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Doía-lhe a cabeça. Praticamente inconsciente, Charlotte sentiu-se ser meio arrastada, meio carregada pelas escadas acima. Porque é que não conseguia mexer os braços? Custava-lhe mexer as pernas. Alguma coisa estava a prendê-las.
Que acontecera?
Ouviu a voz de Angela.
— Tens de continuar a mexer-te. Vá lá, Charlotte.
A voz de Angela. E também. E também. Angela tinha enviado aqueles emails horríveis. Porquê? Charlotte sentiu um objeto duro a fazer pressão contra as suas costas.
— Comecei a andar armada quando a tua querida amiga Laurie decidiu investigar a condenação da Casey.
A voz era a de Angela, mas soava diferente. O seu tom era desesperado, histérico.
Tinham chegado ao segundo andar. Charlotte sentiu os joelhos cederem, mas Angela continuou a empurrá-la.
— Continua a andar, maldita! Não te preocupes, Charlotte. Se te acontecer alguma coisa, vai haver desfile na mesma. — Angela riu-se. — Talvez a tua família queira que eu te faça uma dedicatória. Melhor ainda, talvez me ofereçam o teu emprego.
Quando chegaram ao terceiro andar, Charlotte caiu ao chão.
— Tu não… tens… de fazer isto — suplicou.
— Tenho sim, Charlotte — disse Angela, ameaçadora, com a voz ainda mais estridente. — Eu não tenho escolha. Mas nós somos amigas. Prometo que vou ser rápida. Não vais sofrer nada.
Charlotte gritou de dor quando Angela lhe puxou os pulsos, que estavam atados atrás das costas, pô-la de pé e começou a empurrá-la para o poço do elevador.