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Capítulo Dois

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Parece que fomos as primeiras a chegar. Achei que as meninas já fossem estar aqui por agora — Connie ficou surpresa ao encontrar a porta do escritório ainda estava trancada. Ela procurou pela chave na bolsa. — Precisamos descobrir onde é o interruptor desse andar. Está um pouco escuro aqui para encontrar qualquer coisa.

— Sabia que a gente estava muito adiantada — reclamou Sadie, — eu te disse que poderíamos ter dormido uma hora a mais.

— Você dormiu uma hora a mais! — Disse Sadie, puxando a chave do fundo da bolsa. — Se você se lembra bem, eu já estava de pé e pronta uma hora antes de você. Você não se movia, eu tive que jogar um pano gelado na sua cara. Se tivesse acordado mais cedo, poderíamos ter evitado o trânsito na Marble Arch.

— Está bem, está bem — Sadie levantou os braços. — Sabia que eu levaria a culpa pelo trânsito na Marble Arch — ela olhou em volta do escritório vazio, — mas, agora que estamos aqui, o que vamos fazer? Não podemos fazer nada sem a Jenny, ela está com os formulários e o dinheiro, e se ela tiver cabeça, ainda está na cama dela. É domingo, pelo amor de Deus, ou você não notou? — Ela jogou a bolsa no chão e caiu sobre uma cadeira. — A propósito, alguém já te disse que sua cama de hóspedes é desconfortável? Mal consegui dormir durante a noite.

— Andrew reclamou algumas vezes quando eu mandei ele dormir no quarto de hóspedes após eu descobrir sobre seu caso com aquela promíscua — Connie pausou, — enfim, se você não conseguiu dormir, por que tive tanto trabalho em acordá-la de manhã?

— Achei que Andrew tivesse dormido com a promíscua somente uma vez, mal dá para chamar aquilo de caso — Sadie respondeu.

— Uma vez pode se transformar em hábito — Connie disse — além do mais, como eu ia saber que ele estava falando a verdade? Ele poderia estar dormindo com a desgraçada por meses.

— Verdade — Sadie bocejou — por outro lado, ele está saindo com essa mulher? Não acho que esteja se ele decidiu se inscrever em uma agência de encontro — ela pausou, — nossa agência de encontro.

— De que lado você está? Está esquecendo de quem você depende para ter onde dormir hoje?

— Não estou do lado de ninguém. Estou apenas analisando a situação por todas as perspectivas — Sadie respirou fundo. — E tudo que estou dizendo é, Andrew pode não deve ter visto mais a promíscua, isso pode ter sido uma única vez. Ele é homem, não é? Ele estava em uma despedida de solteiro e...

— Para começar, o que uma mulher estaria fazendo em uma despedida de solteiro de homens? Poderia ter sido algo feito às escondidas, ele poderia tê-la convidado para uma escapadinha no final de semana — Connie interrompeu. Ela esperava que isso pudesse silenciar Sadie, pelo menos no momento. Quando sua amiga começava uma coisa, ela era como um cachorro e osso. Ruía isso por horas. Não foi a primeira vez que Sadie sugeriu que o delito de Andrew pudesse ter sido uma única vez. Bem, Sadie podia pensar o que quisesse, até onde ela sabia, uma vez, duas vezes ou um hábito regular, ainda assim era traição. — Ouça! Parece que vem vindo alguém, espero que seja Jenny, assim podemos começar.

A porta se abriu e Jenny apareceu. — Desculpa, estou um pouco atrasada, perdi a hora e tinha um trânsito horrível na Marble Arch. Acho que tem um problema com o vazamento de gás.

— Também pegamos trânsito lá — Connie riu.

Jenny abriu a bolsa e tirou quatro maços de formulários, todos amarrados com elástico — Eu dividi os formulários em dois grupos durante o café da manhã. Estes todos são homens — ela colocou dois maços sobre a mesa —, e estes são mulheres — ela acrescentou segurando os outros dois maços. — Parece que temos um número bastante igual de cada.

— Sim, notei ontem à noite quando observei o pessoal no salão — Sadie disse. — Estava preocupada que tivéssemos um excesso de um gênero.

— Beleza — Connie interrompeu. — Como vamos fazer isso? O que quero dizer é, como que transferimos tudo isso para aquilo? — Ela apontou para os formulários e depois o computador.

— Lucy é a expert em computador, mas ela ainda não chegou. Então nós realmente não podemos fazer nada até ela chegar. Ela criou o site e se começarmos a mexer nele, poderíamos perder alguma coisa — Sadie pegou a chaleira elétrica. — Por que não tomamos um café enquanto esperamos? Tenho certeza que ela não vai demorar.

— Tudo bem, — disse Connie relutante. Ela estava ansiosa para começar tudo. Qualquer cliente que entrar no site hoje esperará encontra-lo funcionando, ainda assim, aqui estavam sentadas e tomando café. — Mas, assim que Lucy colocar o nome deles lá, temos que sentar com ela e aprender a fazer isso sozinhas. Todas nós precisamos saber adicionar um cliente e arranjar os encontros para eles. Não podemos esperar por Lucy toda vez que alguém entrar em contato, não é profissional e não é justo com ela.

Lucy chegou bem no momento que a chaleira apitou. — É bom ver quais são suas prioridades. Estou morrendo por um café, fiquei presa na...

— Marble Arch! — Todas disseram em um único coro.

— Sim! Como vocês sabiam?

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Isso vai durar uma eternidade — Sadie reclamou, jogando outro formulário na pilha de papel em frente da Lucy. — Esse é outro formulário pronto para ser adicionado ao site — ela esfregou a mão direita. — Eu nunca escrevi tanto desde que terminei a escola. Estou começando a ficar com câimbra de escritor.

Quando Lucy primeiro criou o site, ela sugeriu que elas não deveriam incluir nenhum endereço por medo de que alguém invadisse o site e mandasse mensagens indevidas para seus clientes. Embora isso significasse que elas tivessem que escrever os nomes das pessoas e seus endereços em folhas de papel, todas concordaram.

— Eu acho que algumas dessas pessoas estão mentindo — disse Connie. Ela levantou um formulário. — Por exemplo, esse cara Brian Lomax, ele disse que tem quarenta e nove anos.

— E daí? — Perguntou Lucy tirando os olhos do teclado.

— Parece mais setenta e nove — Connie retrucou. — Alguém deve tê-lo notado — ela olhou para rostos sem expressão. — Pelo amor de Deus, Sadie, você viu que ele veio para cima de mim. Você até mesmo sugeriu que ele devesse ser podre de rico.

— Deus do céu, sim. Eu me lembro dele. Ele parecia, de fato, velho. Mas acho que você está exagerando um pouco — Sadie disse sorrindo. — Pelo que me lembro bem, ele pareceu gostar de você.

— Então, ele deu em cima de você, Connie? — Lucy riu — talvez eu devesse arranjar um encontro entre vocês dois? — Olhando para as outras, ela sorriu e voltou a digitar no teclado. — Você não acha que seria bom para nossa nova empresa em parear duas pessoas no nosso primeiro dia?

— Não se atreva! — Connie gritou.

— Andrew parece ter avançado mais fundo no mundo — Sadie levantou seu formulário. — Eu sei que ele é presidente de uma grande empresa internacional, mas de acordo com isso, ele também é consultor em duas outras firmas, dirige uma Bentley, uma Rolls, tem um iate ancorado em algum resort francês e outro nas Bahamas. Parece que ele também tem uma mansão em algum lugar do país e um apartamento enorme em Park Lane.

— Que filho da puta mentiroso! — Connie arrancou o formulário das mãos de Sadie. — Espero que nem todos tenham contado mentiras.

— Como poderíamos saber se contaram? — Perguntou Jenny. — É só porque todas nós conhecemos bem o Andrew e você recorda distintamente do Brian Lomax da festa que estamos tendo essa discussão.

— Verdade. Todavia, todas sabemos que essas informações no formulário de Andrew são falsas. Não podemos coloca-las no site, é uma fraude, não é? — Connie olhou para as outras por cima dos óculos. — Alguma mulher sem suspeita alguma pode querer conhece-lo e descobrir que ele é um baita mentiroso.

— Mas não podemos alterar as coisas que as pessoas mesmo escreveram — insistiu Jenny, — isso seria errado, se você não está contente com as informações que Andrew colocou no formulário, então você deveria ligar para ele e discutir com ele sobre isso.

Ela pausou. — A mesma coisa com Brian Lomax. Entretanto, em se tratando dos outros, devemos upar todas as informações que eles nos deram — ela olhou para Lucy. — O que você acha?

— Acho que você está certa. Não há nada que possamos fazer a essa altura do campeonato — Lucy de repente pensou em outra coisa, — a não ser, é claro, que alguém faça alguma reclamação depois de terem se encontrado com seu prospectivo companheiro e achar que as coisas não estão como leram no site. Então teríamos o direito de checar e alterar o perfil de acordo.

— Talvez a gente tivesse que ter pensando um pouco mais sobre a agência de encontro — Connie suspirou fundo. — Estávamos apostando na honestidade de todos, e que todo mundo dissesse a verdade sobre si, parece que fomos um pouco ingênuas — ela hesitou. — Talvez a gente devesse colocar os dados do Brian da forma como ele escreveu. Quanto ao Andrew... — ela olhou de volta para o formulário dele — vou ligar para ele mais tarde e discutir com ele sobre o que escreveu aqui. Não quero fazer isso agora. Provavelmente ele vai falar sem parar e eu prefiro terminar de upar as informações do pessoal no site.

Elas continuaram adicionando clientes no banco de dados do site até que Sadie, de repente, percebeu o quanto ela estava faminta. — Se eu não der uma trégua de ler esse material, acho que meus olhos vão cair e meu estômago vai declarar guerra contra mim — disse —, já não é hora de comermos alguma coisa? Já passa das três da tarde, acredito que ninguém pensou em trazer algo?

— Eu preparei alguns sanduiches e trouxe uns biscoitos no caminho para cá — Lucy disse pegando sua bolsa. — Imaginei que pudéssemos ficar presas aqui por algum tempo.

— Muito bem! Admito que Sadie e eu não pensamos nisso — Connie pegou a chaleira. — Mas quando Sadie se arrastou para fora da cama já era tarde demais para fazer alguma coisa, de qualquer forma.

— Imaginei que fosse ser culpa minha — Sadie bufou.

— Esqueça a chaleira — Jenny riu. Ela puxou duas garrafas de champanhe da bolsa térmica que ela levou para o escritório. — Eles estavam abandonados sobre a mesa antes da gente deixar o Royale e fiquei com pena deles. Deixei que ficassem na minha geladeira a noite toda.

— Maravilha! Agora ficou melhor. Achei que você tivesse trazido uma montanha de sanduiches aí dentro — Sadie levantou-se —, vou pegar as taças — ela pausou, — temos taças? Ou vamos ter que tomar em xícaras?

— Claro que temos taças de vinho — respondeu Connie. — Eu trouxe algumas que sobraram de casa quando arrumei esse escritório.

— Eu deveria ter imaginado — disse Sadie. — Não consigo imaginar você bebendo champanhe ou vinho em uma xícara.

Demorou um pouco para arrumar um espaço onde poderiam espalhar a comida e beber. O escritório era tão pequeno que só tinha uma sala e duas mesas com quatro cadeiras. Elas tiveram que sentar uma em frente da outra. Um armário de arquivo, que ao dobrar virava uma mesa de café, chá e xícaras, estava em um canto, enquanto que a pia estava esmagada no outro.

— Nós precisamos de um escritório maior assim que pudermos pagar por um. Isso é ridículo — Connie cuidadosamente colocou alguns papeis no chão debaixo da mesa. — Mal podemos nos mover aqui — ela olhou para cima para Jenny. — O espaço é suficiente agora? Não quero misturar esses papeis, principalmente agora que estão todos em ordem.

— Teríamos um escritório maior se tivéssemos pegado aquele de Ealing — disse Sadie, quase tropeçando na sua bolsa. — Era três vezes maior que esse buraco. Mas você insistiu que deveria ser aqui na “Park Lane” — ela fez sinal de aspas.

— Simplesmente pensei que se fossemos para ser uma agência de luxo, deveríamos ter um endereço de luxo também — Connie explicou. — Enfim, assim que tivermos a agência funcionando, não vamos ficar aqui o tempo todo.

— Está bem! — Sadie levantou os braços, — eu só estava dizendo...

— Parem de brigar — Jenny interrompeu. — Eu já enchi as taças de champanhe e Lucy já arrumou os sanduiches, então acalmem-se e vamos comer.

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Nunca imaginei que sanduiches de queijo e chutney com champanhe combinariam tanto — Jenny colocou o último pedaço de sanduiche na boca.

— Eu acho que champanhe faz tudo ficar com gosto melhor — respondeu Connie enchendo sua taça.

— Concordo — Sadie riu enquanto levantava a taça para os lábios.

— Você já bebeu o suficiente — Jenny disse. — Não se esqueça que ainda temos muitos formulários para avaliar nessa tarde.

Após terminar de tomar o champanhe, elas voltaram para trabalhar nos formulários.

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Acho que finalmente estamos quase acabando — Connie levantou cerca de doze formulários.

— Graças a Deus! Estou com uma dor de cabeça horrível — Sadie reclamou. — Achei que fôssemos passar a noite inteira aqui.

— Devo admitir que eu não pensei que fosse demorar tanto — Jenny passou outro formulário para Lucy — ela riu, — você bebeu muito champanhe no almoço, Sadie.

— Acho que poderíamos ter simplesmente digitalizado estes formulários para o computador — disse Lucy.

— O que você está querendo dizer? — Sadie olhou para cima bruscamente. — Você está dizendo que tinha uma forma mais fácil de fazer isso?

Lucy explicou o que ela quis dizer por digitalizar.

— Bem, por que não fizemos isso? Por que passamos o dia todo sentadas analisando o histórico de vida pessoal de todo mundo, quando na verdade poderíamos ter fotografado todos formulários e upado no computador? — Sadie caiu para trás na cadeira e segurou sua cabeça. Ainda estava doendo. — Alguém tem remédio para dor de cabeça?

— Porque eu achei que fosse parecer amador — Lucy explicou, pegando uns comprimidos na bolsa. Ela os entregou para Sadie. — Aqui, tome esses. O que quero dizer é — ela continuou, — todos têm letras diferentes, e algumas podem piorar quando digitalizadas e outras até mesmo ilegíveis. Dessa forma, todas parecem iguais, é muito mais profissional.

— Concordo — Connie removeu os óculos.

— É claro que concorda! — Sadie murmurou, engolindo os comprimidos.

— Pelo amor de Deus, Sadie, após gastar todo aquele dinheiro ontem à noite em um lançamento impressionante, seria idiota ter um site com aparência pobre — Connie pausou. — Lucy fez um ótimo trabalho. Foi ela quem criou o site e digitou todas as informações. Tudo que fizemos foi colocar os formulários em ordem alfabética, ler as informações e acrescentar breve descrição e endereço nos nossos registros.

— Sim, acredito que esteja certa — murmurou Sadie. Ela soltou um suspiro e pegou sua caneta. — Desculpe, Connie. Mas eu queria que já tivéssemos acabado. Sinto como se conhecesse todo mundo intimamente.

— Sim, eu entendo o que está dizendo — Connie levantou o formulário no qual estava trabalhando. — Por exemplo, esse cara detalhou sua vida inteira aqui. Ele até mencionou que tipo de tofu ele gostava quando era criança.

Jenny riu. — Sim, eu vi alguns perfis desse tipo também. Alguém disse o quanto ele queria ter entrado na marinha porque ele ficava bonito com roupa de marinheiro quando era pequeno.

— Eu ganho de vocês todas — Sadie levantou um formulário. — Esse cara aqui termina informando para todo mundo que ele troca de cueca todos os dias!

Todas caíram na risada.

— Acho que todo mundo não entendeu o que você quis dizer ontem à noite. Quando você disse “seja honesto” eles obviamente pensaram que o que você quis dizer foi “conte tudo”. Não é bem a mesma coisa que dizer a verdade — Lucy disse quando todas pararam de rir.

Finalmente o último formulário foi analisado e adicionado por Lucy no computador. — E acabamos aqui! — Ela disse, clicando no mouse. — Divorciados.biz está pronto e funcionando.

Todas se aglomeraram em volta da mesa de Lucy para ver o site finalizado. — Nós conseguimos, meninas! Não é emocionante? — Connie bateu com as mãos. — Entramos para os negócios. Até ontem à noite a coisa toda não passava de um projeto. Algo no qual estávamos trabalhando para o futuro. Agora o futuro está aqui, nossa agência já está no mundo da internet — ela pausou e olhou para as outras. — Mas isso não quer dizer que devemos sentar e relaxar enquanto esperamos o dinheiro entrar, esse é o primeiro passo. De agora em diante temos que promover a Divorciados.biz em todos os lugares.

Ela se lembrou de como todas renunciaram a seus trabalhos para abrir Divorciados.biz. Elas foram muito precipitadas? O dinheiro que receberam durante o evento era bom, mas não duraria para sempre. Elas ainda tinham que pagar o Royale e o aluguel do escritório vencia todo primeiro dia de cada mês, e apesar de ser um cafofo, ele não era barato, nada era barato em Mayfair. O que elas precisavam agora era que muitos clientes entrassem no site e pedissem que encontros fossem arranjados. Isso traria mais renda. E, com sorte, assim que conseguissem divulgar, novos clientes se interessariam em se registrar.

Sadie interrompeu seus pensamentos. — E Andrew? Alguém vai ter que ligar para ele e falar sobre seu formulário.

— Maldição! Esqueci completamente dele — Connie respirou fundo.

— Gostaria que eu fizesse isso? — Sadie perguntou.

— Não. Se ele tivesse simplesmente cometido um errinho, então estaria tudo certo. Mas já que ele acrescentou todo esse... lixo, — ela balançou o formulário — acho melhor eu ligar. Entretanto, não tenho a intenção de aceitar tanta falta de noção. Farei com que ele entenda que a Divorciados.biz é para ser honesto e legítimo, e não vamos tolerar mentiras no nosso site. Estarei calma e serei educada, porém, firme.

O telefone de Andrew tocou várias vezes antes dele atender.

— Que monte de porcaria é essa no seu formulário? — Connie gritou ao telefone. — Você não tem uma Bentley, um iate ou uma mansão. Que merda é essa que você está falando? E de onde surgiram todas essas consultorias de negócios? Não podemos colocar isso no nosso site, é tudo mentira. 

— Olá, Connie, é bom ouvir a sua voz. Festa agradável a de ontem — a voz suave de Andrew respondeu do outro lado da linha.

— Sim, desculpa. Olá, Andrew — Connie tentou se acalmar um pouco. —  Mas, como eu disse, tudo o que você escreveu é absolutamente um lixo.

— Talvez pudéssemos nos encontrar e conversar sobre isso — ele respondeu.

— Falar sobre isso? Nós dois sabemos que você inventou tudo — ela colocou a mão no telefone para abafar. — Ele quer se encontrar comigo para falar sobre isso — ela suspirou. — Pode acreditar nisso? De forma alguma — ela passou a mão pelo pescoço para enfatizar o ponto.

— É claro que é tudo mentira, mas eu chamei a sua atenção, — Andrew continuou, sua voz permanecendo calma. — Podemos falar sobre os detalhes durante o jantar. Você poderia até mesmo me ajudar a preencher o formulário a seu gosto. O que você vai fazer hoje à noite?

Connie ficou sem palavras.

— Connie, você ainda está aí? — Andrew perguntou. Sua voz perdeu um pouco da calma. — Connie?

— Sim, ainda estou aqui — ela resmungou. — Eu não sei o que dizer.

— Isso é novidade — Andrew riu. — Te pego às sete horas — ele desligou antes que ela pudesse responder.

— O que ele disse? — perguntou Sadie.

— Que vai me pegar às sete — Connie colocou o telefone no gancho lentamente, tentando entender o que acabou de acontecer.

— Correu tudo bem — Lucy riu.

— O que aconteceu com “serei firme” e “de forma alguma”? — Sadie fez sinal de aspas de novo.

— Eu me fodi! Foi isso que aconteceu! — Connie balançou a cabeça vigorosamente. — Ele escreveu toda aquela porcaria porque ele sabia que eu ligaria para ele por causa disso. Depois ele armaria para mim e desligaria o telefone antes mesmo que eu tivesse tempo de recusar seu convite para jantar — ela bateu com o punho sobre a mesa. — Por que eu não previ isso? Sadie deveria ter feito a ligação no final das contas. Ela teria enrolado ele.

— Tarde demais para dizer isso — Jenny pausou. — Mas olhe para o lado positivo.

— Tem lado positivo? — Jenny riu. — Você tem um jantar para hoje à noite.

Connie gemeu. — Já tive o bastante por hoje. Acho que deveríamos ir para casa. O site está funcionando, se alguém entrar eles vão poder checar os detalhes por si mesmos. Sem dúvida alguma vamos ouvir alguma coisa de errado — ela virou para Lucy. — Você pode ficar de olho no site hoje à noite caso alguém entre em contato? Mas, amanhã traremos nossos laptops e assim que você colocar todos os detalhes das pessoas no site, você pode nos ensinar como isso funciona. Não podemos largar tudo nas suas mãos.

Assim que tudo estava combinado, todas deixaram o escritório juntas.

— Vamos Sadie, o ônibus está vindo — Connie começou a correr em direção ao ponto de ônibus. — Vejo vocês amanhã de manhã.

— O que é tão engraçado? — Perguntou Connie. Estavam todas sentadas no ônibus e Sadie explodiu em gargalhadas.

— Você se fodeu!

Connie olhou em volta para os assentos atrás dela. Um homem de idade sorriu para ela, enquanto outro piscou. — Fale baixo, eles vão pensar que sou uma prostituta. Enfim, o que foi?

— Nada, é só que eu deveria ser a pessoa cujo vocabulário só piora.