Quase todos os episódios contidos neste romance de costumes foram observados diretamente e qualquer semelhança não é mera coincidência.

Se alguns dos meus personagens, fixados na liberdade de todas as horas do dia e da noite, portaram­-se aqui diferentemente do que fizeram nos laboratórios científicos, nas horas de experimentação grave, a culpa pertence a eles pela duplicidade cínica de atitudes e sonegação a um depoimento legítimo de verdade, diante de pessoas sérias e de boa reputação social.

Por mim foram vistos sem que soubessem que estavam sendo motivos de futura exploração letrada. Não tiveram tempo para disfarce e transformação parcial ou total nos hábitos diurnos e noturnos.

Afirmo que este é um livro de boa­-fé, como escrevia o Senhor de Montaigne, e certifico haver simplesmente anotado cenas de conjunto e atos individuais em pura essência verídica.

Foram eles os originais aos quais me reporto e dou fé.

Natal, dezembro de 1957.

Luís da Câmara Cascudo