred Russel Wallace – abolicionista – encontrou escravos numa plantação de cana-de-açúcar que visitou no Norte do Brasil ‘felizes como crianças’. Acrescenta ele: ‘Não têm preocupações nem necessidades, são tratados com solicitude na doença e na velhice, os filhos nunca são separados das mães [...]’”.17 Em seu livro, o viajante britânico finaliza sua descrição, concluindo pela excepcionalidade dessa situação harmoniosa em que viviam os escravos daquela plantação de cana que visitou: “Do mero ponto de vista físico, poder-se ia dizer que o escravo daqui vive melhor que muitos cidadãos livres. Este, contudo, é um caso absolutamente particular.”18 Curioso, no entanto, que essa continuação reflexiva do viajante não seja comentada por Freyre.19 Nesse ponto, é digno de nota que já em Vida social Freyre aponta para a suposta benignidade dos senhores no tratamento dos escravos: “Na verdade, a escravidão no Brasil agrário-patriarcal pouco teve de cruel”.20 Declaração que o autor justifica comparando a vida dos operários ingleses no mesmo período à dos escravos das minas na América espanhola e nas plantações da América inglesa com as condições de vida da população escrava no Brasil.21
É preciso destacar que a noção de patriarcalismo arquitetada por Freyre leva-o a tecer análises que possibilitam a ele construir um cenário de convivência harmoniosa entre os dois mundos: o dos senhores e o dos escravos. O patriarcalismo da classe senhorial seria doce por possuir elementos católicos, diferentes da dureza do sistema de valores protestantes. As santas casas e misercórdias são caracterizadas por Freyre como instituições “patriarcais e cristãs”, por serem abertas a todos os que a procuravam.22 É importante notar que, na tradução para o português de Social life, Freyre matiza a predominância desse patriarcalismo brasileiro agrário e cristão em sua “expressão mais simpática” em todo o território brasileiro.23 Ele pondera, observando que ele pode não ter sido “situação dominante em todos os engenhos e em todas as fazendas do Império na época aqui considerada”.24
A preparação do texto executada por Freyre para a primeira edição em língua portuguesa de seu trabalho de mestrado foi além de uma mera revisão. Foram adicionadas muitas colocações em relação ao original. Ao reescrever o texto em inglês para a sua publicação no Brasil, Freyre procurou relativizar as teses da benignidade da escravidão e da proeminência do patriarcalismo em todas as regiões do Brasil defendidas no texto original. O sociólogo mostrava-se, assim, alerta em relação à recepção de seu trabalho e aos fortes questionamentos que ele recebia. No entanto, sua posição pessoal de enfatizar, em seu ponto de vista, aqueles que teriam sido os traços dominantes de uma época permanece inabalável. No prefácio à terceira edição de Vida social, ele reafirma a perenidade de sua análise ao advertir que, se o passado brasileiro não foi estritamente patriarcal, é inegável que ele tenha sido “predominantemente patriarcal”.25
O peso da religião católica no cotidiano de todas as esferas da sociedade é também abordado por Freyre em seu trabalho de mestrado. Com contornos semelhantes à abordagem posteriormente empreendida em Casa-grande & senzala, o catolicismo é considerado elemento central e atuante na vida social no Brasil de meados do século XIX. Freyre retrata a presença intensa da religião em todas as fases da vida: dos meninos que eram estimulados a serem coroinhas nas missas de domingo, das meninas que eram enviadas aos 14, 15 anos de idade para o estudo em internatos religiosos, das sinhás que devotamente conservavam em seus lares belos oratórios, da tradição de se construir e bem conservar uma capela em todo engenho, do cuidado dispensado nas cerimônias de sepultamento dos mortos.
A forte presença europeia nos modos de vida das elites brasileiras é esboçada em Vida social e seria longamente desenvolvida em Sobrados e mucambos. Freyre descreve a preferência das elites pelas encenações teatrais de peças líricas europeias, pelo gosto tipicamente inglês de tomar chá, pela adoção do turf inglês como opção de divertimento e pela presença da cultura livresca francesa e inglesa nos meios intelectuais. Nesse ponto, confere destacado relevo à revolução que a presença inglesa representou para o progresso material brasileiro nos meados do século XIX. A vinda de técnicos e de engenheiros ingleses para o País possibilitou a construção de engenhos a vapor e das primeiras estradas de ferro. As marcas da presença britânica no Brasil seriam o cerne de seu Ingleses no Brasil, de 1948.26
A reedição de Vida social no Brasil nos meados do século XIX oferece a oportunidade aos interessados em questões relacionadas ao pensamento social brasileiro de acompanhar as ideias de um dos maiores intelectuais brasileiros em estágio de maturação. Encontram-se esboçadas neste estudo de Freyre suas primeiras considerações a respeito de aspectos basilares da formação brasileira, como a miscigenação, a escravidão africana, a forte presença da religião católica no cotidiano da população em geral e a concentração do poder econômico nas mãos de uma elite.
De maneira renovadora, Freyre aborda traços constituintes da sociedade brasileira nos anos 1850. Munido de uma formação acadêmica norte-americana muito singular, ele ensaia os primeiros passos que o levariam à concepção de obras que visaram compreender o País e que tiveram imenso impacto na historiografia brasileira. Adepto da interdisciplinaridade, Freyre já se apresenta em Vida social como um intelectual comprometido com a tarefa de romper as fronteiras do conhecimento. Dessa maneira, mostram-se presentes no livro investidas do jovem pernambucano sobre os mais diversos assuntos: economia, religião, alimentação, saúde, meio ambiente, higiene pública, avanços tecnológicos etc. Interessado em tirar o melhor proveito do que os diversos campos do conhecimento tinham a lhe oferecer, Freyre concebeu seu primeiro texto de fôlego a respeito do Brasil com os olhos atentos sobre os papéis desempenhados pelos diferentes agentes e circunstâncias históricas, interpretando-as com a firme certeza de que o trabalho de investigação do analista social é um trabalho de cooperação, que exige a abertura interdisciplinar necessária ao justo enfrentamento de questões que residem nas raízes de nossa formação e a posterior construção de modelos explicativos.
Gustavo Henrique Tuna
É mestre em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas, onde defendeu em 2003 a dissertação Viagens e viajantes em Gilberto Freyre. É autor de Gilberto Freyre: entre tradição & ruptura (São Paulo: Cone Sul, 2000), premiado na categoria ensaio do III Festival Universitário de Literatura, promovido pela Xerox do Brasil e pela revista Livro Aberto. Atualmente, é responsável, como editor assistente, pelas obras de Gilberto Freyre publicadas pela Global Editora, tendo revisado as notas bibliográficas e elaborado os índices remissivos e onomásticos de cinco livros de Freyre publicados pela mesma editora: Casa-grande & senzala, Sobrados e mucambos, Ordem e progresso, Nordeste e Insurgências e ressurgências atuais. É doutorando em História Social na Universidade de São Paulo.
1 Carta de Gilberto Freyre a Oliveira Lima, Nova York, 3/4/1922, in: Ângela de Castro Gomes (Org.), Em família: a correspondência de Oliveira Lima e Gilberto Freyre. Campinas: Mercado de Letras, 2005, p. 135.
2 Ibidem.
3 Darcy Ribeiro, “Prólogo” in: Gilberto Freyre, Casa-grande y senzala: formación de la família brasileña bajo el régimen de la economia patriarcal. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1983, p. IX.
4 Carta de Gilberto Freyre a Oliveira Lima, Nova York, 8/2/1921, in: Ângela de Castro Gomes (Org.), op. cit., p. 65.
5 Carta de Oliveira Lima a Gilberto Freyre, Washington, 14/2/1921, in: Ângela de Castro Gomes (Org.), op. cit., p. 67.
6 Refiro-me ao livro de Gilberto Freyre, O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. 3a edição, São Paulo, CCBA/Propeg, 1984.
7 Em carta a Oliveira Lima, Gilberto Freyre menciona estar “lendo com deleite e proveito o livro de Kidder e Fletcher”, referindo-se a Brazil and the brazilians, de Daniel Parish Kidder e James Cooley Fletcher, publicado em Boston, pela Little Brown and Company, em 1867. Carta de Gilberto Freyre a Oliveira Lima, Nova York, 27/10/1921, in: Ângela de Castro Gomes (org.), op. cit., p. 115. No prefácio à primeira edição de Casa-grande & senzala, o sociólogo afirma que “Para o conhecimento da história social do Brasil não há talvez fonte de informação mais segura que os livros de viagem de estrangeiros”. Gilberto Freyre, “Prefácio à primeira edição”, Casa-grande & senzala. 51a edição, São Paulo, Global Editora, 2007, p. 47. Em livro que se configura numa reunião de suas confissões intelectuais, Freyre declara o impacto que os livros de viajantes tiveram sobre sua interpretação do País: “Lendo-os é que me fui defrontando com quase ignorados depoimentos de valor antropológico e quase ignorados sobre o Brasil ameríndio e sobre os primeiros contatos, no Brasil, de europeus com ameríndios e com africanos, em livros tidos apenas por pitorescos mas na verdade utilíssimos ao antropólogo moderno”. Gilberto Freyre, Como e porque sou e não sou sociólogo. Brasília: Ed. Universidade de Brasília 1968, p. 48.
8 Peter Burke chamou a atenção para a importância da New History na formação de Freyre em “Gilberto Freyre e a nova história”, Tempo social, São Paulo: USP, 9(2), out. 1997.
9 Na folha de rosto do livro, Barnes dedica-o “‘To the Columbia School’ of historians of a decade ago who did so much to create the new history, and to indicate its fundamental dependence upon the social sciences. [Para ‘Columbia School’ dos historiadores da década passada que fizeram tanto para criar a nova história e para indicar sua fundamental dependência em relação às ciências sociais]. Harry Elmer Barnes, The new history and the social studies. Nova York: The Century Co., 1925. O livro traz fotos dos seguintes membros da “New History”: James Thomson Shotwell, Frederick Jackson Turner, Granville Stanley Hall, Franz Boas, Franklin Giddings, Gustav Schmoller, Charles Beard e James Harvey Robinson.
10 E. C. Hayes (org.), Recent developments in social sciences. Philadelphia/Londres: J. B. Lippincott, 1927.
11 Harry Elmer Barnes, The new history and the social studies, p. 15. No original: “These new sciences are the science of life, or biology, the science of man, or anthropology, the science of mind, or psychology, the science of industrial relations or economics, the science of relation of man to his environment or anthropogeography, the science of group control or political science, and the science of social relations or sociology. Each of these sciences represents a new set of interests and there has grown up as the result a vital need for its type of information and analysis. Their spirit and tendencies have reacted upon history to give it a broader, sounder and more human content”.
12 Harry Elmer Barnes, “Recent developments in history”, in: E. C. Hayes (org.), op. cit., p. 387. No original: “The rise of psychology, anthropology and sociology have introduced new lines of approach to the study of man and his activities in society, and have furnished added guidance in the execution of this project”.
13 Gilberto Freyre, Vida social no Brasil nos meados do século XIX. 3a edição, Recife: Massangana, 1985, p. 59.
14 Idem, p. 58.
15 Idem, p. 59.
16 Ibidem.
17 Idem, p. 80.
18 Alfred Russel Wallace, Viagens pelos rios Amazonas e Negro. São Paulo/Belo Horizonte: USP/Itatiaia, 1979, p. 83.
19 Para uma análise mais detida dos modos através dos quais Freyre interpretou os textos de viajantes estrangeiros para caracterizar a escravidão no Brasil, ver o capítulo 2 de Gustavo Tuna de Viagens e viajantes em Gilberto Freyre, Campinas, dissertação de mestrado em História Cultural, Unicamp, 2003.
20 Gilberto Freyre, Vida social no Brasil nos meados do século XIX, p. 78.
21 Idem, p. 78-80.
22 Idem, p. 125.
23 Idem, p. 82.
24 Ibidem.
25 Idem, p. 11.
26 Gilberto Freyre, Ingleses no Brasil: aspectos da influência britânica sobre a vida, a paisagem e a cultura do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1948.