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Capítulo Onze

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Quando Jenny chegou no flat no dia seguinte ficou aliviada ao ver que Rob não estava lá. Mesmo com Sadie e Connie para apoiá-la, ela não estava a fim de encontra-lo novamente. Enquanto subiam as escadas, elas encontraram Ann descendo.

— Estava esperando te ver antes de ir para o escritório, — ela disse, seus olhos brilhando de ansiedade. — A polícia retirou seu ex-marido ontem à noite. Ouvi uma comoção antes de ir para a cama e quando olhei pelas cortinas, eu vi John do prédio da frente conversando com dois policiais. — Ela pausou para respirar, — parece que a nova vizinha do térreo viu o homem perambulando a noite inteira e ficou um pouco nervosa. Ela chamou o John quando ele entrou e falou com ele. John ligou para a polícia e eles o removeram. Creio que ele estava relutante em ir embora, ele ficava dizendo para os policiais que estava esperando uma pessoa. Mas quando eles ameaçaram leva-lo para a delegacia, ele foi embora. — Ela sorriu. — É o primeiro drama que temos aqui há muito tempo. Acredito que todo mundo estava olhando de suas janelas. Até mesmo as cortinas do outro lado da rua estavam entreabertas. Enfim, tenho que ir. Vou me atrasar, de novo. — Ela acenou enquanto desaparecia nas escadas e saiu pela porta.

— Foi bom você ter passado a noite com a gente, — disse Sadie. — Ele poderia ainda estar aqui esperando quando você voltasse.

— Sim, mas e hoje? E amanhã? E depois? — Jenny reclamou. Ela estava começando a ficar com medo do Rob. O que ele estava planejando? Certamente ele realmente não poderia estar pensando que ele poderia simplesmente voltar para a vida dela depois de tudo que ele fez.

— Minha opinião é que ele vai voltar de novo.

— Pegue algumas coisas, — disse Connie rapidamente. — Você pode vir e ficar alguns dias com a gente.

— Mas eu não quero me aproveitar...

— Jenny, não vou permitir que você fique aqui com Rob andando por aí, — Connie interrompeu. — Você vem e fica com a gente. Se ele continuar aparecendo e ver que você não está aqui, ele irá embora. Senão, tenho certeza que a senhora do térreo vai mandar prendê-lo. Ela não parece ser o tipo de mulher que não tem noção.

— Se você tiver certeza. — Jenny estava agradecida pela oferta. — É claro que vou pagar...

— Palhaçada! Então está decidido. Agora pegue algumas coisas e vamos para o escritório.

****

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Vocês perderam a hora? — Lucy perguntou. Ela começara a se perguntar se alguém iria trabalhar aquela manhã. — O website está agitado. Quatro pessoas fizeram cadastro e quinze fizeram solicitações de encontros. — Ela sorriu para Sadie. — Alguém quer conhecer você.

— Espero que não seja aquele mulherengo do Michael Stone. Eu posso estar desesperada, mas...

— Não, não é Michael Stone — Lucy interrompeu. Ela não queria que Sadie começasse a falar sobre ele. Ela olhou de volta para a tela. — No entanto, curiosamente, seu nome é Michael, Michael Beecham. Ele é um dos novos, entrou hoje. Enfim, ele é fofinho. Diria que vale a pena conhece-lo.

Sadie olhou para a tela por cima do ombro de Lucy. Ele parecia de fato muito apresentável. Barba feita, terno elegante, sorriso agradável...

— Espere um momento, eu conheço esse cara, — ela gritou no ouvido de Lucy. — Ele trabalha no banco, ele é o segurança!

— Não grite, Sadie, não sou surda. — Lucy esfregou os ouvidos. — Ao menos não era até alguns minutos atrás.

— Desculpa. — Sadie colocou a mão na boca. — Mas eu conheço esse homem, — repetiu Sadie, um pouco mais tranquila. — Bem, não o conheço exatamente, mas eu já o encontrei, duas vezes. Ele é legal. — Ela se aproximou da tela —, posso ler o perfil dele?

— Vou imprimir para você, assim você pode ler quando quiser. Além do mais, você pode começar a gritar repentinamente no meu ouvido de novo. — Lucy imprimiu o perfil e entregou para Sadie. — Avise-me o que quer fazer. A não ser, é claro, que você mesma queira responder.

Sadie pegou o papel e sentou.

— Bem, parece uma virada de jogo. Nossa Sadie conseguiu seu primeiro encontro desde que abrimos a agência. — Jenny riu.

— Não concordei sair com ele ainda. — Sadie olhou para Jenny. — Serei bem seletiva dessa vez. — Ela voltou os olhos para o pedaço de papel em suas mãos. Obviamente que ela não iria recusar o segurança. Os homens não estavam exatamente caindo aos seus pés, então ela não poderia se dar ao luxo de ser tão difícil. Mas ela não queria que as outras soubessem o quanto ela estava desesperada. Ela continuou lendo o perfil do Michael para manter a máscara. — Aqui ele diz que fez faculdade. — Ela olhou para cima. — Pergunto-me por que ele é apenas o segurança do banco e não o gerente.

— Trabalhos hoje em dia estão difíceis, até mesmo para quem é qualificado, — disse Jenny. — Minha prima é formada em economia, ainda assim ela não consegue um trabalho decente no momento. Ela está empilhando mercadorias nas prateleiras do supermercado local.

— Vocês nunca me disseram por que estavam todas atrasadas hoje de manhã. Foi por um bom motivo? — Lucy perguntou.

Jenny explicou resumidamente o que aconteceu e como ela passaria os próximos dias com Connie e Sadie.

— Meu Deus, parece que todas nós fomos assediadas pelos nossos ex de uma forma ou de outra. — Lucy olhou para Connie. — Embora, no seu caso, acredito que Andrew seja um homem bom de verdade. Ele não está te incomodando da mesma que que nossos homens estão.

— Okay, eu vou aceitar. — Sadie devolveu o papel para Lucy. — Ele parece ser um homem bom. Mas, não responda ainda, espere umas duas horas mais ou menos, depois diga que posso hoje à noite ou sexta-feira. Diga que estou com a agenda cheia para a semana toda.

Connie arqueou a sobrancelha. — Agenda cheia? É a primeira vez que ouço isso, — ela disse. — Onde está indo?

— Lugar nenhum. Não estou com a agenda cheia de verdade. Só quero que ele pense que estou. — Sadie se sentou. — Não quero que ele pense que eu estou esperando ansiosamente em frente ao computador para um homem me dar uma olhada.

— Mas você está. Você está esperando em frente ao computador para um homem te dar uma olhada, não está? — Perguntou Jenny, sorrindo. — Não foi por isso que começamos a agência?

— Bem, sim. Acredito que sim. Mas não há absolutamente nenhuma necessidade dele saber disso.

— Okay, vamos deixar assim por enquanto, — disse Lucy. — Mas é melhor você me lembrar depois, ou então vou esquecer.

****

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O resto do dia voou. Connie revezou com Jenny no cadastro dos novos clientes. — Acho que podemos dizer seguramente que vocês duas estão familiarizadas com o website agora. — Ela pausou. — Tem certeza que não quer que eu passe os passos com você, Sadie?

— Não, obrigada. Eu passo. Mas você pode escrever para Michael Beecham agora, Lucy. Vamos ver o que ele vai dizer.

— Pode ser que ele somente consiga se conectar de noite quando chegar em casa, — disse Lucy enquanto pressionava enviar. — Então não fique decepcionada se ele não responder imediatamente.

Sadie não havia pensado nisso. Desde que ele pediu para sair com ela, ela passou a maior parte da tarde pensando no que usar. Ela meio que esperou que ele fosse responder rápido e escolher sair aquela noite mesmo. Entretanto, se ele fosse trabalhar o dia inteiro, ele não voltaria até tarde da noite, o que significa que ela teria que esperar mais uns dois dias. Ela se martirizou. Se fez de tão difícil para nada!

Sadie ficou observando o ponteiro do relógio. A cada mensagem que chegava na caixa de entrada, ela corria para ver se era do Michael. Mas ela se segurava, não queria deixar transparecer para as outras o quão impaciente estava. Era quase cinco da tarde agora, elas iriam embora em poucos minutos. Parece que ela não iria ouvir nada dele naquela noite.

— Tem uma mensagem para você, Sadie. — Lucy gritou.

Sadie pulou, ela estava tão perdida nos pensamentos que não ouviu o ping do computador quando a mensagem chegou. — O que ele disse? — Ela perguntou, ficando de pé.

— Ele sugere encontrar você para jantar no Luigi em Picadilly às sete e meia da noite de hoje — Lucy olhou para cima. — Sortuda você. É um restaurante italiano muito bom. Alice foi lá ano passado, ela me contou tudo de lá.

— Sete e meia! Preciso correr. — Sadie desesperou. — Não conheço esse restaurante, tem lugar para dançar? Ou é apenas um restaurante?

— Tem uma pequena pista de dança, mas eu acho que Alice disse que não era nada estilo discoteca. É mais estilo baile, — respondeu Lucy. — É um lugar bem chique.

Apesar de passar a maior parte da tarde pensando sobre o que usar, Sadie de repente não sabia o que fazer. — Um lugar chique. Que diabos devo usar? Oh meu Deus, eu não sei o que usar. Connie, você pode me ajudar? Você é melhor nisso que eu.

— Acalme-se, Sadie, caso contrário você vai acabar passando mal e não poderá ir! — Connie colocou as duas mãos sobre os ombros de Sadie e gentilmente a empurrou sobre uma cadeira. — Primeiramente, você precisa responder para o Michael e confirmar se você aceitar o convite ou não. — Ela olhou para Lucy. — Acredito que a resposta seja sim, então talvez você possa informar que a senhorita Sadie Grant ficará encantada de encontra-lo para jantar essa noite as sete e meia. — Olhando de volta para Sadie, ela continuou, — Por que não calamos a boca e pegamos um taxi de volta para minha casa? Podemos escolher uma roupa juntas também, tenho certeza que nós três podemos chegar a alguma coisa.

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O que vou fazer? — Sadie girou. Após muita persuasão, ela concordou em usar um vestido verde que Jenny usou no lançamento, em vez de uma das criações que ela pegou no guarda-roupa. Até mesmo o vestido branco de renda foi desaprovado. — E se você pisar nele e mostrar seus seios de novo? — Connie havia dito. — Michael pode não estar preparado para uma visão dessas, não no primeiro encontro, pelo menos.

A caminho de casa, elas pararam no flat de Jenny novamente. Ela esqueceu algumas coisas quando passaram lá mais cedo. Felizmente, enquanto pegava algumas saias do guarda-roupa, ela notou o vestido e achou que fosse mais apropriado usá-lo no Luigi do que usar somente as coisas de Sadie.

— Você está linda, Sadie. — Connie acenou com a cabeça em aprovação. — Esse tom de verde combina com você.

— Obrigada por me emprestar o vestido, Jenny. E você também, Connie, pela bolsa, a maquiagem, o perfume. Pensando bem, estou usando alguma coisa minha?

— É um prazer. Apenas divirta-se, — disse Connie.

— E meus óculos? Devo tirá-los? — Sadie tirou-os e apertou os olhos tentando enxergar as duas amigas.

— Não! — Jenny e Connie gritaram juntas. — Pelo amor de Deus, fique com os óculos, — acrescentou Connie. — Você sabe muito bem que você não consegue ver um palmo a sua frente sem eles. Você vai acabar apertando os olhos para o Michael a noite toda. Provavelmente ele vai achar que você está fazendo careta.

— Tudo bem, tudo bem, vou deixar os óculos.

— E outra coisa, — continuou Connie rapidamente. — Tente se comportar como uma moça educada. Sei que vai ser difícil para você, mas seja educada e cuidado com as palavras, pelo menos não no seu primeiro encontro.

Sadie sorriu. — Você está certa. Serei um exemplo de inocência a noite toda.

Connie balançou a cabeça. — Vai ser a primeira vez, — ela murmurou. — Sadie, um exemplo de inocência, porcos voarão nos céus de Londres antes que isso aconteça.

— Ouvi isso!

— Acho que consigo ouvir seu taxi. — Jenny foi até a janela. — Sim, tem um taxi lá fora.

— Você tem dinheiro? — Perguntou Connie.

— Por quê? Sadie estava a caminho da porta, mas se virou de repente. — Ele não vai pagar? — Ela não tinha condições de pagar um restaurante caro.

— Acredito que sim. Mas se vocês discutirem ou se você não gostar dele ou ele tentar alguma coisa que você não queira, você vai ter dinheiro suficiente para pegar um taxi de volta para casa?

— Sim, tenho algumas notas na minha bolsa. — Sadie franziu a sobrancelha. — Espero que você não tenha melado a minha noite. Nunca passou pela minha cabeça que eu pudesse não gostar dele.

Jenny e Connie observaram pela janela quando o taxi partiu. — Espero que ela aproveite a noite. — Jenny fechou a cortina. — Fiquei surpresa que você emprestou sua bolsa. Estava com você quando comprou e recordo que custou uma pequena fortuna.

— Eu não me importo em emprestar. Só espero que ela não esqueça em algum lugar. Ela é meio esquecida às vezes. — Connie riu. — Além do mais, o que mais eu poderia fazer? Ou eu emprestava minha bolsa ou ela iria com aquela coisa enorme que ela arrasta por aí. — Ela pausou. — Graças a Deus você pensou em emprestar seu vestido. Aquelas coisas que ela usa são tão excêntricas, para dizer o mínimo.

Jenny sorriu. — Eu sei. Mas como a gente fala para ela? Acho que ela vai ficar muito magoada se a gente falar direto e reto, Sadie, você não tem absolutamente noção nenhuma de roupa.

— Vamos ter que trabalhar nisso, principalmente se Michael for ficar na área por mais tempo. — Connie olhou em direção à cozinha. — Mas, enquanto isso, o que vamos fazer hoje à noite? Vamos jantar aqui ou fora?