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Uma hora da manhã.

Rock On.

Terça-feira, 24 de dezembro de 1974.

Maldita noite de Natal.

Os sinos estão tocando, você escuta?

Eu descia a Barnsley Road, em direção a Wakefield, com as casas apagando suas luzes de Natal, The Good Old Days terminado.

Levava a pistola na mala do carro.

Atravessei o Calder, passei pelo mercado, entrando na Bullring, com a catedral sob o céu escuro.

Tudo estava morto.

Parei na frente de uma loja de sapatos.

Abri a mala.

Tirei a pistola de dentro do saco de lixo preto.

Carreguei a pistola ainda na mala do carro.

Coloquei mais algumas balas em meu bolso.

Tirei a pistola da mala.

Fechei a mala do carro.

Caminhei pela Bullring.

No primeiro piso do Strafford, as luzes estavam acesas, na parte de baixo estava tudo escuro.

Abri a porta e subi a escada, um degrau de cada vez.

Eles estavam no bar, com uísques e charutos por todos os lados:

Derek Box e Paul, o sargento Craven e o policial Douglas.

Rock and Roll Part 2 tocava no juke-box.

Barry James Andersen, com seu rosto preto e azul, dançava sozinho num canto.

Eu tinha uma das mãos no cano, a outra no gatilho.

Eles ergueram os olhos.

— Puta que o pariu — disse Paul.

— Abaixe essa arma — disse um dos policiais.

Derek Box sorria:

— Boa noite, Eddie.

Eu lhe perguntei o que ele já sabia:

— Você matou Mandy Wymer?

Box girou o corpo e deu uma boa tragada num charuto gordo.

— Sério?

— E Donald Foster?

— E daí?

— Quero saber por quê.

— O jornalista, como sempre. Por que não tenta imaginar, Senhor Furo?

— Por causa de um maldito shopping center?

— Sim, por causa de um maldito shopping center.

— O que Mandy Wymer tinha a ver com um shopping center?

— Quer que eu diga?

— Sim, quero que diga.

— Sem arquiteto, não tem shopping center.

— Então ela sabia?

Ele gargalhava.

— Quem sabe?

Vi meninas pequenas e novas plantas de shopping, mulheres mortas com os cabelos arrancados e a chuva batendo em suas cabeças.

Eu disse:

— Você se divertiu.

— Eu te avisei desde o princípio. A gente ia conseguir o que queria.

— E o que era?

— Vingança e dinheiro. A combinação perfeita.

— Eu não queria vingança.

— Você queria fama — disse Box. — É a mesma coisa.

Lágrimas corriam pelo meu rosto, em direção aos meus lábios.

— E Paula? Por quê?

Box deu outra tragada em seu charuto gordo.

— Como eu disse, não sou nenhum anjo...

Eu atirei no peito dele.

Ele caiu em cima de Paul.

Rock’n’ Roll.

Eu carreguei a arma.

Atirei novamente e atingi o flanco de Paul, fazendo-o cair.

Rock’n’ Roll.

Os dois policiais ficaram parados, olhando.

Voltei a carregar a arma e atirei.

Atingi o policial mais baixo no ombro.

Comecei a recarregar, mas o policial mais alto, o de barba, deu um passo à frente.

Eu virei a arma, pondo o cano ao lado de seu rosto.

Ele ficou parado, olhando para mim, com sua cabeça pendendo para um lado, com um pequeno fio de sangue escorrendo de sua orelha e caindo no paletó.

Rock’n’ Roll.

A sala ficou cheia de fumaça e do cheiro forte dos tiros.

A mulher atrás do bar gritava, havia sangue em sua blusa.

Um homem numa mesa perto da janela tinha a boca aberta e as mãos para cima.

O policial mais alto continuava de pé, com os olhos vazios, e o mais baixo engatinhava em direção ao banheiro.

Paul estava caído de costas, olhando para o teto, abrindo a boca e fechando os olhos.

Derek Box estava morto.

BJ parara de dançar.

Apontei a arma para ele, com o peito aberto.

E perguntei:

— Por que eu?

— Você veio muito bem recomendado.

Joguei a arma no chão e voltei a descer a escada.

Voltei a Ossett.

Estacionei o Maxi de Fraser num supermercado e caminhei de volta a Wesley Street.

O Viva estava parado na porta, a casa da minha mãe no escuro, adormecida.

Entrei no carro e liguei o motor e o rádio.

Acendi meu último cigarro e rezei.

Clare, essa é para você.

Susan, essa é para você.

Jeanette, essa é para você.

Paula, todas são para você.

E para os não nascidos.

Fiquei sentado ali, cantando The Little Drummer Boy, com aqueles dias de folga, aqueles dias abençoados, descendo.

Esperando as luzes azuis.

A cento e quarenta por hora.