— Você se divertiu? — Perguntou Lucy.
Isso foi na manhã seguinte quando Sadie e as outras chegaram no escritório.
Sadie não respondeu. Ela nem tinha ouvido a pergunta de Lucy. Estava a quilômetros de distância.
— Ela está bem? — Lucy olhou para Connie.
— Ela está bem. Embora a gente não consiga colocar juízo na cabeça dela, — disse Connie. — Ela está assim desde manhã. Para chamar a atenção dela, você precisa cutuca-la ou gritar no topo do seu pulmão.
Lucy riu. — Ela está apaixonada. Bom para ela.
— Desculpe, você disse alguma coisa? — Sadie olhou para cima.
— Eu perguntei se você se divertiu, mas acho que já percebi.
— Sim, me diverti. Nós fomos ver Love Never Dies. É um ótimo show. Michael vai me ligar mais tarde hoje.
— John me ligou ontem à noite. Ele vem a Londres semana que vem e quer se encontrar comigo.
— David me ligou ontem à noite e disse o mesmo, — gritou Jenny. — Ele sugeriu que pudéssemos ir em algum lugar, num encontro duplo. O que você acha?
— Você não me disse que David ligou, — Sadie piou. — Eu perguntei se alguma coisa aconteceu enquanto eu estava fora ontem à noite e não me lembro de você dizer nada sobre David.
— Sim eu disse. Mas o olhar desfocado e distante em seus olhos me disse que você estava desligada no momento em que a pergunta deixou seus lábios. —Jenny sorriu para Connie. — Seu corpo parecia ter saído desse mundo e...
— Ok, tudo bem! — Sadie levantou as mãos. — Entendi a mensagem. Vou tentar manter o foco. Mas você sabe que nunca estive com alguém como Michael. Ele quer me levar para muitos lugares legais. Esta é uma experiência totalmente nova para mim. Ele vai me ligar aqui em algum momento hoje. — Sadie hesitou quando viu Jenny e Connie imitando um bocejo. — Está bem, eu já disse isso.
As outras assentiram e sorriram. — Sim, já disse, — disse Connie. — Mas a gente não importa.
— Estive pensando, — disse Connie.
— Oh céus! Isso não parece nada bom. — Jenny fez uma careta.
— Não é nada demais. — Connie sorriu. — Precisamos conversar sobre isso, mas como a agência está funcionando sem problemas, todas precisamos vir para o escritório todos os dias? O plano original era para todos nós estar aqui todos os dias por alguns meses, e depois decidiríamos se duas de nós podíamos ir gerenciando por vez. No entanto, eu sinto que já o conseguimos isso. O que vocês acham?
— Eu não tenho tanta certeza. — Jenny deu um olhar nervoso para as outras. — Eu acho que tem algumas coisas que a gente precisa coordenar antes da coisa crescer. — Ela esperava que alguém fosse entrar na conversa nesse momento, concordando com o que ela havia dito até agora. Mas todas permaneceram em silêncio. — Pegue a noite passada como exemplo, — continuou ela. — Brian Lomax enviou uma mensagem... — Ela parou por um momento quando Sadie gemeu. — Não. Espere um pouco, Sadie. O homem não estava nos pedindo para arranjar um encontro com alguém. Ele queria saber por que ninguém nunca aceitou seus convites.
— Todas nós sabemos por que ninguém diz sim para ele. Certamente, o idiota poderia ter descoberto por si mesmo. — Sadie fechou os olhos e respirou fundo. — Então qual é o problema? Se eu tivesse recebido a mensagem, eu simplesmente teria dito para ele se olhar no espelho e...
— Esse é exatamente o problema, Sadie! — Jenny disse. Ela jogou os braços para cima. — Você teria caído de cabeça. Ele poderia se ofender com a sua observação e deixado a agência. Não é só isso, ele poderia ter pedido o dinheiro de volta ou pior, compensação. Não podemos dar o dinheiro de volta. Não! Quando nos é perguntado algo assim, precisamos ter uma resposta educada pronta, não pular na linha de fogo com armas pronta para atirar. — Ela balançou a cabeça para Sadie. — Como aconteceu, Connie estava cuidando do site, então caiu para ela responder. Ela é engenhosa e simpatizou com ele, mas ela conseguiu dizer-lhe qual era o problema. Ele respondeu, dizendo que iria dar uma olhada nos perfis on-line. — Ela fez uma pausa. — O que eu estou tentando dizer aqui é que precisamos estar juntas quando chegarem esses tipos de perguntas para que possamos responder da melhor forma. Beleza, talvez devêssemos ajustá-las um pouco para atender a diferentes circunstâncias, mas pelo menos teríamos um modelo padrão. — Jenny ficou em silêncio. Todas estavam olhando para ela. Elas achavam que ela estava sendo estúpida? Por que ninguém não disse nada? — Vocês não vão dizer nada? — Perguntou finalmente.
Lucy falou primeiro. — Sim, consigo entender aonde Jenny quer chegar e eu concordo com ela. — Ela viu Sadie lançar um olhar desdenhoso em sua direção. — Não estou dizendo que Sadie não consegue ser engenhosa quando necessário, — acrescentou rapidamente. — Não, de forma alguma. Se pensarmos antes de falarmos, todas podemos encontrar as respostas certas. — Isso também não saiu muito em favor à Sadie. Ela nunca pensava antes de abrir a boca. Ela sempre dizia a primeira coisa que vinha à cabeça. — Deixa eu apenas dizer que acho que devemos ficar todas juntas por mais um tempo?
— Tudo bem. — Connie encolheu os ombros. — Se é isso que você pensa, tudo bem por mim.
— Mas isso não quer dizer que devemos estar aqui juntas o tempo inteiro. — Jenny fez uma pausa. — Poderíamos planejar turnos para sairmos para fazer compras, ou algo assim. Todas nós temos coisas que precisamos fazer.
— Parece bom para mim. — Sadie sorriu. — Nesse caso, você se importa se eu sair por alguns minutos? Gostaria de fazer umas comprinhas. Talvez eu precise comprar um vestido novo.
— Tudo bem, mas talvez seja interessante uma de nós ir com você, — disse Connie. — Você sabe, é sempre bom ter uma segunda opinião.
Sadie sabia exatamente o que ela queria dizer. Se fosse um outro momento, em outro lugar, ela poderia ter feito birra e exigido saber o que havia de errado com as roupas que escolhia. No entanto, desde o encontro com Michael, ela concordou que suas próprias roupas não eram adequadas para o tipo de lugares que ele a levava. Ela ficaria tão envergonhada nos primeiros encontros se Connie e Jenny não tivessem intervindo. — Sim, obrigada. Agradeceria a sua opinião.
"Bem, essa é mudança, — Jenny falou quando Sadie desceu as escadas. — Por um momento achei que você estivesse tomando rédeas da sua própria vida. Houve uma época em que ela teria cortado sua cabeça só por sugerir que as vestimentas dela eram questionáveis.
Connie piscou. — Ah! Sim. Mas foi antes dela conhecer o adorável Michael.
****
Sadie vagou por Oxford Street, parando ocasionalmente para olhar nas vitrines. Ela chegou a Oxford Circus e estava prestes a voltar para o escritório quando o celular tocou.
— Alô, — ela disse cautelosamente. Não era um número que ela conhecia. Mas ela abriu um sorriso ao ouvir a voz de Michael.
— Liguei para o escritório, mas me disseram que você estava fazendo compras. — Ele fez uma pausa. — Está por perto? Tem tempo de dar uma passadinha no banco por alguns minutos?
— Sim, — respondeu Sadie. Ela olhou pela rua, banco estava a poucos minutos a pé. — Estou bem perto, chego em um minuto.
Michael estava esperando na entrada quando ela chegou. — Estou no meu tempo livre, podemos tomar um café?
Sadie assentiu. — Sim, isso seria ótimo.
— Estava me perguntando se você gosta de discotecas, — ele disse quando estavam sentados na cafeteria.
— Sim, eu gosto. Eu costumava ir demais nesses lugares direto. — Ela colocou a mão sobre a boca. — Eu costumava ir muito em discotecas, — ela se corrigiu. Era difícil tentar manter a pretensão de falar bem sempre o tempo todo.
Michael riu. — Você foi bem a primeira vez. — Ele fez uma pausa. — Eu não sabia se deveria sugerir em algum lugar como esse, porque você parece... Bem, você parece pertencer a lugares melhores. Você sabe o tipo de coisa que eu quero dizer. Música alta, chão que gira e tudo mais que vem com discotecas e boates.
— Está brincando? Adoro música alta e eu absolutamente amo aqueles chãos que giram. Eu sou o tipo de garota que ama aquele tipo de batida! — Ela hesitou. — O que você quis dizer com eu pertenço a lugares melhores? Olhe para a roupa que eu estou usando hoje. — Ela apontou para sua saia preta e branca e top vermelho e branco listrado. — Veja os meus óculos. — Eles tinham listras pretas e vermelhas.
— Eu adoro! — Michael se entusiasmou. — Eu adoro tudo isto. Você está maravilhosa.
— Puta merda! — Sadie não podia acreditar em seus ouvidos. Ela não esperava encontrar Michael hoje, então colocou uma de suas roupas mais ultrajantes. — Opa! Quero dizer, você adora?
— É claro que adoro. Você é ótima, Sadie. — Ele levantou a mão quando ela tentou interromper. — Deixe-me tirar isso logo do meu coração. — Ele respirou fundo. — Sim, às vezes eu gosto de sair para jantar em lugares agradáveis, mas também gosto de deixar meu cabelo solto ocasionalmente, por assim dizer. — Ele riu, esfregando o topo de sua cabeça. Seu cabelo tinha um corte bastante curto. — Seja você mesma comigo, Sadie. Eu te chamei para sair porque gostei de você desde a primeira vez que entrou pela porta do banco. A segunda vez que você foi lá, eu simplesmente sabia que tinha que convidar para sair. No começo achei que talvez você fosse muita coisa para mim, mas acho que a gente se dá muito bem. O que você acha?
Por um momento, Sadie não sabia o que dizer. Aqui estava ela pensando que teria que mudar, não só seus modos, mas também sua forma de falar e vestir para manter Michael interessado nela. No entanto, agora parecia que ele estava tentando fazê-la mudar seus ideais para ela se interessar por ele. — Ok. — Ela apontou ambos os dedos indicadores para ele. — Deixe-me ver se entendi. Você gosta de mim pelo que sou. Meu jeito bizarro de me vestir, embora sejam apenas as opiniões das minhas amigas, eu adoro minhas roupas. E tem a minha forma de falar que minhas amigas odeiam, e tem o fato da minha opinião positiva sobre alguns assuntos não contar para nada. — Ela fez uma pausa, esperando que Michael dissesse alguma coisa, mas ele ficou em silêncio. Ele continuou a olhar para ela com o queixo apoiado sobre as mãos. — E aí, você não vai dizer nada? — Ela perguntou.
—- O que você quer que eu diga? Eu já disse tudo. Eu acho que você é maravilhosa. Você é espirituosa, peculiar, você é tudo o que você quer ser. Adoro a forma que está vestida hoje. Adoro a forma como diz querer as coisas. E adoro o seu senso de humor.
— Oh, Michael... — Sadie ficou tão feliz. — Você gosta da forma como me visto e de como eu falo...
— Sim. Não acabei de dizer isso? — Michael interrompeu, seus olhos brilhando.
— Sim, desculpa. Devo parar de fazer isso. Connie fica tão irritada quando repito tudo o que ela diz.
Michael riu e pegou sua mão. — Não me importo. Você está livre hoje à noite? Nós poderíamos ir a uma discoteca ou algo assim.
—Sim! Eu adoraria.
Ele se debruçou sobre a mesa e a beijou. — É melhor eu voltar para o banco. Não precisa se apressar, tome seu café com calma. Te ligo às sete horas. Vamos comer alguma coisa e depois decidimos para onde ir. — Ele sorriu. — Vista-se casual.
— Pode apostar! Sadie piscou. — Você ainda não viu nada.
Sadie estava morta de felicidade enquanto caminhava de volta para a Oxford Street. Espere só até as outras ouvirem isso.
****
— Chegou uma mensagem de Ann Masters. Ela disse que o homem com quem ela tinha um encontro não apareceu ontem à noite. — Lucy abriu uma das três mensagens da caixa de entrada. — Parece que ela está furiosa com a gente porque ela cancelou alguma cousa para se encontrar com o cara.
— Não é culpa nossa. Como ela pode estar furiosa com a gente? — Perguntou Connie. — Não podemos ser responsabilizadas por alguém que não comparece. — Ela pausou. — Sobre o que são as outras mensagens?
Lucy abriu os e-mails. — Oh, mais pessoas querendo conhecer Ann Masters. — Ela fez uma careta. — Ela certamente está fazendo sua taxa valer a pena. Podemos ganhar dinheiro com ela sozinha.
— Detecto uma pitada de ciúme aqui? — Perguntou Connie.
— Não, claro que não! — Lucy respondeu, respirando fundo. — Parece tão injusto. Criamos esta agência para que pudéssemos escolher os homens bonitos, mas ninguém nos chamou para sair.
— Não se esqueça de Sadie. Ela foi escolhida por dois Michaels diferentes.
— E um deles acabou sendo um mulherengo, o tipo de homem que não queríamos atrair. — Lucy encolheu os ombros. — Eu acho que o segundo é bom, — ela acrescentou com relutância. — Tenho certeza de que Sadie teria se livrado dele se ele não prestasse.
— E o John? — Perguntou Connie. — Parece que ele quer te ver de novo.
— Sim, — ela respondeu devagar. — Vamos ver. — Era verdade, John havia dito que ele voltaria a Londres em breve e que ligaria para ela. Mas de alguma forma, ela não estava tão entusiasmada com isso. Não da mesma forma que Jenny estava com David. Algo no seu tom de voz lhe deu motivos de dúvida de que ele estava mesmo sendo honesto. — Além disso, ele não apareceu através da agência.
Connie estava prestes a responder quando Sadie de repente apareceu de repente no escritório.
— Eu tenho uma coisa para contar para vocês. — Ela não esperou até que estivesse sentada antes de começar. — Michael me ligou enquanto eu estava fora. Ele perguntou se eu poderia encontrá-lo para tomar um café, vocês não vão adivinhar o que ele me disse! — Ela fez uma pausa e olhou para cada uma delas.
— Bem, continue então, conte-nos. Chega de suspense, — disse Connie impaciente. — O que ele disse?
— Ele diz que ele gosta de mim por quem eu sou e...
— Mas ele não sabe quem você é. — Lucy interrompeu, rindo. — Não a verdadeira você, de qualquer maneira. Ele só te viu com roupas de outra pessoa e uma linguagem mais refinada.
— Eu sei disso! — Disse Sadie. — Me dê a porra de chance de terminar de falar! Não consegue ver? É disso que estou falando! Ele me viu com essa roupa hoje e disse que adorou. Na verdade, ele disse que eu estava maravilhosa. — Ela se corrigiu. — Então você vê: eu não preciso mais pegar suas roupas emprestadas para mais nada. Ele disse que gosta de peculiar. E vamos a uma discoteca hoje à noite. Parece que ele também ama essas coisas de música altas e estranhas. Isso não é maravilhoso? — Ela juntou as mãos e sentou-se na cadeira. — Parece que fomos feitos um para o outro.
Connie olhou para as outras e revirou os olhos. — Eu não acredito nisso, — disse ela. — E eu aqui pensando que Sadie finalmente estava começando a ter bom senso para se vestir.