CAPÍTULO 43

Jim Talmage tinha o seu equipamento instalado na sala de observação, a partir da qual podia monitorizar Bramble através de câmaras e sensores ligados a vários pontos do corpo para lhe medir a tensão arterial, a pulsação, a condutividade da pele e a respiração. Talmage sabia-se capaz de enganar um polígrafo a 100 por cento, e sabia que Hurley conseguia fazer o mesmo, porque tinham praticado um com o outro. Tendo operado em território hostil durante grande parte das suas carreiras, isso era um requisito profissional, para o caso de serem apanhados por outra agência de serviços secretos, ou, pior, por uma organização terrorista. Ser capaz de enganar o polígrafo muitas vezes podia significar a diferença entre a vida e a morte.

Stansfield apareceu ao lado de Talmage.

— Como é que isso vai?

Talmage abanou a cabeça.

— Nada bem.

— Ele está a mentir?

— Não tenho a certeza... o problema é esse.

— Está a esquivar-se às perguntas? — quis saber Stansfield.

— Sim, mas é mais do que isso. Acho que ele sabe o suficiente para aldrabar a máquina, e não ajuda que o Stan esteja a fazer um trabalho de merda.

— Então?

— Já o tenho visto a pressionar muito mais do que isto. Eu costumo prever qual será a pergunta que fará em seguida. É preciso pôr o tipo a pensar numa coisa, fazê-lo inclinar-se numa determinada direção e depois atirar-lhe de chofre com uma acusação, tentar pregar-lhe uma rasteira e ver como reage.

— E ele não está a fazer isso.

— Não. Está a deixar que seja o Bramble a contar a história. De vez em quando, volta atrás e revê qualquer coisa... pede-lhe que esclareça algo.

Stansfield não era novato algum no que dizia respeito a polígrafos. Perdera a conta a quantos tivera de enfrentar, e ordenara milhares de testes daqueles. Havia muitas técnicas diferentes. Talmage descrevera uma técnica a que chamavam dar corda suficiente ao sujeito para se enforcar.

— Isso não me parece invulgar.

Talmage abanou a cabeça e franziu o sobrolho.

— Algumas pessoas fazem-no assim, mas já nem sei quantos destes testes fiz com o Stan. Isto não é o estilo dele. Ele é como um lutador de rua. Não há limites. Quando começa, ataca e continua a atacar até ter o tipo tão aflito que nem se atreve a mentir-lhe.

Stansfield considerou a situação e depois perguntou:

— Será melhor chamá-lo?

Talmage ficou muito desconfortável com a pergunta.

— Isso é uma decisão sua, chefe, mas a haver críticas, será melhor que venham de si. Não estou com muita vontade de que mordam.

— Percebido. — Stansfield não o demonstrou, mas estava extremamente desagradado por ter deixado Hurley criar um ambiente onde toda a gente tinha receio de expressar uma opinião. Virou-se para Irene e Lewis e disse-lhes: — E se vocês fossem ver se têm mensagens? Preciso de trocar uma palavra com o Stan. — Deu uma palmada no ombro de Talmage e disse: — Diga-lhe que faça uma pausa.

Talmage inclinou-se para a frente e carregou no botão de “Transmitir” do microfone.

— Rapazes, vamos fazer um intervalo. Victor, queres que te levemos alguma coisa?

Victor pediu um café simples.

Talmage fitou o grande brutamontes do outro lado do espelho. Já devia saber.

— Sabes que não podemos dar-te café.

— Está bem — surgiu a voz nas colunas. — Pode ser água.

Hurley levantou-se e deixou a sala de interrogatórios. Um momento depois, juntou-se a Stansfield e Talmage. Olhou para este e disse:

— Acho que está a correr bastante bem. Como é estão os valores?

— Uma merda.

Antes que Hurley pudesse responder, Stansfield disse:

— Importas-te de me dizer o que estás a fazer?

— De que é que estás a falar? Estou a tentar arrancar-lhe a verdade.

— Não me parece que estejas — disse Stansfield, sem qualquer emoção extra.

O rosto de Hurley contorceu-se num esgar irritado.

— Ouve, isto não é minha primeira vez. Eu não meto o nariz no que se passa no ar rarefeito do sétimo andar de Langley. Deixa-me fazer o meu trabalho, como eu deixo que tu faças o teu.

— Deixas? — Um laivo de ira insinuou-se na voz de Stansfield. — Pareces estar um pouco confundido, Stan. Eu sou teu chefe. Sou teu superior. Sou eu quem dá ordens. Não me limito a deixar-te fazer o teu trabalho; o meu trabalho é supervisionar o teu. Tu não me deixas fazer nada. Tu és meu subordinado. Compreendes?

— Não compreendo qual é a porra do problema. Há dois anos que ando a avisar-te que o Rapp ia explodir-nos na cara, e vê o que aconteceu, e agora está tudo lixado comigo? Não preciso desta merda. O Victor está a dizer a verdade. É óbvio, e vocês é melhor que acordem e percebam isso.

— Não sabemos se o Victor está a dizer a verdade, porque tu estás a ser muito mansinho com ele e o Jim não consegue obter valores decentes.

— Mas que raio sabes tu acerca de fazer um interrogatório?

Stansfield fitou-o como se nem o visse, não falou durante pelo menos dez segundos e depois disse:

— O que vais fazer é o seguinte, Stan. Vais lá acima apanhar um pouco de ar fresco, fumar um cigarro e chegar a uma de duas conclusões. Ou tu tens razão, nós estamos todos errados e tu sabes tudo, ou vais perceber que te tornaste um idiota insofrível com quem ninguém consegue trabalhar.

Hurley ergueu o queixo e ripostou:

— Tu sabes que eu não preciso desta merda.

— Voltas a enganar-te. Nós estamos todos fartos de aturar as tuas merdas. Estamos todos fartos da tua atitude, por isso, lembra-te, eu sou o teu chefe. Se fores lá acima e daqui a quinze ou trinta minutos continuares a achar que somos todos idiotas e que tu és a única pessoa inteligente, então quero que saias pelo portão da frente desta embaixada e nunca mais voltes. Não me importa para onde vás, desde que te mantenhas bem longe de Virgínia. Mas se, de alguma maneira, conseguires enfiar nessa cabeça dura que não sabes tudo, e decidires que vais deixar de explodir com tudo e todos, então volta e fazemos este interrogatório como deve ser.

Hurley conhecia Stansfield havia quase trinta anos. Nunca vira o amigo tão alterado, e isso incomodava-o. Deu um passo atrás e disse uma palavra que raramente lhe passava pelos lábios.

— Desculpa. Acho que estou com os nervos um bocado estafados.

Stansfield assentiu com a cabeça.

— Vai lá acima. Espairece a cabeça e depois decide-te.

Hurley saiu da sala soturno e abatido e, por uma vez, Stansfield não se importou com isso. Olhou para Chet Bramble do outro lado do espelho e pensou no dossiê do homem. Lera-o anos antes, mas ainda o tinha decorado. Muito do que Lewis deduzira já constava desse ficheiro. Bramble tinha problemas sérios com acatar autoridade e seguir regras. Fora isso que acabara por fazê-lo sair do exército. Stansfield era da opinião de que indivíduos altamente morais e equilibrados nunca poderiam fazer o que a sua equipa fazia, pelo que estava disposto a fechar os olhos a certos defeitos de personalidade. Agora receava ter baixado demasiado os seus níveis de exigência ou, pelo menos, dado demasiada latitude a Hurley. Fosse como fosse, a culpa recaía toda em si.

Lewis e Irene eram boas pessoas. Tinham bom senso e controlavam as emoções. Bramble decerto que não. Era um rufia, como Hurley. Eram do género de homem em quem se podiam confiar trabalhos muito sujos. Os resultados nem sempre eram bonitos, mas faziam o que se pretendia. Rapp, por outro lado, era comedido e preciso. Todas as execuções que realizara até à data tinham sido minimalistas no melhor sentido. Stansfield ainda estava a comparar os dois homens quando Irene entrou de supetão na sala.

— Senhor — disse ela —, tem de ouvir isto. — Agarrou no auscultador de um telefone seguro e começou a marcar uma longa fiada de números. — Acabei de receber uma mensagem no meu serviço. — Passou-lhe o telefone. — É o Mitch.

Stansfield agarrou no auscultador e escutou:

“Temos de nos encontrar. Cheguei finalmente à conclusão de que posso confiar em si. Não acredite em nada do que o Victor diga. Enviei outro tipo à casa segura, fazendo-o passar-se por mim. Queria ver como seria tratado. Não fazia ideia de como seria má a receção. Pensava que, no pior dos casos, apertariam um pouco com ele. Sem a mínima provocação, o Victor despachou-o e depois fez o mesmo aos tipos com quem estava a trabalhar. Apareceram dois locais e ele também os matou. Imagino que esteja a culpar-me a mim por tudo isto. A palavra dele contra a minha... bem, só há um problema. Tenho uma testemunha. Alguém que o seu chefe conhece e em quem confia. Quero apresentar-me, mas não quero ver outra pessoa além de si. Deixe-me um número de telemóvel onde eu possa contactá-la e tenha o chefe a postos para me ouvir. E esta é a minha única proposta. Se vejo o Stan ou o Victor onde quer que seja, acabou-se, e se alguém tentar encontrar-me, muita gente vai acabar magoada.”

Stansfield devolveu-lhe o telefone.

— Onde está o Ridley?

— Na cidade. — Ela verificou as horas. — Ele e a equipa estão a preparar o veículo e o hotel para a chegada do Cooke.

— Ele estava cá ontem à noite?

— Sim.

Stansfield pensou na mensagem de Rapp.

— Devia ser dele que o Rapp estava a falar.

— A testemunha.

Ele assentiu com a cabeça e voltou a atenção de novo para Victor, que estava reclinado na cadeira a beber uma garrafa de água.

— Ligue para o seu serviço e deixe-lhe um número. Use o seu código de supervisora. Trate disso assim que possível e depois telefone ao Ridley e descubra o que ele sabe.

Irene tinha começado a marcar número no telefone seguro e volumoso.

Stansfield considerou a situação geral e acrescentou:

— E diga ao Rapp que eu vou consigo.

Irene marcou mais dois dígitos antes de compreender o que seu superior dissera.

— Tem a certeza de que isso será boa ideia?

Stansfield não queria acreditar que Stan Hurley o tivesse traído, mas tratava-se de uma possibilidade que tinha de encarar. No mínimo, parecia que alguém passara a Fournier uma lista de alvos. Era possível que tivesse sido intercetada eletronicamente, mas, tanto quanto sabia, a lista nunca fora enviada por cabograma seguro, pela Internet, por telefone ou qualquer outra forma conhecida. Fora compilada por si, Irene e Hurley. Depois fora destruída. Ele tinha uma memória fotográfica, tal como Irene. Hurley não, e houvera algumas ocasiões na carreira de ambos em que tivera de o censurar por tomar nota de coisas que nunca deveriam ser postas em papel.

Observou Victor pelo espelho. Parecia relaxado, até confiante, de que estava certo ou de que ia safar-se com o que tinha feito. Como Lewis salientara, Victor era um homem capaz de fazer o que quer que fosse melhor para si. Rapp, por outro lado, só lhes tinha dado trabalho árduo e resultados.

O diretor-adjunto de Operações olhou para trás e respondeu:

— Sim, acho que é boa ideia. Acho que há muito tempo que não tinha uma ideia tão boa.

Irene deixou o número a Rapp e depois ligou para o telemóvel de Ridley. Quando ele atendeu, disse-lhe:

— Espere, o Thomas quer falar consigo.

Stansfield pegou no auscultador.

— Rob, estava na cidade ontem à noite?

— Sim. Cheguei por volta das quatro da tarde.

— Por acaso deparou-se com um amigo em comum?

— Não estou bem a perceber.

— Esteve com um dos seus colegas ontem à noite... testemunhou alguma coisa?

Seguiu-se uma pausa prolongada e depois Ridley disse:

— Não entendo, senhor.

— Esqueça — respondeu Stansfield. — Tem tudo a postos para o nosso hóspede?

— Está quase. Mais uns trinta minutos, talvez.

— Bom. Telefone-me quando ele chegar. — Stansfield desligou e virou-se para Irene.

— Não é o Ridley.

— Então quem poderá ser?

— Não sei, mas não nos preocupemos com isso. Temos questões mais importantes com que lidar. Ponha a malta da documentação a criar um passaporte diplomático para o Mitch. Não quero quaisquer falhas se formos mandados parar pela Direção-Geral. E como é que estamos de veículos?

— Presumo que Range Rovers deem demasiado nas vistas?

Ele assentiu com a cabeça.

— Nada de guarda-costas. Só nós os dois. Usemos alguma coisa do parque automóvel que não chame as atenções. Mandamos os Rovers sair primeiro. O Dr. Lewis pode fazer um belo passeio por Paris com a DGSE a segui-lo.

— Boa ideia — disse Irene. — É melhor ir lá para cima, o meu telemóvel não funciona aqui em baixo.

— Vou consigo. — Em seguida, Stansfield indicou a Talmage: — Vou dar início a um confinamento deste piso. Ninguém entra ou sai sem que eu saiba.

— Compreendido.

Hurley entrou na sala com o seu pequeno telemóvel na mão, e disse, ofegante:

— O meu telefone não funciona aqui em baixo.

— Eu sei. A Irene acaba de dizer o mesmo.

— Bem — começou ele, a abanar a cabeça —, tinha-me esquecido por completo de que tinha mandado dois ativos para substituírem o Victor e a equipa dele na vigilância ontem à noite. Lembras-te do Bernstein e do Jones?

— O jornalista e o operador de câmara?

— Sim, esses.

Stansfield lançou-lhe um olhar reprovador.

— Não me parecem a escolha certa.

— É uma história mais comprida do que aquilo para que temos tempo agora, mas pedi-lhes que usassem os seus contactos na polícia. Além disso, o Victor e a equipa tinham passado o dia inteiro a trabalhar sem parar, por isso mandei-os ir revezá-los por umas horas.

Stansfield continuava a não achar que aquela tivesse sido a ideia mais brilhante de Hurley, mas parecia-lhe que este estava a tentar chegar a algo mais importante.

— Passei aqui a noite e a manhã e, quando subi, o meu telemóvel começou com uma barulheira do caraças. O Bernstein tinha-me deixado quatro mensagens, por isso liguei-lhe. Disse-me que, quando apareceram ontem à noite, dois homens tinham sido alvejados. Eram os dois rapazes da Direção-Geral. Um morto, o outro vivo. Disse-me que estava um tipo a administrar primeiros socorros ao agente ferido. Pedi-lhe que mo descrevesse. Ele disse que o tipo tinha vinte e tal anos, muito cabelo preto, que estava em forma e praticamente de certeza que era francês.

— Porquê? — perguntou Irene.

— Porque falava francês perfeitamente. Começou a dar-lhes ordens. Disse-lhes que ficassem com o agente enquanto ele ia procurar auxílio.

— E? — perguntou Stansfield.

— Nunca voltou. O Bernstein, que esteve em praticamente tantas zonas de guerra quanto eu, disse que o homem misterioso usou Quickclot na ferida e ligaduras de combate para estancar a hemorragia.

— Acha que era o Mitch? — perguntou Irene.

Por um segundo, Hurley não conseguiu falar. Fitava o chão, a abanar ligeiramente a cabeça.

— Não sei que porra se passa, mas por que raio haveria ele de alvejar um agente da DGSE e depois fazer-lhe um curativo?

Irene e Stansfield entreolharam-se e depois este sugeriu:

— Porque não foi ele quem disparou contra os agentes, mas sim outra pessoa?

Todos os olhares se voltaram para o homem sentado na sala de interrogatórios. Seguiu-se um silêncio demorado e depois Stansfield disse:

— Eu e o Stan precisamos de um momento a sós. Irene, vou ter consigo lá acima. Jim e Tom, fiquem por perto. Isto não vai demorar. — Depois de todos terem saído, disse: — Preciso de uma resposta honesta.

Hurley acenou com a cabeça.

— Preciso de um compromisso verbal. Tens de me olhar nos olhos e jurar que me vais responder honestamente.

Hurley detestava que o encurralassem daquela maneira.

— Está bem — respondeu, encarando o velho amigo de frente. — Não vou enganar-te. Pergunta o que quiseres que eu digo-te a verdade.

— Lembras-te de quando fizemos a lista de alvos?

— Sim.

— E memorizámo-la e depois eu rasguei a lista e guardei-a no meu saco para queimar?

— Sim.

Pela forma como Hurley se remexia, Stansfield já percebia que tinha feito algo mal. Para desconhecidos e adversários, era um trapaceiro e mentiroso de primeira, mas, para os amigos mais próximos, era péssimo.

— Quando voltaste à quinta, por acaso recriaste a lista?

— O que queres dizer? — Hurley deu um pequeno passo atrás e cruzou os braços.

— Voltaste a escrever os nomes?

Hurley suspirou.

— Olha, eu não tenho o teu cérebro de computador. Os meus pontos fortes são outros.

— Quantas listas fizeste?

— Uma... mas era mais um ficheiro, na verdade. Precisava de ter esses tipos sob vigilância. Perceber onde tinham mais fragilidades, o que andavam a fazer, onde estariam na semana seguinte e na outra depois.

Stansfield estava tão aliviado como irritado.

— E, conhecendo-te, deixavas o ficheiro numa gaveta destrancada e não num cofre seguro?

— Ouve, ninguém chega sequer a uma milha daquela quinta sem que eu saiba. O sítio é tão seguro como Fort Knox.

— Como é que achas que o Fournier deitou a mão à nossa lista?

— Não faço ideia.

— Podes crer que eu não lhe disse, e duvido de que a Irene o tenha feito. — Stansfield virou-se e olhou pelo espelho. — Então e ele? Ele tinha acesso.

— O Rapp também.

— Achas mesmo que o Mitch entregou a lista para cair numa cilada e ser alvejado? Isso é absurdo.

— Não sei — disse Hurley, com uma frustração evidente. — Não consigo perceber isto.

— Isso é porque não queres enfrentar a verdade.

— E que verdade é essa?

— Que te enganas não só em relação ao Rapp, mas também em relação a ele.

Hurley estudou Victor, tentando discernir alguma verdade que nunca alcançaria daquele lado do espelho. Esfregou a barba a crescer no queixo quadrado e disse:

— O Bernstein e o Jones vêm a caminho. Vou mostrar-lhes uma foto do Rapp e, se eles o identificarem, o Victor vai ver-se e achar-se para explicar porque é que o Rapp haveria de disparar contra os agentes e depois tentar salvar um deles.

— E arriscar expor-se enquanto o fazia.

— Foda-se — resmungou Hurley. Não gostava da direção que aquilo estava a tomar.

— Eu disse ao Jim que queria este piso confinado — disse Stansfield. — O Victor deve ser tratado como um potencial elemento hostil até que eu diga algo em contrário. Não confio na presença de ninguém naquela sala com ele para além de ti. Percebes o que quero dizer?

— Sim. Não queres que ele parta o pescoço a algum funcionário administrativo.

— Exatamente. Ele é criação tua. Achas que ainda consegues lidar com ele?

Hurley assentiu com a cabeça.

— Se se revela que esteve a mentir acerca de tudo isto, parto-lhe a porra do pescoço.