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O motorista de Laurie parou à porta da morada que ela tinha obtido através da secretária de Charlotte. Ela pediu timidamente desculpa ao motorista.

— Desculpe, deve ter tido a sensação que estava a dirigir-se a um cenário de guerra.

O motorista já estava a verificar o telemóvel para se ligar ao seu próximo cliente.

— Sem ofensa, minha senhora, mas tem uma imaginação muito fértil. Se quer a minha opinião, devia andar a pé. Se calhar, praticar meditação. É assim que eu consigo aguentar o meu dia a dia.

Ele afastou-se e deixou Laurie sozinha à frente do armazém. Ela ouviu um cão a ladrar ao longe. As ruas estavam surpreendentemente silenciosas.

Ligou para Leo outra vez, mas a chamada ia diretamente para as mensagens. Tentou ligar para sua casa, a seguir.

— Olá, é a mãe. — Ao fundo ouvia-se um dos jogos de computador de Timmy. — O avô já voltou da reunião? — perguntou ela, tentando não mostrar o stresse na sua voz.

— Ainda não. Eu e a Kara estamos a jogar Angry Birds.

Quando tinha a sua ama preferida em casa, Timmy ficava todo contente por a mãe e o avô chegarem tarde.

O pai dela tinha de estar no metro.

Tentou telefonar de novo para Charlotte. Não obteve resposta.

Em frente ao armazém, detetou uma abertura de cerca de trinta centímetros de altura, na parte de baixo da porta de aço basculante. «Terei chegado tarde de mais? Teria a Angela percebido que a Charlotte desconfiava dela…?»

Não podia esperar mais. Esgueirou-se por debaixo da porta, arrastou a barriga pelo chão e entrou.