Trimm, trimm
– Olá?
– Olá… Stacey?
– Sim… Laine, olá! Estou tão feliz por teres ligado. Espera um segundo, por favor. – Pousei o auscultador na mesa da cozinha. – Mãe, é a Laine. Vou falar com ela no teu quarto, está bem? Podes desligar o telefone quando me ouvires atender lá em cima? – Corri pelas escadas e fechei a porta do quarto dos meus pais. – Já cá estou, mãe. – Ouvi um clique quando ela desligou o telefone da cozinha. – Muito bem, já podemos falar – disse para a Laine. – Então, o que se passa?
– Bem, estava ligar para saber o que aconteceu com o Clube das Baby-Sitters. No fim de semana passado, disseste que se passava algo entre vocês e uma agência qualquer.
– Oh, nem vais acreditar! A Agência deu falência!
– Estás a brincar!
– Não, juro – afirmei. – Os clientes pararam de usar a Agência porque chegaram à conclusão de que não podiam confiar na Liz nem na Michelle – tu sabes, as duas fundadoras da Agência – para encontrarem boas baby-sitters. Mas sabes que mais? Então, a Claudia contou-me isto na segunda-feira. Na terça-feira, chegamos à escola e encontrámos a Liz na entrada com um cartaz que diz «Makeovers Inc.», e ao seu lado está a Michelle a distribuir panfletos. A Kristy, a presidente do nosso clube, ficou tão curiosa que foi lá buscar um, apesar da Michelle a olhar como se ela fosse uma cobra, ou uma barata, ou algo do género.
A Laine riu-se.
– Lemos o panfleto – continuei – e descobrimos que a Liz e a Michelle já montaram um novo negócio! Ligas-lhes e paga-lhes cinco euros para elas te ensinarem a colocar maquilhagem, ver qual é o melhor tratamento para o teu cabelo e esse tipo de coisas. É perfeito para elas, porque elas só se preocupam com isso. Depois, por mais cinco euros, elas vão contigo às compras e ajudam-te a escolher roupas e acessórios novos. Até têm preços especiais para as alturas dos bailes e das férias. Aquelas miúdas são espertas, Laine. Provavelmente vão fazer mais dinheiro com este negócio do que faziam quando agendavam trabalhos como baby-sitter para os amigos delas. Ah, meu Deus, tenho tanto para te contar! – exclamei. – Ontem fui tomar conta da Lucy Newton, a bebé que te falei, que nasceu há uns dias.
– A sério? – guinchou a Laine. – Pudeste tomar conta dela?
– Bem, mais ou menos. A mãe dela estava em casa, mas eu tive de ficar com ela e com o irmão durante duas horas enquanto a senhora Newton estava numa reunião. E pude pegar-lhe ao colo e dar-lhe o biberão. Foi fantástico! Mal posso esperar até poder ficar mesmo sozinha a tomar conta dela. Ah, e sabes que mais?
– O quê?
– Lembraste da Charlotte Johanssen, a menina pequenina que estava a ter problemas na escola?
– Sim?
– Bem, os pais dela tiveram uma reunião com a professora e decidiram colocá-la no terceiro ano. A matéria do segundo ano é demasiado fácil para a Charlotte e os colegas não gostavam dela, porque ela fazia os trabalhos demasiado rápido e sem erros. A professora acha que será melhor para a Charlotte começar numa nova turma, onde as crianças não a conhecem e a matéria é mais desafiante. A Charlotte parece contente com esta decisão. Ela vai para a nova classe depois do Natal.
– Isso é ótimo. Gostava mesmo de conhecer todas essas pessoas, Stace. Sinto como se já as conhe… Espera um segundo… Stacey, a minha mãe diz que tenho de desligar dentro de dois minutos.
– Oh, não! – choraminguei. – Bem, espera. Eu falo depressa. Fui ao Baile de Natal com o Pete e divertimo-nos muito. Comprei um vestido novo. E, para o Natal, os meus pais vão oferecer-me um telefone para o meu quarto, para eu poder ligar-te! Quero saber, exatamente, quantas vezes a Deirdre e o Lowell já saíram juntos, contando até com as idas à biblioteca. E o que é que pediste para o Natal?
– Eu… A minha mãe está a dizer que precisa de usar o telefone. Tenho de desligar.
– Mas, Laine, não tiveste tempo de me contar nenhuma das tuas novidades.
– Pois não.
– Ei, serás a primeira pessoa a quem vou ligar quando tiver o meu telefone.
– Boa! Está bem! – A Laine baixou o seu tom de voz para um sussurro. – A minha mãe não sabe, mas eu vou ligar-te no dia de Natal, pode ser?
– Fantástico!
– Adeus, Stacey.
– Adeus! Obrigada por teres ligado.
– Falamos dentro de alguns dias.
– Mal posso esperar.
– Também eu.
– E eu.
– Como é que vamos terminar isto?
– Não sei.
– Tenho saudades tuas.
– Também tenho saudades tuas.
– Agora tenho mesmo de desligar.
– Adeus, Laine.
– Adeus, Stacey.
Desligámos. Um grande sorriso surgiu no meu rosto. Acabara de ter uma grande ideia. Se a Laine algum dia me viesse visitar a Stoneybrook, iria elegê-la a membro honorário do Clube das Baby-Sitters.