8
É a Minha Noite, e Vai Ser Única como Nenhuma Outra
É claro que é difícil, porque não me sentiria tão bem se fosse de outra forma.
Acredito bastante no poder da recolha das provas do sucesso. Quando tinha excesso de peso e me sentia encalhada, recolhia provas que apoiavam as minhas desculpas para os motivos pelos quais nada era como eu queria que fosse. Dizia coisas como “não encaixo aqui” ou “não estou a ser julgada justamente”. Olhava sempre para o lado negativo para explicar a minha infelicidade. Mas, à medida que perdia peso, adotei o hábito de recolher provas positivas, de olhar para todas os motivos pelos quais podia ter sucesso.
Quando vivia com a Holly no Arizona depois de eu e a minha mãe termos sido eliminadas, Holly estava grávida de oito meses. Nós já éramos chegadas, mas nunca como naquela altura. Quando ela teve a primeira filha – a minha sobrinha Avery – estive no hospital a dar-lhe apoio mas não estive com ela na sala de parto. Antes de saber que ia regressar ao rancho do concurso The Biggest Loser, Holly perguntou-me se eu ficaria ao lado dela quando ela tivesse a sua filha Macy. Foi um pedido comovente e maravilhoso que eu aceitei com emoção. Mas depois, quando soube que ia regressar ao rancho, percebi que não estaria ali para o parto. Disse-lhe que sentia muito por perder o nascimento da minha segunda sobrinha. Porém, Holly disse: “Sabes que mais, Ali? Vou ter muitos filhos, não penses muito nisso. Vai e faz o que tens a fazer.”
Depois de termos completado o triatlo na Austrália, estávamos todos ansiosos com a próxima pesagem. Não sabíamos que efeito a viagem teria nos nossos corpos. No dia da pesagem – 19 de fevereiro – recebi a notícia do nascimento de Macy! Ela era linda e saudável, e o parto de Holly fora rápido e sem problemas. E, pelos vistos, não era apenas o nascimento da minha nova sobrinha – era também o aniversário de Jillian. Quando vi Jillian imediatamente antes da pesagem, ela estava stressada e nervosa para ver como é que eu me sairia. Limitei-me a olhar para ela e disse: “Jill, vai tudo correr bem. Não te preocupes. A minha irmã acaba de ter uma filha no teu dia de anos.” Foi como um presságio. Não tinha de me preocupar.”
Nenhum de nós fez grande coisa naquela pesagem – a maioria apenas perdeu meio quilo ou um quilo. Fui eu a vencedora, com menos um quilo e trezentos. A situação estava difícil para os irmãos Mark e Jay, que ficaram abaixo da linha amarela. Mark, o irmão mais velho, foi para casa no início da competição, desistindo do seu lugar no rancho para que o seu irmão pudesse ficar. Desta vez foi Jay que subiu para a balança e foi para casa, dando a Mark uma segunda hipótese.
Tínhamos apenas mais uma semana no rancho antes da última pesagem. A seguir, os três finalistas iriam para casa durante algumas semanas antes da final ao vivo. Quando regressámos da última viagem, Alison Sweeney disse-nos que iríamos trabalhar sozinhos naquela semana, sem ajuda dos treinadores.
“Achas que consegues outra vez, Ali?”, disse ela. És capaz de voltar a fazê-lo? Tens mais uma pesagem...”
“Não, Alison, tenho mais duas pesagens”, disse-lhe. “A que vem aí e depois a final.” E sim, planeio vencer as duas.”
Mark, Kelly, Roger e eu éramos os quatro finalistas. E Roger, um homem grande, antigo jogador de futebol americano, disse que planeara perder sete quilos naquela semana para estabelecer um novo recorde de perda de peso do concurso The Biggest Loser. É um número de respeito para se conseguir na 15.ª e última semana no campus. Estava preocupada. Já antevia a final, comigo na balança como a primeira mulher a vencer o The Biggest Loser, confetti a cair sobre mim. A pessoa que deixar o rancho com a maior percentagem de peso perdido tem o direito de escolher a ordem pela qual os finalistas serão pesados na final ao vivo. Eu sabia que queria ser a última a subir para a balança, depois de todos os outros, e ter a chuva de confetti sobre mim. Foi o retrato que fiz na minha mente. Precisava de ganhar a última pesagem para que isso acontecesse.
Fiz então as contas. Se Roger perdesse sete quilos, eu tinha de perder quatro. Sabia que Roger iria perder essa quantidade e não mais – ele fazia sempre exatamente o que se propunha fazer. Fui dar uma volta com Mark, pesámos as nossas hipóteses e tentámos calcular os números. Ele achava que já não tinha peso suficiente para perder de modo a superar Roger, e achava que eu também não era capaz de o vencer.
O ÚLTIMO DESAFIO
O último desafio era uma corrida de estafetas na praia mas com uma particularidade: tínhamos de usar um fato de gordo que era, em peso, igual a todos os quilos que perdêramos até então. Para mim, isso significava carregar com 40 quilos no corpo. Tínhamos de correr pela praia até chegar a um conjunto de bandeiras, pegar na que tinha o nosso nome e depois subir até ao topo de um monte próximo.
Estava chateada por ter de usar o fato de gordo. Achava que era humilhante. Compreendia a intenção por detrás do desafio, era uma forma de sentirmos, fisicamente, o quanto estávamos mais leves e de vermos como os nossos corpos estavam diferentes, mas eu de maneira nenhuma queria voltar a sentir o que era carregar aquele peso todo. Vestir o fato foi uma luta – o peso estava concentrado contra o meu peito. Mal podia respirar. E não queria acreditar que costumava andar com este peso todo. Afetou-me física e mentalmente. Estávamos numa praia pública pelo que, quando me bamboleava literalmente pela areia, as pessoas olhavam. Odiei. Eu já não era assim.