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Do cimo das escadas, Laurie viu Angela e Charlotte ao lado do elevador do armazém. Angela estava de costas para Laurie e puxava uma espécie de tecido à volta das pernas de Charlotte. Charlotte estava de frente, encostada à parede.
— Eu não te vou magoar — ouviu Angela dizer. — Pelo menos, não com isto.
Laurie viu a sua oportunidade. Saiu das escadas escuras para a sala e acenou os dois braços. «Por favor, que ela me veja», rezou. «Por favor, que ela me veja.»
O armazém era cavernoso e pouco iluminado. Charlotte só conseguiria vê-la se estivesse a olhar na sua direção. Mexeu no telemóvel para ligar a lanterna.
Viu outra oportunidade quando Angela se mexeu na direção do elevador. Acenou com o feixe de luz na direção de Charlotte e desligou-o de imediato.
«Será que ela me viu?» Não havia maneira de saber.
E então ouviu a voz de Charlotte.
— Angela, explica-me uma coisa. Como é que conseguiste matar o Hunter e incriminar a Casey?
Laurie sentiu que conseguia respirar outra vez. O plano dela era capaz de ter resultado. Charlotte estava a tentar ganhar tempo. «Espero que ela saiba que eu estou aqui.»
Mas não podia ajudar Charlotte a partir dali. Começou a movimentar-se lentamente pela divisão, à procura das sombras mais escuras e aproximando-se da amiga.