Jenny cutucou Sadie. Ela tinha acabado de abrir os olhos e viu que eram nove e meia. — Acorde, Sadie! Nós perdemos a hora. — Ela saiu da cama e correu para o banheiro, parando apenas para bater na porta de Connie ao passar por ela passava. — Acorde! Estamos atrasadas.
Sadie rolou sobre a cama e olhou para o relógio. Certamente ainda não era manhã. Parecia que ela tinha acabado de fechar os olhos. — Vou fazer um café enquanto você toma banho, — ela gritou, arrastando-se para fora da cama. — Sou a próxima a usar o banheiro, Connie, — acrescentou, quando passou pela porta de Connie. — Então, não ouse entrar lá antes de mim.
Assim que Sadie colocou as xícaras sobre a mesa e ligou a chaleira, ela correu para o andar de cima, encontrando Jenny saindo do banheiro. — Você ouviu a Connie?
— Não, — respondeu Jenny. — Mas quando estou debaixo do chuveiro eu não consigo ouvir nada.
Sadie bateu na porta de Connie antes de entrar. — Ela não está aqui. — Ela sorriu para si mesma. Se Connie estivesse onde ela achava que estava, então seu plano realmente havia funcionado.
— Você acha que está tudo bem com ela? — Perguntou Jenny. Seu rosto franzindo. — Ela pode ter tido um acidente ou algo assim.
— Você não viu o bilhete que Connie deixou para você? Estava na mesa do sala de estar. Ela saiu com o Andrew. Eu li ontem à noite quando cheguei.
— Não, eu não vi. Achei que ela tivesse saído com algumas colegas e só. Mas de qualquer forma, não era você que ia sair com o Andrew?
— Sim, mas depois... Não. — Sadie escolheu suas palavras com cuidado. Jenny não sabia sobre o plano dela para juntar Andrew e Connie e não tinha intenção de contar a ela agora. — Andrew estava aqui quando desci ontem à noite. Connie quase teve um ataque cardíaco quando viu o que estava usando, então... — Sadie fez uma pausa. O olhar de Jenny estava ficando cada vez mais intrigado. — Esqueça. É complicado.
— Tudo sobre você é complicado, — disse Jenny, voltando ao quarto que compartilhava com Sadie. De repente, ela parou e se virou. Ela entendeu o que Sadie estava tentando dizer. — Por favor, não me diga que você usaria um dos seus vestidos loucos para sair com Andrew. — Um olhar para Sadie lhe disse que ela estava certa. Ela apertou as mãos nas bochechas. — Você usaria! Oh meu Deus, você iria usar algo ultrajante. Não é de se admirar que Connie teve um ataque. — Sua expressão de horror transformou-se em um sorriso e suas mãos deslizaram para baixo do rosto. — Sua maluca. Deus! Eu queria estar aqui.
Sadie agradeceu aos céus que Jenny não estava aqui. A coisa toda funcionou apenas porque ela não estava aqui para receber Andrew quando ele chegasse. Ela olhou para o relógio. — Vou tomar um banho. Falo com você depois. — Ela conseguiu sair daquela situação naquele momento.
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— Onde vocês estavam? — Lucy estava sozinha no escritório quando Sadie e Jenny finalmente chegaram. — A nave-mãe estava ficando louca. — Ela apontou para o computador. — O telefone também não parou de tocar. Eu fiquei correndo de um lado para o outro feito uma louca. — Ela olhou por sobre os ombros das amigas. — Cadê a Connie?
— Ela saiu com Andrew ontem à noite e não voltou para casa, — respondeu Jenny.
— Mas achei que Sadie fosse sair com Andrew.
— Sim. Parece ela ia, mas depois não ia mais. — Jenny suspirou. — Não vamos começar de novo.
— Vamos dizer que minha escolha de roupa não foi aprovada pela Connie, — Sadie interrompeu. — Posso abrir as correspondências?
Naquele momento, o telefone tocou novamente, Sadie atendeu.
— Olá, sou eu. — Era Connie do outro lado da linha. — Eu sei que é em cima da hora, mas vou me atrasar por algumas horas hoje.
— Ok, sem problemas. Mas quantas horas exatamente...?
— Vinte e quatro. — Disse. — Tenho certeza que vocês dão conta. — Ela desligou sem dizer mais nenhuma uma palavra.
Sadie tentou conter sua excitação. Se ela estivesse certa, Connie e Andrew tinham ido ao Condrew na noite anterior e passariam o dia lá. Tudo estava indo de acordo com o planejado. Agora depende de você, Andrew, ela pensou enquanto abria outra carta. E pelo amor de Deus, não vá estragar tudo!
— Quem era? — Perguntou Lucy.
— Connie. Ela decidiu tirar algumas horas de folga hoje. — Ela sorriu. — Surgiu um imprevisto.
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Connie olhou para Andrew. Ele ainda estava dormindo. Ela estava tentada a acordá-lo, mas decidiu deixa-lo dormir. Por que não deixá-lo apreciar mais um pouco seu sono? Em vez disso, ela permitiu que seus pensamentos voltassem para a noite anterior.
Na noite anterior, no bar, eles beberam seus drinques devagar, sem dizer uma palavra. Um a um, os outros hóspedes se retiraram para seus aposentos, até que só restaram os dois. O barman, ainda secando copos, continuou jogando olhares suspeitos em direção à mesa dos dois. Obviamente ele duvidava que eles não fossem hóspedes afinal de contas, e que eles mentiram sobre isso só para que lhes fossem servidos bebidas.
Eventualmente, o barman se aproximou deles. — Vocês precisam se mais alguma coisa? — Perguntou ele.
Mais uma vez, foi ela quem respondeu. — Sim. Você poderia mandar uma garrafa de champanhe para o quarto cento e nove? — Mesmo para ela, sua voz parecia um pouco tensa. O barman provavelmente pensou que os dois fossem recém-casados e estavam se divertindo.
Andrew, que estava brincando com o copo vazio, olhou rapidamente para cima assim que o barman se afastou, ele esticou o braço através da mesa e pegou a mão de Connie. — Você tem certeza? — Ele perguntou calmamente.
Ela assentiu e abriu o caminho em direção à escada, deixando Andrew para pagar a conta. Olhando para trás, ela viu o barman abrir um sorriso enquanto guardava algumas notas. Andrew havia sido generoso.
Quando entrou no quarto, ela fixou seus olhos na cama, esperando ver o reflexo da promíscua se levantando para assombrá-la. Mas para sua surpresa, tudo que viu foram os lençóis brancos e esticados. Andrew a seguiu até a sala e colocou seus braços ao redor dela. E lá ficaram parados, imóveis, até que uma batida na porta lhes informava que o champanhe havia chegado.
Andrew abriu o champanhe, encheu duas taças e entregou uma para ela. Eles saíram para a varanda e lá ficaram ouvindo o barulho suave do tráfego noturno. Ela observou Andrew enquanto bebiam o champanhe. Era óbvio que ele não tinha certeza do que fazer ou dizer. Mas ele não precisava dizer nada, seus olhos falavam tudo. Ela olhou para o quarto e depois para a cama, esperando novamente a promíscua se materializar subitamente debaixo dos lençóis. Mas não, isso não aconteceu. O que ela viu enquanto olhava para a cama era o amor que Andrew sentia por ela. Ele alugou o quarto por ela. Ele estava pagando uma pequena fortuna por isso, e era tudo por ela.
Naquele momento, seu amor por ele a dominou e, colocando a taça na mesinha de centro, ela colocou seus braços em torno se seu pescoço e o beijou. — Eu amo você, Andrew, — ela ofegou. — Eu fui uma completa idiota. Me perdoa. — Sorrindo, Andrew a pegou em seus braços e a levou para o quarto onde...
O som de Andrew se mexendo a tirou de seus devaneios, e ela se virou para encará-lo.
Ele abriu os olhos. Por um momento, ele estar confuso de onde estava, mas depois viu Connie sorrindo para ele e ele se lembrou de tudo.
— Se você tivesse que estar no escritório às nove horas, então está quase duas horas atrasado, — disse Connie, enrolando carinhosamente uma mecha dos cabelos de Andrew em seus dedos.
— Não há nada tão urgente que não possa esperar, — ele respondeu. Ele estendeu os braços e a puxou para mais perto dele. — E você? Não tem um escritório para ir?
— Já liguei para as meninas e disse para a Sadie que vou tirar o dia de folga.
— Ótimo. Podemos passar o dia aqui. — Ele a beijou. — Temos muita coisa para colocar em dia.
— É exatamente o que estava esperando que você dissesse, — ela respondeu.
****
O telefone no escritório tocou novamente. Desta vez era David querendo falar com Jenny. Foi marcada uma data para ele retornar a Londres e ele esperava que eles pudessem se encontrar. Tossindo disse. — Dessa vez vou sozinho... John tem outras coisas que ele precisa resolver.
Jenny olhou para a Lucy. Ela ficaria desapontada quando soubesse que John não viria. — Estou ansiosa para vê-lo. Vou tentar tirar uma folga, — acrescentou, antes de desligar o telefone.
— Que sorte a minha, não? — Lucy fez uma careta quando Jenny lhe contou as novidades. — Eu conheço alguém legal e ele me dando o fora antes mesmo do nosso primeiro encontro! — Ela teve um pressentimento de que isso aconteceria. As ligações de John não eram frequentes, e mesmo quando ele ligava, ele parecia distante. Sua atitude toda parecia ter mudado. No entanto, foi um golpe ter que saber através da Jenny que ele não estava mais interessado.
— David não disse que ele estava te dando o fora, — disse Jenny. Ela estava se sentindo péssima por ter que ser a pessoa a dar a notícia. John deveria ter ligado para Lucy e ter dito para ela ele mesmo. — Ele apenas me disse que John tinha umas coisas para resolver.
— Mas isso é o que ele quis dizer. — Lucy apontou para o computador quando outro e-mail entrou. — Todas essas pessoas no site estão sendo chamadas para sair, mas ninguém me chamou. — Ela fez uma pausa. — Até a Sadie conheceu uma pessoa.
— Não comece, Lucy, — Sadie repreendeu. — E o que você quer dizer com “até a Sadie conheceu uma pessoa”? Eu não sou uma aberração! — Ela balançou a cabeça. — Você precisa sair e encontrar alguém para você em vez de ficar aqui esperando que alguém venha bater à sua porta. — Sadie jogou de lado a correspondência que abriu. — Olha, Lucy, desculpe-me explodir com você, mas você precisa fazer alguma coisa com a sua vida. Você era uma songa monga quando estava casada com Ben e, embora agora esteja separada, você ainda continua uma songa monga. Não fique aí sentada à espera de alguém, ninguém vai te ligar do além. Vá até o site e escolha alguém, alguém que pareça ser bom e gentil. Alguém como você.
Lucy não respondeu, apenas olhou para o teclado.
Jenny olhou para Sadie. Será que ela tinha ido longe demais desta vez? Se Sadie tivesse falado com Connie ou até ela mesma, elas se voltariam contra ela dizendo que deveria cuidar da sua própria viva. Mas Lucy era diferente. Aceitar a crueldade de Ben por tantos anos a tornou uma pessoa bastante insegura.
— Vocês se importam se eu sair para dar uma caminhada? Preciso muito pensar, — disse Lucy. — Tenho certeza que vocês conseguem organizar a os encontros de quem entrar em contato com a agência. — Ela pegou sua jaqueta e bolsa e saiu pela porta.
— Lucy! — Sadie agarrou seu braço. — Desculpa. Eu realmente não deveria ter falado com você dessa forma. Eu sempre falo demais. Você me conhece o bastante agora para perceber que não tive a intenção de ser ruim.
— Não, está tudo bem. Você provavelmente está certa. — Lucy sorriu fracamente. — Eu só preciso de um pouco de ar fresco.
— Sua língua é muito afiada às vezes, — disse Jenny depois que Lucy saiu. — Por que diabos você falou daquele jeito com ela? Você sabe como ela é.
Sadie desviou o olhar. Estava se sentido ser ter sido tão dura com Lucy. Mas ela estava apenas tentando fazê-la ver que precisava tomar rédeas da sua vida. — Eu sei, — ela disse finalmente. — Mas, ela realmente precisa se resolver. Espero que esteja errada sobre John e que ele entre em contato com ela. Parece um pouco estranho, no entanto, de repente cancelar a viagem para Londres. — Ela pausou e respirou fundo. — Melhor ver sobre o que é esse e-mail.
— Eu faço isso. — Jenny passou sentou-se em frente do computador. Ela não queria que Sadie enviasse mensagens no momento, não no clima em que estava no momento. — Oh meu Deus. É de alguém chamado Paul Holloway. — Ela olhou para cima. — Ele quer conhecer Lucy.
Sadie deu um salto e correu até o topo da escada. — Lucy! Lucy! — Gritou. Mas não obteve resposta. — Tarde demais, ela já foi. Teremos que esperar até que ela volte, — disse voltando para o escritório.