O autógrafo

Calma ao copiar estes versos

antigos: a mão já não treme

nem se inquieta; não é mais a asa

no vôo interrogante do poema.

A mão já não devora

tanto papel; nem se refreia

na letra miúda e desenhada

com que canalizar sua explosão.

O tempo do poema não há mais;

há seu espaço, esta pedra

indestrutível, imóvel, mesma:

e ao alcance da memória

até o desespero, o tédio.