Subimos os quatro degraus de granito em frente ao Laboratório de Pesquisa. O prédio em si era praticamente de tijolo, com seis andares cor-de-rosa, sem nenhum tipo de enfeite. Passamos por dois guardas armados até os dentes na entrada.
A srta. Pefko mostrou ao guarda da esquerda o crachá cor-de-rosa escrito confidencial bem acima do seu seio esquerdo.
O dr. Breed mostrou um crachá preto, preso em sua lapela macia, escrito ultrassecreto, ao guarda à sua direita. Cerimoniosamente, o dr. Breed pôs o braço ao meu redor, mas sem me tocar, só para mostrar aos guardas que eu estava sob sua augusta proteção e autoridade.
Sorri para um dos guardas. Ele não sorriu de volta. Não havia nada de engraçado na segurança nacional, nada mesmo.
O dr. Breed, a srta. Pefko e eu fomos andando pensativamente pelo saguão principal do laboratório, em direção aos elevadores.
– Um dia desses, peça ao dr. Horvath para lhe explicar alguma coisa – disse o dr. Breed à srta. Pefko. – E veja se não receberá uma resposta amável e clara.
– Ele precisaria começar do zero, da primeira série… ou até mesmo do jardim de infância – disse ela. – Perdi muita coisa.
– Todos perdemos muita coisa – o dr. Breed concordou. – Seria muito bom se todos começássemos de novo, de preferência pelo jardim de infância.
Observamos a recepcionista do laboratório ligar os muitos painéis educativos que forravam as paredes do saguão. A recepcionista era uma garota alta, magra – fria, pálida. Ao seu toque gélido, luzes piscavam, rodas giravam, tubos borbulhavam, campainhas tocavam.
– Magia – declarou a srta. Pefko.
– Lamento ouvir um membro de nossa família do laboratório usar essa palavra repulsiva, medieval – disse o dr. Breed. – Todos esses painéis são autoexplicativos. Foram criados para não haver mistificação. São a própria antítese da magia.
– A própria o quê da magia?
– O exato oposto da magia.
– Não para mim.
O dr. Breed pareceu um pouco irritado.
– Bom – disse ele –, não queremos mistificar nada. Pelo menos nos dê um crédito por isso.