Abanar a cabeça em contínua discordância. Movimento automático dos teimosos congênitos, supondo-se com o monopólio da lógica formal. Imagem habitual na conversação do Des. Luís Tavares de Lyra (1880-1962), referindo-se aos colegas magistrados, de opinião imóvel e difícil constatação da Evidência. Ocorrera também a Gilberto Amado,40 evocando a obstinação do Presidente Washington Luís: “Assim que alguém começava a manifestar-se, a avançar qualquer ponderação, abanava logo a cabeça, como para afastar mosquito...” “No curso do diálogo, ao menor comentário, que não chegava a ser contradita e muito menos objeção, mal as palavras me iam saindo da boca já ele estava abanando a cabeça para afastar mosquito...” Numa conversa em que aventei a hipótese de que, em determinadas circunstâncias, o ouro da Caixa de Estabilização poderia fugir, “espantou mosquito com a cabeça”. A comparação pode ser anterior ou criação independente, inteiramente alheia ao conhecimento recíproco.
40 Depois da Política, 1960.