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O Círculo Virtuoso
Espero nunca deixar de sonhar, de crescer e de querer sempre mais.
Depois de terminada toda a publicidade pós-final, voltei para o Arizona, para casa. E agora? Sabia que a minha vida era diferente e que a levaria numa direção diferente. Só não sabia o que fazer a seguir. Voltei para o salão e atendi algumas clientes. Paguei as minhas dívidas com o dinheiro do prémio – pela primeira vez na vida, estava livre do excesso de peso e do excesso de dívidas. Obviamente, com o dinheiro do prémio vieram também os pedidos de ajuda, e eu dei. Mas tinha de limitar o que dava, para me proteger a mim própria e porque percebi que dar dinheiro desta maneira não resolve, em última análise, os problemas de ninguém.
Toda a gente parecia ter uma sugestão acerca do que eu devia fazer a seguir, ou então um pedido que queriam que eu satisfizesse, e eu tentei responder a tudo. Comecei a ficar esmagada. Vivia ainda em casa da minha irmã Holly e sabia que tinha de mudar-me. Estava pronta para ficar por minha conta. Porém, desta vez decidi regressar ao lugar onde criara a minha nova vida. Não o rancho, é claro, mas o mais próximo que havia: Los Angeles.
Achava que necessitava de estar sozinha em LA para conseguir novas oportunidades, embora não soubesse que oportunidades seriam essas. Assim, depois de me mudar para a minha nova casa, ocupei o tempo a fazer o que sabia. Ia ao ginásio para fazer bicicleta, a seguir nadava e depois fazia mais exercício. De treinar durante seis a oito horas passei a treinar durante oito a dez horas. Estava sempre a treinar. Quando não o estava a fazer, ficava no meu apartamento ou ia comprar roupa. Comecei a fazer muitas compras. Estava a trocar um vício por outro.
Nunca cheguei realmente a instalar-me no meu apartamento de Los Angeles, porque nunca lá estava. Estava sempre fora a fazer qualquer coisa, a treinar, a viajar. Acho que fiquei assustada porque já não era a Ali de antes do The Biggest Loser. Sentia o dever de preencher os meus dias com muitas atividades. Vivera uma vida tão estruturada no rancho – isolada, sequestrada, as pessoas da TV a aparecerem a toda a hora. E, depois, tudo desaparece num instante. Parte do motivo pelo qual o concurso é tão poderoso é porque as pessoas por detrás dele dão tudo o que têm e eu apreciava a preocupação delas. Elas tornaram-se o meu sistema de apoio principal e agora era difícil habituar-me à sua ausência. Pensava que regressar a Los Angeles resolveria os meus problemas mas, afinal de contas, percebi que não batia certo.
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ADORO O MEU NOVO CORPO!
Adoro os meus ombros, a minha clavícula e as minhas costas. Adoro os meus ombros porque sinto que estão mais largos, saudáveis e tonificados. Dão-me vontade de me erguer orgulhosamente outra vez. Adoro os meus braços e o facto de já não ter medo de os mostrar. Adoro não ter de pensar se uma coisa tem ou não mangas. E adoro as minhas clavículas. Foram os primeiros ossos que senti depois de começar a perder peso e pensei: “Meu Deus, afinal tenho um esqueleto!”
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Tinha de encontrar algum equilíbrio e aceitar os momentos calmos na minha vida. Sou o tipo de pessoa que corre, corre, corre até desmaiar de exaustão. Posso deixar que isso me destrua ou posso aproveitar essa energia e dirigi-la para outro objetivo, torná-la uma bênção. Tinha de arranjar tempo para me concentrar no que queria fazer. Acredito que estamos todos aqui para fazer a diferença. Tinha-me focado tanto nos meus problemas e em perder peso, mas agora era altura de olhar para o quadro global. Queria ajudar as pessoas, porque acredito que podemos criar as vidas que quisermos se acordarmos e recusarmos viver em piloto automático. Mas, primeiro, tinha de desligar o meu próprio piloto automático.
A FUNDAÇÃO ACREDITO, LOGO SOU CAPAZ
Quando estava na passadeira ou no stairclimber, a fazer o meu “trabalho de casa” no rancho, sonhava acordada em criar uma fundação. Já que o Rancho King Gillette, onde The Biggest Loser é gravado, é também um parque do estado, havia campos de natureza e guardas-florestais a passear crianças à nossa volta. Às vezes deparávamos com eles e, lá mais para o fim, os miúdos vinham ter comigo e pediam autógrafos. Diziam que estavam orgulhosos de mim. Disse-lhes que muitos dos exercícios que fazíamos no rancho eram os mesmos que aprendi nas aulas de educação física quando era miúda, como agachamentos, lunges e abdominais, esse estilo de coisas. E muitos deles disseram que as suas escolas já não tinham educação física. Fiquei chocada quando soube que muitas escolas públicas estavam a eliminar as aulas de ginástica por causa de cortes orçamentais. Sou da opinião de que fazer exercício e aprender sobre nutrição é tão importante para os miúdos como os estudos. E praticar desporto é também importante – aprendemos a jogar em equipa, a puxar por nós e a atingir objetivos. Pelo que, por vezes, quando estava na passadeira, pensava comigo mesma: “É isso que quero fazer. Vou iniciar uma fundação para ajudar estes miúdos a ficarem saudáveis.”
Quando considerei a ideia, decidi que queria criar um programa aberto a todos os miúdos, mas que beneficiasse em especial as raparigas. Queria que elas aprendessem a sentir-se bem com elas próprias num ambiente social de apoio onde recebessem encorajamento e desenvolvessem confiança. Porque não ensinar aos miúdos todas estas coisas através da saúde e da boa forma física? Num país cada vez mais ameaçado pelo aumento da obesidade infantil e da diabetes de tipo 2, porque não ensinar-lhes que 3500 calorias equivalem a meio quilo – uma coisa que só aprendi tarde na minha vida? E, mais importante, queria que todas as crianças soubessem um dia o que significa viver um momento de orgulho e sucesso nas suas vidas, como o momento que eu vivi quando subi para a balança na final do The Biggest Loser.
Levei comigo a minha sobrinha de 13 anos, Alexis, a Nova Iorque quando fui lá para uma sessão fotográfica para a revista Prevention em 2008. Depois da sessão, sentámo-nos num restaurante a conversar e eu inquiri-a acerca dos seus sonhos e objetivos para o futuro.
“Não sou realmente boa a nada”, disse ela.
“O que queres dizer?”, perguntei.
“Sou apenas uma rapariga mediana”, disse ela. “Gosto de seguir as regras.”
Lembro-me de Alexis ter, naquele dia, partilhado uma história quando passeávamos pela cidade sobre o quanto ela gostava de seguir as regras na escola. Ela não via como gostar de seguir as regras podia ajudá-la a destacar-se fosse de que maneira fosse. Mas as regras, disse-lhe, devem ser seguidas em muitas situações, como nas associações de estudantes, por exemplo. “Não pensei nisso dessa maneira”, disse ela. Alexis disse também que queria, um dia, ir para a Universidade de Nova Iorque, mas o primeiro pensamento que teve foi “não tenho hipótese”. É claro que tem hipótese!
É assim que quero que a Fundação Acredito, Logo Sou Capaz seja – ajudar crianças a encontrarem o que quer que seja que as faça sentirem-se bem com elas próprias, mostrar-lhes formas de elas poderem seguir os seus sonhos. Será alicerçada na saúde e no bem-estar e ajudará a estabelecer e a celebrar as aspirações e os dons inatos de todas as crianças. Sei que, de alguma maneira, incluirá o desporto, porque sou da opinião de que os desportos ajudam as raparigas a desenvolver confiança e a aprender como competirem umas com as outras de uma forma saudável. Quero criar um clube de raparigas que se estenda ao longo de gerações.
Ainda não faço ideia de como chegaremos lá exatamente. Mas sei que chegaremos. Eu chegarei lá. E isso é um enorme desvio em relação ao que pensava acerca da vida apenas há um ano. Estabeleci uma nova meta e sei que me ajudará a guiar ao longo da próxima fase da minha vida.
ENTRETANTO
Marquei uma reunião (foi uma estreia para mim, “marcar uma reunião”) com Mark Koops, diretor executivo da Reveille, que é a empresa que produz o The Biggest Loser. E ele aceitou! Quando nos encontrámos, disse-lhe que o The Biggest Loser me ajudara a reencontrar-me e a recuperar o controlo sobre a minha vida. Recebera e-mails a dizer “obrigado por mudar a consciência da América”. Queria continuar a fazer parte disso. Queria ter uma ligação com as raparigas normais como eu, com as mães normais, com as jovens normais, e tranquilizá-las. Se elas fossem na direção que não queriam ir, podiam sempre mudar. Tinham apenas de fazer uma escolha.
Mark disse-me que estava à espera desta reunião há cinco anos, à espera de que uma mulher entrasse pela porta e quisesse fazer a diferença. Assim, ao trabalhar com o The Biggest Loser e com patrocinadores como o 24 Hour Fitness e os suplementos proteicos Designer Whey, tornei-me capaz de sair, de falar em público em eventos e de construir relações com mulheres extraordinárias por todo o país – mulheres que deixavam o mundo passar por elas há demasiado tempo, que queriam mudar mas não acreditavam que conseguissem. Quero dar-lhes as ferramentas e a motivação que a mim me foram dadas e ajudá-las a cumprir os seus sonhos.
O QUE É QUE O AMOR TEM QUE VER COM ISSO
Sei que muitas das pessoas que vêm ouvir-me falar pensam que vou aprofundar estratégias para perder peso – mas não é por isso que faço o que faço. Não é esse o quadro global da minha abordagem. A paixão que mostro é por acreditar finalmente em mim outra vez. Quero partilhar a viagem que me fez apaixonar por mim. Porque amor é a palavra que as pessoas não associam habitualmente à perda de peso.
Acho que uma das razões pelas quais consigo relacionar-me tão facilmente é porque sou apenas uma pessoa normal que enfrentou uma viagem extraordinária – que por acaso aconteceu na televisão nacional. Mas a coisa mais importante que quero que as pessoas compreendam é que elas também merecem ter o que eu tive. Merecem ter a melhor vida possível. Quero dar o exemplo, e eu sou o exemplo do que é acreditarmos em nós próprios.
Gosto especialmente de ajudar as mulheres, que vivem frequentemente tão aquém do seu pleno potencial, e muitas vezes isso acontece porque o peso extra está a impedi-las de se sentirem bem com elas próprias. O culpado número um que vejo nessa equação é a falta de tempo que as mulheres dão a elas próprias para ficarem saudáveis e manterem-se saudáveis. Quando é que se tornou aceitável dar o nosso tempo a toda a gente menos a nós próprias? As mulheres tendem a cuidar de tanta gente, a tantos níveis diferentes, que se esquecem frequentemente de cuidar delas próprias.
É importante ter tempo para si própria, por mais ocupada que estiver – interrogar-se acerca do que necessita para viver uma vida feliz. Arranjar tempo para fazer exercício pode ser um desafio, mas pode começar por dar pequenos passos, encontrar formas de incorporar mais atividade no seu dia. Não necessita de ir ao ginásio. Pode andar de bicicleta com o seu marido logo pela manhã, antes de ir trabalhar, pode levar o cão a passear, dar uma volta ao campo de futebol enquanto os seus filhos treinam.
Gosto muito de falar com as pessoas e de fazer parte das suas vidas. Costumava tremer quando tinha de falar perante uma mão-cheia de pessoas. Agora sou capaz de falar para uma assistência de duas mil pessoas sem me sentir nervosa! Isto porque acredito que é importante falar. Quero estabelecer uma ligação com todas as pessoas naquela assistência, porque sei que serão capazes de se identificar com a minha luta.
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PLANEIE – E NÃO DESCARRILE!
Tenho sempre snacks comigo para poder estar sempre preparada não vá dar-se o caso de o dia se complicar e eu ficar com fome. Levo amêndoas, fruta, rolinhos de queijo ou pacotes de proteínas em pó que posso misturar com água.
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FAÇA À SUA MANEIRA
As celebrações não devem ser só sobre comida. Tente festejar ocasiões de outras maneiras. Por exemplo, no meu aniversário, quero ir para uma aula de grupo de bicicleta. Em vez de ir a um restaurante sentir-me tentada, quero que os meus amigos venham suar comigo! Para si, poderá ser um dia a nadar na praia com os filhos ou uma aula de tango com o marido. Há muitas maneiras de festejar, mas sem as calorias.
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Ouço histórias de todos os estilos de vida. Há tantas mulheres a lutar por relações saudáveis com as suas mães, as suas irmãs, os seus amigos, os seus maridos. Têm de encontrar formas de comunicar as suas necessidades com as pessoas mais importantes das suas vidas. E eu não tenho todas as respostas. Mas sou capaz de ouvir e posso transmitir o que aprendi na minha viagem. É isso que tenho para dar.
DIA APÓS DIA
As grandes e radicais mudanças de vida podem reduzir-se a pequenas decisões do dia a dia. Bem sei que contar calorias pode ser aborrecido mas, se não as contar, como vou saber quantas entraram no meu corpo? Quero permanecer consciente; não quero enfiar a cabeça na areia porque tenho receio de saber o quanto estou a comer. Contar calorias dá-me o controlo. É necessário, no entanto, encontrar um equilíbrio acertado e saudável. Não deixe que a vigilância a impeça de saborear os pratos de que gosta – utilize-a para saborear esses pratos com moderação.
O mesmo princípio vale para o exercício físico. Às vezes, há dias em que não me apetece ir para a passadeira. Mas adoro os resultados quando vou. Adoro a maneira como me sinto depois de fazer exercício – dá-me energia para o resto do dia. Domine os exercícios que resultam consigo, os que a deixam mais próxima do objetivo de sentir-se bem, saudável e forte. É importante dominar seja qual for a atividade em que se envolva e esforçar-se ao máximo. Quando varria o chão do salão de cabeleireiro, gostava que a minha área ficasse imaculada. Fiquei com queimaduras nos braços a fazer a piza perfeita. Gosto de ser a melhor mesmo nas tarefas mais simples. Sinto-me orgulhosa e realizada quando faço alguma coisa bem, mesmo se nem sempre gosto da tarefa que tenho em mãos.
A resistência nunca é um agente de mudança. É preciso assumir as ações que a deixarão mais perto do seu objetivo. Faça um autoelogio sempre que consiga cumprir cada um dos desafios que estão no caminho do seu objetivo. Terá de empregar toda a sua energia e trabalhar no duro, mas pense onde é que isso a levará!
Lembre-se, quando a perda de peso se torna num objetivo na sua vida, comer bem e fazer exercício são apenas duas peças do puzzle. Perceber a razão pela qual aumentou de peso é a parte mais difícil. Perguntar a si própria porque fez escolhas tão más, que tipo de sentimentos pode ter estado a tentar evitar – não é fácil. É necessário, no entanto, mergulhar de cabeça na parte emocional da questão. Porque o que sente acerca de si própria reflete-se no seu corpo. Acredito que o meu corpo é um reflexo direto de como me sinto agora, e sei também que era um reflexo direto de como me sentia quando pesava 106 quilos.
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SENTE-SE ENCALHADA?
Pode mudar aquilo que a faz sentir encalhada ou então mudar o que sente acerca disso. Digamos que tem um emprego de que não gosta mas precisa dele para pagar as contas. Tente, a seguir, gostar do “porquê” do emprego. Está a sustentar a sua família, o que é uma bênção! Encontre o lado positivo nas situações difíceis. Pensar desta forma é uma maneira de fugir ao desespero. Recolha provas para o sucesso numa situação.
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É tão importante ter o apoio de relações em que possa confiar quando atravessa este processo. Tem de ser capaz de partilhar os seus sentimentos com pessoas que a ajudem realmente a ir mais fundo e a perceber o que está a acontecer dentro de si. Muitas de nós habituaram-se a estar numa posição secundária e passaram anos – como aconteceu no meu caso – desde a última vez que dissemos a verdade acerca do que queremos ser neste mundo, que tipo de coisas queremos para nós próprias. Encontrar pessoas com quem possa falar, que a ouçam e a aconselhem sem fazerem julgamentos, essa é a chave.
Abraço muitas das pessoas que conheço. Por esta altura, já devo ter abraçado milhares de pessoas. Às vezes, quando estou no aeroporto, uma desconhecida vem ter comigo e abraça-me e eu abraço-a de volta, porque toda a gente necessita de sentir que é valorizada e apreciada. Toda a gente merece um abraço! Quando abraço estas pessoas, desejo o melhor para elas. Penso: “Tu és capaz.” Espero sinceramente que elas possam acreditar – e logo serem capazes – nelas próprias.
MANUTENÇÃO
Pensava que a manutenção iria ser muito mais difícil do que acabou por ser. Trabalhamos no duro para chegar a determinado ponto e depois temos apenas de viver a nossa vida e ter cuidado com as nossas escolhas. Não é necessário ficar no ginásio milhões de horas por dia. Não é necessário evitar completamente os pratos de que gostamos muito. É necessário apenas encontrar um equilíbrio. Sim, temos de vigiar as calorias e passar algumas horas no ginásio mas assim que desenvolvemos um estilo de vida saudável e mudamos os nossos valores e prioridades, encaixa tudo no lugar certo.
A manutenção tem que ver com encontrar um equilíbrio e perceber o que necessitamos para ficar onde queremos estar. Ainda hoje ando com um diário de comida na minha mala! Esta é a realidade. É o resto da minha vida. Quero sentir-me feliz e saudável todos os dias para o resto da minha vida e a única forma de controlar isso é continuar a fazer o que faço.
TUDO EM FAMÍLIA
No ano que passou desde que venci o The Biggest Loser, a relação com a minha mãe tem sido a melhor de sempre. Está mais saudável e existe menos tensão. Ambas somos pessoas mais felizes, o que torna tudo mais fácil. Isso não significa que não haja altos e baixos. Mas aprendi a pedir o apoio dela. E sei como sair dos difíceis conflitos mãe-filha muito mais rapidamente do que antes, quando as nossas discussões se arrastavam às vezes durante semanas.
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ADORO SER ATIVA
Por estes dias, passo cerca de duas horas no ginásio no mínimo cinco dias por semana. Tento habitualmente fazer seis dias por semana, sempre com um dia de folga. Trabalho com um treinador três dias por semana, mas faço pesos e máquinas de resistência cinco dias por semana. Para fazer cárdio, gosto do stairclimber. É uma boa maneira de suar bastante. Assim que fico coberta de suor, sei que o meu trabalho está feito.
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A minha mãe continua a trabalhar no objetivo da perda de peso, mas teve de submeter-se a cirurgias a um joelho e às duas mãos, pelo que tem evitado o ginásio. O desafio dela é encontrar formas de fazer exercício que não afetem as lesões que tem. É capaz de nadar e treinar numa bicicleta reclinada, por exemplo, mas, mentalmente, é um desafio voltar a encarrilar. Ocasionalmente consegue mas às vezes acho que ela considera a mera hipótese de fazer exercício com um corpo lesionado demasiado assustadora. No entanto, mesmo perante todos estes desafios, conseguiu manter o peso que perdeu no rancho e perder ainda mais! Orgulho-me dela todos os dias.
Sinto que quando perdi aquele peso todo e venci o The Biggest Loser, os nossos papéis alteraram-se um pouco. Era sempre a minha mãe a receber toda a atenção; ela gosta de ser o centro das atenções. Agora, quando estamos juntas em público, se eu sou reconhecida e ela não, faz questão de lembrar rapidamente às pessoas quem ela é. Por outro lado, se saímos juntas e nenhuma de nós é reconhecida, ela é célere a dizer a toda a gente quem eu sou!
Tal como muitas outras mulheres, a minha mãe tem a tendência de minimizar-se, dizendo “não sou nenhuma Buba” no que diz respeito ao seu progresso na perda de peso. É nessas alturas que tenho de dizer: “Mãe, porque é que estás sempre a comparar-te comigo? É preciso andar com uma fotografia tua para te fazer lembrar constantemente do teu êxito?” Tento que ela recorde e reconheça as coisas magníficas que já obteve. A verdadeira recompensa será, um dia, vê-la reconhecer isso e dar uma palmadinha nas suas próprias costas.
Ver a filha e a neta ficarem em forma serviu de inspiração à minha avó para se tornar mais ativa. Começou a ir à caixa do correio todos os dias e mexe-se cada vez melhor. Começou a pensar na sua saúde de maneira diferente. Arranjou até um Bodybugg! (Talvez deva decorá-lo com cristais cor-de-rosa, como fiz com o meu!)
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TRABALHAR COM LESÕES
Por vezes, deixamos que as lesões nos façam fugir do exercício físico. Mas há sempre alguma coisa que se pode fazer se tivermos vontade de a procurar. Encontre maneiras de manter-se ativa. Quanto mais tempo ficar parada mais difícil será cruzar outra vez a porta do ginásio.
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É agradável sentir que estou a contribuir para o bem da minha família como nunca o fiz antes, desde fazer caminhadas e passeios de bicicleta até cozinhar um jantar saudável e ficar à mesa a conversar, sem repetir a comida duas e três vezes. Já não estou fechada e afastada das pessoas que amo, porque já não tenho vergonha das escolhas que fiz.
UMA CONVERSA COM ALEXIS
Quando competia no The Biggest Loser e ficou claro que tinha hipóteses de ganhar, Jillian e eu traçámos a estratégia em relação ao valor que a balança devia acusar para eu lá chegar. Desde que fosse saudável para a minha estatura, eu não tinha problemas com isso. Sabia que tinha de esforçar-me bastante para chegar a esse valor. Teria de treinar intensivamente, como um atleta. E esse esforço seria avaliado todas as semanas quando subisse para a balança. Estava tudo bem para mim. Mas por saber que as minhas sobrinhas e o meu sobrinho estariam a ver, queria que eles compreendessem o que o sucesso realmente significava para mim. Sim, queria ganhar, estava a competir para ganhar. Mas a parte mais importante do processo era recuperar a minha vida e ficar mais saudável e forte, mais confiante e enérgica. Queria que eles compreendessem que não se tratava apenas de um número numa balança.
O meu peso era um assunto normal de conversa na minha família, pelo que senti que seria especialmente importante falar com a minha sobrinha de 13 anos, Alexis, acerca da imagem corporal e da perda de peso. Queria assegurar-me de que ela compreendia o que significava realmente o processo pelo qual eu estava a passar. Eu fora sempre a tia com excesso de peso e agora já não era. Alexis estava mesmo a ser alvo das brincadeiras do irmão mais novo, McCoy, daquela maneira que os irmãos fazem uns com os outros, dizendo que qualquer dia eu pesava menos do que ela. Quando ouvi isto, soube que tinha de falar com ela. Queria que ela soubesse três coisas: primeiro, era impossível que eu alguma vez pesasse o mesmo que ela, para não falar de menos ainda! Segundo, quando deixei o rancho para treinar para a final, era já saudável – só estava a perder mais peso e a treinar como um atleta para vencer a competição. Terceiro, fosse qual fosse o número que a balança acusasse na final, ela tinha de saber que eu já ganhara, porque recuperara a minha vida! As crianças são extremamente observadoras e apanham grande parte do que acontece à sua volta, pelo que a nossa função é assegurar que elas compreendem corretamente a informação a que são expostas.
A minha sobrinha mais velha, Alex (a irmã mais velha de McCoy e Alexis) é uma atleta de eleição e a sua equipa de futebol conquistou o título nacional na sua divisão. Quando cheguei a casa após ser eliminada do rancho, Alex estava no Arizona por causa do futebol e decidiu que ia treinar comigo, pelo que acabámos a fazer corridas na passadeira. Ela mal podia acreditar. Aqui estava a tia que costumava andar sempre à procura de uma cadeira para se sentar a correr lado a lado com ela! Eu costumava ser a tia com as malas e a maquilhagem cheias de estilo, mas agora sou também a tia com jeans de marca justos. Soube tão bem ser a nova tia Ali, confiante e orgulhosa de si própria, e que era capaz de se relacionar com a jovem saudável que é Alex de uma maneira completamente nova. Alex e as suas amigas começaram até a pedir-me roupa emprestada!
É muito importante para mim reconhecer o papel da minha família durante a minha perda de peso – a família que evitei ao longo de tantos anos. Toda a gente contribuiu com a sua parte, numa altura ou noutra, para me apoiar, desde a minha mãe ir comigo para o concurso, as minhas irmãs darem toda a ajuda possível, o amor da minha avó, os exercícios combinados com o meu irmão, os passeios de bicicleta com as minhas sobrinhas, sobrinhos e madrasta – até o meu pai foi comigo a uma aula de bicicleta! Toda a gente fez escolhas para apoiar as minhas escolhas. E nunca deixarei de sentir todo esse amor e de me sentir inspirada por ele.
E apaixonei-me! Antes, punha as relações à prova demasiado cedo, em pânico com a hipótese de não ser realmente amada – precisava sempre de me sentir segura logo desde o início. Queria sempre descobrir rapidamente se a relação ia ser “para sempre”, o que não é uma boa maneira de deixar o amor crescer. Mas agora conheci uma pessoa maravilhosa, que apenas quer que eu seja feliz, que eu faça o que me deixar feliz. Costumava pensar que tinha de merecer o amor. Agora, posso ser apenas quem sou. E não preciso de estar sempre a verificar. Já não tenho medo de ser abandonada. Sentir-me confortável comigo própria, encontrar o equilíbrio, tomar conta de mim – é a libertação no sentido mais verdadeiro.