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A noventa quilómetros de New Canaan, na sua casa da cidade em Manhattan, o general James Raleigh viu a sua assistente desligar o telefone que se encontrava em cima da secretária dele. Ele só tinha ouvido o lado da conversa de Mary Jane.
— Ela acha que você me está a influenciar, é? — perguntou ele, com um sorriso sardónico.
— Pobre da pessoa que tentasse tal coisa.
— Como é que ela aceitou a notícia de que eu não iria ao Connecticut?
— Nada bem. Tal como previu, tentou usar a tática do medo. E receio ter de lhe pedir desculpa. Apercebi-me de que, quando liguei para a assistente dela, mencionei o nome da sua editora. Ela relacionou-a com o livro do James Gardner.
O general fez um gesto de desdém, como que a dizer que não era preciso ela pedir-lhe desculpa.
— Na verdade, estou admirado que ninguém antes tenha tomado consciência de que o agente e a editora do Jason eram meus amigos. Não vejo mal nenhum em ter encorajado um homem que conhecia o lado sombrio daquela mulher a contar a verdade acerca dela.
— Ela também falou do Mark Templeton.
O general tamborilou os dedos.
— Desde que ela falou nele ao Andrew, naquele dia na biblioteca, que eu sabia que ela iria por aí.
O general e Mary Jane estavam a caminho do Connecticut quando Andrew enviara uma mensagem a Mary Jane a avisá-la de que Ryan Nichols tinha feito perguntas exaustivas sobre a fundação e Mark Templeton. O general ordenara imediatamente ao motorista que voltasse para trás.
— Acha que ela sabe a verdade acerca da fundação? — perguntou Mary Jane.
Ele abanou a cabeça. Tinha falado pessoalmente com Mark Templeton. Não acreditava que ele fosse estúpido a ponto de o desafiar.
— Ela ainda me queria entrevistar — disse Mary Jane. — Aparentemente, a Casey disse-lhe que o Hunter me odiava e que estava decidido a conseguir que eu fosse despedida. É verdade? O Hunter não gostava de mim?
O general sorriu. Uma das razões por que confiava em Mary Jane era que, tal como ele, ela não deixava as emoções interferirem no seu caminho. Também ela era vista como sendo fria como o gelo. Mas, também como ele, ela tinha sentimentos. Ele nunca lhe tinha contado que Hunter não confiava nela, porque sabia que isso a magoaria.
— Claro que não — respondeu apressadamente. — O Hunter gostava de si.
Ele viu que ela não ficou totalmente satisfeita com a resposta.
— Ele sabia qual tinha sido o meu emprego anterior?
— Não — assegurou-lhe ele. — E, independentemente disso, eu nunca a despediria, Mary Jane. Que faria eu sem si?