ACENANDO ADEUS

Agitando as mãos em despedida quando se afasta dos amigos, também acenantes. É tão ritual e comum nos bota­-foras que parecerá banalidade o registo. Bênção, exibição de estar desarmado, súplica aos Deuses pelo viajante e aos que ficam? Há partidários de cada uma dessas explicações. Quanto às menções mais antigas da fórmula cordial contemporânea, creio ser a Ilíada, nove séculos antes de Cristo, uma das mais venerandas. No canto X, dito Dolonia, julgado independente do texto homérico e incluído no poema por Pisistrato, “tirano” de Atenas (600­-527 anterior à Era Cristã), quando Ulisses e Diomedes regressam de uma expedição ousada ao campo troiano, os gregos do acampamento, jubilosos les saluèrent de la main, traduz Eugène Lassere, que Manuel Odorico Mendes entendeu, enganadamente, por estreitadas as mãos, fazendo os dois heróis apertarem as destras a mais de um cento de companheiros. É adeus por acenos, verificou no original grego o erudito Prof. Djacir Menezes.