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FALAR ABERTAMENTE
Certa noite, no rancho, estava no ginásio e senti que Jillian se esquecera de mim por estar tão concentrada no treino de outros concorrentes. No passado, eu nada teria dito. Teria deixado crescer o ressentimento e reunido provas de que se tratava de mais um exemplo da minha falta de valor. Ao invés, lembrei-lhe que ela não me treinara ainda nessa noite. Ela pediu desculpa e deu-me uma hora de treino particular. Essa noite foi, provavelmente, um dos meus maiores progressos no rancho.
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Os primeiros treinos foram duros mas consegui chegar ao fim. Tinha de provar a mim própria que não ia morrer com os treinos de Jillian e ela acabou mesmo por me elogiar depois de uma das nossas primeiras sessões juntas. Lembro-me de ela dizer: “Meu Deus, estou mesmo orgulhosa de ti. Quero dar-te socos, estou tão orgulhosa.” Acho que ela estava entusiasmada por ter-me de volta, e acho que ela sabia que, quando regressei ao rancho e a escolhi para me treinar, tinha ali a sua primeira mulher a vencer o The Biggest Loser!
Eram tempos muito emocionais para as outras mulheres do rancho. Algumas delas parecem ter deixado de manter um controlo apertado sobre tudo o que comiam – como esquecerem-se de contar as refeições ligeiras – e são essas pequenas coisas que podem realmente piorar a situação. Temos de registar a mais pequena coisa que comemos se queremos continuar a mostrar números que se vejam todas as semanas na balança. A pressão de se pesarem contra os homens estava a ser demasiada para elas, com medo de as hipóteses estarem contra elas. E eu apareci e mudei-lhes ainda mais as regras do jogo.
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Naquelas últimas semanas no rancho, passava a vida a perguntar a Jillian o que é que ela iria vestir no Today Show quando eu ganhasse o The Biggest Loser. “Oh, Ali”, dizia. “Precisas de concentrar-te nas tuas pedaladas!” E eu disse-lhe que precisava de me concentrar no que ela iria vestir quando eu ganhasse para que conseguisse pedalar! Se eu pensasse na força com que ela iria obrigar-me a pedalar, o meu corpo não responderia. Mas se pensasse no que vestiria no meu momento de glória, pedalaria até não poder mais! Se conseguir concentrar-se no que irá criar a partir de todo o trabalho duro, conseguirá passar pelos momentos difíceis.
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DEIXE A SUA MENTE HABITUAR-SE
Quando perdemos muito peso, por vezes leva algum tempo para a nossa mente habituar-se às mudanças que estão a acontecer no resto do corpo. Foi o que me aconteceu no episódio do makeover. Lembro-me de ver a reação de Heba Salama, da sexta temporada, ao tamanho do vestido que o estilista Christian Siriano (de Project Runway) escolhera para ela. Ela disse imediatamente: “Vou experimentá-lo, mas não me vai servir.” Mas serviu! Lembro-me dessa ansiedade. Dê a si própria algum tempo para se habituar ao seu novo corpo e não tenha medo de experimentar coisas novas. Faz parte do divertimento!
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Quando me pesei no final da primeira semana após regressar, ganhei. Venci os homens todos. E, na realidade, ganhei todas as pesagens depois de regressar, exceto uma.
Decidi esforçar-me ao máximo. É o que temos de fazer perante qualquer objetivo ou dificuldade. Fazia tudo o que me pediam e mais ainda. Registava as calorias que ingeria no meu diário de comida e contava no meu Bodybugg as que entravam e saíam. Passava muito tempo a fazer exercício. Nunca parava. Quando não estava a treinar, caminhava. A não ser que estivesse a dormir, nunca estava quieta. Mantinha-me ocupada, fazendo coisas diferentes. Sabia que isso resultara quando estava em casa e pensei: Vou continuar a fazer isto. Tornara-me outra vez ativa em todos os aspetos da minha vida. Já não queria estar sentada sem fazer nada ou vegetar em frente à televisão. Honestamente, continuo a não querer isso. Já nem sequer vou muito ao cinema, porque posso sempre subir para a passadeira e pôr um DVD ou ver televisão enquanto pedalo. Gosto de manter-me em movimento.
SINTO-ME BONITA
Durante a segunda semana após regressar ao rancho, filmámos o episódio do makeover. Só recentemente é que começara a perceber quanto o meu corpo mudara. Reparei imediatamente nas mudanças internas – estava mais forte e era capaz de aguentar o dia com mais energia – mas durante muito tempo senti-me apenas como uma versão mais pequena da Ali maior. Mas agora começava a parecer mais alta e magra. Podia ver no espelho que a forma do meu rosto começara a mudar. Sentia-me bem comigo própria – e sentia-me sexy! Estava de novo orgulhosa. E o melhor acerca do episódio do makeover é que nos permite mesmo apreciar quão longe fomos. A nossa mente tem a oportunidade de habituar-se a todas as mudanças do corpo.
Encontrámo-nos com o anfitrião do Project Runway, Tim Gunn, no Macy’s de Los Angeles. Tínhamos de acordar às três da manhã para estar no Macy’s, prontos para gravar, às cinco! Tinham de filmar o episódio enquanto a loja estava vazia. Levei, é claro, a máscara e a almofada e dormitei na carrinha durante a viagem.
Tim Gunn foi muito agradável e simpático. Depois de o conhecermos, andámos pela loja e demos uma vista de olhos às roupas de que pudéssemos gostar. Ele juntou-se-nos depois, deu-nos a sua opinião sobre o que achava que nos assentava melhor e ajudou-nos a escolher algumas roupas. Eu sabia que tinha perdido peso, mas ainda tinha medo de experimentar os tamanhos mais pequenos, porque não queria sentir-me mal se não me servissem! Mas acabei por provar quatro números abaixo até encontrar alguma coisa que me servisse. Não fazia ideia que estava tão mais magra. Tim só dizia “acho que o teu número é este” e eu respondia “não, acho que sou um número maior”.
Tinha uma imagem na cabeça do estilo de vestido que queria usar, uma espécie de toque moderno num look clássico estilo Audrey Hepburn. Queria estar sexy mas sem exagerar. Tim lá escolheu um vestido estilo império, creme com renda preta e alças estreitas. Quase desmaiei. Há anos que não vestia nada sem mangas! Mesmo nos dias no rancho quando as câmaras não estavam a filmar e as outras raparigas usavam camisolas sem mangas, eu nunca o fazia. Era um dos meus sonhos, perder peso suficiente para exibir orgulhosamente os meus braços, e eis que esse momento chegara. Quando vi o vestido no manequim, achei que era demasiado bonito para eu o usar. Olhei apenas para ele, pensando que era o estilo de coisa que sempre quisera vestir mas que nunca me senti capaz de o fazer. Desatei a chorar.
Fomos mimados durante todo o dia. Arranjaram-nos o cabelo, fomos maquilhadas e eu decidi cortá-lo! Aqui estava eu, com a cabeleireira, a deixar ir o meu cabelo todo. Foi, para mim, muito simbólico. Mantivera-o comprido porque achei que nunca ficaria bem com os cortes curtos e modernos de que sempre gostei. Fiquei com o cabelo pelos ombros, com uma franja curta, e senti-me fantástica.