Parte IX – 12/10/1980

Os anos 1970 foram pródigos em Humor && Quadrinhos, apesar da censura, apesar dos duros governos militares, apesar do AI-5. Os artistas nacionais jamais entregaram os pontos, satirizando direta ou indiretamente os governos militares e os políticos. Todavia, o general Médici conseguiu ser o único dirigente brasileiro a nunca ser caricaturado, o que não deixa de ser um recorde significativo…

A Renovação do Humor

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Com o surgimento de O Pasquim e outros jornais chamados de “alternativos”, representantes da imprensa independente, o humor se renovou. Contribuíram para isso, principalmente, os jornais Movimento, Opinião, O Repórter, Hora do Povo, Em Tempo, Tribuna da Luta Operária e muitos outros. Também alguns jornais diários, representantes da grande imprensa, deram ênfase aos cartuns e tiradas humorísticas, além de publicar quadrinhos nacionais. Destacou-se a Folha de S.Paulo, além de Última Hora, Jornal da Tarde, etc., em São Paulo, e O Dia, Tribuna de Imprensa e Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.

Os humoristas mais marcantes da época continuaram sendo Ziraldo, Jaguar, Henfil, Fortuna, Zélio, Claudius, Millôr e outros, mas muitos artistas novos surgiram. Em 1974, surgia o Salão de Humor, em Piracicaba (SP).

O Salão Internacional de Humor

Dentre as várias mostras de Humor && Cartuns, foi o salão de Piracicaba que mais se destacou, tornando-se internacional em 1976. A cada ano, mais e mais humoristas surgiam, em sua maioria jovens, através dessa mostra. Os premiados foram se sucedendo e, entre eles, destacamos: Laerte Coutinho, Marcos Benjamin, Chico Caruso, Lailson Cavalcanti, Luiz Solda, Glauco Villas Boas, César Villas Boas, Hermínio Castelo Branco, Ivan Saidenberg (o autor). Fausto Longo, Jorge Nagao, Carlos Hering, Yosimaro Sakita, Estevão Niemeyer, Francisco Juska Filho, Ivan Fernandes, Massao Hotoschi, Oscar Grillo, Neltrair Abreu (Santiago), Josanildo Lacerda, Fernando Rivaben, Abelardo Libório, etc.

CRÁS! – A Explosão dos Quadrinhos

Crás! foi o nome escolhido para uma das mais importantes publicações nacionais de histórias em quadrinhos. Essa revista foi lançada pela Editora Abril, a 6 de fevereiro de 1974, não chegando a completar 1 ano de existência, mas revelando novos autores brasileiros e novas personagens, além de republicar obras de notável valor artístico de autoria de Jayme Cortez.

Fizeram a revista, entre outros, os seguintes artistas: Renato Canini (Kactus Kid), José Lanzellotti (Lendas Brasileiras), Carlos Alberto de Oliveira, o “Xalberto” (Olimpo), César Sandoval e Odair Bernabé (Aragão), Ivan Saidenberg e Carlos Herrero (Vavavum), Waldir Ygayara (Nina), Michele Iacoca, Ruy Perotti (Satanésio), Jayme Cortez (Zodíaco), Júlio de Andrade Filho e Izomar Guilherme (Zing, Zong, Crunch), Eduardo Octaviano

Walmir Amaral (Alex e Cris), Primaggio Mantovi (Cafuné && Acácio), Ivan Saidenberg e Ivan Washt Rodrigues (A Guerra Que Não Houve – Episódio baseado na História do Brasil), etc.

Os pulos do “Pererê”

Também através da Abril, seria relançado o excelente personagem “Pererê”, de Ziraldo, com histórias criadas em equipe, sob orientação do autor, que revisava cada história pessoalmente. De julho de 1975 a abril de 1976, a revista foi publicada, também não atingindo um ano de vida. Todavia, foi mais um passo importante no lançamento de novos valores, que trabalharam junto com Ziraldo. Destacamos os seguintes: Brasílio M. da Luz, Paulo José da Silva, Thereza Saidenberg, Ivan Saidenberg (o autor), Júlio Andrade Filho, Ruy Perotti, criando argumentos, além de Napoleão Figueiredo, Primaggio Mantovi, Roberto Fukue, Eli Leon, Renato Campello, nos desenhos, e Euclides de Andrade, Sideral M. Luz, Micchio Yamashita, Ricardo Correa da Silva, Selma Bertolino, Luiz Podavin e outros, na arte final.

As palhaçadas de “Sacarrolha”

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Primaggio Mantovi, jovem italiano radicado no Brasil, lançou o palhaço “Sacarrolha”, em 1973, através da Rio Gráfica e Editora. Essa excelente personagem seria publicada pela Abril, em 1975, com a mesma equipe de “Pererê”. Também essa revista não teve grande duração, mas, entre os pulos do “Pererê” e as brincadeiras de “Sacarrolha”, surgiram ainda “Satanésio”, de Ruy Perotti, em revista própria, além de “Cacá e sua Turma”, de Ely Barbosa. Além disso, a partir de 1970, a Abril passou a publicar “Mônica”, depois “Cebolinha” e finalmente “Pelezinho”, de Mauricio de Souza. Apesar de tudo, ninguém segurava os quadrinhos brasileiros.