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Quando Paula voltou para o hotel e disse a Casey que Laurie ia avançar com o programa, parou de falar com um grito angustiado:

— Supliquei-te para não fazeres isto a ti mesma, a nós! Avisei-te para não fazeres isto! Disse-te…

— ESTÁ BEM! Para com isso. Achas que eu não sei que cometi um erro? Agora toda a gente vai pensar que me safei, apesar de ter passado quinze anos na prisão. Que devia ter apanhado prisão perpétua. E provavelmente é isso que tu pensas.

Fizeram a viagem de volta ao Connecticut num silêncio sepulcral. As poucas tentativas de Paula para encetar conversa não levaram a nada. Eram seis horas. Ela foi para a sala de estar e ligou a televisão no noticiário. Ouviu o apresentador dizer:

— Notícia de última hora. Há um desenvolvimento surpreendente no caso do assassínio de há quinze anos do filantropo Hunter Raleigh. Vamos ligar à repórter no local, Jaclyn Kimball.

«Oh, meu Deus», pensou Paula. «Que será agora?»

Petrificada, viu Angela ser conduzida para fora do armazém, algemada, entre dois agentes da polícia.

— Casey! — gritou. — Anda cá. Anda cá.

Casey veio a correr.

— Que se passa?

A seguir, ouviu a voz de Angela. Os olhos dela ficaram presos ao ecrã.

Os jornalistas espetavam microfones à frente de Angela, que estava a ser empurrada para um carro-patrulha. Ouviu-se um deles gritar:

— Angela, porque é que matou o Hunter Raleigh?

O rosto de Angela estava contorcido pela raiva.

— Porque ele merecia! — ripostou. — Ele devia ser meu e a Casey roubou-mo. Ela merecia ir para a prisão.

Um agente empurrou-a para o banco de trás de um carro-patrulha e fechou a porta.

Passaram-se alguns segundos antes de uma delas conseguir falar.

— Como é que ela pôde fazer isto? — gritou Paula. — Oh, Casey. Casey, desculpa. Desculpa-me por não ter acreditado em ti. — As lágrimas corriam-lhe pelo rosto, quando se virou para a filha. — Alguma vez irás conseguir perdoar-me?

À medida que sentia um peso enorme sair-lhe de cima dos ombros, Casey estendeu os braços e abraçou a mãe.

— Mesmo sem acreditares em mim, estiveste sempre ao meu lado. Sim, eu perdoo-te. Acabou. Acabou para nós as duas.