Encontro com ele no píer. De algum modo, sabia que ele estaria aqui.
Já dava para saber que o pôr do sol ia ser incrível, então trouxe a câmera. Caminho até onde ele está sentado. Está encostado no gradil, balançando os pés sobre a água.
— Oi — digo.
Nash olha para cima e dá um sorriso.
— Ei!
Sento ao lado dele e observo o sol começando a se pôr. Este verão vai ser o melhor de todos. Estar com Nash, nadar no rio, compartilhar o píer com ele desta maneira totalmente diferente. É meio assustador pensar no modo como as coisas mudam. Mas não dá para chegar ao lugar onde você quer estar sem se arriscar. Finalmente encontrei quem estava procurando e não vou perdê-lo novamente.
Ficamos sentados juntos, sem dizer nada. Lembro-me da vez em que me sentei ao lado dele, aqui mesmo, e que ele não queria papo comigo. Tudo o que eu queria, então, era que ele soubesse que eu estava por perto.
Nash sorri para mim.
— Isso é pra você. — E me estende uma caixinha de joias.
Quando retiro a tampa, tem um bilhete dentro, escrito:
“Quer ir ao baile comigo?”
— Você quer dizer o baile da graduação?
— É.
— Mas por que o convite com tanta antecedência?
— Pra que ninguém chegue na frente.
— Eu adoraria! — digo.
— Mesmo?
— Total.
— Legal. Eu sei que fazia, tipo, uma eternidade que você estava a fim de ir, então...
— Como é que você sabe disso?
— Ouvi você dizendo para Sterling.
— Quando foi isso?
— Ahn... no 9º ano . Eu me sentava atrás de você na aula de Ciências, não se lembra?
Já naquela época, enquanto eu falava com Sterling sobre a aparência do meu vestido e sobre o tipo de flores que colocaria no corpete do meu vestido, Nash prestava atenção nessas coisas. Não consigo acreditar que ele se lembre de tudo isso.
— Eu me lembro — digo —, mas não acredito que você se lembra.
— Eu me lembro de tudo — diz Nash.
O céu fica todo cor-de-rosa e vermelho com o pôr do sol. Sinto vontade de tirar fotos, neste momento o timing é tudo. Dentro de um minuto, as cores vão estar diferentes e, então, tudo isso não vai passar de uma lembrança. Mas não pego minha câmera. Quero manter isso dentro do meu coração e me lembrar deste momento para sempre, deste jeito. É como John Mayer diz na música “3x5”, certas experiências não podem ser vivenciadas através de uma lente.
Tenho pensado muito sobre o que aconteceu comigo e Derek. Acho que me dei conta de qual era o problema. Nós nunca fomos amigos de verdade. Não do jeito que Nash e eu somos. Derek representava a imagem do namorado que eu queria ter, em vez de ser a pessoa certa para mim. É como se Derek fosse a foto perfeita e Nash fosse a experiência real.
— Espera — digo —, você nunca me disse como é que você sabe que estou escondendo alguma coisa.
— O quê?
— Não tá lembrado?
— Ah, é. Eu ia, sim, dizer.
— Então diga.
Nash passa o dedo de leve, logo abaixo do meu olho.
— O seu olho tremelica, aqui.
— Ai, que graça!
— Não é nada exagerado. É um tremelique leve.
Ele não retira o dedo do meu rosto.
Sei, agora, que ele quer que eu, finalmente, lhe dê uma oportunidade, que eu pare de ficar esperando por algo que já tenho. Bem aqui, sob o céu alaranjado, no píer em que já estivemos milhões de vezes, tudo está diferente.
Nada pode garantir que um relacionamento irá durar para sempre, mas me sinto bem em estar aqui, no “agora”, deixando que o futuro tome conta de si mesmo.
Então, deste modo simples, deixo a vida que estava vivendo. E entro na vida que eu estava buscando.