NÓS – XXIII

Eu não fui mais que um cético suicida

que passou, pelo mundo, indiferente,

a passos leves, esbanjando a vida

prodigamente, perdulariamente.

“É um pobre moço! Um doido! Nem duvida

dessa mulher!” – dizia toda gente.

Mas eu passava de cabeça erguida

e te levava a vida de presente!

Dei­-te quanto pediste. Ingênua e nua,

minha alma toda ficou sendo outrora

tua, só tua, unicamente tua.

Quis dar­-te mais: tu nada mais quiseste!

Pelo bem que te fiz, padeço agora

a saudade do mal que me fizeste.