FECHAR OS OLHOS

Como motivação supersticiosa os Olhos documentam bibliografia maciça. Registo apenas o gesto comum, alheio às significações mágicas. Baixar as pálpebras é uma solução de alheamento, distância ao quotidiano, evitação do ambiente. Uma rápida evasão a involvência desagradável. “O que o olho não vê, o coração não sente!” Também traduz abstração, concentração, análise íntima. Preferência da companhia mental ao assunto exterior. É a viagem invisível da Meditação. Recurso e apelo ao Tédio e ao Devaneio. Desinteresse. Ignorância voluntária. No cerimonial da Iniciação grega (Samotrácia, Creta, Eleusis) o Mustês deveria permanecer, em várias ocasiões, com os olhos cerrados ou vendados, para abri­-los na Revelação. Compare­-se a distância comunicativa entre o fechar intencional dos olhos, e o piscar de um olho finório, irônico, malicioso. To tip one the wink, como fazia Bernardo Shaw.