A mímica apoiada na cintura colabora vivamente no processo da comunicação inverbal. Os homens abraçam pela espádua e as mulheres pela cinta. A mão no cinto é airosa, leve, grácil. As duas, no nível dos quadris, sob o modelo do açucareiro, evocam a figura da Varina “alfacinha”, vendedora de peixes em Lisboa, de plástica harmoniosa e linguagem virulenta e acre, feita de brasas e cacos de vidro. “Mãos nos quartos” significam indolência, lazer, lentidão, e também violência verbal, disputadora, escatológica. É a posição clássica da mulher desaforada, agressiva, malcriada. “Boca-suja.” “Rapariga de soldado na porta do mercado.” Mão na cintura é confiança, intimidade, convivência familiar. Os jovens namorados exibem-se enlaçados. O rapaz invariavelmente segura a “inocente” pelo ombro, e a “menina” agarra o seu homem pelo meio do corpo. “Pegar pela cintura” é posse sexual. Como comparação de esbelteza, o sertanejo não diz “cintura de vespa” mas “cintura de pilão”. O excesso adiposo é a “sem-cintura”. Antiga saudação feminina, abraço sintético, era “passar a mão na cintura”. Cintura de mulher não bota a mão quem quer. Ver Mãos nas Ancas.