Poema

Meus olhos têm telescópios

espiando a rua,

espiando minha alma

longe de mim mil metros.

Mulheres vão e vêm nadando

em rios invisíveis.

Automóveis como peixes cegos

compõem minhas visões mecânicas.

Há vinte anos não digo a palavra

que sempre espero de mim.

Ficarei indefinidamente contemplando

meu retrato eu morto.