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27 de abril, 20h05 PDT
Santa Bárbara, Califórnia

Sou um homem de sorte…

Painter Crowe olhava fixamente para a silhueta da sua noiva contra o clarão do pôr do sol sobre o Pacífico. Ela encontrava-se de pé à beira de uma escarpa, a contemplar a praia, olhando fixamente na direção de Rincon Point, onde alguns surfistas ainda se aventuravam nas últimas ondas do dia. Da praia imediatamente em baixo vinha o ruído gutural das focas-do-porto, cuja zona de nidação estava interdita aos turistas durante a época de acasalamento.

A sua noiva, Lisa Cummings, observava a paisagem com binóculos. Da sua posição, Painter, por sua vez, observava-a a ela. Lisa usava um biquíni amarelo, coberto por um páreo fino de algodão apertado na cintura. O tecido transparente permitia-lhe apreciar a curvatura das costas dela, o ângulo da anca, o comprimento da perna.

De onde se encontrava, Painter chegou a uma conclusão definitiva.

Sou o homem com mais sorte do mundo.

Lisa interrompeu a fantasia dele, apontando para baixo.

— Esta é a praia onde fiz a investigação para a minha tese de doutoramento. Testei a fisiologia do mergulho das focas. Devias ter visto as crias… tão queridas. Passei semanas a colocar oxímetros nas mais velhas, para conseguir estudar a sua adaptação ao mergulho a grande profundidade. O corolário da respiração humana, oxigenação, resistência e vigor…

Painter aproximou-se dela e deslizou o braço de forma muito íntima à volta da sua cintura.

— Podíamos fazer a nossa própria investigação sobre resistência e vigor no nosso quarto de hotel.

Lisa baixou os binóculos e sorriu para ele, usando o dedo mindinho para afastar do rosto umas quantas madeixas de cabelo louro sopradas pelo vento. Arqueou uma das sobrancelhas.

— Acho que já fizemos essa investigação muitas vezes.

— Ainda assim, nunca se pode ser demasiado minucioso.

Lisa virou-se para ele, encostando o seu corpo ao dele, e disse:

— És capaz de ter razão.

Beijou-o suavemente nos lábios, demorando-se lá por alguns momentos, depois soltou-se do abraço.

— Mas já é tarde e temos encontro marcado com a empresa de catering dentro de uma hora para decidir a ementa final para o jantar de ensaio.

Painter soltou um grande suspiro, enquanto observava o sol a desaparecer completamente. O casamento era daqui a quatro dias. Ia ser um evento pequeno, celebrado numa praia local, na presença dos amigos e familiares mais próximos, seguindo-se um copo-d’água no Four Seasons Biltmore em Montecito. No entanto, à medida que o dia fatídico se aproximava, a lista de pormenores parecia tornar-se cada vez maior. Para fugirem ao caos durante algumas horas, os dois tinham ido passear ao final da tarde pelos desfiladeiros de Carpinteria, sobranceiros ao Pacífico, e pelos campos salpicados de eucaliptos muito altos.

Eram momentos como estes que permitiam a Painter ficar a conhecer pormenores mais íntimos da infância de Lisa, das suas raízes por aqui. Ele já sabia que ela crescera no sul da Califórnia e se formara na UCLA, mas vê-la no seu próprio elemento, a recordar, a contar histórias, simplesmente a gozar o seu sol nativo, fez com que a amasse ainda mais.

E como poderia ser de outra forma?

Desde o longo cabelo louro à pele suave, que se bronzeava com o mais ligeiro toque do sol, ela era a epítome do Estado Dourado. Ainda assim, só um tonto resumiria o seu encanto à sua beleza física. Por detrás daquela beleza estava uma mente que eclipsava tudo e todos. Não só terminara o curso de medicina com nota máxima na UCLA, como também fizera um doutoramento em fisiologia humana.

Com tantas razões que os ligavam ao oeste, tinham escolhido Santa Bárbara para o local do casamento. Embora ambos vivessem agora na costa oposta, em Washington, D.C., a maior parte dos amigos e familiares de Lisa ainda moravam ali. Assim, mudar o local do casamento para a Califórnia fazia todo o sentido, sobretudo porque Painter não tinha família. Ficara órfão muito novo e sempre se mantivera afastado do lado nativo-americano da sua família; a sua única parente era uma sobrinha afastada e ela frequentava a Universidade de Brigham Young no Utah.

Tal fazia com que apenas alguns convidados tivessem de atravessar o país, nomeadamente o círculo de amigos mais chegados de Painter na Força Sigma. Não que a viagem fosse fácil de fazer para esses poucos. O comandante do grupo, Grayson Pierce, tinha o pai a piorar da doença de Alzheimer e…

— Já te disse que falei com a Kat esta manhã? — perguntou Lisa, como se conseguisse ler-lhe os pensamentos.

Painter abanou a cabeça.

— Ela conseguiu arranjar alguém para tomar conta das miúdas. Devias ter ouvido o alívio na sua voz. Acho que ela não estava muito desejosa de viajar tantas horas de avião com duas crianças pequenas a reboque.

Painter esboçou um sorriso rasgado enquanto regressavam pelos rochedos cada vez mais sombrios.

— Também desconfio que a Kat e o Monk precisem de tirar umas férias das fraldas e dos biberões a meio da noite.

Kathryn Bryant era a especialista dos serviços de informação da Sigma, ocupava o segundo posto na cadeia de comando de Painter e era o seu conhecido braço-direito. O marido, Monk Kokkalis, também era agente da Sigma, qualificado em medicina forense e biotecnologia.

— Por falar em fraldas e biberões a meio da noite… — Lisa inclinou-se sobre ele, entrelaçando os seus dedos nos dele. — Talvez sejam essas as tarefas de que nos vamos queixar muito em breve.

— Talvez.

Pelo seu ligeiro suspiro, Lisa deve ter percebido a hesitação na voz de Painter. É evidente que já tinham falado de ter filhos, de começar uma família. No entanto, fantasiar era completamente diferente de ser confrontado com essa realidade.

As mãos dela desprenderam-se das dele.

— Painter…

O toque agudo e insistente do telemóvel de Painter interrompeu-a, fazendo com que não tivesse de se explicar — o que era uma coisa boa, pois ele não era capaz de explicar a sua relutância, nem a si próprio. As suas costas ficaram tensas ao ouvir o toque distinto. Lisa não se opôs a que ele atendesse, sabendo que aquele toque em particular só soava em caso de emergência.

Painter colocou o telemóvel junto à orelha.

— Daqui fala Crowe.

— Diretor — era Kat Bryant —, temos problemas.

Para a segunda no comando lhe estar a telefonar neste momento, tinha de ser um grande problema. Mas, também, quando é que a Sigma lidava com problemas pequenos? Como filial secreta da DARPA, a agência de projetos de investigação avançada de defesa, a Sigma Force lidava com ameaças globais de natureza científica ou tecnológica. Enquanto diretor, Painter reunira um grupo de elite de soldados das forças especiais de diversos ramos e treinara-os em várias áreas científicas para atuarem como agentes no terreno para a DARPA. Quando um problema caía nas mãos da Sigma, raramente era uma preocupação menor.

Normalmente, um telefonema urgente deste tipo punha Painter nervoso, mas não podia negar o alívio que sentiu, agradecendo a distração. Se tiver de provar mais um pedaço de bolo de casamento ou decidir qual o centro de mesa que fica bem em que mesa no copo-d’água…

— O que se passa? — perguntou a Kat, preparando-se para a resposta.

20h09

«Não, não, não!»

Jenna carregou com força no pedal do travão e sentiu um puxão no ombro do cinto de segurança. Nikko caiu do banco ao lado dela. Enquanto o husky se levantava do fundo da carrinha, Jenna olhava pelo espelho retrovisor.

O mundo atrás dela tornara-se uma parede negra de fumo, descendo impiedosamente do cimo das montanhas. Jenna tinha de sair do seu caminho, mas a estrada à sua frente desenrolava-se numa curva apertada, ziguezagueando pela colina abaixo em direção à bacia distante do lago Mono. Aventurarem-se por aquele caminho de altos e baixos ia levá-los diretamente de volta ao fumo tóxico. Contorcendo-se no assento, Jenna fez a curva da estrada e constatou que, de facto, esta a conduzia de volta à nuvem furiosa.

Apesar da frescura do final de tarde, Jenna limpou o suor da testa.

Nikko observava-a, confiante de que ela os levaria para um local seguro.

Mas para onde?

Jenna ligou os máximos da carrinha e estudou o caminho acidentado à sua frente. Reparou em marcas de pneus muito esbatidas que saíam da estrada de gravilha em direção ao terreno aberto de arbustos e uns poucos pinheiros. Ela não sabia onde o caminho estreito levava. É evidente que os turistas e os adolescentes locais faziam os seus próprios trilhos ilegais, acampando nas ravinas que existiam por perto ou fazendo fogueiras junto aos riachos. Só Deus sabe quantos já enxotara dali enquanto guarda-florestal.

Sem escolha, arrancou a toda a velocidade em direção ao caminho acidentado. Embateu com a carrinha na berma da estrada e entrou no trilho estreito. Jenna acelerou pelo caminho cheio de sulcos, fazendo estremecer todos os parafusos e porcas da sua Ford. Nikko arfava ao seu lado, as orelhas no ar, os olhos em todo o lado.

— Aguenta-te, amigo.

O terreno tornou-se ainda pior, o que a fez abrandar. Apesar da urgência, Jenna não podia arriscar partir um eixo ou rasgar um pneu num daqueles pedregulhos afiados. O seu olhar voltava-se constantemente para o espelho retrovisor. Atrás dela, o pano de fumo engolia a lua.

Deu por si a suster a respiração, com medo do que estava para vir.

O caminho começou a subir, aproximando-se do cume de outra colina. O seu progresso rápido abrandou para um rastejar traiçoeiro. Amaldiçoou a sua sorte e considerou abandonar o trilho, mas tudo à sua volta se tornara ainda mais rochoso. Não havia nenhuma direção que parecesse melhor do que a que estava a seguir.

Agora completamente empenhada, carregou ainda com mais força no acelerador, testando ao máximo o sistema de tração às quatro rodas da carrinha. Por fim, a inclinação voltou a nivelar-se. Aproveitando a situação, Jenna acelerou corajosamente numa curva do caminho, contornando a colina, e viu a luz dos seus faróis incidirem sobre um amontoado de pedras de uma velha derrocada que se atravessava no caminho.

Jenna travou a fundo, mas a pick-up derrapou na areia e nas pedras soltas. O para-choques da frente embateu no pedregulho que se encontrava mais próximo. O airbag disparou, batendo-lhe no rosto como um saco de cimento oscilante. Tirou-lhe o ar. A sua cabeça tinia, mas não tão alto que não ouvisse o motor dar o último suspiro e morrer.

Enquanto os seus olhos se enchiam de lágrimas de dor, Jenna sentiu o sabor a sangue do corte que fizera no lábio.

Nikko

O husky ainda se encontrava no assento, não parecendo afetado pelo impacto.

— Anda.

Jenna deu um encontrão na porta para a abrir e caiu do banco para o chão. Levantou-se com as pernas a tremer. O ar cheirava a fumo e óleo.

Já chegámos demasiado tarde?

Virou-se em direção ao fumo e lembrou-se da lebre a sair aos saltos da mortalha de fumo e cair para o lado a contorcer-se. Deu uns quantos passos, cambaleantes, com certeza, mas não por causa do veneno. Apenas aturdida. Ou, pelo menos, esperava que fosse essa a razão.

— Continua a andar — ordenou a si mesma.

Nikko juntou-se a ela, saltitando sobre as patas, a sua cauda farfalhuda a ondular como um estandarte de determinação.

Atrás deles, a parede sólida de fumo começava a desvanecer-se. Ainda assim, continuava a cair sobre ela como uma onda que parecia querer engoli-la. Ela sabia que nunca seria capaz de fugir dela a pé.

Olhou fixamente para o topo da colina.

A sua única esperança.

Retirou uma lanterna da carrinha e começou a subir a colina rapidamente. Optou por um caminho que cruzava a derrocada, assobiando para manter Nikko por perto. Assim que a atravessou, descobriu um campo ondulante de Purshias e flox. O terreno aberto permitia-a movimentar-se mais rapidamente. Correu em direção ao topo da colina, seguindo o feixe de luz saltitante da lanterna, subindo cada vez mais.

Mas seria a colina suficientemente alta?

A respirar com dificuldade, forçou as pernas a correr ainda mais. Nikko trotava silenciosamente ao seu lado, ignorando o ocasional esvoaçar repentino de um pardal ou o salto de uma lebre de cauda preta.

Por fim, chegaram ao cimo. Só nessa altura Jenna se atreveu a espreitar por cima do ombro. Observou a imensa onda de fumo a chocar contra a encosta da colina e a espalhar-se para os lados, enchendo os vales mais baixos em redor e transformando o topo da colina numa ilha no meio de um mar venenoso.

Mas durante quanto tempo seria aquele refúgio seguro?

Jenna fugiu para ainda mais longe da costa mortífera, em direção ao ponto mais alto da colina. Perto do topo, arestas afiadas recortavam-se sob a luz das estrelas, assinalando as ruínas de uma cidade-fantasma. Contou cerca de uma dúzia de celeiros e edifícios. Postos militares avançados como este, que remontavam à época da corrida ao ouro, salpicavam as colinas locais, a maior parte esquecida e sem constar no mapa, à exceção da cidade vizinha de Bodie, uma cidade-fantasma de maior dimensão que se encontrava no centro do Parque Histórico Estatal de Bodie.

Ainda assim, Jenna dirigiu-se para o frágil abrigo, arranjando forças ao avistar as paredes e os telhados que ainda se encontrarem teimosamente de pé. Enquanto se aproximava da estrutura mais próxima, pegou no telemóvel, na esperança de estar suficientemente alto para conseguir rede. Com o rádio da carrinha submerso no mar tóxico, o telemóvel era o único meio de comunicação.

Com um enorme alívio, reparou numa única barra iluminada que indicava a força do sinal.

Não é ótimo, mas não me posso queixar.

Marcou o número do gabinete do coordenador de serviço. A chamada foi rapidamente atendida por um Bill Howard sem fôlego.

Embora a ligação não estivesse boa, Jenna conseguiu ouvir o alívio na voz do amigo.

— Jen, estás b… m?

— Um pouco atordoada, mas estou bem…

— O que… atordoada?

Jenna esforçou-se por ignorar a frustração que sentia em relação à qualidade da ligação. Tentou falar mais alto.

— Ouve, Bill. Tens um grande problema a ir na tua direção.

Tentou explicar a explosão, mas o sinal fraco dificultava a comunicação.

— Tens de evacuar Lee Vining — disse ela, quase aos gritos. — E também as áreas de campismo nas redondezas.

— Não consegui… isso. O que estás a dizer sobre evacuar?

Jenna fechou os olhos, irritada. Respirou fundo duas vezes.

Talvez consiga mais rede se subir ao telhado de um destes celeiros.

Antes de conseguir ponderar o melhor caminho para subir, ouviu-se o barulho de algo a bater baixinho. No início, pensou que fosse o bater do próprio coração nos ouvidos. Em seguida, Nikko ganiu ao ouvir o mesmo barulho. À medida que o som se tornava mais alto, Jenna olhou para o céu e avistou luzes de navegação.

Um helicóptero.

Sabia que era demasiado cedo para Bill ter enviado uma equipa de busca e salvamento. Com os nervos a aconselharem-na a ser cuidadosa, Jenna desligou a lanterna e correu para se abrigar nos edifícios da cidade-fantasma. Ao chegar lá, agachou-se junto a um celeiro velho, ao mesmo tempo que um helicóptero surgia.

Reconheceu a forma esguia e preta do aparelho. Era o mesmo que vira levantar da base militar minutos antes da explosão.

Será que viram a minha carrinha a fugir da zona da explosão e voltaram para trás? Mas porquê?

Sem saber ao certo, manteve-se escondida. Ao chegar ao portão aberto do celeiro, entrou rapidamente com Nikko. Percorreu depressa o interior escuro, parando apenas o tempo suficiente para verificar o telemóvel.

A sua chamada para Bill caíra e o ecrã não mostrava agora quaisquer barras de rede.

Estava isolada de todos, por sua conta.

Ao alcançar a outra ponta do celeiro, espreitou cuidadosamente pelo vidro partido de uma janela. O helicóptero baixou em direção a um campo daquele lado. Quando os patins ficaram suficientemente perto do chão, homens de uniforme preto saltaram de ambos os lados do aparelho. A deslocação do ar provocada pelas pás do rotor massacrava os arbustos que se encontravam à volta do helicóptero.

O coração dela disparou quando reparou nas espingardas que os homens carregavam ao ombro.

Não se tratava de uma equipa de busca e salvamento.

Jenna tocou na sua única arma, presa num coldre à anca. Uma taser. Por lei, os guardas-florestais da Califórnia não podiam ter armas de fogo, mas era bastante desanimador sobretudo numa situação como a de hoje.

Nikko rosnou com a agitação que aumentava lá fora.

Jenna fez sinal com a mão para que parasse, sabendo que a única hipótese de sobreviverem era mantendo-se escondidos.

Enquanto se agachava ainda mais, o último homem, um autêntico gigante, saltou do helicóptero e afastou-se alguns passos. Trazia consigo uma arma comprida de cano largo. Ela não a reconheceu, até um jato de fogo sair disparado da ponta, iluminando o campo.

Um lança-chamas.

Demorou algum tempo para perceber a necessidade de usar uma arma daquelas. Em seguida, os seus dedos apertaram com força o parapeito da janela do celeiro, reparando na madeira seca e retorcida. Estava escondida dentro de um verdadeiro barril de pólvora.

Lá fora, o grupo de homens armados espalhava-se por todo o lado, preparando-se para cercar os pequenos edifícios.

Eles devem saber que estou aqui, escondida algures na cidade-fantasma.

O plano deles era claro. Tencionavam queimar tudo para a fazer sair do esconderijo para campo aberto.

Para além do local onde os homens se encontravam, o mar tóxico serpenteava em redor do cume da colina. Não havia como fugir desta ilha. Jenna agachou-se ainda mais, a sua mente a pensar freneticamente nas opções que tinha. Restava apenas uma certeza.

Não há maneira de sobreviver a isto.

No entanto, isso não significava que ia deixar de ser guarda-florestal. Pelo menos, deixaria uma pista sobre o seu destino, sobre o que realmente lhe acontecera ali.

Nikko encontrava-se ao seu lado.

Abraçou-o com força, sabendo que seria provavelmente a última vez.

— Preciso que faças uma última coisa por mim, amiguinho — sussurrou-lhe ao ouvido.

Nikko abanou a cauda ruidosamente.

— Lindo menino.