GESTOS NO TRÂNSITO

O guarda, no cruzamento das ruas, apita e estende a mão. Os automóveis param, roncando baixo, e sob os mesmos sinais, movimentam­-se na circulação incessante. O braço na diagonal mostra a palma da mão. Pare! O dorso, voltado para os motoristas, a palma para o guarda, autoriza o deslocamento. Siga! A mão pode ou não agitar­-se. O efeito é o mesmo. Mais ou menos maquinalmente, o aceno reproduz­-se pelo Mundo, povoado de automóveis. É um quadro normal do Século­-Ofegante. Em 1296 anos antes de Cristo, o soberbo faraó Ramsés II do Egito e Murwatalis, Rei dos Hititas, enfrentaram­-se na furiosa batalha de Kadesh, junto ao Rio Orontes, na Síria, decidindo o rumo daqueles Povos sôfregos de violência e famintos de saque. Nos templos de Abu­-Simbel, Abidos, Luxor, Carnac, estão os murais glorificando a vitória do heroico Ramsés II, integralmente derrotado pelo soberano hitita. É de fácil verificação o sinal contemporâneo do trânsito motorizado repetido pelos egípcios no acampamento militar, ante as carretas de bois e filas de cavalos árdegos que iam lutar e perder nos arredores da próxima cidade de Kadesh... há mais de trinta e dois séculos.