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No ecrã do telemóvel de Laurie surgiu uma notificação a avisá-la que o automóvel dela tinha chegado e estava à sua espera na 94th Street.

— Ela vai olhar-te nos olhos e mentir-te descaradamente, como fez com a polícia quando foi presa.

Laurie começava a sentir-se arrependida por ter mencionado o motivo da sua viagem ao Connecticut. Bebeu o último gole de café — estava mesmo a precisar de toda a cafeína que conseguisse tomar.

— Ainda não me decidi — respondeu ela.

— Eu já estou a ver o que a Casey te vai dizer. Que foi drogada na angariação de fundos por um estranho qualquer.

— Eu sei, eu sei — respondeu ela, enquanto verificava a sua pasta, para se certificar de que tinha tudo aquilo de que precisava para aquele dia. — As análises ao sangue dela mostravam vestígios não só de álcool, mas também de Rohypnol. Ela vai dizer-me que se trata de uma substância que normalmente é usada para deixar as vítimas incapacitadas e não de uma droga recreativa.

— Só que ela não foi drogada por um estranho, Laurie. Ela drogou-se a si mesma para poder culpar outra pessoa pelo crime que cometeu — disse Leo, e sacudiu a cabeça, enojado.

— Pai, eu tenho mesmo de ir, está bem? Prometi à Casey que pelo menos ia ter o caso dela em consideração. E foste tu que me ensinaste que quando se dá a nossa palavra…

— Bom, porque tens de ir hoje? Reflete durante algum tempo e pondera outros casos.

Ela queria responder-lhe que era porque Brett andava em cima dela, mas não queria dar ao pai mais um motivo para desprezar o chefe dela. O pai dela apoiava-a incondicionalmente. Quantas vezes lhe tinha dito que ela podia fazer parte de qualquer equipa de televisão no país? No entender de Leo, ela devia ter um armário cheio de Emmys e o 60 Minutes andava atrás dela para a recrutar.

— Ao que parece, a mãe da Casey não quer que ela apareça no meu programa.

— Uma mulher inteligente — concordou, com convicção. — Provavelmente sabe que a filha é culpada.

— Seja como for, prefiro aproveitar a oportunidade de a conhecer mais cedo em vez de mais tarde, no caso de decidir fazer a cobertura do caso.

— Que eu espero francamente que não faças.

Timmy e Leo acompanharam Laurie até ao monovolume preto que esperava por ela à porta do edifício. Laurie deu mais um abraço a Timmy e depois ficou a vê-los darem início à sua caminhada diária até à escola Saint David’s.

Enquanto via a cidade a passar por si através da janela do monovolume, sentiu-se grata por fazer aquela longa viagem até ao Connecticut e regressar no mesmo dia. Não era só o filho dela que estava excitado por ver Alex naquela noite. Uma agenda preenchida entre aquele momento e a hora de o ver ajudaria o tempo a passar mais rapidamente.