Capítulo 1

Interpretação Textual

Interpretar é entender o que está escrito no texto, em outras palavras, é explicar, é esclarecer, é reproduzir de uma outra forma algo que já foi dito. Assim, para falar em interpretação textual é fundamental saber o que é texto.

A palavra texto é originada do latim textum e significa entrelaçamento, ou seja, um texto é um entrelaçamento de ideias, por isso, um texto escrito não é apenas uma enumeração de frases e de orações e sim um conjunto de informações conectadas entre si que estabelecem a coesão e a coerência textual.

Segundo FÁVERO (1997), “O texto consiste em qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão”. Dessa forma, podemos considerar que o texto é qualquer forma de comunicação oral ou escrita, verbal ou não verbal sempre direcionado ao leitor, assim, músicas, bulas de remédio, faixas, pinturas, charges, gestos recitais, shows etc. são formas diferentes de texto.

1 – O texto

Vejamos alguns exemplos:

Texto 1

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Texto 2

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Texto 3

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Os textos acima não apresentam frases ou orações, são constituídos apenas de imagens e, ainda assim, conseguimos entender a mensagem de cada um deles. Analisando as figuras, verificamos que o texto 1 apresenta placas de sinalização utilizadas pelas normas de trânsito. Podemos observar ainda que a primeira placa mostra que é proibida circulação de bicicletas e mais ao fundo observamos uma outra placa que indica a presença de quebra-mola na pista. Já o texto 2 tem uma imagem que indica a necessidade de silêncio no estabelecimento em que ela foi fixada. O terceiro texto é uma charge da Mafalda que, ao caminhar por uma calçada, se surpreende ao pisar em um trecho alagado. Após constatar que a água não provinha de chuva, a personagem continua sua caminhada tentando saber a causa de tanta água até que num determinado momento se depara com inúmeras pessoas chorando.

Texto 4

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”

(Clarice Lispector)

Texto 5

Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

(Ricardo Ramos)

Ao comparamos os textos 4 e 5, observamos que ambos são textos escritos, entretanto com diferenças entre si. O texto 4 é direcionado ao leitor e foi elaborado a partir da utilização de orações, conectores coesivos e pontuação. Já quando lemos o texto 5, verificamos de imediato que se trata de um tipo de texto mais atípico ao que estamos acostumados a ver e a conceber como texto. Isso pode acontecer porque temos a sensação de que se trata apenas de um emaranhado de palavras soltas, composto principalmente de substantivos. Contudo, ao fazermos uma leitura mais atenta, constatamos que a sequência com que os substantivos foram organizados nos permite verificar a história de um homem comum vivendo sua rotina. Assim, o texto 5, apesar de ser apresentado com uma estrutura diferente do que estamos acostumados, é um texto, pois apresenta significado.

Até agora, vimos textos exclusivamente compostos de imagens e textos compostos exclusivamente de escrita. Observe abaixo o quadrinho do Calvim.

Texto 6

Calvim em: Pisei no cocô

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http://phellippe.arteblog.com.br/77956/Cavim-em-Pisei-no-coco/

O texto acima é conhecido teoricamente como texto misto por ser composto simultaneamente por imagens e escrita. Ambos os recursos são fundamentais para o entendimento do significado. Observe que no primeiro quadrinho o fato de Calvim gritar pela mãe é composto por um detalhe primordial que não podemos deixar de observar: ele está com os pés do lado de fora da casa. No segundo e terceiro quadrinhos, verificamos que Calvim reflete e obedece à ordem da mãe. Por fim, notamos que só é possível depreender o significado de todo o texto somando a parte escrita da fala de Calvim com a imagem de desespero da mãe.

1.1. TIPOLOGIA TEXTUAL

Quando falamos em tipo textual, atualmente conhecido como modo de organização do discurso ou modo textual, nos referimos à forma como o texto se organiza em relação à informação que será apresentada, aos aspectos sintáticos, aos tempos dos verbos, às relações lógicas etc. Tradicionalmente os tipos textuais são classificados de três formas: narrativo, descritivo e dissertativo (informativo ou argumentativo). Entretanto, atualmente, estudiosos defendem a existência de mais dois tipos textuais: o injuntivo e o dialogal.

É imprescindível lembrar que esses modos de organização do discurso nem sempre aparecem “puros” no texto, ou seja, dificilmente encontraremos textos com características unicamente narrativas ou descritivas. Em um romance, por exemplo, vemos a imbricação entre a narração do enredo e a descrição do espaço.

É importante ressaltar que muitas pessoas fazem confusão entre tipo textual e gênero textual. O gênero textual é um formato que se propõe a uma finalidade. Assim, uma lenda, uma ata de reunião, uma carta, uma fábula, uma receita, uma bula de remédio são diferentes gêneros textuais que possuem formatos distintos. Esses formatos permitem ao leitor identificar, por exemplo, a distinção entre a bula de remédio e a receita de um bolo, pois a forma como o texto é predisposto facilita a verificação do que o texto quer de fato comunicar. Podemos constatar, dessa forma, que temos inúmeros gêneros e que nesses gêneros podemos encontrar cinco tipos textuais. Para que fique mais fácil compreender, vamos analisar abaixo cada tipo textual.

1.1.1. Narração

A construção de um texto narrativo pressupõe a existência de um narrador, que pode ou não ser apresentado de forma explícita no texto. Este narrador tem como objetivo relatar fatos, que ocorreram em determinado tempo e lugar e que envolvem personagens. Assim, podemos entender que no texto narrativo há uma sequência de ações que ocorrem ao longo do tempo, mantendo a progressão temporal e consequentemente a sequência lógica do texto. Além disso, é possível observar a predominância de verbos de ação. Vejamos os exemplos abaixo:

Exemplo 1:

Coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.

– Basta de guerra – disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.

– Perfeitamente – respondeu a águia. – Também eu não quero outra coisa.

– Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.

– Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?

– Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.

– Está feito! – concluiu a águia.

Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três

monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.

– Horríveis bichos! – disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.

E comeu-os.

Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou

amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.

– Quê? – disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos?

Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste…”

Exemplo 2:

Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.

Conheceu Maria Elvira na Lapa prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura… Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.

Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.

Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos…

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

Manuel Bandeira

Exemplo 3:

Eduardo e Mônica

Quem um dia irá dizer

Que existe razão

Nas coisas feitas pelo coração?

E quem irá dizer

Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar

Ficou deitado e viu que horas eram

Enquanto Mônica tomava um conhaque

No outro canto da cidade, como eles disseram.

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer

E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer…

Um carinha do cursinho do Eduardo que disse:

“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”

Festa estranha, com gente esquisita

“Eu não tô legal”, não aguento mais birita”

E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais

Sobre o boyzinho que tentava impressionar

E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa

“É quase duas, eu vou me ferrar…”

Eduardo e Mônica trocaram telefone

Depois telefonaram e decidiram se encontrar

O Eduardo sugeriu uma lanchonete,

Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Se encontraram então no parque da cidade

A Mônica de moto e o Eduardo de “camelo”

O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar

Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos

Ela era de Leão e ele tinha dezesseis

Ela fazia Medicina e falava alemão

E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus,

Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud

E o Eduardo gostava de novela

E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central

Também magia e meditação

E o Eduardo ainda tava no esquema: “escola, cinema

clube, televisão”.

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente

Uma vontade de se ver

E os dois se encontravam todo dia

E a vontade crescia, como tinha de ser…

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia

Teatro, artesanato, e foram viajar

A Mônica explicava pro Eduardo

Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar…

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer

E decidiu trabalhar (nããão)

E ela se formou no mesmo mês

Que ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntos

E também brigaram juntos, muitas vezes depois

E todo mundo diz que ele completa ela

E vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrás

Mais ou menos quando os gêmeos vieram

Batalharam grana, seguraram legal

A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília

E a nossa amizade dá saudade no verão

Só que nessas férias, não vão viajar

Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

Ah! Ahan!

E quem um dia irá dizer

Que existe razão

Nas coisas feitas pelo coração?

E quem irá dizer

Que não existe razão!

Renato Russo

O texto do exemplo 1 é uma fábula. Esse gênero textual é organizado em uma estrutura específica, pois quase sempre seus personagens são bichos, que ganham características humanas e, além disso, tem sempre um ensinamento moral, revelado ao final da história. O texto 2 e o texto 3 também são predominantemente narrativos, embora pertençam a gêneros diferentes: o texto 2 é um romance e o texto 3 é uma música.

É importante também destacar que o texto 1 tem caráter fantástico, pois a fábula não se compromete com a veracidade dos fatos, pelo contrário, as fábulas são fantasiosas e figuradas. Já o texto 2 tem objetivo comunicativo diferente, pois é um texto com personagens bem definidos e que, principalmente, se compromete com a veracidade dos fatos relatados da mesma maneira que acontece com o texto 3.

Observe o quadro abaixo:

TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3
Gênero: Fábula
Objetivo: moral
Gênero: Romance
Objetivo: verossímil
Gênero: Música
Objetivo: verossímil
Tipo textual predominante: narração
Objetivo: relatar fatos
Tipo textual predominante: narração
Objetivo: relatar fatos
Tipo textual predominante: narração
Objetivo: relatar fatos
Personagens: águia e coruja Personagens: Misael e Maria Elvira Personagens: Eduardo e Mônica
Tempo: duração até a próxima caçada da águia Tempo: duração do relacionamento Tempo: início do relacionamento até a reprovação do filho

Observe que utilizamos a palavra predominante para classificar a tipologia, pois, em ambos os textos, verificamos também a existência de trechos descritivos, que não são suficientes para classificarmos os textos como descritivos.

1.1.2. Descrição

O texto descritivo apresenta uma sequência de características de um indivíduo, de um objeto, de um lugar etc. Textos descritivos geralmente são ricos em adjetivos ou expressões qualificativas e têm como objetivo a construção da imagem, pois o leitor é capaz de visualizar o que é descrito apenas com os dados apresentados no texto. Tradicionalmente, é comum considerar que o texto descritivo é mais estático já que se fundamenta no espaço enquanto o texto narrativo apresenta movimento uma vez que se fundamenta no tempo.

Exemplo 1:

Trecho retirado do livro Madame Bovary

A fachada de tijolos era perfeitamente alinhada à beirada da rua, ou melhor, da estrada. Atrás da porta estavam pendurados uma capa de gola curta, um freio, um boné de oleado e, a um canto, no chão, um par de polainas ainda cobertas de lama seca. À direita era a sala, isto é, o lugar onde comiam e onde sempre ficavam. Um papel cor de canário, com cercadura de flores descoradas, tremia sobre o pano em que estava colado; cortinas de chita branca, orladas de galão vermelho, entrecruzavam-se nas janelas e na estreita pedra do fogão resplandecia um relógio com a cabeça de Hipócrates entre dois castiçais de prata lavrada, debaixo de redomas ovais. Do outro lado do corredor estava o gabinete de Carlos, pequena peça de dois metros de largura, mais ou menos, com uma mesa, três cadeiras e uma poltrona.

Gustave Flaubert

Exemplo 2:

Anúncio de jornal

Vendo sitio 18 hectares, belíssimas cachoeiras com várias quedas, vários poços para tomar banho, o sitio é cortado por duas enormes cachoeiras, 2 lagos de peixe, pés de laranja, tangerina, caqui entre outros. Aproximadamente 1500 pés de banana, 2 casas c 2 quartos sala, cozinha e banheiro e varanda, um barracão de madeira, galinheiro. Lugar para quem gosta de tranquilidade. Também posso vender a metade do sitio com uma casa. O sítio tem cadastro no INCRA e no IBAMA, os impostos estão em dia. Tel convencional só horário comercial documentação em meu nome.

Exemplo 3:

A casa

Era uma casa

Muito engraçada

Não tinha teto

Não tinha nada

Ninguém podia

Entrar nela não

Porque na casa

Não tinha chão

Ninguém podia

Dormir na rede

Porque a casa

Não tinha parede

Ninguém podia

Fazer pipi

Porque penico

Não tinha ali

Mas era feita

Com muito esmero

Na Rua dos Bobos

Número Zero.

Vinícius de Moraes

A respeito dos textos acima, observamos que, apesar de serem de gêneros diferentes, ambos são predominantemente textos descritivos.

Observe o quadro abaixo:

TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3
Gênero: Romance
Objetivo: despertar o leitor para o relato de uma história
Gênero: Anúncio de Jornal
Objetivo: vender
Gênero: Música
Objetivo: despertar o leitor para as características de uma casa.
Tipo textual predominante: descrição
Objetivo: caracterização de objetos ou lugar
Tipo textual predominante: descrição
Objetivo: caracterização de lugar
Tipo textual predominante: descrição
Objetivo: caracterização de pessoa

1.1.3. Injunção

No texto injuntivo, o autor tenta fazer com que leitor tome atitudes a partir de uma sequência de comandos por meio do convencimento. O texto injuntivo geralmente apresenta ordem, pedido, conselho etc. e por isso há predominância de verbos no imperativo e a ordenação seriada das informações, especialmente sob a forma de orações coordenadas.

Exemplo 1:

Receita de pizza

(http://www.muitomaisreceitas.com.br/receitas/tortas_paes_e_pizzas/massa_basica_para_pizza.html)

Exemplo 2:

Os anjos

Pegue duas medidas de estupidez

Junte trinta e quatro partes de mentira

Coloque tudo numa forma

Untada previamente

Com promessas não cumpridas

Adicione a seguir o ódio e a inveja

Dez colheres cheias de burrice

Mexa tudo e misture bem

E não se esqueça antes de levar ao forno temperar

Com essência de espírito de porco

Duas xícaras de indiferença

e um tablete e meio de preguiça (…)

(Trecho da música os anjos de Renato Russo)

Exemplo 3:

Propagandas

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Como observamos acima, os textos, apesar de serem de gêneros diferentes, apresentam a mesma tipologia: a injunção. Nos exemplos 1 e 2, percebemos a preocupação do autor em orientar o leitor na execução de algo. No exemplo 1, temos uma sequência de ações que devem ser empregadas na ordem dada para que seja possível fazer a pizza. No exemplo 2, verificamos que o compositor Renato Russo adiciona ao gênero música um trecho do gênero receita. No exemplo 3, é possível notar que, embora os textos não apresentem uma sequência de ações a serem tomadas pelo leitor, as propagandas têm como objetivo convencer o leitor a tomar a decisão de adquirir o produto. Note que em ambos os textos verificamos a predominância de verbos no imperativo, por ser este, dentro do que considera a tradição gramatical, o modo verbal responsável pelos sentidos de ordem, pedido, conselho, sugestão ou súplica.

Observe o quadro abaixo:

TEXTO 1TEXTO 2TEXTO 3
Gênero: Receita
Objetivo: ensinar os passos de um procedimento
Gênero: música
Objetivo: criticar o comportamento da sociedade de forma geral
Gênero: propaganda
Objetivo: convencer o leitor a adquirir algo
Tipo textual predominante: injunção
Objetivo: dizer como fazer uma ação
Tipo textual predominante: injunção
Objetivo: dizer como fazer uma ação
Tipo textual predominante: injunção
Objetivo: levar à realização de uma ação

1.1.4. Diálogo

No texto dialogal, é possível observar que o texto é constituído por no mínimo dois locutores, que estabelecem um intercâmbio verbal. Este tipo de texto é organizado de forma a reproduzir uma conversa da oralidade, pois conferem realismo ao diálogo realizado pelos personagens que participam do mesmo espaço e discutem sobre o mesmo tema. Este texto se difere da narração, pois o narrador, quando aparece, tem apenas a função de apresentar o diálogo que ocorre na primeira pessoa do singular.

Exemplo 1:

Folha – Como foi voltar a filmar com Pedro Almodóvar?

Antonio Banderas – Foi como um nascimento, meu segundo nascimento. É difícil trabalhar com ele, porque exige muito. Para mim, é caminhar num terreno desconhecido, cujo resultado me deixou muito contente.

O que mudou no período em que não trabalharam juntos?

Muita coisa mudou, mas na vida pessoal continuamos muito amigos. No terreno artístico ele se converteu em um diretor mais profundo, mais sério, mais completo quanto ao conteúdo e na forma mais minimalista, quase japonês. Em minha carreira, nesse tempo, eu interpretei muita coisa, [fiz] filmes de terror, musicais, aventura, ação, filme para crianças. Reconheço que me apetecia me envolver com um cinema mais comprometido, com Woody Allen, Pedro Almodóvar.

Que tal as brasileiras?

Não tive tempo para conhecer muitas mulheres brasileiras porque fiquei em lugares fechados concedendo entrevistas (risos). Há uma alegria inata neste país. Recordo um filme chamado “Orfeu Negro” (1959) [filme dirigido por Marcel Camus, baseado na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes], que falava sobre a morte e ao mesmo tempo havia uma exaltação da alegria exatamente porque a morte é a única certeza.

Qual é a brasileira mais bonita?

A mais bela? É muito difícil porque há muitas mulheres muito belas aqui. A união de raças produz gente muito bonita aqui. A beleza das mulheres daqui não é tradicional. Há mulheres que não têm a beleza dentro das coordenadas, do padrão. Eu prefiro não intelectualizar, porque senão vou perder esse sabor, prefiro apenas observar e desfrutar.

O que acha do nosso cinema?

O Brasil está crescendo e o cinema vai junto. O trabalho de Walter Salles e Bruno Barreto são legados. Mas creio que o Rio não é uma cidade suficientemente retratada pelo cinema. Há algo muito espetacular aqui que não foi completamente retratado.

Como se envolveu com perfumes e fotografia?

Comecei minha atividade empresarial há 14 anos, mas não sou um vendedor de perfumes, sou um artista. Também me encanta a fotografia e a música.

(trecho da entrevista da Folha Online – http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/920728-banderas-diz-que-mulher-brasileira-e-para-observar-e-desfrutar.shtml)

Exemplo 2:

Ema prosseguia:

– E que música prefere o senhor?

– A música alemã, que é a que mais nos predispõe ao devaneio.

– Conhece os italianos?

– Ainda não; mas tenciono frequentá-los no ano que vem, quando for residir em Paris, para completar o meu curso de Direito.

(Trecho da obra Madame Bovary de Gustave Flaubert)

Exemplo 3:

Olá, como vai?

Eu vou indo e você, tudo bem?

Tudo bem eu vou indo correndo

Pegar meu lugar no futuro, e você?

Tudo bem, eu vou indo em busca

De um sono tranquilo, quem sabe…

Quanto tempo… pois é…

Quanto tempo…

Me perdoe a pressa

É a alma dos nossos negócios

Oh! Não tem de quê

Eu também só ando a cem

Quando é que você telefona?

Precisamos nos ver por aí

Pra semana, prometo talvez nos vejamos

Quem sabe?

Quanto tempo… pois é… (pois é… quanto tempo…)

Tanta coisa que eu tinha a dizer

Mas eu sumi na poeira das ruas

Eu também tenho algo a dizer

Mas me foge a lembrança

Por favor, telefone, eu preciso

Beber alguma coisa, rapidamente

Pra semana

O sinal…

Eu espero você

Vai abrir…

Por favor, não esqueça,

Adeus…

Paulinho da Viola

1.1.5. Dissertação

O texto dissertativo é elaborado a partir da apresentação de fatos, opiniões, pensamentos ou informações sobre determinado assunto. Geralmente, as ideias apresentadas são encadeadas utilizando-se a terceira pessoa do singular, uma das formas de marcar gramaticalmente a impessoalidade, entretanto, nas provas de interpretação, é comum observar textos dissertativos em que o autor se utiliza da primeira pessoa para expor sua opinião. A depender do objetivo do autor, a dissertação pode ser expositiva (texto informativo) ou argumentativa e geralmente dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão. A diferença básica entre os dois tipos de texto é que, no primeiro, o autor não se propõe a convencer o leitor, fazendo apenas uma explicação sobre o assunto apresentado, relatando dados e ideias. Já na argumentação, o autor, além de tentar convencer o leitor a respeito da ideia apresentada, emprega um raciocínio lógico e coerente, utilizando como base de argumentação provas que evidenciem suas ideias.

Vejamos os textos abaixo:

1.1.5.1. Dissertação informativa (expositiva)

Lua pode conter tanta água quanto a Terra, revela estudo

A Lua poderia ter muito mais água do que o imaginado, talvez tanta quanto a Terra, uma descoberta que lança dúvidas sobre a formação do satélite, revela um estudo divulgado esta quinta-feira nos Estados Unidos.

Durante muito tempo acreditou-se que a Lua fosse um local seco e poeirento até que, há poucos anos, descobriu-se água pela primeira vez.

Agora, cientistas das universidades Case Western Reserve e Brown acreditam que no interior da Lua haja cem vezes mais água do que se pensava inicialmente.

As descobertas foram feitas com o uso de um instrumento de precisão, chamado NanoSIMS 50L –um microanalisador de íons-– para examinar o magma lunar ou pequenas quantidades de rocha derretida, coletada pela Apolo 17, a última missão americana à Lua, em 1972.

“Estas amostras são a melhor janela que temos para [calcular] a quantidade de água no interior da Lua”, disse James Van Orman, coautor do estudo e professor de ciências geológicas do Case Western.

“O interior parece ser bastante similar no interior da Terra, razão pela qual sabemos sobre a abundância de água”, acrescentou.

As descobertas foram publicadas na edição de 26 de maio da “Science Express”.

A mesma equipe publicou um trabalho na “Nature” em 2008, descrevendo a primeira evidência da presença de água nos cristais vulcânicos trazidos pelas missões Apolo.

“O essencial é que em 2008 dissemos que o conteúdo primitivo de água no magma lunar deveria ser similar à água contida na lava proveniente da drenagem do manto superior da Terra”, disse outro coautor do estudo, Alberto Saal. “Agora, provamos que este é o caso”, acrescentou.

Enquanto as descobertas corroboram a teoria longamente sustentada de que a Lua e a Terra têm origens comuns, também lançam dúvidas sobre a crença de que a Lua pode ter se formado após um desprendimento da Terra, perdendo boa parte de sua umidade neste processo de alta temperatura.

Segundo esta teoria, de “enorme impacto” nos anos 1970, a Lua se formou depois que o nosso planeta colidiu com uma rocha espacial ou planeta 4,5 bilhões de anos atrás.

“Esta nova pesquisa revela que aspectos desta teoria devem ser reavaliados”, destacou o estudo.

As descobertas também levantam interrogações sobre as teorias que afirmam que o gelo encontrado nas crateras dos polos lunares pode ser resultante do impacto de meteoros, sugerindo que parte do mesmo pode ter provindo da erupção de magmas lunares.

A Nasa (agência espacial americana) anunciou, em 2009, que duas naves enviadas à Lua para colidir com a superfície do satélite descobriram pela primeira vez água congelada, uma revelação considerada um enorme passo adiante na exploração espacial.

(25/05/2011 – http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/921297-lua-pode-conter-tanta-agua-quanto-a-terra-revela-estudo.shtml)

1.1.5.2. Dissertação argumentativa

Nos últimos anos, a discussão sobre o aquecimento global e suas consequências se tornou onipresente entre governos, empresas e cidadãos. É louvável que todos queiram salvar o planeta, mas o debate sobre como fazê-lo chegou ao patamar da irracionalidade. Entre cientistas e ambientalistas, estabeleceu-se uma espécie de fervor fanático e doutrinário pelas conclusões pessimistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU. Segundo elas, ou se tomam providências radicais para cortar as emissões de gases do efeito estufa decorrentes da atividade humana, ou o mundo chegará ao fim do século XXI à beira de uma catástrofe. Nos últimos três meses, numa reviravolta espetacular, a doutrina do aquecimento global vem se desmanchando na esteira de uma série de escândalos.

Descobriu-se que muitas das pesquisas que dão sustentação aos relatórios emitidos pelo IPCC não passam de especulação sem base científica. Pior que isso: os cientistas que conduzem esses estudos manipularam dados para amparar suas conclusões.

A reputação do IPCC sofreu um abalo tectônico no início do ano quando se descobriu um erro grosseiro numa das pesquisas que compõem seu último relatório, divulgado em 2007. O texto afirma que as geleiras do Himalaia podem desaparecer até 2035, por causa do aquecimento global. O derretimento traria consequências devastadoras para bilhões de pessoas na Ásia, que dependem da água produzida pelo degelo nas montanhas. Os próprios cientistas que compõem o IPCC reconheceram que a previsão não tem o menor fundamento científico e foi elaborada com base em uma especulação. O mais espantoso é que tal previsão tenha sido tratada como verdade incontestável por três anos, desde a publicação do documento.

Os relatórios do IPCC são elaborados por 3000 cientistas de todo o mundo e, por enquanto, formam o melhor conjunto de informações disponível para estudar os fenômenos climáticos. O erro está em considerá-lo infalível e, o que é pior, transformar suas conclusões em dogmas.

(SOUZA, Okky de.. Veja, pp. 94-95, 24 fev.2010. com adaptações)

Observe que, no texto Lua pode conter tanta água quanto a Terra, revela estudo, o autor do texto não tem o objetivo de convencer o leitor a respeito do assunto; é, na realidade, possível notar que sua intenção é apenas informar o leitor sobre a possibilidade de a Lua ter mais água do que a ciência imaginava até o momento. Note que a abordagem do tema é imparcial, e o autor não revela claramente seu posicionamento, seu ponto de vista, em relação ao assunto apresentado no texto. Por outro lado, no segundo texto (a dissertação argumentativa), podemos observar o posicionamento do autor do texto em várias passagens como, por exemplo, em: “É louvável que todos queiram salvar o planeta, mas o debate sobre como fazê-lo chegou ao patamar da irracionalidade (…)”; numa reviravolta espetacular (…); Pior que isso (…). Tais expressões marcam nitidamente a opinião do autor do texto, ainda que ele não tenha feito isso utilizando a primeira pessoa gramatical (eu acho, eu penso, nós sabemos…) para expor sua opinião.

1.2. Tópico frasal

Quando lemos um texto, podemos identificar que cada um dos parágrafos do desenvolvimento apresenta uma ideia principal, também chamada de pequena tese, articulada diretamente com o assunto central do texto (tese geral ou grande tese). No caso do artigo dissertativo-argumentativo que você acabou de ler, o tema é o aquecimento global e suas consequências.

Caso você leia atentamente o primeiro parágrafo do texto, irá perceber que a primeira frase sintetiza toda a ideia presente. É essa frase com informação central do parágrafo que se chama de tópico frasal.

Vale lembrar que, nas questões de interpretação, os examinadores podem pedir para identificar a ideia principal do texto e você deverá saber também que não existe obrigatoriedade de a primeira frase do parágrafo ser mesmo o tópico frasal. Isso acontece porque em alguns casos o tópico pode ser um período no meio do parágrafo, ou mesmo no final. É mais raro, mas é de bom alvitre lembrar que também não é obrigatório o tópico frasal ocorrer no primeiro parágrafo.

Vamos analisar detidamente a estrutura de cada um dos parágrafos da dissertação argumentativa:

1º parágrafo – O tópico frasal que o inicia apresenta a ideia central (grande tese) do texto: a discussão sobre o aquecimento global e suas consequências se tornou onipresente entre governos, empresas e cidadãos. Uma boa estratégia para identificar o tópico frasal é o tamanho do período; geralmente, o período do tópico frasal é menor do que os outros que o explicam. Nos períodos seguintes desse parágrafo, notaremos que o autor direciona a sua discussão e o seu posicionamento.

2º parágrafo e 3º parágrafo – As ideias principais que os abrem apresentam a informação central do próprio parágrafo que introduzem; a essa informação chamamos de pequena tese: o escândalo relacionado às pesquisas desenvolvidas pelo IPCC. As outras frases do parágrafo aprofundam essa visão geral, trazendo conhecimento objetivo acerca do assunto e o posicionamento do autor do texto em relação ao tema.

4º parágrafo – A ideia principal que o inicia traz a aceitação de que os relatórios emitidos pelo IPCC são fundamentais e que o problema é a forma como se lida com as informações contidas neles.

Outro assunto não menos importante e sempre cobrado nas questões de interpretação é o tipo de argumentação que pode ser utilizado como estratégia textual, seja para convencimento do leitor seja como mera informação. Torna-se imperioso observar que a tipologia textual será determinada pelo objetivo do autor, ou seja, predominância não significa necessariamente que o maior fragmento caracteriza a tipologia. Se um fragmento narrativo de trinta linhas foi utilizado como recurso argumentativo para a defesa de uma tese exposta em apenas uma linha, ainda assim o texto é dissertativo. Isso se esclarece pelo fato de que não é o número de linhas que caracteriza o texto como um todo, mas sim sua finalidade. Assim, podemos encontrar textos narrativos com argumentos de autoridade e textos argumentativos com trechos narrativos. Isso pode acontecer por meio de parágrafos expositivos que têm função meramente informativa; parágrafos argumentativos que explicam o porquê da tese ou tentam comprovar sua validade; e até mesmo trechos elaborados por meio de alusão histórica em que o autor cria uma ambientação situada historicamente, apresentando, por exemplo, antecedentes históricos. Lembre-se de que todas essas estratégias de argumentação são também consideradas estratégias de evidência, uma vez que a tese é defendida de forma a dar credibilidade ao texto, não apresentando dúvida quanto à sua verdade.

1.3. TIPOS DE ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS

1.3.1. Argumentação por autoridade ou informações de terceiros

A argumentação por autoridade é realizada por meio da demonstração de opiniões de pessoas “consideradas autoridades” para a ideia proposta no tema do texto. Inclusive, podemos observar isso em um texto já utilizado em prova. Vejamos agora o texto e a utilização do argumento de autoridade. No capítulo de questões comentadas, esse texto será revisitado, com o devido aprofundamento de sua análise.

Prova: Cespe / UnB / PF / Delegado (Questão 40 do capítulo de questões comentadas) Individualistas e comportados. E daí?

Cientistas sociais e filósofos de inúmeras correntes garantem: a geração de 90 é ambígua. Explica-se: os adolescentes dessa época buscam o bem-estar individual mas também consideram o conceito “viver dignamente” como um direito da humanidade. Só que eles não pretendem se fatigar nas lutas sociais, nem se sentem atraídos por bandeiras políticas ou cartilhas ideológicas. Em uma pesquisa recente na França, o item “justiça social” foi classificado como um dos menos importantes por moças e rapazes na faixa dos 14 aos 17 anos. Imediatamente, a geração que ouve Madonna, diverte-se com Steven Spielberg e devora sanduíches passou a ser chamada de “novos individualistas”. O filósofo e escritor francês Laurent Joffrin, autor do livro Um toque de Juventude, celebra com muito otimismo os “moralistas de blue jeans: “eles não são apáticos como se supõe. Seus interesses vão além do prazer imediato e da pura distração”, explica Joffrin. Mais cético, seu colega Alain Finkelkraut acredita que os jovens dos anos 90 se apoiam em relacionamentos superficiais e valores distorcidos. “Comportam-se como se a vida fosse um grande videoclip…”, lamenta. Enquanto os intelectuais batem boca, os ingleses que cresceram ouvindo a balada conservadora de Margareth Thatcher hoje insistem que a vida comportada é muito melhor. Em um pesquisa da revista Look Now, moças e rapazes de 15 a 24 anos confessam gostar de boas roupas, querem ser vistos como pessoas sensíveis e responsáveis, pretendem ter uma carreira sólida e fazer fortuna. Desnecessário dizer que a Dama de Ferro adorou os resultados da pesquisa.

Greenghalg, Laura. “Sociedade dos Poetas Vivos”. Elle, p. 35, ago/1998 (com adaptações).

Observe que os trechos em negrito são todos considerados argumentos de autoridade, pois o autor tem como objetivo tornar o seu texto mais convincente e para isso não se utiliza apenas das falas de cada indivíduo citado no texto, mas também das funções que lhe conferem esta autoridade, uma vez que a pessoa citada no texto pode não ser conhecida do leitor. Assim é possível constatar que não é apenas o nome do indivíduo que caracteriza a autoridade, e sim a importância que esse individuo traz ao tema apresentado. Da mesma maneira isso acontece com o uso de pesquisas que conferem veracidade às informações apresentadas.

1.3.2. Argumentação por analogia ou por comparação

Este tipo de argumentação acontece por meio de uma comparação. Veja o exemplo:

“A vida agitada das grandes cidades aumenta os índices de doenças do coração. Imagine o leitor, por exemplo, um automóvel dirigido suavemente, com trocas de marcha em tempo exato, sem freadas bruscas ou curvas violentas. A vida desse veículo tende a prolongar-se bastante. Imagine agora o contrário: um automóvel cujo proprietário se compraz em arrancadas de “cantar pneus (…)”.

Observamos nitidamente que o autor do texto se utiliza de uma estratégia de comparação para conduzir o pensamento do leitor e, para isso, compara a forma como se “dirige” a vida com a forma como se dirige um automóvel.

1.3.3. Argumentação por apresentação de dados estatísticos

Este tipo de estratégia argumentativa é feito por meio da apresentação de dados estatísticos e, assim como as outras estratégias, serve para provar aquilo que é dito no texto. Geralmente, os dados utilizados são oriundos de pesquisas de órgãos públicos habilitados para a divulgação de tais dados. Vejamos o texto abaixo:

“O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lança hoje o Mapa da Exclusão Educacional. O estudo do Inep, feito a partir de dados do IBGE e do Censo Educacional do Ministério da Educação, mostra o número de crianças de sete a catorze anos que estão fora das escolas em cada estado. Segundo o mapa, no Brasil, 1,4 milhão de crianças, ou 5,5 % da população nessa faixa etária (sete a catorze anos), para a qual o ensino é obrigatório, não frequentam as salas de aula. O pior índice é do Amazonas: 16,8% das crianças do estado, ou 92,8 mil, estão fora da escola. O melhor, o Distrito Federal, com apenas 2,3% (7 200) de crianças excluídas, seguido por Rio Grande do Sul, com 2,7% (39 mil) e São Paulo, com 3,2% (168,7 mil).

(BERGAMO, Mônica. Folha de S. Paulo, 03 dez. 2003.)

1.3.4. Argumentação por exemplos (exemplificação)

Este tipo de argumentação é realizado por meio de exemplos que elucidam ou justificam a ideia apresentada na tese. Um bom exemplo fundamenta a argumentação, pois pode relatar casos que sustentam a tese como verdadeira. Vejamos o texto abaixo:

O Brasil das cabeças desarrumadas

Elio Gaspari (O Globo)

O resultado do referendo fez um bem ao país. Instaurou o império das cabeças desarrumadas, e o Brasil precisa delas.

Uma pessoa de cabeça desarrumada é assim: defende a pena de morte e o ensino gratuito nas universidades públicas. É a favor do aborto e se diz católico. Votou Lula em 2002 e José Serra em 2004. É contra as cotas nas universidades e milita numa ONG de defesa da Mata Atlântica. Por desarrumada, essa cabeça pode pensar tudo ao contrário e não faz a menor diferença. A desarrumação determina e incentiva o debate. Opõe-se a um mundo de ideias ordenadas no qual a pessoa deve se preocupar em “pensar direito”, entendendo-se que sempre haverá alguém explicando o que vem a ser “pensar direito”.

Houve uma época em que a expressão “raciocinar em bloco” designava, com alguma ironia, inteligências ou culturas privilegiadas, sacerdotes do bem-pensar. Aceitando-se as virtudes do mestre, esperava-se sua opinião e ia-se atrás. Essa atitude tanto pode colocar uma pessoa na condição de discípulo de um grande pensador como pode embalá-la na treva da ignorância. O segundo caso ocorre com maior frequência.

As cabeças arrumadas brasileiras, atraídas pela construção de modelos intelectuais harmônicos, dão pouca atenção ao funcionamento da sociedade. Preferem evitar o assunto. Alguns exemplos.

O bem-pensar urbano do Rio de Janeiro legislou que é proibido construir apartamentos com menos de 30 metros quadrados. Coisa de gente muito bem educada. Faltou dizer onde vai morar uma família que não tem dinheiro para essa metragem. Na favela, por certo. A discussão dessa lei de incentivo à favelização está fora do debate urbano carioca.

O bem-pensar tributário estabeleceu que os serviços de telefonia devem ser taxados com mão-de-ferro, pois vai-se tomar dinheiro do andar de cima para custear investimentos que atenderão ao de baixo. Deu no seguinte: o patrão fala com Paris de graça pelo Skype e a empregada paga R$ 5 por um telefonema de dez minutos para Bangu. Um imposto destinado a buscar justiça produz injustiça, mas o tema está fora da agenda dos teletecas.

O bem-pensar diplomático levou Lula a propor uma cruzada mundial contra a fome. Fez isso em Genebra, Paris e Nova York. Passados dois anos, contou que gostaria de arrumar recursos para combater a desnutrição da África, aumentando as taxas de embarque nos aeroportos brasileiros. Falta dizer aos usuários do Galeão que eles pagam uma das taxas mais altas do mundo, o dobro do que se cobra no Aeroporto Kennedy.

Num caso mais farisaico, tome-se o exemplo da legislação penal brasileira. Bem pensada, faz inveja a um advogado sueco. São muitos os doutores que fazem palestras pelo mundo descrevendo essa joia de modernidade. Jamais um ministro da Justiça contará que as maravilhas são parolas. O que vale mesmo é a lei da massa. O bandido que entra na prisão passa a uma nova instância judicial, a de seus pares. Maltratou a mãe? Morre. Estupro? Se não morrer, sofre o que fez. Respeito, só para os estelionatários.

No Brasil das cabeças desarrumadas cada tema poderá ser discutido e avaliado isoladamente. Muitas opiniões resultarão contraditórias, mas é esse exercício do juízo individual que enriquece o debate público.

Harmonia e nexo podem ser desejáveis, mas é preferível conviver com pessoas de cabeça desarrumada cujas opiniões não formam um nexo final do que aturar gente que tem muito nexo mas não se responsabiliza pelas opiniões que dá.

Os trechos em negrito são argumentos exemplificativos que têm como objetivo mostrar a veracidade da tese apresentada no primeiro parágrafo (O resultado do referendo fez um bem ao país. Instaurou o império das cabeças desarrumadas, e o Brasil precisa delas.), comprovando o posicionamento do autor do texto.

1.4. Exercícios

01. (FGV / MEC / Documentador)

Atentado à Democracia

Um relatório da Associação Nacional de Jornais (ANJ) revelou que, nos últimos doze meses, foram registrados no Brasil 31 casos de violação à liberdade de imprensa. Destes, dezesseis são decorrentes de sentença judicial – em geral, proferida por juízes de primeira instância. Trata-se de uma anomalia e de uma temeridade. Anomalia porque há muito o Judiciário tem mostrado seu compromisso com a defesa da liberdade de imprensa e do livre pensamento, que é princípio fundamental dos regimes democráticos e cláusula pétrea da Constituição. A derrubada, pelo Supremo Tribunal Federal, da Lei de Imprensa, instrumento de intimidação criado no regime militar, é só um exemplo recente dessa convicção. Assim, um juiz que, de forma monocrática, decide impor a censura a um veículo passa a constituir uma aberração dentro do poder que ele representa. A frequência com que esse tipo de atitude tem se repetido é uma ameaça aos valores democráticos do país e tem como consequência prática e deletéria o prejuízo do interesse público, já que se priva a sociedade do direito à informação.

(Veja, 26 ago.2009.)

Os dois adjetivos que são adequados ao texto lido são:

a) informativo e narrativo;

b) narrativo e normativo;

c) normativo e descritivo;

d) descritivo e argumentativo;

e) argumentativo e informativo.

Gabarito: E

O texto lido deve ser caracterizado como ‘argumentativo/informativo’. Podemos observar no texto trechos de caráter informativo como, por exemplo, “Um relatório da Associação Nacional de Jornais (ANJ) revelou que, nos últimos doze meses, foram registrados no Brasil 31 casos de violação à liberdade de imprensa. Destes, dezesseis são decorrentes de sentença judicial – em geral, proferida por juízes de primeira instância. Trata-se de uma anomalia e de uma temeridade” e trechos de caráter argumentativo: “Trata-se de uma anomalia e de uma temeridade. Anomalia porque há muito o Judiciário tem mostrado seu compromisso com a defesa da liberdade de imprensa e do livre pensamento, que é princípio fundamental dos regimes democráticos e cláusula pétrea da Constituição.

02. (FGV / COMPANHIA DOCAS – SP / Advogado)

Perda de oportunidades no trabalho

As empresas vinculadas ao setor de petróleo no Brasil treinaram e formaram mais de 80 mil profissionais desde 2007, em um programa de qualificação que abrange do nível básico a cursos de pós-graduação. Mesmo assim, não conseguiram atender a toda a demanda de pessoal qualificado identificada pelo setor. A exemplo do petróleo, vários outros ramos de atividade industrial, da construção ou de serviços têm se envolvido diretamente na formação e treinamento de profissionais que não estão disponíveis no mercado.

Nem por isso os índices de desemprego se tornaram irrelevantes no país. Há muitas pessoas que permanecem sem ocupação por serem inabilitadas às vagas e aos cargos que o mercado oferece. São numerosas oportunidades perdidas que se multiplicarão, se a economia brasileira continuar com seu impulso de crescimento – e a qualidade da educação continuar baixa. Afinal, a dificuldade de se formar e qualificar profissionais na velocidade que o mercado hoje demanda se deve, em grande parte, a deficiências do sistema de ensino brasileiro.

Um enorme contingente de jovens deixa as escolas ainda com falta de capacidade de aprender. O ensino técnico profissionalizante, com honrosas exceções, passou anos sem sintonia com o mundo real. A escassez de profissionais qualificados vem forçando uma transformação nesse sistema de ensino, e algumas iniciativas inovadoras começam a apresentar resultados, o que pode motivar a reprodução dessa experiência pelo país inteiro. No caso do Estado do Rio, merecem atenção os chamados Centros de Vocação Tecnológica, mais voltados para jovens da região metropolitana.

Esses centros se diferem do ensino técnico convencional porque ministram cursos de curta duração (de dois meses a um ano, essencialmente) e buscam atender a demandas específicas de grupos de empresas localizadas em suas proximidades. Os planos das autoridades responsáveis por esses centros são de ampliar o número de vagas para 54 mil alunos ainda este ano.

O ensino técnico profissionalizante de fato precisa hoje correr contra o relógio, pois, se persistir a falta de pessoal qualificado, as oportunidades acabam definitivamente perdidas pela desistência dos potenciais empregadores.

Mas, simultaneamente a essa premência de curto prazo, espera-se que a cadeia de ensino no país, da pré-escola à universidade, acelere ou implante programas que possibilitem um substancial salto de qualidade. Educadores já contam com ferramentas pedagógicas e tecnológicas que facilitam essa aceleração. O ensino a distância, mais acessível graças às telecomunicações e aos recursos da informática, pode romper barreiras que antes impediam a universalização de um sistema educacional de boa qualidade.

O aproveitamento das oportunidades que estão surgindo é valioso porque, além da realização pessoal na vida profissional, é um atalho para melhora dos níveis de renda e de bem-estar de fatias cada vez maiores da população brasileira.

Ao lado dos indicadores macroeconômicos, precisamos acompanhar os referentes ao sistema de ensino em geral, e, especificamente, os relativos ao ensino profissionalizante. Sem melhorar a educação pública, milhões continuarão prisioneiros do assistencialismo, e as empresas, desassistidas.

(O Globo, 28 abr.2010.)

O texto classifica-se como:

a) descritivo;

b) narrativo;

c) dissertativo expositivo;

d) dissertativo argumentativo;

e) descritivo-narrativo.

Gabarito: D

O texto Perda de oportunidades no trabalho é predominantemente dissertativo argumentativo. Trata-se de um texto bem definido tipologicamente, pois apresenta de forma bem estruturada introdução, desenvolvimento e conclusão. Nos dois primeiros parágrafos, podemos observar a presença de tese que tem como objetivo mostrar que o texto será pautado na discussão de que, mesmo com as medidas tomadas para se ter pessoal capacitado para o trabalho na área de petróleo, as oportunidades perdidas serão muitas se a qualidade de educação continuar baixa e se a economia continuar a crescer. Nos parágrafos seguintes, verificamos os argumentos utilizados para defender a tese proposta, principalmente, no que tange às críticas ao ensino técnico profissionalizante do país e, por fim, no último parágrafo, podemos destacar a sugestão do autor para os problemas levantados no decorrer do texto.

03. (FGV / COMPANHIA ÁGUAS E ESGOTOS – RN / Agente administrativo)

O futuro das cidades é verde

Cada vez mais humanos vivem em cidades. Somos 3,3 bilhões de pessoas em áreas urbanas – o que corresponde a 51% da população mundial, contra 49% de habitantes de áreas rurais, segundo dados da ONU. Apesar da escalada das megalópoles ao longo do século XX, essa inversão ocorreu em escala global apenas em 2008. No Brasil, o fenômeno consolidou-se já na década de 70. Hoje, apenas 16% dos 192 milhões de brasileiros vivem na zona rural, de acordo com o IBGE. Com tanta gente ocupando o mesmo espaço, agravam-se os problemas de saneamento, transporte e uso de recursos naturais, entre muitos outros. Como solucionar esses problemas é a pergunta do momento.

Durante o mês de março, o Brasil transforma-se em sede de três eventos que pretendem respondê-la. A Conferência Internacional das Cidades Inovadoras (CICI2010) recebeu especialistas e prefeitos de diversas partes do mundo entre os dias 10 e 13, em Curitiba (PR). Na sequência, acontecem a Conferência Latino- Americana de Saneamento (Latinosan 2010), de 14 a 18 em Foz do Iguaçu (PR), e a Primeira Jornada Internacional sobre Energias Renováveis, Eficiência Energética e Poder Local, em Betim (MG), entre os dias 17 e 19.

Um dos especialistas escalados para a CICI2010 é o americano Marc Weiss, presidente da organização Global Urban Development (Desenvolvimento Global Urbano). O gestor acredita que o principal desafio à nossa frente é gerar crescimento econômico sustentável e qualidade de vida para todos em todos os lugares. “Com uma combinação de inovação tecnológica e uma elevada eficiência, as cidades poderão gerar uma expansão substancial de negócios e empregos o que vai culminar em comunidades mais saudáveis e em harmonia com os ciclos da natureza”, diz. O fato de eventos como esses acontecerem por aqui não é mera coincidência. O País vem se tornando protagonista no combate às mudanças climáticas, principalmente depois da Conferência do Clima da ONU (COP-15), realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

Na ocasião, o governo brasileiro apresentou metas ambiciosas de redução de emissões de gases do efeito estufa, um dos grandes problemas gerados pela concentração de automóveis em centros urbanos. “O Brasil está se tornando um líder mundial no trabalho de estabelecer um novo e alto padrão de desenvolvimento urbano e industrial sustentável”, acredita Weiss. “O desenvolvimento sustentável é política de governo em algumas cidades, e não apenas um conjunto de medidas dirigidas a questões pontuais”, diz Laura Valente de Macedo, diretora regional para América Latina e Caribe do ICLEI Governos Locais pela Sustentabilidade. Ela cita Freiburg, Bonn (ambas na Alemanha), Malmö e Växjo (as duas na Suécia) como exemplos. “Entre suas muitas iniciativas, todas têm em comum a ênfase no uso de energias renováveis, como a solar, o biogás e a eólica”, afirma. Há quem esteja ousando ainda mais nesse desafio. O escritório Gale International está construindo – em parceria com a gigante de tecnologia Cisco – a cidade mais sustentável do mundo. Nova Songdo, na Coreia do Sul, deve ficar pronta em 2015 e contará com tecnologias que reduzem o consumo de energia e utilizam materiais naturais e reciclados.

Existem planos para construir mais 20 centros urbanos parecidos na China e na Índia nos próximos anos. Uma excelente oportunidade para o Brasil ter cidades que se aproximem desse sonho são os eventos esportivos que o País vai sediar nos próximos anos. Para receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, os organizadores tiveram de se submeter a uma série de medidas ambientais. Coleta seletiva do lixo, uso racional de água, economia de energia e transportes que usem combustível de forma racional são algumas delas. Mesmo que não houvesse essa obrigatoriedade, até lá já viveremos um outro tempo. O Protocolo de Kyoto vence em 2012. Ou seja: o mundo terá uma nova política de emissões de gases estufa. No mesmo ano, acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro – reedição da Rio-92. A bola está conosco.

(JULIÀO, André.. Isto É, ed. 2105, março 2010. Com adaptações)

Quanto à sua tipologia, o texto deve ser classificado como:

a) narrativo;

b) descritivo;

c) injuntivo;

d) oratório;

e) dissertativo.

Gabarito: E

O texto O futuro das cidades é verde é dissertativo e predominantemente informativo. O texto mostra que problemas com saneamento, transportes e uso de recursos humanos aumentam à medida que também aumenta o número de humanos que vivem nas cidades. Nos parágrafos de desenvolvimento observamos a existência de argumentos de autoridade que dão credibilidade aos dados apresentados pelo autor, uma vez que todos são fornecidos por órgãos ou por pessoas responsáveis pela veracidade dessas informações. Todo o desenvolvimento desemboca na conclusão proposta pelo autor de que será uma grande oportunidade de desenvolvimento sustentável para o Brasil quando o prazo do protocolo de Kyoto vencer pois será no mesmo ano da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento.

04. (FGV / TRE– PA / Analista judiciário)

Financiamento de campanhas eleitorais: aspectos éticos

Além dos aspectos legais, as empresas que decidirem participar do processo eleitoral devem buscar procedimentos éticos na tomada de decisões relacionadas ao financiamento de candidatos e partidos políticos.

Tradicionalmente, os controladores das empresas são os responsáveis pela decisão de como os recursos devem ser distribuídos entre candidatos e partidos. Os sócios e colaboradores dificilmente são consultados, e muitas vezes o apoio reflete mais as posições pessoais dos controladores do que os valores e princípios das empresas.

A consulta aos sócios e colaboradores sobre candidatos e partidos que a empresa deve apoiar não implica, necessariamente, transformar a decisão desse apoio em algo coletivo. O simples fato de consultá-los ajuda a criar um ambiente socialmente responsável nas empresas. É certo que a separação dos valores e princípios pessoais dos controladores dos valores e princípios das empresas e, mais ainda, a transformação dessa dissociação em um novo critério para a tomada de decisões sobre aspectos tão sensíveis como o apoio a determinado partido ou candidato ainda é uma atitude difícil para grande parte dos empresários. Também é certo, por outro lado, que, ao aumentarem a transparência do processo de tomada de decisões, as empresas adquirem o respeito das pessoas e comunidades que são impactadas por suas atividades e são gratificadas com o reconhecimento e engajamento dos seus colaboradores e a preferência dos consumidores, em consonância com o conceito de responsabilidade social, o qual, é sempre bom lembrar, está se tornando cada vez mais fator de sucesso empresarial e abrindo novas perspectivas para a construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo.

Outra iniciativa que pode ter grande impacto junto aos colaboradores, parceiros e sócios das empresas é a promoção de debates sobre o processo eleitoral e o funcionamento e atribuições das instâncias de poder em jogo nas eleições (Presidência da República, Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas). As empresas podem convidar candidatos, cientistas políticos, jornalistas e administradores públicos para a discussão de ideias, propostas e conceitos. Também podem incentivar debates políticos dentro da empresa, bem como trazer matérias sobre o tema em publicações internas. É importante desmistificar a ideia de que política é uma sujeira só e sem utilidade. Essa é uma forma de contribuir para aumentar a consciência política e a qualidade do voto dentro de toda a cadeia produtiva, entre os parceiros e colaboradores. Esse procedimento ajuda a criar na sociedade ambiente ético e transparente, acentuando a democracia nas relações sociais e políticas.

Além de consultar sócios, parceiros e colaboradores e de realizar debates, as empresas podem também promover campanhas de esclarecimento junto a seus colaboradores. Um conceito útil para ser adotado é o do voto consciente.

Infelizmente, ainda hoje assistimos no Brasil a fenômenos que há muito deveriam ter sido excluídos da vida política nacional, como a compra de votos e a atitude de diversos candidatos, durante as campanhas eleitorais, de “doar” cestas básicas e toda a sorte de brindes em troca da promessa de voto dos eleitores. O conceito de voto consciente é justamente o contraponto dessas práticas, visando estabelecer critérios racionais que façam do voto um instrumento de cidadania. Voto consciente é aquele em que o cidadão pesquisa o passado dos candidatos, avalia suas histórias de vida e analisa se as promessas e programas eleitorais são coerentes com as práticas dos candidatos e de seus partidos.

(Instituto Ethos. A Responsabilidade Social das Empresas no Processo Eleitoral. Disponível em: <www.ethos.org.br>. Com adaptações.)

O texto se classifica como:

a) narrativo;

b) injuntivo;

c) descritivo;

d) dissertativo;

e) epistolar.

Gabarito: D

O texto Financiamento de campanhas eleitorais: aspectos éticos é dissertativo. O texto apresenta de forma bem estruturada introdução, desenvolvimento e conclusão. No primeiro parágrafo, podemos observar a presença de tese: “Além dos aspectos legais, as empresas que decidirem participar do processo eleitoral devem buscar procedimentos éticos na tomada de decisões relacionadas ao financiamento de candidatos e partidos políticos.” Nos parágrafos seguintes, verificamos que os argumentos utilizados para defender a tese proposta são todos direcionados aos procedimentos éticos que devem ser adotados pelas empresas, colaboradores e partidos políticos. No último parágrafo, verificamos que a conclusão do autor apresenta a importância do ato de votar e a necessidade de se ter um voto consciente.

05. (Cesgranrio / SECAD – TO / Médico)

A sua vez

Boa parte das brincadeiras infantis são um ensaio para a vida adulta. Criança brinca de ser mãe, pai, cozinheiro, motorista, polícia, ladrão (e isso, você sabe, não implica nenhum tipo de propensão ao crime). E, ah, quando não há ninguém por perto, brinca de médico também. É uma forma de viver todas as vidas possíveis antes de fazer uma escolha ou descoberta. Talvez seja por isso que a gente pare de brincar aos poucos – como se tudo isso perdesse o sentido quando viramos adultos de verdade. E tudo agora é para valer. Mas será que parar de brincar é, de fato, uma decisão madura?

Atividades de recreação e lazer estimulam o imaginário e a criatividade, facilitam a socialização e nos ajudam a combater o estresse. Mas, se tudo isso for o objetivo, perde a graça, deixa de ser brincadeira. Vira mais uma atividade produtiva a cumprir na agenda. Você só brinca de verdade (ainda que de mentirinha) pelo prazer de brincar. E só. Como escreveu Rubem Alves, quem brinca não quer chegar a lugar nenhum – já chegou.

Leandro Quintanilha

Quanto à tipologia, o Texto I classifica-se como:

a) injuntivo;

b) narrativo;

c) descritivo;

d) expositivo;

e) argumentativo.

Gabarito: E

No texto, observamos a preocupação do autor em defender a tese de que é necessário brincar até mesmo quando já se é adulto e, principalmente, o texto é composto de opiniões e pensamentos do autor do texto que expressam sua opinião, características que são fundamentais a um texto dissertativo argumentativo.

06. (Cesgranrio / PETROBRAS / Analista de sistemas júnior)

TEMPO DE ESCOLHER

“Um homem não é grande pelo que faz,

mas pelo que renuncia.” (Albert Schweitzer)

Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a estabilidade conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas funções. Uns recebem propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém, desafiadoras. Outros têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas para fazer, mas não conseguem abraçar tudo.

Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de fazer escolhas. Lembro-me de Clarice Lispector: “Entre o ‘sim’ e o ‘não’, só existe um caminho: escolher.”

Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da virada”. Um momento especial em que uma decisão clara, específica e irrevogável tem que ser tomada simplesmente porque a passam por isso aos 15 anos, outras, aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no decorrer de sua existência.

Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo pelo muito duvidoso. Assim, uma companhia que oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a outra dotada de instabilidade com ousadia. Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um casamento.

PRAZER E VOCAÇÃO

Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci, que dizia que “A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz”. Sempre imaginei que fosse o contrário, porém, refletindo, passei a compreender que quando estimamos aquilo que fazemos, po demos nos sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se apenas procurarmos fazer o que gostamos, estaremos sempre numa busca insaciável, porque o que gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.

Todavia, é indiscutivelmente importante aliar prazer às nossas aptidões; encontrar o talento que reside dentro de cada um de nós, ao que chamamos de vocação. Oriunda do latim vocatione e traduzida literalmente por “chamado”, simboliza uma espécie de predestinação imanente a cada pessoa, algo revestido de certa magia e divindade.(…)

Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí recorro novamente à etimologia das palavras para descobrir que o verbo preferir vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre arbítrio.

O mundo corporativo nos guarda muitas armadilhas. Trocar de empresa ou de atribuição, por exemplo, são convites permanentes. O problema de recusá-los é passar o resto da vida se perguntando “O que teria acontecido se eu tivesse aceitado?”. Prefiro não carregar comigo o benefício desta dúvida, por isso opto por assumir riscos evidentemente calculados e seguir adiante. Dizem que somos livres para escolher, porém, prisioneiros das consequências…

Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente de trabalho, uma alternativa à mudança de empresa é postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e apresentar propostas são um bom caminho. De nada adianta assumir uma postura meramente defensiva e crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra você, mas a favor delas.

Por fim, combata a mediocridade em todas as suas vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados com sua vocação, de empresas que não valorizam funcionários, de relacionamentos falidos. Sob este aspecto, como diria Tolstoi, “Não se pode ser bom pela metade”. Meias-palavras, meias-verdades, meias-mentiras, meio caminho para o fim.

Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele viveu com paixão?”.

QUAL SERIA A RESPOSTA PARA VOCÊ?

COELHO, Tom. Disponível em: <http://www.catho.com.br/jcsinputer_view.phtml?id=6415>. Acesso em: 07 mai. 2008. (adaptado)

Quanto ao tipo, o texto classifica-se predominantemente, como:

a) expositivo;

b) injuntivo;

c) descritivo;

d) narrativo;

e) argumentativo.

Gabarito: E

O texto é dividido em dois momentos. O primeiro “Tempo de escolher” em que o autor justifica o motivo de elaborar o texto em questão. No segundo momento “Prazer e vocação”, o autor do texto sugere aos seus leitores, principalmente para aqueles que enviaram as cartas como mostra o primeiro momento do texto, que há necessidade de escolha sem culpa. Em todo o texto observamos claramente as opiniões, pensamentos e convicções do autor, tais características nos permitem classificar o texto como dissertativo argumentativo.

07. (Cesgranrio / BNDES / Técnico de arquivo)

A era do tô me achando

5 “Bacanas teus óculos”, falei. Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, cada lente com uma sombra que subia de baixo para cima, tornavam misterioso o olhar do amigo, um jovem editor. Comentei que nunca o tinha visto de óculos. Ele devolveu: “Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista e ele me disse que precisava usar. Dois graus de miopia. Excesso de leitura. Fazer o quê…”, compungiu-se, o olhar vago, empurrando o par de lentes nariz acima com um charme intelectualmente sofrido. Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é oftalmologista. Entre anedota e outra, ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um modelo de óculos sem grau. É, era ele mesmo – o editor.

10 Vivemos tempos curiosos. A cada segundo, e através de todos os meios possíveis, somos expostos aos corpos mais perfeitos, às biografias mais irretocáveis, à pose generalizada de famosos e anônimos. Vaidade pura. Mas um momento: você já experimentou sair por aí todo mulambento, comparecer despenteado a uma entrevista de emprego, esconder de parentes e amigos aquele êxito nos estudos? Impossível, não? Porque, hoje, não ter vaidade – não ter o hábito de apregoar aos quatro cantos, reais e virtuais, o quanto você pode ser atraente, sensacional e único – parece ser um dos maiores pecados da nossa era, esse tempo em que todo mundo parece estar “se achando”.

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20 Por isso, os óculos de araque do meu amigo. No meio altamente intelectualizado em que ele vive, circulando entre Festas Literárias de Paraty e debates seguidos de sessões de autógrafo nas livrarias mais chiques do eixo Rio-São Paulo, ostentar uma armação bacanuda é o equivalente, em termos culturais, às pernas muito bem torneadas – horas de academia – da mocinha da novela das 8. Ou seja: tudo é vaidade.

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(BRESSANE, Ronaldo. Vida simples. out. 2009.)

Em qual sequência é caracterizada uma descrição?

a) “Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, cada lente com uma sombra que subia de baixo para cima,” (l 1-3)

b) “ ‘Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista…’ ” (l. 5-7)

c) “Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é oftalmologista.” (l. 11-12)

d) “ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um modelo de óculos sem grau.” (l. 12-14)

e) “É, era ele mesmo – o editor.” (l. 14)

Gabarito: A

Apenas na letra A observamos uma enumeração de adjetivos que nos fazem criar uma imagem descritiva, por isso, esse trecho deve ser classificado como descritivo.

08. (Cespe / UERN / Técnico de nível superior)

Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo de um senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha, cabelo castanho claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e sadio, uma dessas crianças que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns três ou quatro anos, não mais que isso. Ela está vestida em um desses macaquinhos de flanela, com florezinhas azuis e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis transadíssimo nas discretas cores amarelo, vermelho e azul, o que nos mostra que a mocinha não é apenas novinha, mas moderninha também. O velhinho tem um tipo bem italiano. O boné cinza é típico desses senhores que a gente vê passeando pelo Bixiga nos domingos à tarde. Estatura mediana, cabelos e bigodes branquinhos, rosto e mãos enrugadas que traem uma idade bem avançada. Paletó marrom e calça cinza, ambos de lã, malha creme, abotoada até o último botão, como faz todo senhor que se preze. Embaixo da malha, uma camisa azul, mas bem azul mesmo, que destoa de todo o conjunto. O que prova que o cavalheiro e a mocinha apreciam cores fortes. Pela roupa que os dois estão vestindo e pela carinha rosada dela, deve estar fazendo muito frio. Fato que o ar enevoado e cinzento do jardim, que está atrás deles, vem a comprovar. Os dois estão sentados em um balanço de madeira de cor verde, desses em que cabem apenas duas pessoas e que são bastante comuns em quintais, varandas e jardins de casas de classe média, classe média alta. Ela está comodamente estirada. Com a cabeça entre o ombro e a barriga do velhinho e os pés apoiados numa almofada de crochê de cor creme. Nas mãos, ela traz um livro de histórias cheio de desenhos coloridos. Livro esse que, olhando atentamente, você verá que se trata da história da Bela Adormecida. O que, aliás, é muito engraçado, porque enquanto a bela conta a história da Bela Adormecida, o velho é que adormeceu. Ele dorme a sono solto. Com uma mão envolta na dela e a outra apoiada sobre sua própria perna direita, na altura do joelho, ambos, à sua maneira, estão sonhando. Ele sonha dormindo, ela sonha acordada. A menina está divagando no colo do avô. Isso mesmo: do avô.

Porque o velho que você está vendo só pode ser o avô dela. Pela intimidade com que ela está comodamente instalada no colo dele, percebe-se que não pode ser visita, pessoa de cerimônia. E, sim, alguém bem chegado, alguém da família. Para um estranho, ouvir essa história contada por uma criaturinha tão linda seria uma novidade excitante, que dificilmente o faria cair no sono. E, se não fosse por isso, um estranho também não cairia no sono, pelo menos por dever de educação. Resistiria bravamente até a Bela Adormecida acordar. Além disso, é só olhar para a roupa caseira que ele está usando para perceber que não é alguém que foi fazer uma visita. É pessoa da casa mesmo, pai não é. Ele é muito velhinho para ser o pai dela. E pouco provavelmente seria um tio. Tanto pela idade quanto pela disponibilidade e paciência. Tio dá doces, presentes, mas ouvir histórias intermináveis, contadas por uma narradora que de vez em quando divaga, tio não faz. Só pode ser mesmo um avô ouvindo pela milésima vez a mesma história, que para ele deve ser sempre igual e para ela deve ser sempre diferente. Ela, por sua vez, não se deve importar com que seu ouvinte durma. Afinal, ela só quer colo e aquela mão terna, enrugada e querida em volta da sua cintura pequenina. Mesmo desatento, ele está dando a ela seu tempo e seu carinho sonolento. O balanço de jardim pode ser gostoso de sentar. Mas como você pode ver não é o local mais confortável para se dormir. Principalmente em um dia frio como esse, em um descampado de uma varanda. Mas o fato é que ele não sente a dureza do balanço porque dorme, e ela, igualmente, não sente a dureza da madeira e a frieza do tempo por vários motivos: primeiro, porque sonha, e no sonho não há desconforto ou frio. E, segundo, porque ela tem a barriga do avô como travesseiro, o braço dele como edredom e uma almofada como encosto para seus pés e seu tênis multicolorido. Juntos os dois, ali na varanda, vivem um momento de que ela vai se lembrar sempre e ele não vai se lembrar de nada. Até mesmo nada da história. Por isso, é que ela vai ter de contar e recontar essa história para o avô centenas de vezes. Principalmente para reviver os trechos que ele perdeu com seus cochilos. Assim como você vai ter de ler e reler muitas vezes esse texto até conseguir enxergar toda a beleza e ternura contidas nessa cena. Ou pelo menos uma pequena parte dela.

UMA FOTO SERIA MELHOR 19 de agosto – dia do fotógrafo

(“Este texto tem mil palavras”. Folha de S. Paulo, 19 ago. 1988. Apud: Platão e Fiorin. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 1999, p.378-80, com adaptações.)

Assinale a opção correta a respeito das características tipológicas predominantes no texto.

a) Predomina no texto a descrição, já que o relato feito envolve uma cena estática, isto é, em que nenhum acontecimento pode ser considerado cronologicamente anterior a outro.

b) O texto é eminentemente narrativo, pois expõe a história da menina e do senhor.

c) O texto é essencialmente poético, tendo em vista a linguagem e os recursos de métrica utilizados.

d) Há uma ação em curso, cujo contexto é descrito em detalhes no texto; portanto, ele pode ser caracterizado tanto como descritivo quanto como narrativo.

e) A disposição em um único parágrafo denota a ausência de características narrativas e dissertativas do texto, uma vez que tais tipos textuais são estruturados a partir de parágrafos.

Gabarito: A

O texto é predominantemente descritivo uma vez que tem como objetivo principal descrever lugares e personagens, por isso, notamos a presença substancial de adjetivos.

09. (Cespe / TRE–MT / Técnico judiciário / programador de sistemas)

Diariamente, milhões de pessoas em todo o mundo conectam-se à Internet e mais de doze milhões de e-mails são enviados. Isso sem se mencionar o número de negócios fechados e o dinheiro movimentado. Com o advento do computador e, mais tarde, da Internet, as informações e os grandes negócios acontecem com uma velocidade impressionante. Resultado de um mundo globalizado, em que a informação se transformou na moeda corrente. E, quando o assunto é informação, ou seja, transmitir informações, nada melhor do que utilizar a tecnologia. A cada dia, mais e mais serviços são disponibilizados por empresas para que as pessoas interessadas tenham acesso à informação de maneira rápida e eficaz.

Internet: <www.caieiraspress.com.br> (com adaptações).

O texto em questão é, predominantemente:

a) narrativo;

b) descritivo;

c) dissertativo;

d) dialógico;

e) instrucional.

Gabarito: C

O texto é dissertativo pois apresenta informações sobre o avanço da Internet e seus benefícios, além disso é um texto elaborado na terceira pessoa sem características descritivas ou narrativas.

10. (Cespe / UERN / Agente técnico administrativo)

Único bioma de ocorrência exclusiva no Brasil, que já ocupou 10% do território nacional, a caatinga experimenta um processo acelerado de desmatamento – que pode significar a desertificação do semiárido nordestino. Com 510 espécies de aves e 148 de mamíferos, a caatinga padece da ausência de uma política clara de conservação que estanque o processo de desflorestamento e ajude a impedir a formação de um deserto em pleno Nordeste, ameaça concreta diante do aquecimento global do clima no planeta. Quase dois terços da área sob risco de desertificação no Brasil estão na caatinga, que já teve, a exemplo do cerrado, aproximadamente metade de sua extensão, que é de 826.000 km2, destruída.

Jornal do Commercio, Pernambuco,16 mar. 2010. (com adaptações).

Assinale a opção correspondente ao tipo textual predominante no texto.

a) Narrativo.

b) Descritivo.

c) Dissertativo.

d) Dialógico.

e) Persuasivo.

Gabarito: C

O texto é dissertativo pois apresenta informações sobre o que acontece com a caatinga do Brasil, além disso é um texto elaborado na terceira pessoa sem características descritivas ou narrativas.