FAZER LOMBO!

Era o comando para a vítima salientar o dorso, facilitando o espancamento. A legislação penal da Renascença mandava poupar o rosto e assim o azorrague castigaria unicamente o tronco e as nádegas. Da cintura para cima vivia a região dos açoites aos escravos na execução pública no pelourinho, como ainda desenhou Debret. Nos cárceres privados as sevícias eram indistintas e cruéis. Os carregadores curvam as costas transportando grandes pesos nos ombros. É a posição clássica de Jesus Cristo levando a cruz ao Calvário. Os condenados à crucificação conduziam ao local da expiação o instrumento do próprio suplício. Restou o gesto expressivo significando a resignação sofredora, a paciência dolorosa, a resistência no esforço amargurado. Presentemente repetem a atitude de martírio, referindo­-se a uma tarefa insofrível e desmesurada. O dorso curvado é símbolo do Cativeiro. A velha Celestina alcoviteira do século XV ensinava que de la cinta arriba todo se perdona, mas é outro assunto.