— Era David ao telefone, — disse Jenny enquanto colocava o telefone no gancho. Pulando de felicidade, ela correu para a cozinha e encontrou Sadie. — Ele vem para Londres na próxima semana. Acredito que os primeiros dias serão ocupados com as definições das novas instalações da empresa, mas depois ele vai tirar o resto da semana de folga.
Sadie, que estava passando manteiga na torrada, olhou para cima. — Desacelere um pouco, Jenny. Você está falando tão rápido que mal consigo entender o que você está dizendo.
Jenny repetiu suas novidades mais devagar.
— Isso é ótimo, Jenny, — Sadie sorriu. — Até que enfim vocês vão poder se conhecer melhor. — Mas, pensando em Lucy, ela fez uma careta. — David falou alguma coisa sobre John?
— Não. Ele não o mencionou o John. Nem mesmo uma mensagem para Lucy.
— Que babaca. John poderia ter tido a decência de fazer uma ligação e dizer que estava tirando o corpo fora. Ele deveria saber melhor, ela poderia ter colocando a vida dela inteira em espera na expectativa dele entrar em contato. — Na cabeça dela, Sadie podia ver Lucy plantada numa poltrona, tricotando meias para várias instituições de caridade. — Você entende o que quero dizer? Algo como a Senhorita Havisham em Grandes Expectativas.
Jenny riu. — Pelo amor de Deus, Sadie, você exagera. Mal consigo imaginar Lucy sentada num quarto velho empoeirado esperando John aparecer.
— Bem, não. Não agora que ela encontrou Paul, ou pelo menos ele a encontrou. Mas algo parecido pode ter acontecido. Ela consegue ser uma idiota quando se trata de homens.
— E você, Sadie? Você acha que sabe de tudo. No entanto, chegou a casa ontem tremendo sem saber se convidava o Michael para passar a noite com você ou não.
— Oh, eu queria, não há nenhuma dúvida nisso. Eu gosto muito dele de verdade e acho que ele gosta de mim. Mas...
— Mas o que? Você não disse nada ontem à noite e agora está se fechando novamente. Se vocês se gostam tanto, qual o problema?
Sadie suspirou. — Acho que ele não sabe como me perguntar. Ou talvez ele possa até achar que eu ficaria chocada só de pensar em sexo antes do casamento. — Ela entortou a cabeça e riu. — Eu? chocada? Consegue acreditar nisso? — Ela suspirou. — Mas eu não gostaria de perguntar isso para ele, porque ele pode pensar que eu sou... Você sabe. — Ela gesticulou descontroladamente com as mãos.
— Atrevida, — disse Jenny.
— Sim, atrevida. — Sadie estava pensando em alguma coisa mais do tipo “assanhada”, mas não queria pensar assim de si mesma, mesmo de brincadeira. — Ele me trouxe em casa ontem à noite e, quando ele me beijou, eu queria abrir a porta e levá-lo para dentro.
— Tipo que nem Lucy e Paul? — Arriscou Jenny. — Ela disse exatamente a mesma coisa.
— Muito parecido como Lucy e Paul, — disse Sadie. — Eu achei que as mulheres deveriam ser mais livres, mesmo assim aqui estamos nós, nos perguntando como levar um homem para cama sem parecer... Muito atrevida.
— Estou surpresa com você, Sadie. Quero dizer, também estou surpresa com Lucy, mas por uma razão diferente. Como você disse, ela sempre foi mais lenta, então, para ela querer arrancar a roupa do cara, é uma reviravolta completa. Mas você é uma mulher que está à frente. Não consigo entender por que você está se segurando dessa vez.
Sadie encolheu os ombros. — Eu não quero estragar uma coisa boa. Vou ver o que acontece hoje, vamos sair novamente. — Ela olhou para o relógio. — Vamos nos atrasar para o escritório de novo, é melhor irmos.
****
Quando chegaram ao escritório, Lucy e Connie já estavam lá.
— Lucy estava me contando da noite agradável que teve com Paul, — disse Connie.
— Sim, — interrompeu Lucy. — Conto para vocês duas depois. — Ela não contou a Connie sobre seu desvio no trajeto para casa na noite anterior e esperava que as outras amigas entendessem o recado e não mencionasse isso agora.
— Como foi sua noite com Andrew? — Sadie piscou para Connie. — Ou não devemos perguntar? — Ela piscou para Lucy, assegurando-a que não mencionaria tê-la visto na noite anterior.
— Claro que você pode perguntar, mas isso não significa que eu vou contar. — Connie sorriu. De forma alguma iria discutir seus momentos íntimos com Andrew com outra pessoa. — Tudo o que vou dizer é que estou muito feliz e ele sugeriu que nós comprássemos outra casa em algum lugar. Seu apartamento na cidade é bom, mas é pequeno.
— Então, isso quer dizer que preciso procurar outro lugar para morar de novo? — Perguntou Sadie, colocando a mão na testa. Só de pensar em ter que procurar outro lugar para morar dentro ou em torno de Londres a enchia de horror. Ela poderia acabar dormindo no escritório.
— Não. Bem, não imediatamente de qualquer maneira. Estou bastante feliz por você continuar a alugar um quarto lá, embora eu ache que eu vá precisar de outro inquilino para compartilhá-lo com você.
Sadie ficou aliviada ao ouvir que ela não estava prestes a ser despejada. A casa de Connie era muito confortável e ela já tinha acostumado morar lá nos últimos meses. Mas ela tinha esperança de ter o poder escolher o novo inquilino. Teria que ser alguém com quem ela desse bem. — Obrigada Senhor! Já estava tendo visões minhas arrastando minha mala por Londres procurando um lugar para descansar. — Ela fez uma pausa e olhou para Jenny. — Enfim, Jenny tem novidades. Vá em frente, fale, Jen.
— É sobre David. Ele ligou hoje de manhã para me dizer que ele vem para Londres um pouco mais cedo do que o planejado. Ele chega na segunda-feira. — Jenny evitou olhar para Lucy enquanto ela explicava que ele estaria em Londres por uma semana. — Ele estará bastante ocupado por alguns dias, mas quando ele estiver livre, eu gostaria de passar um tempinho com ele.
— É claro, — Connie respondeu. — Tome o tempo que precisar. Vocês dois têm muita coisa para colocar em dia. — Ela olhou para as outras. — Parece que todas nós estamos de volta. Talvez seja uma boa ideia a gente sair para jantar, nós oito. O que vocês acham?
— É uma ótima ideia! — Sadie ficou bastante entusiasmada. Ela nunca quis pedir a Alex qualquer arranjo de jantar envolvendo Connie e Andrew. Ele nunca teria se encaixado. Sua ideia de uma boa noite com os amigos era ver quantos copos de cerveja ele conseguia beber antes de cair no chão e ter que ser levado para casa. Mas Michael era completamente diferente. Ela gostaria de apresentá-lo a suas amigas.
Como Sadie, Lucy nunca havia apresentado Ben para Connie e Andrew. Ele era muito bruto, ela nunca quis que nenhuma de suas amigas o conhecesse. Principalmente Connie. Ela teria ficado horrorizada por ela ter se rebaixado tanto a ponto de se casar com um homem tão vil. Paul era completamente diferente. Ele se misturaria perfeitamente. — Sim, eu gostaria disso, — ela concordou.
— Se você estiver interessada, Jenny, poderíamos tentar organizar algo quando David estiver em Londres. — Connie fez uma pausa.
— Vou falar quando a gente se falar da próxima vez, — disse Jenny. — Como eu disse, ele ficará por aqui por alguns dias, então eu tenho certeza que poderíamos fazer alguma coisa.
— Tudo bem, tentaremos arranjar uma data para a próxima semana, — disse Connie. — Assim que a gente decidir a noite, farei uma reserva.
— Ótimo! Mas não faça reservas em algum lugar caro demais, — respondeu Sadie. — Nem todo mundo ganha o mesmo salário que Andrew.
— Sim, eu concordo, — acrescentou Lucy. — Não faço ideia no que Paul trabalha. Nós conversamos sobre todo tipo de coisas, mas acho que nunca chegamos na parte de trabalho.
— Tudo bem, sem problema. — Connie sentou. — Falaremos sobre isso assim que tivermos uma data no nosso calendário.
— Deus! Houve um grande interesse no site enquanto estávamos discutindo nossos problemas pessoais. — Lucy girou a tela para que todas pudessem ver. — As pessoas estão fazendo filas para se juntarem à agência. Há dez aqui e olha, — ela apontou para o fundo da tela, — todas essas são mensagens dos nossos clientes. Provavelmente estão solicitando encontros para serem arranjados. — Ela bateu palmas. — Agora o dinheiro vem!
— Claramente as pessoas estão falando da nossa agência, — disse Connie.
— Se continuar assim, ficaremos milionárias! — Sadie riu.
— Ou poderíamos vender a agência e sair com um belo lucro.
Houve um silêncio mortal. Connie observou os olhares desconcertados de suas colegas e desejou que tivesse mantido a boca fechada. Todas estavam olhando para ela com cara de horror. — É só uma ideia, — acrescentou. Mas ela podia ver o dano já havia sido feito.
— Vender? — Disse Sadie. — Você está sugerindo que vendamos a agência? — Ela respirou profundamente e soltou a respiração lentamente. — Nunca pensei nisso.
— Eu também não, — disse Jenny lentamente. — Nós teríamos que obter um ótimo preço para dividir em quatro iguais. Não esqueça, todas nós largamos nossos trabalhos para começar essa empresa. Pode não ser tão fácil encontrar trabalho agora. Os bons empregos já estão escassos.
— Eu não venderia por migalhas, — disse Connie. — Obviamente, queremos o melhor preço que pudermos conseguir. Mas a agência está funcionando e parece ter decolado. Alguém pode vê-la como uma boa renda.
— Eu a vejo como uma boa renda! — Disse Sadie. — E não estou preparada para me separar dela. — Ela olhou para Lucy. — Você ainda não disse nada. O que você acha"
Lucy, honestamente, não sabia o que pensar e foi o que disse. — Não é como se eu não fosse encontrar outro emprego em algum lugar. Ser um programador de computador normalmente quer dizer que sempre há trabalho lá fora. Mas eu prefiro ser minha própria chefe.
— Exatamente! — Sadie piou. — Ser sua própria chefe é definitivamente uma vantagem. — Ela olhou para Connie. — De qualquer forma, por que você está dizendo? Se eu me lembro muito bem, tudo isso foi ideia sua, em primeiro lugar e agora de repente você quer sair.
Connie encolheu os ombros. — Eu não sei. — Como ela poderia admitir que perdeu o interesse pela agência porque ela estava de volta com Andrew?
— Aposto que posso adivinhar! — Disse Sadie com entusiasmo. — Agora que você e Andrew estão de volta, você está mais interessada na sua vida com ele do que está com nós e a agência. — Ela fez uma pausa. — Não posso dizer que eu culpo você, mas onde a gente fica nisso tudo?
— Sadie está certa. — Jenny estava pensativa. — Tudo bem, digamos que recebemos cerca de quarenta mil libras pela agência, fora o que teríamos que pagar de taxas legais, etc., então isso nos deixaria com menos de dez mil cada uma Pode parecer muito, mas se você pensar bem, não vai durar muito tempo.
— E como não teríamos empregos, teríamos que confiar nesse dinheiro até encontrarmos um. — Sadie voltou para a cadeira. — Isso seria gasto em pouco tempo. — Ela fez uma pausa. — Mas se você realmente quer sair, talvez a gente pudesse comprar a sua parte.
— Não sei se teríamos condições de pagar por isso, — disse Jenny. — Nós temos um pouco de dinheiro na conta, mas talvez precisemos dele como garantia, caso haja alguma emergência.
Connie sentiu-se estranha. Tudo o que Sadie e Jenny disseram era verdade.
— Olha, esqueça tudo que eu disse. Foi uma ideia idiota. Eu não tinha pensado nisso. — Ela ficou aliviada quando o telefone tocou naquele momento e elas conseguiram mudar o assunto.
— Essa é uma ótima notícia, — Lucy gritou ao telefone. Ela colocou a mão sobre o bocal e se virou para as outros. — É minha tia. Ela diz que gostou de conhecer Brian Lomax ontem à noite. — Ela voltou para o telefone. — Na verdade, pensei que você fosse acha-lo um chato.
— Nada, — a voz da tia desceu na linha. "Nós nos demos muito bem. Assim como eu, ele é viúvo e procura por companhia. Eu vou vê-lo novamente essa noite. Ele vai tentar conseguir uns ingressos de teatro. — Ela fez uma pausa. — Não vou te segurar, achei que você fosse gostar de saber.
— Bem, parece que o jogo virou, — disse Lucy, desligando o telefone. —Parece que eles vão se encontrar hoje à noite de novo. As coisas simplesmente acontecem, você não consegue prever o futuro.
— Se você se lembra bem, você não queria que eles se conhecessem, — disse Connie. — Já disse isso para sua tia?
— Não. Eu não disse uma palavra. Como você disse, era uma decisão dela. — Lucy olhou para Sadie. — Você ficou muito quieta. Achei que teria algo a dizer.
Sadie sorriu. — Estou feliz que sua tia tenha gostado de sair com o Brian. Vai fazê-la bem sair um pouco mais e se misturar com pessoas diferentes. — Ela ainda estava pensando na sugestão de Connie em vender a empresa. Ela não acreditou quando ela disse que o pensamento só passou pela sua cabeça. Connie não aparecia de repente com coisas tão importantes, sem pensar primeiro. Não, isso já estava na cabeça dela há pelo menos alguns dias.
Apesar de concordarem em esquecer o assunto, ele estava na cabeça de todas pelo resto do dia. Sadie não disse muita coisa a tarde toda, e isso não era do feitio dela. Ela costumava irritar todas com suas conversas constantes. Lucy só falou ocasionalmente e mesmo assim era apenas para informá-las de um novo cliente ou alguém que desejasse um encontro. Foi só quando estavam fechando o dia em que seu entusiasmo voltou.
— Bom, já vou nessa, — disse Lucy animada. — Vou encontrar Paul às sete horas e ainda tenho que decidir o que vestir.
— Curta a sua noite. À propósito, para onde vão? Não acho que tenha mencionado mais cedo.
— Vamos jantar num restaurante pequeno e tranquilo, depois vamos decidir o que vamos fazer, — Lucy respondeu, apressando-se. — Tchau todo mundo. Tenham uma boa noite, seja lá o que forem fazer.
— É bom ver Lucy tão feliz. Espero que este Paul seja o escolhido. Eu odiaria vê-la chateada. Ela merece uma pausa. — Connie viu Lucy desaparecendo pela escada. — Bem, acho que é isso por hoje, espero que vocês duas tenham uma boa noite. Andrew e eu vamos ao cinema.
Fora do escritório, Sadie e Jenny se despiram de Connie antes de se atravessar a rua para pegar o ônibus. — O que você vai fazer hoje à noite? — Sadie perguntou quando estavam a bordo.
— Eu não sei. Suponho que vou ficar de vigília no site, de novo. — Jenny fez uma pausa. — Você sabe, quando todas nós tivermos um homem em nossas vidas, acho que nenhum de nós vá querer ficar em casa de olho no computador. Connie poderia estar certa sobre vender a empresa.
Sadie não disse nada. Ela estava pensando no que Jenny havia dito. Ok, ela não conseguia cadastrar clientes no site, mas ela sabia enviar e receber e-mails, então ela seria esperada para assumir a vigília do site durante a noite e fins de semana. Isso poderia significar até duas noites por semana, ouvindo aquele tão importante “ping” informando que outro e-mail chegou. Era isso o que ela queria? Era isso o que elas realmente tinham em mente? Ela duvidava muito que esse era o fim do assunto.