Capítulo 9

Figuras de Linguagem

9.1. FIGURAS DE SOM OU HARMONIA

Aliteração – Indica a repetição de fonemas (consoantes) idênticos ou semelhantes no início de palavras de uma frase ou de versos de uma poesia.

Ex.: “O rato roeu a roupa do rei de Roma.”

Onomatopeia – Figura que procura representar graficamente sons.

Ex.: Zum-zum, trim, atchhhim…

Paronomásia – Figura que representa palavras com sons parecidos, mas com significados diferentes.

Ex.: “berro pelo aterro pelo desterro” (Caetano Veloso)

9.2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU SINTAXE

Anacoluto – Consiste no aparecimento de um termo no início de um período que não terá ligação sintática com o restante dos termos posteriores.

Exemplos:

“Eles, o seu único desejo é exterminar-nos.” (Garret)

“O Presidente, estes cidadãos não quiseram ouvir-nos.”

Anáfora – Consiste na repetição de uma ou mais palavras no início de diferentes versos ou frases.

Exemplos:

“Depois eu dou. Depois eu deixo. Depois eu levo. Depois eu conto.” (F. Sabino)

Não sei, não vi, não quero saber.

Alguém falou, alguém gritou, alguém brigou.

Anástrofe ou inversão – Consiste na inversão da ordem direta da frase.

Exemplos:

Ao Flu o Fla vencerá. (a ordem natural seria O Fla vencerá o Flu.)

Sabe mortos enterrar? (João Cabral de Melo Neto) (Sabe enterrar mortos?)

Assíndeto – Consiste na construção de sequência de orações coordenadas aditivas; não apresentando, contudo, conjunção.

Exemplos:

“Vim, vi, venci.” (Julio César)

As mulheres hoje estudam, trabalham, disputam funções com os homens, cuidam da casa, não descansam.

Elipse – Consiste na omissão de um termo facilmente subentendido.

Exemplos:

“Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para arroz.” (Guimarães Rosa) – (Há) bons pastos…

“Uma de suas funções, como membro da presidência da Câmara, era a de zelar pelos móveis e demais pertences.” (Fernando Sabino) -… era a (função) de zelar…

Hipálage – Consiste em atribuir a um ser ou coisa uma qualidade ou ação que logicamente pertence a outro ser que também está expresso na mesma frase.

Exemplos:

“O vôo negro dos urubus fazia… (G. Ramos) (Negro, na verdade, é qualificativo para “urubus”).

O movimento pesado dos elefantes… (o movimento não é pesado, e sim os elefantes.)

Hipérbato – Indica inversão de termos dentro de orações ou versos. Esta inversão é mais significativa do que na anástrofe.

Exemplos:

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

de um povo heróico o brado retumbante…”

– As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

“É esta de teu querido pai a mesma barba, a mesma boca e testa.” (Tomás Antônio Gonzaga)

– É esta a mesma barba, a mesma boca e testa de teu querido pai.

Pleonasmo ou Redundancia – Emprego de palavras ou expressões de significado equivalente, com a finalidade de reforçar uma ideia.

Exemplos:

Vi com meus próprios olhos a terrível cena.

Perdoe-me pelo amor divino de Deus.

Polissíndeto – Consiste na repetição intencional de conjunções, ligando palavras ou orações de período.

Exemplos:

João corre e nada e joga futebol e pedala e nunca descansa.

Ele não veio nem virá nem telefonará nem se explicará.

Prolepse ou Antecipação – Consiste na antecipação de um termo com escopo de destacá-lo.

Exemplos:

Os alunos parece que não se preocupam com as provas. – A ordem natural seria: Parece que os alunos não se preocupam com as provas.

“O próprio ministro dizem que não gostou do ato.” (Machado de Assis) – A ordem natural seria: Dizem que o próprio ministro não gostou do ato.

Repetição ou reduplicação – Consiste na repetição proposital de palavras ou expressões, tanto na poesia quanto na prosa.

Exemplos:

“É pau…É pedra…É o fim do caminho…É um pedaço de toco…” (Tom Jobim)

“Cantei, Cantei, Cantei,

Como é cruel cantar assim…” (Chico Buarque)

Silepse – Também conhecida como concordância ideológica, esta figura ocorre quando a concordância se faz não com a palavra expressa na frase, mas com a ideia que esta palavra sugere.

de gênero

Exemplos:

Vossa Majestade é muito bondoso.

Sua Santidade estava abatido.

de número

Exemplos:

Coisa curiosa é aquela gente. Divertem-se com tão pouco.

A banda Flor chegou ao sucesso depois de cinco anos. Já gravaram oito discos.

de pessoa

Exemplo:

Os brasileiros somos muito desconfiados.

Sínquise – Consiste numa tão significativa inversão de termos, que dificulta a compreensão do efetivo sentido.

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,

Já solta o bogari mais doce aroma,

Também meu coração, como estas flores,

Melhor perfume ao pé da noite exala!

Camões

Zeugma – É a omissão de uma palavra já expressa anteriormente na oração. Trata-se de um caso especial de elipse.

Exemplos:

“A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes.” (Carlos Drummond de Andrade) – Os altares (eram) humildes.

Eu fiz os salgados, Maria, os doces. -…Maria (fez) os doces.

9.3. FIGURAS DE PENSAMENTO

Antítese – Consiste na colocação, lado a lado, de termos opostos, mas que não causam ideias sem nexo.

Exemplos:

“Cabelos longos, ideias curtas.”

Uma exposição clara para uma ideia tão complicada.

Eufemismo – Indica a atenuação ou suavização de ideias consideradas desagradáveis, cruéis ou ofensivas.

Exemplos:

Ele entregou a alma a Deus. (Em vez de: Ele morreu.)

Ela sofre de doença ruim. (Em vez de: câncer)

Hipérbole – Consiste no exagero proposital das coisas.

Exemplos:

Ele morreu de medo quando me viu.

Nós chegamos aqui há um século.

Ironia – Consiste em expressar o contrário do que se pensa, mas dando a entender o real pensamento. Normalmente, a ironia adquire traços humorísticos.

Exemplos:

Aqueles amorosos bandidos mataram a família inteira.

Os confiáveis deputados precisam receber o “mensalão”, pois seus salários são muitos baixos.

Paradoxo ou oxímoro – Trata-se de uma figura que relaciona duas palavras antônimas dando conceitos contraditórios e normalmente inconciliáveis. “Aparentemente” a frase fica sem sentido.

Exemplos:

Amor é fogo que arde e não se vê

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer.

Camões

Prosopopeia, Personificação ou Animismo

Consiste em atribuir vida ou qualidades humanas a seres inanimados, irracionais, mortes ou abstratos.

Exemplos:

“As rosas não falam…” (Cartola)

Uma talhada de melancia com seus alegres caroços. (C. Lispector)

Quiasmo – Trata-se de uma espécie de antítese. Consiste no cruzamento de grupos sintáticos paralelos (dois ou quatro vocábulos), de forma que o grupo de vocábulos do primeiro se repete no segundo em ordem inversa (AB x BA).

Exemplo:

9.4. FIGURAS DE PALAVRAS

Alegoria – Consiste no acúmulo de metáforas, referindo-se ao mesmo objeto, evocando e intensificando o seu sentido.

Exemplo:

“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis)

Antonomásia – Indica a substituição de nome próprio por nome comum ou por expressão ligada ao termo substituído.

Exemplos:

Rei do Futebol (em lugar de Pelé)

Cidade Maravilhosa (em vez de Rio de Janeiro)

Catacrese – É uma figura que consiste no uso impróprio de vocábulo por falta de outro mais específico para a designação de um ser ou de uma ação.

Exemplos:

O pé do vaso está quebrado. (Pé – parte que serve para sustentar o corpo humano).

Embarcou naquele avião gigantesco. (Embarcar significa entrar num navio).

Comparação ou símile – Como o próprio nome indica, formaliza-se uma ideia de comparação. Contudo, é fundamental ressaltar que há a necessidade de um conectivo explicitando a comparação.

Exemplos:

“Beijou sua mulher como se fosse a única.” (Chico Buarque)

Ele agiu feito os santos.

Metáfora – Atribuição a uma pessoa ou coisa uma qualidade que não lhe cabe logicamente. Essa transferência de significado de um termo para outro baseia-se na semelhança de características que o emissor da mensagem encontra entre os dois termos comparados. É uma comparação de ordem subjetiva, sem o conectivo que indica esta comparação.

Exemplos:

Maria é uma flor.

Vê-se que Carlos é uma fera enjaulada.

Metonímia – É a substituição de sentido de um termo por outro que com ele apresenta relação lógica e constante.

a) autor – obra

Ex.: Ele nunca leu Machado de Assis. (Os livros de Machado de Assis)

b) conteúdo – continente

Ex.: Comi dois pratos. (Não se comem os pratos. Come-se o conteúdo dos pratos.)

inventor – invento

Ex.: Graham Bell permitiu que a humanidade se comunicasse melhor. (Na realidade, “o invento de Graham Bell, o telefone)

símbolo – coisa simbolizada

Ex.: Nunca abandones a cruz. (cruz – símbolo da religião)

instrumento – pessoa que o utiliza

Ex.: Ele é um grande raquete. (Ele é um grande jogador de tênis).

parte – todo

Ex.: Os seus olhos espertos indicavam a porta de entrada.

matéria – objeto

Ex.: O cristal tinia sobre a mesa de jantar.

marca do produto substitui o produto.

Ex.: O Ford quase nos atropelou.

Sinestesia – Consiste na fusão de sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

Exemplos:

Comia o sabor (gosto) vermelho (visão) da fruta.

Claro (visão) perfume (olfato) vagava pelo ar.

9.5. EXERCÍCIOS

01. (FGV / TRE-PA / Técnico Judiciário)

O Fundo Partidário será, em 2011, de R$ 301 milhões. Isso porque foi aprovado a nove dias do fim do ano o reforço de R$100 milhões. Desse valor, R$ 265 milhões são oriundos do Orçamento da União e R$ 36 milhões referentes à arrecadação de multas previstas na legislação eleitoral. Mas, afinal, qual a razão para se aumentar de forma tão extraordinária a dotação dos partidos? Muito simples: a necessidade de eles pagarem as dívidas de campanha.

A respeito do trecho acima, analise as afirmativas a seguir:

I. No segundo período, o pronome Isso tem valor anafórico.

II. No terceiro período, há um caso de zeugma.

III. No último período, os dois-pontos introduzem uma enumeração.

Assinale:

a) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas;

b) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas;

c) se nenhuma afirmativa estiver correta;

d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas;

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Gabarito: D

I. O pronome ISSO realmente possui valor anafórico, referindo-se a toda a ideia exposta no período anterior.

II. O comentário é correto, visto que a forma verbal “são” está implícita antes do vocábulo “referentes”.

III. Errado. O emprego de dois-pontos aí se justifica para explicitar qual a razão para se aumentar de forma tão extraordinária a dotação dos partidos.

Somente os comentários I e II estão corretos.

02. (FGV / TRE-PA / Técnico Judiciário)

Leia o texto a seguir para responder à questão 2

Infelizmente, ainda hoje assistimos no Brasil a fenômenos que há muito deveriam ter sido excluídos da vida política nacional, como a compra de votos e a atitude de diversos candidatos, durante as campanhas eleitorais, de “doar” cestas básicas e toda a sorte de brindes em troca da promessa de voto dos eleitores.

No último parágrafo, as aspas em doar confirmam, para o vocábulo, seu aspecto de:

a) polifonia;

b) coloquialismo;

c) antonímia;

d) metáfora;

e) ironia.

Gabarito: E

O autor está empregando um escárnio, um deboche em relação ao sentido do verbo DOAR. Na realidade, não se trata de doação, mas sim de um câmbio: a troca de votos por cestas básicas. Sendo assim, fica clara a intenção do autor de ironizar o sentido do vocábulo.

03. (PUC-SP)

“O pavão é um arco-íris de plumas.”

e

“… de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira…”

enquanto procedimento estilístico, temos respectivamente:

a) metáfora e polissíndeto;

b) comparação e repetição;

c) metonímia e aliteração;

d) hipérbole e anacoluto;

e) anáfora e metáfora.

Gabarito: A

O pavão está sendo comparado com o arco-íris de plumas. Mas é de bom alvitre destacar que tal comparação não está sendo realizada com conector comparativo. Pois, se houvesse, não seria metáfora e, sim, comparação. Já, na segunda construção, observa-se a presença repetida do conector E, daí o polissíndeto.

04. (UM-SP)

Aponte a figura: “Naquela terrível luta, muitos adormeceram para sempre.”.

a) antítese;

b) eufemismo;

c) anacoluto;

d) prosopopeia;

e) pleonasmo.

Gabarito: B

O emprego da expressão “muitos adormeceram para sempre” tem por objetivo substituir MORRERAM. É uma forma mais branda de exprimir a informação.

05. (FMU-SP)

Em “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.”, há:

a) pleonasmo;

b) hipérbato de pessoa;

c) silepse de gênero;

d) silepse de pessoa;

e) silepse de número.

Gabarito: D

O sujeito é o termo “os cariocas” – terceira pessoa do plural – e a forma verbal “somos” encontra-se flexionada na primeira pessoa do plural. Tal concordância ideológica se justifica pelo fato de o autor inserir-se entre os cariocas.

06.  Qual é a figura de linguagem presente no seguinte fragmento “Uma pessoa de cabeça desarrumada é assim: defende a pena de morte e o ensino gratuito nas universidades públicas. É a favor do aborto e se diz católico. Votou Lula em 2002 e José Serra em 2004. È contra as cotas nas universidades e milita numa Ong de defesa da Mata Atlântica.”?

a) antítese;

b) metáfora;

c) paradoxo;

d) metonímia;

e) hipérbole.

Gabarito: C

As atitudes dessa pessoa de cabeça desarrumada revelam o antagonismo, a contradição. Por exemplo: a pessoa se dizer católica e ser favorável ao aborto. Lembrando que o catolicismo não admite o aborto. Esse antagonismo é denominado de paradoxo ou oxímoro.

07. (NCE / TRE)

“Que paz? Não foram esses mesmos adoráveis senhores que decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões?” – “Não foram esses mesmos adoráveis senhores…”; neste segmento ocorre um exemplo de uma figura denominada:

a) metáfora;

b) metonímia;

c) ironia;

d) eufemismo;

e) hipérbole.

Gabarito: C

Uma das características da ironia é a intenção de se passar uma informação dizendo-se justamente o oposto. É o que ocorre aí. O autor não considera tais senhores “adoráveis”, muito pelo contrário, o que se evidencia pela ação atribuída a eles: “decapitaram ou mandaram decapitar seus próprios companheiros de comunidade durante as recentes rebeliões”.

08. (NCE / INPI)

Embarcar, na sua origem, era empregado com referência a barco, mas no texto aparece com referência a avião; o item abaixo em que a palavra sublinhada também mostra desvio do sentido original é:

a) O avião vai decolar com o porco a bordo;

b) O porco chegou a enterrar as patas na comida;

c) Os passageiros “humanos” estranharam o fato;

d) A poltrona ficou estragada por causa do peso do porco;

e) A investigação do incidente vai demorar.

Gabarito: B

Caracteriza-se a Catacrese na alternativa B, porquanto ENTERRAR é uma ação que deveria relacionar-se com TERRA. Mas, em face de não haver vocábulo apropriado para a situação, emprega-se a mais conveniente, ou a mais próxima sob o aspecto semântico.

09. (NCE / IBGE)

Em “Vossa Senhoria parece preocupado com o furto da máquina de escrever” há uma figura conhecida por:

a) metáfora;

b) silepse de gênero;

c) silepse de número;

d) silepse de pessoa;

e) catacrese.

Gabarito: B

Os pronomes de tratamento Vossa Majestade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria etc. possuem forma gramatical feminina. Como a pessoa em voga é do sexo masculino, faz-se a concordância não por aspecto gramatical, mas, sim, ideológico. Trata-se, por conseguinte, de silepse de gênero.

10. (NCE / CFC)

A expressão surgiu em Minas Gerais, nos tempos do Brasil colonial e designa o sujeito sonso, fingido. Naquela época, auge da mineração, eram elevadíssimos os impostos cobrados pelo rei de Portugal, nosso avozinho, tão bonzinho…

“nosso avozinho, tão bonzinho”; no contexto em que aparecem, esses segmentos são exemplo de:

a) metáfora;

b) ironia;

c) hipérbole;

d) eufemismo;

e) comparação.

Gabarito: B

Novamente ocorre aí uma ironia. O autor do texto obviamente não considera o rei de Portugal um “avozinho bonzinho”, visto que a cobrança de impostos era elevadíssima.

11. (NCE / TJ)

“Como pode ver na entrevista, ganhar dinheiro no Brasil é sopa.”. Nesta frase aparece uma figura sintática e uma figura de palavra. Assinale a alternativa que identifique essas figuras:

a) hipérbato e metáfora;

b) silepse e metonímia;

c) elipse e metonímia;

d) elipse e metáfora;

e) anacoluto e catacrese.

Gabarito: D

Na primeira oração, observa-se a ocorrência de um sujeito elíptico, por exemplo, VOCÊ. Como (você) pode ver na entrevista. Já na segunda estrutura, o emprego do verbo SER sugere a seguinte comparação: Ganhar no Brasil é fácil como ganhar sopa. Como não há conector comparativo, caracteriza-se a metáfora.

12. (Cesgranrio / SEPLAG)

Entre os recursos conotativos utilizados no Texto I, destaca-se a metáfora, cuja definição apresenta-se a seguir.

“A metáfora consiste no emprego de palavras ou expressões convencionalmente identificadas com dado domínio de conhecimento para verbalizar experiências conceptuais de outro domínio.”

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.

Um exemplo de metáfora, no Texto I, é:

a) “Tem pai que está sempre em casa, e outros, nunca.”

b) “Tem pai (…) que não sabe o que fazer com suas horas de folga.”

c) “Tem pai que é uma geleia, e uns que a gente nunca viu chorar na vida.”

d) “Pai que nos sustenta e pai que é sustentado por nós.”

e) “Que mora longe, que mora em outra casa, pai que tem outra família,”.

Gabarito: C

É sempre bom lembrar que a metáfora consiste em uma comparação de ordem subjetiva, sem o conectivo que indica esta comparação. Tal situação se expõe na opção C, uma vez que o sentido da primeira estrutura é: Tem pai que é mole como geleia. Todavia, como na oração não veio redigida a conjunção comparativa, fica caracterizada a metáfora.

13. (Cesgranrio / Eletrobrás)

A realidade é constituída por contrastes e também por semelhanças. A metáfora é uma das formas de estabelecimento de semelhanças por comparações. Qual das sentenças do Texto I, indicadas a seguir, apresenta uma metáfora?

a) “sabe-se lá por que arcaico crime por eles cometido.”

b) “O insone é um imortal de olheiras.”

c) “O momento mais temido pelo insone, (…) é a hora de ficar a sós…”

d) “Escolhia um filme desinteressante…”

e) “um murmúrio indiscernível,”

Gabarito: B

O emprego do verbo SER (é) e a ideia de comparação – estando ausente o conector – caracterizam a metáfora.

14. (Cesgranrio / Eletrobrás)

Elipse é a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprir. Observem-se os trechos abaixo do Texto II.

– “Parece que a medicina anda preocupada com a falta ou o excesso dele.”

II  – “Durmo na hora que quero, durante o tempo que preciso e à s vezes até no lugar indevido.”

III  – “É que um estudo acaba de revelar que dormir ou cochilar depois do almoço faz bem à saúde, principalmente a mental.”

Acerca desses trechos, é correto afirmar que há elipse em:

a) I, apenas;

b) II, apenas;

c) III, apenas;

d) I e II, apenas;

e) I, II e III.

Gabarito: E

Na primeira frase, fica subentendida a expressão “anda preocupada com” – Parece que a medicina anda preocupada com a falta ou anda preocupada com o excesso dele.

Na segunda frase, a forma verbal DURMO está implícita antes da segunda e da terceira oração – Durmo na hora que quero, DURMO durante o tempo que preciso e à s vezes DURMO até no lugar indevido.

Na terceira frase, a conjunção integrante QUE está elíptica antes de “cochilar”. É que um estudo acaba de revelar que dormir ou QUE cochilar depois do almoço faz bem à saúde, principalmente a mental.

15. (Funrio / JUCERJA)

A propósito do emprego da linguagem figurada presente no poema de Vinícius de Moraes, é correto afirmar que, nos versos “Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão”, há:

a) antítese;

b) comparação;

c) eufemismo;

d) metáfora;

e) metonímia.

Gabarito: A

Em face de os versos representarem uma contradição de pensamentos, a melhor resposta seria PARADOXO ou OXÍMORO. Não havendo tais alternativas, a melhor resposta é ANTÍTESE, tendo em vista o emprego de vocábulos com sentidos opostos.

16. (Funrio / CB-RJ / Médico)

Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama -de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.

“Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.”, no fragmento ocorre uma:

a) personificação;

b) eufemismo;

c) onomatopeia;

d) comparação;

e) metonímia.

Gabarito: B

A expressão “antes de tocar de novo o acorde final” significa MORRER. É uma forma mais branda de exprimir a informação.

17. (CEPUERJ / UERJ / Assistente Administrativo)

“O corpo era um monte de rugas sorridentes”. A estrutura predicativa, do ponto de vista das figuras de linguagem, funciona como:

a) hipálage;

b) quiasmo;

c) catacrese;

d) eufemismo.

Gabarito: C

O emprego de SORRIDENTES é exclusivo para sorriso, boca, dentes. Como o autor não encontrou palavra mais adequada que pudesse expressar o pensamento que lhe vinha à mente, empregou-a.

18. (CEPUERJ / UERJ / Assistente Administrativo)

“Eliminara certas despesas inúteis, lavanderia, pensão.”. O recurso de coesão empregado para garantir a concisão textual no fragmento acima é a:

a) elipse;

b) paráfrase;

c) reiteração;

d) substituição.

Gabarito: A

Percebe-se claramente a presença subentendida da palavra COMO. “Eliminara certas despesas inúteis, COMO lavanderia, pensão.”.

19. (CETAP / PR /Assembleia Legislativa / Analista de Sistemas)

A figura de linguagem presente em “Durante séculos, a Inglaterra dominou os mares…” é:

a) metáfora;

b) silepse;

c) antítese;

d) metonímia;

e) ironia.

Gabarito: D

A metonímia se configura, visto que a Inglaterra não tinha domínio dos mares, mas sim das vias marítimas. Substituiu-se a parte pelo todo.

20. (VUNESP / MPE-SP / Analista de Promotoria)

Observe as frases, títulos de matérias da revista, e analise as afirmações.

Por que o Brasil toma tanto Rivotril

Cores que enganam seu cérebro

(Super interessante, julho de 2010)

I. Na primeira frase, a figura de linguagem presente é a metonímia, já que o termo Brasil está empregado no lugar de brasileiros.

II. Na segunda frase, a figura de linguagem presente é a hipérbole, já que o verbo enganar representa uma ação exagerada.

III. Na primeira frase, sem alteração da ordem dos termos, também estaria correto o uso da forma Por quê.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas;

b) III, apenas;

c) I e II, apenas;

d) II e III, apenas;

e) I, II e III.

Gabarito: A

O item I apresenta comentário adequado, porquanto não é o Brasil que toma Rivotril, mas, sim, os brasileiros.

O item II não apresenta comentário adequado, uma vez que o vocábulo ENGANAR não expressa qualquer valor de amplificação, exagero.

O item III não apresenta comentário correto, pois o emprego de POR QUÊ somente é cabível no fim de orações.