TOME!

Fechar o punho, arredondando a mão, balançar o antebraço, é gesto de ameaça obscena, vulgaríssimo no Brasil plebeu. Todas as Américas o receberam da Europa onde é mais antigo que Roma e mais conhecido que água. É um aceno fálico, convite de junção sexual, revoltante para o mesmo sexo. Vindo da Ásia Menor, com a devoção ao deus Priapo, consistia num ato defensivo contra o assalto dos entes invisíveis e malfazejos. O órgão masculino, semeador da Vida, guardaria sua continuidade ante os malefícios da Esterilidade provocados pela Magia em serviço do Mal, o diabólico piacere del Male, como dizia Momigliano. Essa intenção protetora desapareceu e a interpretação vulgar é mero humorismo agressivo, acidentalmente insultuoso e desafiante, como o estender do dedo médio. O membro viril, entretanto, em miniaturas de chifre de madeira, com orifício para sustentação, ainda é usado, oculto na cinta da calça ou cueca, prometendo virilidade permanente. Em 1952 adquiri um exemplar no Mercado Público do Salvador, na Bahia, e José Valadares, companheiro e mestre de informação, disse­-me ser objeto de venda regular. Mas isto é outra estória... Qualquer compêndio sobre o culto priapista ou estudo das peças fálicas do Museu de Nápoles darão imagem da importância da verga fecundadora como motivo artístico. Os gestos que a reproduzem ou sugerem, decorrentemente, são incontáveis. Ver Bater no Cotovelo.