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Comunistas, nazistas, monarquistas, paraquedistas e desertores

Quando voltei à minha poltrona no avião, sentindo-me ainda mais desprezível por ter perdido Mona Aamons Monzano para Frank, retomei minha leitura do manuscrito de Philip Castle.

Procurei Monzano, Mona Aamons no índice, mas lá dizia para procurar Aamons, Mona.

Então procurei Aamons, Mona e descobri quase o mesmo número de páginas de referência que vinha após o nome do próprio “Papa” Monzano.

E depois de Aamons, Mona, vinha Aamons, Nestor. Virei, então, as poucas páginas relativas a Nestor e descobri que era o pai de Mona, um arquiteto, nascido na Finlândia.

Nestor Aamons foi capturado pelos russos e libertado pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Seus libertadores não o mandaram de volta para casa, mas o forçaram a servir de engenheiro para uma unidade da Wehrmacht cujo objetivo era lutar contra guerrilheiros iugoslavos. Foi capturado por chetniks, guerrilheiros monarquistas sérvios, e depois pelos guerrilheiros comunistas que atacaram os chetniks. Paraquedistas italianos, que surpreenderam os comunistas, libertaram-no e o enviaram à Itália.

Os italianos o puseram para trabalhar construindo fortificações na Sicília. Ele roubou um barco de pesca e conseguiu chegar a Portugal, território neutro.

Lá ele conheceu um desertor dos Estados Unidos chamado Julian Castle.

Depois de descobrir que Aamons era arquiteto, Castle o convidou para se juntar a ele na ilha de San Lorenzo e projetar um hospital, que se chamaria Casa da Esperança e da Misericórdia na Selva.

Aamons aceitou. Construiu o hospital, casou-se com uma nativa chamada Celia, gerou com ela uma filha perfeita e morreu.