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Capítulo Dezenove

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Sadie decidiu usar um dos seus próprios vestidos naquela noite. Afinal, seu encontro real seria com Michael. A presença de Andrew era só para fazer ciúmes em Connie. Eles estavam indo para um bom restaurante. Não era um lugar muito formal, mas sabia que seria um lugar elegante, então ela escolheu uma de suas roupas menos escandalosas.

— O carro de Andrew chegou. — Connie gritou de baixo da escada.

— Tudo bem, estou quase pronta. — Sadie sentou-se na cama e esperou até Andrew tocar a campainha. Na verdade, ela estava pronta há algum tempo, mas queria que Connie abrisse a porta. Seria bom para ela ver Andrew novamente, mesmo que brevemente. Com Jenny ainda fazendo compras na Oxford Street, não havia mais ninguém para atender a porta.

— É melhor você entrar. Sadie ainda está se arrumando. — A voz de Connie soou pelas escadas. — Eu não sei o que está fazendo, fazem horas que ela está lá em cima.

No momento em que Sadie ouviu Andrew e Connie passarem para a sala de estar, ela se arrastou para o topo da escada. Seu plano era deixá-los sozinhos por alguns minutos, mas, ao mesmo tempo, não queria perder nada.

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No andar de baixo, Andrew se arrastava de um pé para outro. Ele tinha esperança de ver Connie quando fosse pegar Sadie. Ele tinha até mesmo ensaiado tudo o que diria a ela. No entanto, quando ela abriu a porta, esquecera tudo. — Você parece ótima, Connie, — foi o tudo o que ele conseguiu dizer.

— Obrigado, — respondeu Connie. — Você também não está nada mal. — Ela se sentou e pegou um jornal. Na verdade, não estava lendo nada, nenhuma notícia a interessou. Normalmente era só tragédia a cada página. Mas ela queria que Andrew acreditasse que ela nem sequer estava um pouco preocupada que ele estivesse saindo com outras mulheres.

— Espero que você não se importe que eu esteja saindo com a Sadie hoje. Quero dizer, você não está chateada com isso, está?

— Eu? Chateada? Não, claro que não. O que lhe deu essa ideia? — Connie chacoalhou o jornal e fez um grande movimento ao virar a página.

— Quero dizer, você não se importa que eu venha aqui para buscá-la? Não estou perturbando você? — Andrew começou a brincar com sua gravata, algo que ele sempre fazia quando se sentia em uma situação desconfortável.

— Não me importo com o que você faz. O que te faz pensar que estou perturbada?

— Nada, — disse Andrew. — Não, nada mesmo. — Ele sorriu. — Exceto que você está lendo o jornal de cabeça para baixo.

Jogando o jornal para o lado, Connie fechou os olhos. Ela se sentiu tão idiota. Ela queria que Andrew pensasse que ela não se importava com ele. Ela até tentou reassegurar que ela não se importava com o que ele fazia. No entanto, ela se importava. Ela se importava profundamente. Tinha sido ruim o suficiente quando ele saiu com a tia de Lucy. Mas esta noite ele veio buscar a Sadie. Sadie tinha a idade parecida. Sadie era engraçada. Sadie... Ela não queria pensar mais sobre o que Sadie podia fazer. Ela queria parar todos os pensamentos que estavam se formando dentro de sua cabeça. Seu rosto começou a franzir e as lágrimas escorreram sobre suas bochechas. Ela amava Andrew. Ela nunca amaria outro homem da mesma forma que o amava. Ela queria jogar seus braços ao redor dele, ainda assim... ainda existia a promíscua. Essa mulher miserável sempre iria existir entre os dois.

— Você está bem? — Andrew agachou-se ao lado dela. — Talvez eu devesse chamar a Sadie? — Ele acariciou sua mão, seu rosto gravado com linhas de preocupação.

— Não! — Connie abriu os olhos e pegou um lenço de papel. — Estou bem. — Mas ela não estava bem. Ela estava longe de estar bem. Sadie desceria em alguns minutos e então os dois desapareceriam pela porta e pela noite, deixando-a sentada aqui sozinha e miserável. Para o inferno, Sadie! Para o inferno, promíscua por ter começado tudo isso em primeiro lugar!

Andrew engoliu em seco. Ele desejou não ter vindo aqui esta noite. Ele não deveria ter feito o acordo com Sadie em primeiro lugar. Mas vir aqui para buscá-la foi uma péssima ideia. Connie não estava nada bem.

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Sadie sentou-se no topo da escada ouvindo toda a conversa. Isso estava funcionando ainda melhor do que ela imaginava. Havia uma coisa mais que ela poderia fazer para dar um empurrãozinho e fazer Connie admitir que cometeu um erro? Então ela teve uma ideia brilhante. Ela levantou-se e correu para o quarto dela. Ela pegou várias roupas do guarda-roupa e jogou-as sobre a cama. Finalmente, encontrou tudo o que estava procurando. Ela tirou o vestido que estava vestindo e rapidamente se transformou. Olhando para si mesma no espelho, ela decidiu que precisava de outra coisa e começou a retirar coisas das gavetas. — Pronto, —  ela disse em voz alta, olhando para o seu reflexo, — perfeito.

Quando ela chegou na sala de estar, ela encontrou Connie olhando para o chão com Andrew agachado ao lado dela.

— Estou pronta, — disse Sadie, atravessando a porta.  — O que você acha? — Ela deu um giro.

— Você está muito... — Andrew olhou para ela e engoliu em seco, — interessante.

— Oh, meu Deus! — Connie olhou e viu Sadie vestindo uma minissaia listrada de preto, vermelho e branco. Era muito apertada e ela colocou tão alto que quase podia-se ver sua calcinha. Ela vestiu com um top preto e amarelo e um cachecol verde e rosa fluorescente que ela jogou por sobre os ombros. Sem contar os maiores brincos preto e ouro que pendiam de seus ouvidos que ela já vira. Para terminar, ela estava carregando uma jaqueta laranja brilhante sobre o braço dela. — Pelo amor de Deus, Sadie. Você não pode ir a um bom restaurante vestida assim. — Ela olhou Andrew. — Você não quer ser visto com ela vestida assim, não é?

— É claro que ele quer. Andrew precisa de um pouco de emoção na vida dele. — Sadie foi até o espelho. — De qualquer forma, o que há de errado?

— O que há certo, você quer dizer? Não é o tipo de coisa que você usa para ir ao Benedict’s. E os saltos desses sapatos são muito altos. Você mal consegue andar neles. Você vai fazer com que Andrew pareça ridículo.

— O que você se importa? — Sadie respondeu com altivez. Ela não se virou, ela ainda estava se olhando no espelho. — Andrew, você acha que eu deveria usar meu cachecol de penas preto e branco com este vestido ou esse está bom? Eu queria algo que turbinasse minha roupa. — Ela podia ver o reflexo de Connie e ficou satisfeita com o horror no rosto dela.

— Não! Não. Esqueça o cachecol. — Connie levantou-se. — Andrew, você vai ser motivo de chacota.

— Você não está mais interessada no Andrew, então, por que você está tão incomodada com o que estamos fazendo, ou vestindo? — Ela se virou. — Se você acha que eu não estou bem vestida para ir ao Benedict's com Andrew, então por que você não vai com ele?

Connie olhou para Sadie por um momento. — Eu não estou vestida, — ela falou baixo. Ela ainda estava usando o terno que havia usado no escritório.

— Tenho certeza de que Andrew pode esperar. — O tom de Sadie foi brusco. Ela ainda precisava de Connie acreditasse que ela estava irritada com ela por interferir na escolha da sua roupa. — Mas se você não estiver interessada, então vamos nós. — Ela olhou em volta. — Eu esqueci minha bolsa, espere um momento.

— Por favor, não me diga que você vai levar aquela coisa enorme que você carrega por todos os lugares. — Connie respondeu.

— Por que não? Ele tem listras por toda parte. Vai combinar minha saia. Vou te mostrar, Andrew. — Sadie afastou-se da sala e correu escada acima. Ela ficou na espreita na parte de cima esperando ouvir o que Connie diria.

— Não me importo em esperar que você se trocar, Connie. — Andrew pegou sua mão.

Connie olhou Andrew nos olhos. Estavam implorando para ela. Nem mesmo ela gostaria de ser vista com Sadie hoje à noite. Sua roupa era ultrajante. Não, era mais do que isso, era horrível. Ela sorriu. — Vou me trocar o mais rápido possível. — Ela estava quase na porta quando pensou em Sadie. — Mas e a Sadie? Ela vai ficar muito chateada comigo.

— Vá se trocar, eu falo com ela. Vou recompensá-la. — Andrew sorriu quando sua ex-esposa saiu da sala.

No momento em que Sadie ouviu Connie fechar a porta do quarto, ela apressou-se em descer as escadas. Ela mudou rapidamente para algo um pouco menos chamativo quando ela ouviu o rumo que as coisas tomaram. Ok, ela gostava de cores brilhantes, mas até mesmo ela não gostaria de ser vista em nada tão horrível. — Tudo bem.  — Ela sorriu. — Então, como você vai me recompensar?

— Vou pensar em alguma coisa, — riu Andrew.

— Eu vou encontrar Michael agora. Vou pegar um táxi. Você reservou para três em Benedict's? Se sim, precisa cancelar um lugar antes que Connie chegue lá.

— Não, eu deixei reservado para dois. Tinha certeza de que encontrariam outra cadeira. — Andrew fez uma pausa. — Obrigado, Sadie. — Ele a beijou na bochecha.

— É melhor eu ir antes que Connie desça e descubra que eu mudei de roupa. Diga a ela que eu já fui para uma discoteca ou algo assim. Vou bater a porta, assim ela vai pensar que fiquei chateada. Tchau, Andrew. Divirta-se.

Sadie se apressou até o final da rua, pegando celular enquanto caminhava. —Mudança de plano, Michael, — ela disse. — Eu vou falar sobre isso mais tarde. — Ela acenou um táxi que passava. — Onde você quer que eu encontre você?

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Eu ouvi a porta fechar? — Connie tinha trocado de roupa e estava de volta.

— Sim. Sadie pediu para dizer que ela foi para uma discoteca.

Connie fez uma careta. — Lugar apropriado para aquele tipo de roupa. — Ela respirou fundo. — É melhor irmos, caso contrário, vamos perder nossa mesa. — Antes de sair da casa, ela escreveu um recado para Jenny dizer onde estavam.

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Eu não esperava sair esta noite, então é uma boa surpresa, — disse Connie quando Andrew estacionou atrás do restaurante.

— É uma boa surpresa para mim, também. — Ele sorriu.

— Que diabos fez você decidir trazer Sadie aqui, para começar? Você sabe o tipo de roupa que ela gosta de usar.

— Imaginei que a essa altura o seu senso de vestimenta pudesse ter tido algum efeito sobre ela, principalmente porque ela está vivendo com você no momento. — Ele riu. Ele sabia que levaria algo realmente sério para mudar a forma como Sadie pensava ou vestia. Mas ele tinha que levá-la em algum lugar legal. Os arranjos estavam sendo feitos através da agência e Connie sabia que Andrew não era um fã de discotecas ou boates.

Ela pegou o braço de Andrew enquanto entravam no restaurante. Foi bom estar com ele novamente. Ela respirou fundo. Ela realmente deveria tentar esquecer a promíscua e aproveitar a noite.