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Charlotte tentava libertar-se de Angela, que a empurrava na direção do elevador avariado.

— Eu não te disse — disse Angela, na mesma voz de riso — que o elevador está encravado no primeiro andar, mas as portas deste andar ainda abrem. É uma queda de dez metros.

Ela deixou Charlotte, que respirava com dificuldade, cair outra vez ao pé do elevador.

— Não percebo — disse Charlotte, ofegante. — Porque estás a fazer isto?

Angela meteu a arma no cós das calças e tirou o x-ato do bolso. Quando viu a lâmina, Charlotte encolheu-se.

— Não!

— Eu não te vou magoar, Charlotte — disse Angela. — Pelo menos, não com isto.

Primeiro, cortou os tops que lhe prendiam os tornozelos. Num gesto reflexo, Charlotte começou a mexer os pés quando sentiu as pernas soltas.

Angela carregou no botão de chamada do elevador. As portas abriram-se, mas não se ouviu a cabina subir a partir do primeiro andar. Angela ia pegar nos pulsos de Charlotte, para a arrastar para o poço, quando ela se afastou com um repelão. Lutando contra a tontura, tentou ganhar tempo. Mal conseguia falar.

— Por favor, antes de eu morrer, diz-me a verdade. Foste tu que mataste o Hunter, não foste?