NOVAS TROCADAS

Um amigo comentando a interpretação dada no Rio de Janeiro de providências oficiais de Brasília, concluía enrolando as mãos como fazendo e desfazendo embrulho: Novas trocadas! A comunicação interessada tentava mudar a substância do ato administrativo. Era novidade, mas adaptada ao consuetudinarismo favorável. Bismarck não acreditava em telegramas nem Assis Brasil nas informações apressadas. Não sei se o gesto acompanhava a frase que é secular na técnica utilitária. Em janeiro de 1591 o Rei Filipe, de Espanha e Portugal, escrevia ao Vice­-Rei da Índia Matias de Albuquerque ordenando enviar para o Reino, na primeira nau, o poeta Fernão d’Álvares, Vedor da Fazenda em Ormuz, que, partindo para Ásia se descompusera em dar Novas Trocadas desses Reinos em prejuízo deles e do serviço Real. Devia ter sido partidário do Prior do Crato, adversário da onipotência castelhana em sua pátria, para onde voltou e faleceu quatro anos depois. A imagem é que continua contemporânea.