Se o cérebro humano tivesse parado de se desenvolver depois da fase emocional, ainda seria uma maravilha. Temos emoções extremamente sutis que nos unem. Mas o cérebro não parou por aí, porque a mente humana queria mais. Não basta amar alguém ou sentir ciúme, admiração, gratidão, possessividade e todos os outros sentimentos que costumam se misturar ao amor. Não basta o amor oscilar entre a terna afeição à paixão arrebatadora. A mente quer viver no amor, lembrar quem, quando e por que amamos. Somos as únicas criaturas capazes de escrever “Como eu te amo? Deixa-me contar as maneiras”. Trata-se de um jogo puramente intelectual? Não, é uma maneira de adicionar uma nova camada de riqueza em nossa vida.
Quando alguém pergunta “Por que amo X?” ou “Por que odeio Y?”, entra em cena um elemento altamente evoluído: o intelecto. O intelecto foi a estratégia que o cérebro desenvolveu para enfrentar as obsessões baseadas em medos e desejos. O pensamento racional nos permite criar uma estratégia para obter o que desejamos, uma atividade que domina a vida de qualquer pessoa. Mas ele também contrabalança o domínio das emoções. Nossas emoções e nosso intelecto desempenham seu papel no nível neurobiológico, já que neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, estão engajados em um constante movimento yin e yang com neurotransmissores inibitórios, como a glicina.
No campo da experiência pessoal, a inter-relação inconstante entre emoção e intelecto cria um discurso interno que é transmitido ao cérebro durante todos os momentos em que a pessoa está acordada. Para alguns, esse discurso assume a forma de um monólogo interior, no qual o cérebro faz toda a “fala”, que extrai de velhas lembranças, hábitos e condicionamentos. Para outros, o discurso é mais um diálogo interno, no qual velhas e novas ideias se enfrentam. Uma pessoa precisa decidir qual delas vai aceitar: as reações gravadas no cérebro ou reações desconhecidas. Esse pode ser o problema.
A luta é tão difícil que algumas pessoas tentam viver uma vida de puro intelecto, negando seu lado emocional. Jesse Livermore foi um famoso investidor no mercado de ações durante os anos 1920. Nascido em Massachusetts, em 1877, ele nos encara com um olhar impassível e severo nas velhas fotografias. Ele está entre os primeiros financistas que nunca tiveram outro trabalho a não ser manipular números. Viveu para os números e regulou sua vida com absoluta precisão. Saía de casa exatamente às 8h07 todas as manhãs e, numa época em que os sinais de trânsito eram controlados manualmente por um policial numa cabine, o surgimento de sua limusine fazia todos os sinais da Quinta Avenida abrirem.
No dia 29 de outubro de 1929, a desastrosa “Quinta-Feira Negra”, quando ocorreu o crash da bolsa, a mulher de Livermore supôs que ele tivesse perdido toda a sua fortuna, como ocorrera com todos os amigos. Ela ordenou aos criados que tirassem todos os móveis da mansão. Quando voltou para casa, Livermore encontrou-a vazia. Mas, na verdade, ele tinha ouvido o que os números lhe diziam e conseguira ganhar mais dinheiro naquele dia do que nunca antes. Essa pode parecer uma história do triunfo do intelecto puro, mas, durante a década de 1930, novas normas chegaram a Wall Street. Foi o fim da época dos aventureiros, quando uns poucos investidores ricos podiam manipular as ações a seu bel prazer. Livermore teve dificuldade de se adaptar. Seus negócios ficaram imprevisíveis. Ele se desestimulou, ficou deprimido e, nos anos 1940, trancou-se no banheiro de seu clube particular e deu um tiro na cabeça. Nunca foi revelado o que aconteceu a seus milhões.
É natural para o nosso intelecto fazer perguntas e esperar as respostas. A mente humana tem uma fome infindável de conhecimento. Vivemos em duas trilhas paralelas. Numa delas experimentamos tudo o que nos acontece, enquanto na outra questionamos essas experiências. O córtex cerebral cuida do pensamento em todos os seus aspectos, inclusive nas tomadas de decisões, críticas, cogitações e comparações. Para um neurologista, o córtex é a parte mais enigmática do cérebro. Como os neurônios aprendem a pensar? E, ainda mais misteriosamente, como aprendem a pensar sobre o pensamento?
Porque isso é o que fazemos todos os dias. Temos um pensamento e depois refletimos sobre o que esse pensamento significa. Como isso parece muito abstrato, vamos dar uma explicação da perspectiva do cérebro:
Instintivo: “Estou com fome.”
Emocional: “Hum, uma torta de banana seria uma delícia agora.”
Intelectual: “Posso ingerir todas essas calorias?”
Na fase intelectual, fazemos infinitas escolhas. Podemos nos perguntar “Quem faz uma boa torta de banana?”, ou “É isso o que realmente quero?”, ou “Isso significa que estou grávida?”. Podemos pensar qualquer coisa, inclusive as mais esquisitas (“Será que as bananas sentem dor quando são cortadas do pé?”), as mais imaginativas (“Gostaria de escrever um livro infantil sobre um menino que encontra uma torta de banana falante”) ou qualquer outra coisa.
Nós, seres humanos, temos orgulho de nosso intelecto a tal ponto que, até recentemente, negávamos que qualquer animal inferior tivesse algum tipo de inteligência. Isso está mudando rapidamente. Poucos pássaros permanecem na margem norte do Grand Canyon no inverno nevoso, por exemplo, e aqueles que o fazem passam os meses de outono enterrando sementes no solo. Eles colhem pinhas e enterram cada uma num local, aparentemente aleatório, até que centenas sejam enterradas. Quando chega o inverno, esses locais ficam cobertos de neve. No entanto, os pássaros voltam a cada ponto onde existe uma pinha enterrada e a removem. Cada pássaro só volta ao local onde enterrou sua própria pinha, sem bicar a esmo em busca das que foram enterradas por outros pássaros.
São inúmeros os exemplos de inteligência animal, e, no entanto, ainda achamos que a capacidade intelectual é exclusivamente humana. A estrutura cerebral comprova isso: uma parte desproporcional do nosso cérebro, muito grande para o nosso peso, pertence ao cérebro racional. (O fato de 90 por cento do nosso córtex ser ocupado pelo neocórtex, a “nova camada”, mostra que temos uma grande capacidade para pensar e tomar decisões, enquanto 60 por cento do cérebro do golfinho é dedicado à audição, o que faz sentido para uma criatura que se guia pelo som subaquático.) Apesar da ideia de que somos guiados por impulsos instintivos, como sexualidade, fome, raiva e medo, o cérebro racional domina tudo. Afinal, antes que dois países entrem em guerra e bombardeiem as cidades um do outro, eles primeiro tiveram que construir essas cidades – e essas bombas –, o que é um grande feito do intelecto.
O cérebro racional marca a chegada da autoconsciência. Todos os exemplos que demos subentendem o pronome “eu” como parte do pensamento. O “eu” é o ser consciente que usa o cérebro. As fases instintiva e emocional residem no mundo do subconsciente. Em maio, numa determinada fase da lua, dezenas de milhares de caranguejos-ferraduras põem seus ovos na costa atlântica da América do Norte e depois se juntam na profundeza do oceano, como fazem há milhões de anos. Dias depois, um pequeno pássaro conhecido como maçarico-de-papo-vermelho chega, em meio à sua rota migratória, para se alimentar dos ovos de caranguejo-ferradura espalhados na areia.
O maçarico-de-papo-vermelho passa o inverno na Terra do Fogo, na extremidade da América do Sul, e lá se alimenta de pequenos moluscos. Ninguém sabe por que ele viaja quase 15.000 quilômetros entre a Antártica e o Ártico, onde cria seus filhotes. E, menos ainda, como esse pequeno pássaro aprendeu a calcular o tempo de sua migração de modo a chegar na última lua cheia ou na lua nova de maio, exatamente quando os ovos do caranguejo–ferradura chegam às praias da baía de Delaware, tornando-se o único alimento dos maçaricos-de-papo-vermelho em sua parada. Quando esses pássaros chegam a Southampton Island, no Canadá, o ambiente é ventoso, inóspito, quase sem nenhum alimento. Assim, os gordurosos ovos do caranguejo-ferradura lhes permitem armazenar energia suficiente para sobreviver. Toda essa complexa cadeia mostra que o instinto nem sempre é simples ou primitivo. Ele alcança níveis que o intelecto não pode compreender.
Mas, tudo isso é realmente de natureza inconsciente ou apenas queremos impor esse rótulo? Uma coisa é certa: nos humanos, a fase intelectual do cérebro mescla impulsos instintivos e emoções com o conhecimento adquirido pela experiência. Se uma pessoa tem experiências infelizes, o intelecto pode tentar encontrar experiências melhores ou dar passos mais drásticos para acabar com a tristeza, como o suicídio. Pode ser deprimente, mas é perspicaz, a frase de Nietzsche: “O homem é o único animal que precisa ser encorajado a viver”. Existe uma maneira mais positiva de dizer a mesma coisa: os humanos se recusam a ser guiados pelo cérebro reptiliano, mesmo quando isso significa a sobrevivência.
O cérebro intelectual usa o pensamento lógico e racional para lidar com o mundo de uma maneira cuidadosa. Enquanto o cérebro instintivo nos faz reagir de uma maneira natural e inata, o cérebro intelectual nos dá a opção de responder conscientemente. “Resposta” vem da palavra latina responsum, que se refere a reagir de uma maneira responsável. Responder a qualquer situação requer compreensão, enquanto reagir, não. A compreensão não é um acontecimento isolado. Existe sempre num contexto social. Precisamos ter empatia com os outros, as pessoas devem se comunicar e fazer conexões significativas. O Homo sapiens poderia ter permanecido sociável sem esses traços superiores. Os chipanzés são sociáveis, e se desligaram da família dos primatas milhões de anos depois, e não antes, de nossos ancestrais hominídeos.
Olhando nos olhos de um chipanzé podemos detectar momentos em que o animal parece pensar, mas os chipanzés não são responsáveis, e, apesar de toda a sua inteligência, não vão muito longe na curva de aprendizado. Podemos fazer um experimento no qual um chipanzé observa alguém esconder um alimento em uma de duas caixas. Se ele se lembrar da caixa correta, apanha o alimento. Três tentativas bastam para que um chipanzé aprenda a fazer isso. Entretanto, se ele tiver que apontar qual a caixa mais pesada para conseguir o alimento, nem depois de seiscentas tentativas ele obterá um resultado que não seja aleatório. Uma criança de 3 ou 4 anos percebe rapidamente qual a caixa mais pesada.
Nós também partilhamos nosso aprendizado. A sociedade humana depende de educação, que requer um tipo especial de cérebro, capaz de transformar, instantaneamente, experiência em conhecimento. Depois de milhões de anos, alguns macacos aprenderam a quebrar nozes duras batendo-as contra uma pedra, e primatas superiores como os chipanzés são capazes de usar uma vara para apanhar ovos de pássaros em buracos profundos num tronco de árvore ou formigas num formigueiro. Mas essa habilidade continua sendo primitiva. Um orangotango consegue aprender a achar comida num complicado recipiente plástico com várias partes que devem ser abertas numa sequência precisa. Os orangotangos também conseguem resolver rapidamente um quebra-cabeça, mas depois têm um bloqueio: não são capazes de ensinar a outro orangotango como resolver o mesmo quebra-cabeça.
Não ensinamos apenas com exemplos, mas falando. A linguagem complexa acelerou a evolução do cérebro, porque nos permitiu um modo mais sofisticado de comunicação. Ela também nos torna capazes do pensamento simbólico. Isso significa que podemos criar mundos simbólicos ou virtuais usando as mesmas partes do cérebro. Quando alguém para diante de um sinal vermelho, não faz isso porque ouviu a palavra “pare”. Na verdade, a pessoa para porque ligou a luz vermelha à palavra. Isso é um símbolo. Por mais simples que pareça, o símbolo tem enormes ramificações. Crianças disléxicas, por exemplo, têm dificuldades de leitura devido a um defeito no desenvolvimento do cérebro ainda no útero materno. O cérebro dos disléxicos coloca palavras e letras na ordem inversa. Entretanto, descobriu-se que essa anomalia pode ser superada com a utilização de letras coloridas. O “a” pode ser vermelho, o “b” verde e assim por diante. Com essa associação simbólica, a linguagem pode progredir porque um mecanismo no córtex visual foi adequado para um novo uso: a capacidade de distinguir cores, que nos humanos é extremamente sutil. O olho humano pode detectar 10 milhões de diferentes comprimentos de ondas luminosas. Ninguém sabe exatamente quantas dessas ondas se traduzem em cores que somos capazes de diferenciar, mas esse número parece ser, no mínimo, de alguns milhões.
Esse imenso dom da imaginação e da criação de símbolos pode se voltar contra ele mesmo. A suástica surgiu como símbolo do sol entre povos antigos, mas, se pintada na parede de uma sinagoga, indica profanação ou mesmo crime de ódio. A imagem também pode bloquear a realidade. A expressão “deusa do cinema” foi inventada para reforçar a fantasia do público de que os atores de Hollywood não são pessoas comuns. Em consequência disso, porém, o público anseia conhecer o lado oculto da imagem, e, quanto mais escandalosa e sórdida for a realidade exposta, mais excitante ela é.
É antiga a divisão da mente em instinto, intelecto e emoções. A neurociência hoje consegue mapear as regiões do cérebro correspondentes a cada uma. Mas convém lembrar que essas divisões são apenas modelos inventados diante da dificuldade de compreender a natureza em toda a sua complexidade. Na verdade, estamos constantemente criando realidade, um processo que abrange todas as regiões do cérebro em constante inter-relação.
Assim como qualquer outra fase do cérebro, o intelecto pode se desequilibrar.
Se alguém é intelectual demais, perde contato com as emoções e os instintos. Isso gera ações excessivamente calculadas e planos que dificilmente se tornarão realidade.
Mas se não desenvolver seu intelecto, ficará limitado a um pensamento rudimentar. Isso gera superstição e falta de argumentos. A pessoa se torna um joguete de influências externas.
• O intelecto representa a mais recente fase evolutiva da mente.
• O intelecto nunca funciona isolado, mas juntamente com emoções e instintos.
• O intelecto nos ajuda a lidar racionalmente com medos e desejos.
• Responder ao mundo implica ser responsável pelo mundo.
• O pensamento racional se torna destrutivo quando esquece suas responsabilidades (daí o surgimento de armas atômicas, a destruição do ecossistema etc.).
O intelecto é parte de seu patrimônio hereditário, que inclui uma necessidade insaciável de significado. Nossa intuição inata nasce de uma necessidade diferente, mas igualmente forte: a necessidade de valores. Certo e errado, bem e mal são tão básicos que o cérebro é programado para essas noções. Desde tenra idade, os bebês parecem demonstrar um comportamento intuitivo. Mesmo antes de engatinhar, o bebê que vê a mãe deixar cair alguma coisa se oferece para pegá-la – ajudar é uma reação inerente. Uma menina de 2 anos se envolve numa brincadeira de bonecas, na qual uma boneca se comporta bem enquanto a outra faz o contrário. Comportar-se bem significa brincar e cooperar, enquanto comportar-se mal significa ser egoísta e se queixar. Quando lhe perguntam de que boneca gosta mais, a menina em geral escolha a boneca “boa”. Evoluímos com uma resposta cerebral para a moralidade.
Figura 4: As áreas funcionais do córtex cerebral
A maior parte do cérebro é ocupada pelo córtex cerebral ou telencéfalo. Chamado de “cérebro racional”, ele é responsável por muitas funções que associamos à nossa condição humana: recebimento e processamento de informações sensoriais, aprendizado, memória e iniciação do pensamento e da ação, assim como o comportamento e a integração social.
O córtex cerebral é a parte que evoluiu mais recentemente, consistindo em um tecido neural de cerca de 90 cm2, formado por seis camadas que se acumulam em direção à superfície externa. (Cortex é a palavra latina para “cortiça” ou “casca”.) Para caber no crânio, esse tecido se dobra sobre si mesmo muitas vezes. No córtex existe a maior concentração de neurônios de todo o cérebro, cerca de 40 bilhões.
O córtex cerebral tem três principais áreas funcionais: as regiões sensórias, para receber e processar os cinco sentidos; as regiões motoras, para controlar os movimentos voluntários; e as áreas associadas de intelecto, percepção, aprendizado, memória e pensamento de ordem superior.
O córtex cerebral é constituído por diferentes lobos. Em sua parte traseira fica o lobo occipital, que contém o córtex visual, onde o cérebro transmite e interpreta as informações percebidas pelos olhos. O córtex visual esquerdo se conecta com o olho direito, e vice-versa. Na frente dos lobos occipitais ficam os lobos temporais. Aqui residem as emoções guiadas por instintos primitivos, que servem para a sobrevivência: medo, desejo e apetites como a fome e a sexualidade. Audição e equilíbrio também são controlados aqui. Quando esta área do cérebro é danificada ou funciona mal, a pessoa pode sofrer de um apetite incontrolável por comida e sexo.
Na frente e acima dos lobos temporais ficam os lobos parietais, onde as informações sensoriais são processadas junto com a orientação espacial, que nos permite saber onde estamos. Finalmente, na frente dos lobos parietais ficam os lobos frontais. Eles regulam o controle motor e o movimento, mas também medeiam nosso comportamento em sociedade. Se o córtex frontal é danificado ou, por exemplo, contém um tumor, a pessoa pode se tornar patologicamente inibida ou exibicionista, ou até mesmo um agressor sexual.
Os hemisférios direito e esquerdo do córtex cerebral estão ligados por feixes de fibras nervosas que recebem o nome de “corpo caloso”. Ele permite que os dois lados do cérebro “conversem”. Se isso não acontecer, pode ocorrer a “síndrome da mão alheia”, na qual a pessoa não reconhece sua própria mão. Escondido sob o corpo caloso está o sistema límbico (ver figura 3), que contém o tálamo e o hipotálamo. O tálamo está envolvido na percepção sensorial e regula o movimento. O hipotálamo regula os hormônios, a glândula pituitária, a temperatura corporal, as glândulas suprarrenais e muitas outras atividades.
As duas outras partes importantes do cérebro são o cerebelo, na parte posterior, que controla a coordenação motora, o equilíbrio e a postura; e o tronco cerebral (medula oblonga e ponte), que é a parte mais antiga do órgão. Conecta o cérebro à medula espinhal e regula os batimentos cardíacos, a respiração e outros processos autônomos.
As funções do cérebro que controlam os processos fisiológicos – do batimento cardíaco à reação de medo e ao sistema imunológico – estão concentradas em regiões específicas do córtex cerebral, do cerebelo e do tronco cerebral. Mas essas regiões também se comunicam para criar um intrincado sistema de equilíbrio e coordenação que faz parte de toda a atividade cerebral. Por exemplo, quando olhamos para uma flor, nossos olhos sentem essa informação visual e a transmitem ao córtex occipital, a região do córtex cerebral na parte posterior do cérebro. Mas primeiro essa mesma informação visual viaja pelas muitas outras áreas do cérebro, onde pode servir também para coordenar nossos movimentos em resposta à informação visual. Os bilhões de neurônios presentes nessas regiões atuam juntos em equilíbrio e harmonia, da mesma forma como uma orquestra produz uma bela música. Não se ouve nenhum instrumento alto demais ou fora do tom. Equilíbrio e harmonia são as chaves de um cérebro bem-sucedido, assim como da estabilidade do universo.
Mas a intuição também tem sido uma área suspeita. Uma curiosa ironia é que o cérebro intelectual pode rejeitar o cérebro intuitivo por considerá-lo mera superstição, beirando à crença no paranormal. Rupert Sheldrake, um biólogo britânico de grande visão, passou décadas pesquisando a intuição. Testou, por exemplo, a comum experiência de alguém se sentir observado, geralmente por uma pessoa situada às suas costas. Temos olhos na parte posterior da cabeça? Se tivéssemos, isso seria uma capacidade intuitiva, e Sheldrake mostrou que ela existe. Apesar de seu esforço, seu trabalho é considerado controverso, o que significa, como o próprio Sheldrake observou ironicamente, que os céticos não se deram ao trabalho de analisar seus resultados.
Mas não há controvérsia no fato de os humanos serem intuitivos. Áreas inteiras de nossa vida dependem da intuição – a empatia, por exemplo. Quando alguém entra numa sala, pode sentir se as pessoas ali estão tensas ou se estiveram brigando: isso é intuição. Intuímos quando alguém está dizendo alguma coisa, mas quer dizer outra, ou quando alguém está escondendo um segredo.
Sentir empatia é compreender e partilhar dos sentimentos dos outros. No Homo sapiens, como a capacidade de comunicação deu um salto quântico para a frente, a empatia se tornou um componente fundamental para a sobrevivência em sociedade. Ela permitiu que os pais cuidassem das crianças da tribo enquanto alguns adultos estavam fora dedicando-se à caça ou à coleta. A empatia ainda nos permite viver em grupo e socializar, servindo como um freio necessário à agressividade egoísta e à competição (um equilíbrio que a sociedade se esforça por manter).
Mais amplamente, a empatia abriu caminho para o raciocínio moral e o comportamento altruísta. (A origem latina da palavra “compaixão” significa “sofrer com”, referindo-se à nossa capacidade de espelhar o sentimento do outro.) Empatia é diferente de compreensão, que não envolve compartilhar o estado de espírito do outro. Também é diferente de contágio emocional, em que uma pessoa não tem consciência se a emoção pertence a ela mesma ou foi absorvida por contato com uma forte personalidade, ou com a multidão.
No nível neural, a principal área do cérebro ativada pela empatia é o córtex cingulado. Cingulum significa “cinto” em latim. O córtex cingulado se estende como um cinto no meio do córtex cerebral e é considerado parte do sistema límbico, que lida com as emoções, o aprendizado e a memória. É aí que a empatia reside fisicamente. As regiões ligadas à empatia do giro cingulado são maiores nas mulheres que nos homens, e quase sempre menores nos pacientes esquizofrênicos, que em geral se isolam tragicamente em suas emoções e ilusões sobre o que os outros estão sentindo.
A empatia também tem sido associada aos neurônios-espelho, células nervosas que existem nos primatas inferiores, como os macacos. Existe uma razão para que o macaco repita o que vê, o que é fundamental para ele aprender novas habilidades. Quando um macaco bebê, mesmo aquele que ainda mama, vê a mãe apanhar alimento e comer, as áreas de seu cérebro responsáveis por agarrar, partir e mastigar o alimento se excitam – eles espelham o que veem. Não se pode realizar experimentos com bebês humanos para determinar se o mesmo ocorre em nossa espécie, mas é provável que aconteça. (O lado pernicioso do espelhamento é que quando uma criança testemunha comportamentos negativos, como a agressão doméstica, um padrão cerebral pode ser desencadeado. Sabe-se que crianças que sofreram abuso muitas vezes praticam abusos quando se tornam adultas, tão profundamente esse comportamento está gravado nelas.)
Ninguém conhece o pleno funcionamento dos neurônios–espelho, mas eles parecem desempenhar um papel fundamental na conexão social, processo pelo qual obtemos segurança, cuidado e alívio do sofrimento em nossos relacionamentos. Um grande número de neuropeptídios – pequenas proteínas presentes no cérebro que regulam a conexão social e incluem a oxitocina, os opiáceos e a prolactina – regula a receptividade empática.
A oxitocina facilita o comportamento maternal e faz a pessoa se sentir “apaixonada”. A aplicação de oxitocina na forma de spray nasal reduziu as reações à tensão social e ao medo dentro do cérebro. A oxitocina também pode aumentar a confiança mútua e tornar a pessoa mais sensível às expressões faciais dos outros. Uma mutação genética adversa no receptor que liga a oxitocina provoca baixos níveis de empatia. Portanto, a oxitocina desempenha um papel fundamental, mas seu nome popular, “o hormônio do amor”, não deve ser entendido literalmente. Sendo um comportamento complexo, o amor é sensível a muitas reações em todo o cérebro, e um único hormônio não pode ser sua causa. Somos confrontados pelo enigma de onde termina a mente e começa o cérebro. Alguém que já tenha se apaixonado loucamente pode testemunhar que esse mistério é muito pessoal. Os humanos desenvolveram uma estrutura biológica no cérebro que surgiu a partir do acasalamento de mamíferos primitivos, mas são muitas as escolhas que fazemos a respeito de como amamos e de quem nos atrai. A biologia pode oferecer o combustível, mas não assume o controle da mente.
Todas essas questões nos levam de volta ao livre-arbítrio, que acreditamos ser sempre dominante na vida humana. Mas podemos interpretar o fato de que os neuroquímicos podem controlar nossas emoções, inclusive o amor e a empatia, de duas maneiras. Por um lado, podemos dizer que não temos nenhum controle sobre a maneira como nos sentimos; somos escravos de nossa neuroquímica, com pouco ou nenhum livre-arbítrio. Por outro lado, do ponto de vista do cérebro racional, podemos argumentar que o cérebro é um órgão incrivelmente afinado, que produz as emoções de que precisamos num dado momento. O cérebro precisa de gatilhos, que podem ser acionados de maneira muito sutil. Para uma mulher, conhecer um homem atraente é uma experiência distinta dependendo se ela estiver “disponível” ou não. Se ela não estiver, seu mecanismo cerebral de amor não é desencadeado; se estiver, o oposto acontece. Seja como for, o cérebro não toma a decisão pela mulher. Apesar de seu inegável poder, nossas emoções são geradas para nos servir.
É nesse ponto que entra em cena a mente intuitiva. Ela surge acima da emoção e do intelecto, oferecendo-nos um panorama geral das coisas (que os psicólogos chamam de Gestalt, a imagem de realidade que atribuímos a várias situações). No trabalho, a pessoa que ocupa uma chefia não precisa usar nada que diga “Sou o chefe”. Vários sinais (como seu tom de voz, o tamanho de seu escritório, seu ar de autoridade) formam um quadro que captamos intuitivamente. Dizemos que “sentimos” a situação, mas isso não é o mesmo que uma emoção. É a sensação que nos diz o que está acontecendo imediatamente, sem precisarmos ir juntando peças emocionais ou intelectuais. Todos os itens abaixo entram na categoria de intuição:
• Apaixonar-se à primeira vista.
• Saber que alguém está mentindo.
• Sentir que as coisas acontecem por uma razão, mesmo que essa razão ainda não tenha surgido.
• Usar a ironia, que diz uma coisa, mas quer dizer o oposto.
• Rir de uma piada.
A intuição seria menos controversa se fosse isolada num local específico do cérebro, mas não é. Acredita-se, popularmente, que o hemisfério direito seja responsável pela intuição, enquanto o esquerdo é racional e objetivo, mas essa divisão não resiste a um teste rigoroso. Além disso, as características das pessoas intuitivas são claras:
• Tomam decisões rápidas sem passar por um processo racional, embora suas decisões sejam corretas.
• Captam expressões faciais sutis.
• Confiam no insight, definido como saber algo diretamente, sem esperar uma resposta racional.
• Dão saltos criativos.
• São boas juízas de caráter – sabem “ler” as pessoas.
• Confiam e seguem seu primeiro instinto, os “juízos repentinos”.
Para qualquer pessoa que confie em sua intuição, essa última categoria, de juízos repentinos, é especialmente intrigante. Tradicionalmente, valorizamos mais outros tipos de julgamento. Os jovens são aconselhados a não se precipitar, a pensar bem antes de fazer um julgamento. Mas, na verdade, tomamos decisões repentinas. Daí a ideia de que não se pode refazer uma primeira impressão. As primeiras impressões, captadas num piscar de olhos, são as mais poderosas. Estudos recentes revelaram que as primeiras impressões e os julgamentos repentinos são os mais exatos. Corretores de imóveis experientes afirmam que os compradores são capazes de saber trinta segundos depois de entrar numa casa se aquela é a residência certa para eles.
Durante muito tempo acreditou-se que uma pessoa pode reconhecer melhor um rosto se ouvir primeiro sua descrição verbal. Acreditava-se que dizer “A garota tinha cabelos castanhos longos, uma pele clara, nariz em forma de botão e pequenos olhos azuis” ajudava a fixar esse determinado rosto na memória. Mas experimentos mostram o contrário. Em uma pesquisa, uma série de fotos foi exibida em rápida sucessão, e os sujeitos foram solicitados a apertar um botão se reconhecessem algum rosto. Pessoas que tinham visto o rosto brevemente se saíram melhor do que as que viram o rosto e tiveram tempo para fazer uma descrição oral das feições. Essas descobertas parecem intuitivamente corretas (de novo essa palavra), porque sabemos o que significa ter o rosto de alguém gravado na memória mesmo que não sejamos capazes de dividi-lo em detalhes separados. Também acreditamos quando uma vítima de um crime diz: “Sou capaz de reconhecer aquele rosto daqui a um milhão de anos se voltar a vê-lo”.
De fato, a intuição é o caminho para qualquer pessoa que busque um sexto sentido. Os sentidos são uma maneira primitiva de captar o mundo ao redor olhando, ouvindo e tocando. Mais importante, “sentimos” nosso caminho pela vida seguindo pistas, sabendo o que é bom para nós e o que não é, para onde devemos focar uma carreira, evitando becos sem saída, quem vai nos amar durante décadas e quem está apenas realizando um capricho passageiro. Pessoas bem–sucedidas, quando indagadas sobre como chegaram ao topo, tendem a concordar em duas coisas: tiveram muita sorte e estavam no lugar certo no momento certo. Poucas são capazes de explicar o que significa estar no lugar certo no momento certo. Mas, se valorizarmos a intuição como uma habilidade real, é provável que as pessoas bem-sucedidas sejam capazes de “sentir” seu caminho pela vida.
Ver o futuro também é um ato intuitivo, e todos somos capazes disso. Não é preciso chamar essa capacidade de paranormal. Em um experimento, algumas pessoas viram uma rápida série de fotos, entre elas imagens horrendas de desastres fatais de automóveis ou cenas de carnificina na guerra. Elas foram monitoradas em busca de sinais de reação ao estresse, como batimento cardíaco acelerado, aumento da pressão arterial e suor nas palmas das mãos. Assim que a imagem horrível era apresentada, desencadeava inevitavelmente uma reação ao estresse. Então, uma coisa estranha ocorreu. Os corpos das pessoas começaram a indicar estresse pouco antes de uma imagem chocante ser mostrada. Embora as fotos fossem apresentadas de maneira aleatória, as pessoas reagiam antecipadamente, o que não acontecia antes de imagens inócuas. Isso significa que o corpo estava prevendo o futuro, ou, melhor dizendo, o cérebro estava, já que apenas o cérebro pode desencadear reações ao estresse.
Não estamos valorizando uma fase do cérebro em detrimento de outra. Mas é fundamental não negar uma fase por puro ceticismo ou preconceito intelectual. Estudos controlados foram concebidos com o propósito de encontrar uma prova objetiva que o intelecto pudesse aceitar, mas é injusto para centenas de pesquisas de psicologia cognitiva provar que a intuição é real, enquanto nossa atitude social em relação à intuição é em grande parte de dúvida ou mesmo de negação. Você é intuitivo? Sua intuição lhe diz que você é.
Como acontece com qualquer fase do cérebro, a intuição pode se desequilibrar.
Se você confiar demais nos palpites de sua intuição, pode deixar de ver a razão quando ela se apresentar. Isso gera decisões impulsivas e comportamentos irracionais.
Mas, se você ignorar sua intuição, perde a capacidade de sentir as situações. Isso gera decisões que dependem demais da racionalização de suas ações, mesmo quando elas são evidentemente erradas.
• Pode-se confiar na intuição.
• “Sentir” o caminho pela vida traz bons resultados.
• Juízos repentinos são corretos porque a intuição não precisa ser processada pelo cérebro racional.
• A razão é mais lenta que a intuição, mas muitas vezes a usamos para justificar a intuição, porque fomos ensinados que a razão é superior.
• O cérebro intuitivo não tem limites para o que pode ser antevisto – tudo depende do que a mente deseja que o cérebro faça.
Depois de desmontar o cérebro quádruplo, o que teremos quando juntarmos tudo novamente? Um instrumento de infinitas possibilidades para criar realidade. A melhor maneira de obter saúde, felicidade e sucesso é equilibrar as quatro fases do cérebro. Esse órgão perde o equilíbrio quando você prioriza uma parte em detrimento de outra. Observe como é fácil identificar-se com uma delas, o que a torna dominante. Se você disser “Estou triste o tempo todo”, estará se identificando com o cérebro emocional. Se disser “Sempre fui inteligente”, estará se identificando com o cérebro intelectual. Da mesma maneira, você pode ser dominado pelo cérebro instintivo quando obedece a necessidades inconscientes, ou pelo cérebro intuitivo, quando segue seus palpites, joga e assume riscos. Com repetição suficiente, as áreas privilegiadas ganham vantagem, e as áreas desfavorecidas começam a atrofiar.
Mas a verdadeira identidade não está em nenhuma área específica. Você é a soma de todas elas, já que é a mente que as controla. O controlador do cérebro é o eu, o self. Posso esquecer seu papel e me tornar presa de humores, crenças, impulsos etc. Quando isso acontece, meu cérebro está me usando, não por maldade ou para ter poder. Eu o treinei para isso. É difícil acreditar que cada pensamento seja uma instrução, mas é. Se você para diante de uma pintura impressionista, as cores brilhantes e o clima alegre o atraem instantaneamente. Nenhuma das informações brutas que estão sendo processadas pelo córtex visual está treinando o cérebro. (Você dominou a habilidade básica de focar os olhos em um ponto específico nos primeiros meses de vida.) Mas, assim que você pensa “Eu adoro esta catedral de Monet”, está instruindo seu cérebro – em outras palavras, treinando-o –, e não de uma maneira simples.
No instante em que você pensa “Eu gosto de X”, seja um Monet, um sorvete ou a pessoa com quem vai se casar um dia, seu cérebro entra no modo holístico.
• Ele se lembra do que você gosta.
• Ele registra o prazer.
• Ele se lembra de onde veio o prazer.
• Ele registra que deve repetir o mesmo prazer no futuro.
• Ele adiciona essa lembrança a seu banco de memória.
• Ele compara a nova lembrança com todas as anteriores.
• Ele envia reações químicas de prazer a todas as células do corpo.
Este é apenas um breve resumo do que significa para o cérebro funcionar no modo holístico. Seria cansativo descrever cada detalhe, mas no mínimo você sabe que museu está visitando, como as pessoas se movimentam pela sala, se você está cansado ou não, além de coisas comuns e inconscientes, como sentir fome e pensar se seus pés estão doendo de tanto andar.
Juntar tudo isso é a maior conquista da mente humana. É isso que fazemos, embora sem saber explicar como o fazemos. A experiência é infinitamente mais rica que as explicações. Nosso objetivo é expandir o modo holístico do cérebro. No fundo, todos nós sabemos que é melhor gostar de todas as pinturas de um museu, e não apenas de algumas escolhidas. Cada pintor tem uma visão singular, e, quando você aprecia a arte, abre-se à visão. Ainda mais profundamente, sabemos que é melhor amar todas as pessoas do que apenas as mais próximas. Mas expandir os centros emocionais do cérebro é assustador. Costumamos nos identificar com as pessoas mais parecidas conosco (em termos de raça, condição social, educação, preferências políticas etc.) e nos sentimos afastados das que são diferentes de nós.
À medida que crescemos, estreitamos nossas simpatias e antipatias, e com isso negamos ao cérebro a capacidade de ser holístico. Um experimento interessante de psicologia social escolheu dez pessoas de Boulder, uma cidade no estado do Colorado muito liberal politicamente, e dez pessoas de Colorado Springs, uma cidade tradicionalmente muito conservadora. Um problema atual dos Estados Unidos é sua divisão política, e existe uma razão demográfica por trás disso. No passado, pessoas que tinham opiniões políticas opostas viviam juntas, e, portanto, um candidato podia vencer por 5 ou 6 por cento de diferença.
Desde a Segunda Guerra Mundial, porém, ocorreu uma mudança decisiva. Os liberais se mudaram para cidades onde viviam outros liberais, e os conservadores para cidades onde viviam outros conservadores. Por isso as eleições hoje são unilaterais, e os candidatos em geral vencem com larga vantagem. O experimento que envolveu as cidades de Boulder e Colorado Springs queria testar se isso tinha mudado. Reunidos em dois grupos, os dez sujeitos de cada cidade discutiram política e avaliaram como se sentiam sobre cada assunto. Por exemplo, quando discutiam o aborto ou o casamento gay, registravam sua posição numa escala de 1 a 10 contra ou a favor.
Depois, uma pessoa de Boulder juntou-se ao grupo de Colorado Springs, e uma pessoa de Colorado Springs juntou-se ao grupo de Boulder. Cada uma defendeu sua opinião frente ao grupo que tinha opinião contrária. Depois de uma hora, os grupos voltaram a se avaliar nos assuntos mais polêmicos. Será que, ouvindo o outro lado da questão, cada grupo tinha se mostrado menos radical? Poderíamos pensar que sim, mas na verdade aconteceu o contrário. Despois de ouvir um liberal, os conservadores se tornaram mais conservadores. O mesmo ocorreu com os liberais.
Esses resultados podem ser desencorajadores. Gostaríamos de pensar que ouvir outros pontos de vista abre a mente. Mas alguns neurocientistas concluíram que o pensamento “nós contra eles” está gravado no cérebro. Nós nos definimos por oposição. Precisamos de inimigos para sobreviver, já que, tendo inimigos, os humanos primitivos aprimoraram suas habilidades de defesa e luta.
Nós, os autores, somos fortemente contra essas interpretações. Elas ignoram um fato básico: que a mente pode superar um padrão gravado no cérebro. No caso do experimento de Boulder e de Colorado Springs, existe uma enorme diferença entre ouvir uma opinião contrária com a mente fechada e decidir que se deseja compreender uma opinião diferente.
Uma história triste e curiosa aconteceu com um amigo de Deepak. Em sua pequena cidade na Carolina do Norte, havia uma loja de departamentos chamada Bernstein’s, um nome judeu. Havia na cidade famílias não judaicas que também se chamavam Bernstein. “As famílias não judaicas pronunciavam o nome de uma maneira diferente da loja de departamentos”, explicou o amigo a Deepak. Por quê? “Essa era a única maneira de todo mundo saber contra quem ter preconceito. Para falar a verdade, ninguém na minha família nunca conheceu alguém judeu.”
Nós nos recusamos a acreditar que a tendência à discriminação esteja gravada. Se observarmos a constituição física do cérebro, veremos que ele é um órgão integrado, no qual as várias áreas e as células nervosas que residem em cada uma se comunicam constantemente. Para um biólogo, todas as características, inclusive a capacidade de o cérebro se comunicar com bilhões de neurônios, podem se reduzir a dois objetivos principais: a sobrevivência da espécie e a sobrevivência do indivíduo. Mas os atuais seres humanos não aceitam a mera sobrevivência. Se aceitassem, não haveria caridade para os pobres, hospitais para os doentes e cuidados para os deficientes.
Preservar a vida de todos, e não apenas dos mais capazes de obter alimento e acasalar, eleva-nos acima da evolução darwiniana. Nós partilhamos o alimento e podemos nos casar sem ter filhos. Em resumo, estamos evoluindo segundo nossas escolhas, não por uma necessidade natural. O cérebro está caminhando numa direção mais holística.
Nossa expressão preferida para essa tendência é “sobrevivência do mais sábio”. Se você desejar, pode evoluir através de escolhas conscientes.
• Não promova conflito em nenhuma área de sua vida.
• Mantenha a paz sempre que puder. Se não puder, afaste-se.
• Valorize a compaixão.
• Prefira a empatia em vez da culpa ou da zombaria.
• Tente não se achar sempre com a razão.
• Faça amizade com alguém muito diferente de você.
• Seja generoso.
• Desligue-se do materialismo e privilegie a satisfação interior.
• Faça algum favor todos os dias – sempre há algo que você pode doar.
• Mostre genuína preocupação quando alguém estiver em dificuldade. Não ignore sinais de infelicidade.
• Oponha-se ao pensamento “nós contra eles”.
• Se você tem uma empresa, pratique o capitalismo com consciência, dando às preocupações éticas o mesmo peso que dá ao lucro.
Não se trata de meros ideais. O dr. Jonas Salk, que se tornou mundialmente famoso com a cura da pólio, era também um visionário e um filantropo. Ele criou o conceito de “mundo metabiológico”, um mundo que transcende a biologia. Tal mundo depende de seres humanos em nossa função de criadores de realidade: tudo o que fazemos, dizemos e pensamos transcende a biologia. Mas qual é o propósito de tudo o que fazemos, dizemos e pensamos? Para Salk, temos um único propósito prioritário: desenvolver nosso pleno potencial. Só um cérebro holístico pode nos levar a esse ponto. Por si só, a ciência, sendo fruto do intelecto, exclui o mundo subjetivo dos sentimentos, instintos e intuições. Para a maioria dos físicos, o universo não tem um propósito; é uma imensa máquina cujas partes úteis existem para serem compreendidas. Mas, se usarmos todo o nosso cérebro, o universo certamente tem um propósito: promover a vida e as experiências que a vida proporciona. Quando nossas experiências se tornam mais ricas, o universo serve a seu propósito. Foi por essa razão que o cérebro começou a evoluir.
Se todo mundo tem o poder de criar realidade, por que tantas pessoas vivem insatisfeitas? A criação da realidade deveria levar à realidade que desejamos, não à realidade em que vivemos. Mas isso não acontece enquanto não descobrirmos nosso poder. Como acontece com tudo o mais, o poder pessoal precisa passar pelo cérebro. Uma pessoa poderosa é a combinação de muitas características, cada uma delas treinada no cérebro.
• Confiança em si mesmo.
• Boa tomada de decisões.
• Confiança nos sentimentos intuitivos.
• Visão otimista.
• Influência sobre os outros.
• Autoestima elevada.
• Capacidade de transformar desejos em atos.
• Capacidade para vencer obstáculos.
Sempre que alguém se sente impotente para mudar uma situação, seja ela qual for, algum dos elementos acima está faltando. Você talvez imagine que as pessoas poderosas nascem com uma dose extra de confiança e carisma. Mas os mais poderosos dirigentes de empresa costumam ser pessoas calmas e organizadas, que aprenderam o segredo de moldar as situações em direção aos objetivos que desejam conquistar. Cada um deles partiu de um ponto não muito diferente do de qualquer outra pessoa. A diferença está no feedback. Eles interiorizaram cada pequeno sucesso e reforçaram a próxima oportunidade. Eles treinaram o cérebro para absorver experiências e levá-las a outro patamar. Pessoas que se sentem impotentes, por outro lado, treinaram-se para absorver experiências negativas. No que diz respeito ao cérebro, o processo é o mesmo. Os neurônios são neutros, sejam as mensagens de sucesso ou de fracasso. Num mundo ideal, o título desta seção seria “Cinco maneiras de se sentir mais poderoso”. Na situação atual, muitas pessoas se sentem impotentes, e as condições sociais que drenam o poder pessoal só crescem. Se você está lutando contra a recessão econômica, uma esposa ou um marido controlador, ou o anonimato de sua rotina de trabalho, é crucial descobrir o seu poder, principalmente quando as tradições mundiais de sabedoria continuam repetindo, era após era, que o poder infinito está escondido dentro de cada indivíduo.
Gostaríamos de esclarecer alguns erros básicos. Antes de falar de poder pessoal, vamos esclarecer o que ele não é. Não é a força que se usa como uma arma para abrir caminho. Não é suprimir aquilo de que você não gosta em si mesmo e alcançar um ideal perfeito que o mundo admire. Não é dinheiro, status, bens ou qualquer outro substituto material. Existem herdeiros de fortunas, nascidos em berço de ouro, que se sentem mais impotentes do que a maioria das pessoas. Isso ocorre porque as questões de poder estão “aqui”, no local onde você se relaciona com você mesmo.
Agora que sabemos o que o poder pessoal não é, podemos listar os cinco passos que levam ao verdadeiro poder interior.
• Pare de abrir mão de seu poder.
• Analise por que é “bom” ser vítima.
• Desenvolva um self maduro.
• Alinhe-se com o fluxo da evolução, ou crescimento pessoal.
• Confie num poder maior, que transcende a realidade cotidiana.
Cada um desses pontos depende de um único fio que os une: a realidade que você vê à sua volta foi construída por correntes invisíveis que fluem em você, em volta de você e através de você.
“No aqui”, você está apoiado pela criatividade e inteligência de seu corpo, com sua sabedoria inata. “Lá fora”, você está apoiado pela força evolucionária que mantém o universo. Acreditar que você está desconectado desses poderes, sozinho e fraco dentro de uma bolha particular, é o erro fundamental que gera o sentimento de impotência na vida cotidiana.
Vamos analisar cada passo que pode levar você a se reconectar com a fonte de poder pessoal.
1. Pare de abrir mão de seu poder.
A impotência não surge num único golpe dramático, com hordas bárbaras arrombando sua porta e incendiando sua casa. É um processo e, para a maioria das pessoas, tão gradual que passa despercebidamente. Na verdade, as pessoas sentem-se felizes de abrir mão de seu poder aos poucos. Por quê? Porque ser impotente lhes parece uma maneira fácil de ser popular, aceito e protegido.
Você está abrindo mão de seu poder quando agrada aos outros para se encaixar.
Ou quando segue a opinião da maioria.
Ou quando decide que os outros são mais importantes do que você.
Ou quando permite que alguém que parece ter mais poder tome conta de você.
Ou quando alimenta inveja ou rancor.
Todos esses atos ocorrem no nível psicológico, que é invisível. Se uma mulher abre mão de seu poder sem perceber, parece-lhe correto e apropriado manter-se modestamente em segundo plano, defendendo opiniões alheias, vivendo para os filhos e deixando que um marido controlador a trate com arrogância para manter a paz. Em menor ou maior escala, esses sacrifícios reduzem sua autoestima e suas expectativas, limitando o que seu cérebro poderia fazer.
Todo o poder oculto é poder pessoal. Se você diminui seu valor, o que o substitui é uma série de concessões, falsos gestos, hábitos e condicionamentos. Seu cérebro é treinado para ver a vida como uma queda gradual de desafios, e, sem desafios, a criação de realidade se torna um assunto de rotina. A autoestima baixa funciona como um filtro que bloqueia os sinais que lhe estão sendo enviados constantemente para que você seja um sucesso.
Quebra de padrão: Pare de abrir mão de seu poder e resista à necessidade de concordar. Aprenda a falar por si mesmo. Deixe de adiar as pequenas coisas que você teme fazer. Dê a si mesmo a chance de um pequeno sucesso a cada dia. Observe seus sucessos e permita que eles sejam registrados como momentos de satisfação. Deixe de considerar a abnegação uma virtude. Obter menos para que outros tenham mais gera insatisfação. Pare de ter inveja e de gastar energia sustentando a raiva. Da próxima vez que se sentir ameaçado, pergunte-se como transformar isso numa oportunidade.
2. Analise por que é “bom” ser vítima.
Depois que você começa a perder a autoestima, está a um passo de se tornar vítima. Sentir-se vítima é um “sofrimento egoísta”. Dizendo que não tem importância, você pode transformar o sofrimento que suporta numa espécie de virtude, como fazem todos os mártires. Vale a pena ser mártir quando se serve a um propósito espiritual maior – ou alguma crença religiosa –, mas e se não existe nenhuma razão superior? A maioria das vítimas se sacrifica no altar de causas sem valor.
… assumir a culpa pelos erros dos outros.
… encobrir o abuso, físico ou mental.
… permitir ser desprezado em público.
… permitir que seus filhos o desrespeitem.
… não dizer a verdade.
… negar-se uma satisfação sexual.
… fingir amor.
… trabalhar num emprego que odeia.
Entregar-se a um desses sofrimentos inúteis torna a pessoa mais vulnerável às coisas ruins, porque a vitimização, quando se transforma em um hábito no cérebro, restringe as reações. Inconscientemente, ela decide que foi escolhida para assumir o peso do problema. Isso é uma expectativa muito forte e perigosa.
As vítimas sempre encontram “boas” razões para o seu drama. Se uma mulher perdoa um marido que a agrediu é porque o perdão é uma virtude espiritual, certo? Se alguém tolera um vício é porque tolerância e aceitação são virtudes espirituais. Mas essas vítimas estão atraindo o sofrimento deliberadamente, o que acaba se tornando impotência. Existem agressores, viciados, furiosos, controladores e tiranos suficientes para drenar o poder de qualquer pessoa que se ofereça para desempenhar o papel de vítima.
Quebra de padrão: Antes de mais nada, perceba que seu papel é voluntário. Você não é vítima do destino ou da vontade de Deus. A ideia de que o sofrimento “bom” é sagrado pode ser verdade para os santos, mas, na vida cotidiana, continuar sendo vítima é uma péssima escolha. Mude suas escolhas. Reconheça que você foi programado para ser seu carrasco e faça alguma coisa para sair dessa situação. Não adie o que precisa ser feito nem racionalize. Se se sentir agredido, magoado, desprezado, enfrente a verdade e caia fora o mais rápido possível.
3. Desenvolva um self maduro.
Os seres humanos são as únicas criaturas que não amadurecem automaticamente. O mundo está cheio de pessoas “adultas” que ficaram na infância ou na adolescência. Amadurecer é uma opção; alcançar a vida adulta é uma conquista. Frente ao bombardeio da mídia, é fácil considerar a juventude a melhor fase da vida, quando na verdade o jovem (dos 13 aos 22 anos) está passando pelo período mais tumultuado, inseguro e estressante. Nenhum projeto é mais decisivo para alcançar poder pessoal – e felicidade – do que se tornar um adulto maduro.
O processo todo leva décadas, mas a satisfação cresce à medida que vencemos cada obstáculo no caminho. Há uma nítida divisão entre pessoas insatisfeitas, arrependidas e deprimidas na velhice e as que olham para trás com alegria e satisfação interior. Aos 70 anos a sorte está lançada. Mas o processo de maturação começa com a visão do objetivo. Para nós, o objetivo está incorporado na expressão “ser interior”. Essa é a parte de nós que molda nossa realidade, colocando-nos no centro das experiências que criamos.
• Você sabe que você é real.
• Não se sente controlado pelos outros.
• Não vive em busca de aprovação nem se sente arrasado quando é desaprovado.
• Tem objetivos de longo prazo a alcançar.
• Passa por situações difíceis com a sensação de dignidade e de valor próprio.
• Respeita e é respeitado.
• Entende sua vida emocional e não se deixa influenciar pelas emoções dos outros.
• Sente-se seguro no mundo e gosta de estar onde está.
• A vida lhe deu certa sabedoria.
Ter um ser interior é ser autor da própria história, o que é o contrário de ser vítima e levar uma vida guiada pelos outros. Como estabelece objetivos, seu ser interior anda à sua frente. Você não pode esperar capturá-lo hoje, da mesma forma que uma criança do jardim de infância não pode ser um calouro de universidade. A razão pela qual usamos ser interior em vez de dizer simplesmente ser maduro é que a palavra “maturidade” tem uma conotação ruim. Tende a qualificar alguém cuja vida é tediosa e séria. Na verdade, nosso dia a dia se torna mais estimulante se seguimos uma visão que nos inspira ano após ano. Visões criam a oportunidade de satisfação. Portanto, o ser interior é fonte de enorme poder, a partir do qual construímos nosso futuro.
Quebra de padrão: Para começar, abandone atividades superficiais e adote um projeto mais profundo de se tornar uma pessoa autêntica e madura. Anote por escrito sua visão pessoal. Vise a objetivos mais elevados, que possam lhe dar satisfação. Procure pessoas que tenham a mesma visão e estejam alcançando sucesso. Assim que souber para onde está indo, o caminho se abrirá com sua orientação interior. Permita que isso aconteça; seu potencial precisa ser reforçado dia a dia.
4. Alinhe-se com o fluxo da evolução, ou crescimento pessoal.
Este capítulo sobre a evolução do cérebro deixou claro que a evolução é uma questão de escolha. Seu cérebro não está preso à evolução darwiniana. Sua sobrevivência não está em jogo, mas sua satisfação está. Escolher crescer automaticamente significa enfrentar o desconhecido. A orientação no caminho é, a princípio, vacilante. Todo mundo tem alguma insegurança, que pouco a pouco dá lugar a elementos de autodomínio e verdadeiro conhecimento.
Mas sem evolução não haverá nenhum caminho, apenas uma caminhada errante sem destino. A evolução é uma força cósmica. Foi por causa dela que nuvens de poeira de estrelas geraram a vida sobre a Terra. Ela é a força de toda criatividade e inteligência. Toda boa ideia, todo momento de insight ou de descoberta, prova que a evolução atua de maneira invisível, guiando a vida dos bastidores.
Acreditamos sinceramente que o universo apoia a evolução de todo mundo, mas ao mesmo tempo podemos guiar nosso crescimento. Desejar é o segredo; todos nós desejamos mais e melhores coisas. Se essas mais e melhores coisas forem boas para o nosso crescimento, então estaremos guiando nossa evolução. Se o que desejamos pode ajudar os outros, é ainda mais provável que nosso desejo seja atendido.
• Ele não repete o passado, e parece fresco e novo.
• Ele ajuda mais pessoas, e não apenas você.
• Ele traz alegria.
• Ele satisfaz um desejo profundo.
• Você não se arrepende dele.
• Ele flui fácil e naturalmente.
• Você não luta consigo mesmo nem com forças externas.
• A satisfação vai servir a outros, assim como a você.
• Ele abre um campo de ação maior.
• Ele expande sua consciência à medida que a satisfação aumenta.
O desejo não é um bom guia se tudo em que você consegue pensar é se ele é bom ou mau. Você precisa de referências. A cultura hindu faz distinção entre dharma e adharma. O dharma inclui tudo o que preserva naturalmente a vida: felicidade, verdade, dever, virtude, mistério, culto, reverência, apreço, paz, amor, respeito. Individualmente, o fluxo da evolução sustenta todas essas qualidades, mas você precisa escolhê-las primeiro. Por outro lado, existem más escolhas, adharma, que não preservam a vida naturalmente: raiva, violência, medo, controle, dogmatismo, ceticismo cruel, atos desonestos, submissão aos desejos, maus hábitos, preconceito, vício, intolerância e inconsciência em geral. O que une as tradições de sabedoria do mundo, Oriente e Ocidente, é saber o que é dharma e o que é adharma. Um gera iluminação e liberdade; o outro, sofrimento e escravidão.
Quebra de padrão: Siga o caminho do dharma. O dharma é o poder supremo, porque, se a evolução sustenta toda a criação, sustentará você, um simples indivíduo, mais facilmente. Observe honestamente sua vida cotidiana e as escolhas que está fazendo. Pergunte-se como aumentar as escolhas do dharma e diminuir as do adharma. Passo a passo, mantenha sua convicção de evoluir.
5. Confie num poder superior, que transcende a realidade cotidiana.
Nada do que dissemos até aqui será verdade sem uma visão superior da realidade. Por enquanto, vamos deixar de lado a religião e qualquer referência a Deus. Muito mais importante é a oportunidade de ir além de um papel passivo e adotar a função de criador da realidade. Seja o que for que o esteja mantendo numa condição de impotência, se você estiver destinado a ficar preso nessa situação, não vai recuperar o seu poder.
Felizmente, a força de transcender o sofrimento sempre existiu; é um patrimônio hereditário do ser humano. Ter consciência, mesmo que seja um mínimo, é estar conectado com a consciência infinita que sustenta a evolução, a criatividade e a inteligência. Nada disso é acidental ou privilégio de poucas pessoas de sorte. Quando você pede para se conectar a uma realidade superior, a conexão é feita.
• Você se sente cuidado e protegido.
• Você reconhece as bênçãos de sua vida como atos de graça.
• Você se sente grato por estar vivo.
• A natureza o enche de admiração e reverência.
• Você tem a experiência de ver ou sentir uma luz sutil.
• Uma presença divina o toca pessoalmente.
• Você experimenta momentos de puro êxtase.
• Os milagres lhe parecem possíveis.
• Você sente o propósito da sua vida. Nada foi acidental.
A realidade superior está próxima? Para usar uma metáfora, imagine que você foi preso a uma rede. Como todas as redes têm furos, encontre um e passe por ele. A realidade superior estará esperando por você.
A esposa de um homem dominador se sentia sufocada e impotente. Nunca tinha trabalhado fora e dedicara vinte anos à família. Mas ela saltou fora da rede quando descobriu a pintura. Foi mais do que um passatempo. A arte foi uma rota de escape, e, quando ela encontrou compradores para suas pinturas, passou por uma mudança interior. Sua visão da realidade passou de “Estou presa e não posso fazer nada” a “Devo valer mais do que imaginava, porque vejam as coisas lindas que criei”.
Quebra de padrão: Existem rotas de escape na consciência. Tudo o que você precisa é conhecer os potenciais ocultos em sua consciência e agarrar-se a eles. Quais são as possibilidades na vida que você desejou experimentar e nunca pôde? Essas são as escolhas que você precisa revisitar. Se perseguir algo que deseja profundamente, a realidade superior vai se reconectar com você. Essa nova conexão registra o “aqui” como alegria e curiosidade, um apetite estimulado para o futuro. E ela registra o “lá fora” como possibilidades em constante expansão, que o ajudam quando você menos espera.
Tudo o que discutimos é uma espécie de rota de escape. Todas as rotas de escape levam ao ser interior, a pessoa que nasceu para ser um criador da realidade. Essa pessoa não se preocupa com o poder particular. O que realmente importa transcende o individual: é a glória da criação, a beleza da natureza, as qualidades do amor e da compaixão, a força mental para descobrir coisas novas e as epifanias inesperadas que trazem a presença de Deus – esses aspectos universais são sua verdadeira fonte de poder. Eles são você, e você é cada um deles.