Contribuição para o estudo das tripaneidas (moscas-de-frutas) brasileiras*

Na presente contribuição fazemos o estudo de alguns espécimes de tripaneidas colecionados por Lutz e outros do Museu Paulista, enviados pelo Sr. Rodolpho von lhering. Descrevemos também algumas espécies novas.

Além de tripaneidas, possui a coleção do Instituto várias ortalidas, entre as quais há uma forma interessante, pertencente ao grupo Pyrgotina, que descrevemos, porque, à primeira vista, pode ser confundida com uma tripaneida.

Começamos pela discussão das espécies de Anastrepha mais observadas entre nós:

1– Anastrepha fraterculus (Wied. 1830).

Dacus fraterculus Wiedemann, 524, 17.

Anastrepha munda Loew, 1 862, 70. 5. t.XI, f.6.

Anastrepha fraterculus Wulp, 1899, 404. 1. t.XI, f.21.

Anastrepha fraterculus Hempel, 1901, 163.

Anastrepha fraterculus lhering, 1906, 3, f.1.

Anastrepha fraterculus Hempel, 1906, 206.

Anasterpha fraterculus Bezzi, 1908, 183 f.2.

Anastrepha fraterculus lhering, 1912, 12 f.2.

Habitat: México, Cuba, Porto Rico, Peru, Brasil, Buenos Aires e Assunção.

Criada de goiabas (Psidium guajava Raddi), pêssegos (Prunus pérsica), kaki (Diospyros kaki L) e outras frutas.

Trata-se de espécie muito variável. Há, nas asas, três faixas longitudinais ou oblíquas, uma curta na metade basal da borda anterior, outra em S, atravessando obliquamente a asa, e outra em forma de V invertido abaixo da curva externa da faixa S.

Comparando o desenho d A. fraterculus e das supostas variedades, pode- mos distinguir as formas seguintes:

1 – 2a célula basal enfuscada, faixa em S ligada ao vértice da faixa em V por meio de 2 faixas curtas …………………………………………..Var. D
       2a célula basal hialina ……………………………………………………….2

2 – Faixa em S ligada ao vértice da faixa em V por meio duma faixa curta….…………………………………………………………………..Var. C.
       Faixa em S não ligada ao vértice da faixa em V por meio duma faixa curta……………………………………………………………………………..3

3 – Borda distal da faixa em S, com saliência triangular sobre a 3a nervura longitudinal (anastomose incompleta)……………………………………4
       Sem saliência triangular sobre a 3a nervura longitudinal (sem anastomose)…………………………………………………………………….5

4 – Faixa em V interrompida ………………………………Tipo Van der Wulp.
       Faixa em V não interrompida………….……………………………Var. A.

5 – Faixa em V com o vértice quase ou inteiramente apagado………….6
       Faixa em V com o vértice perfeitamente visível………………………7

6– Vértice um tanto apagado, faixa quase ou inteiramente em contato com a faixa em S. ao nível da 3a longitudinal…………………..Var. B.
       Vértice apagado, faixa basal unida à faixa em S ao nível da 3° longitudinal……………………………………………………….Tipo Wiedemann
       Vértice apagado, faixa basal inteiramente separada da faixa em S. ao nível da 3a longitudinal…………………………………Var. soluta Bezzi.

7 – Faixa basal apenas em contato com a faixa em S ao nível da 3a longitudinal ……………………………………………………….Tipo Loew.
       Faixa basal largamente unida à faixa em S. ao nível da 3a longitudinal………………………………………………………..Tipo Bezzi.

Varietas D (Fig. 1). Só possuímos um exemplar de fraterculus desta variedade; é um macho que foi apanhado em Manguinhos.

Comprimento do tórax + abdome 6, da asa 6,5mm.

Varietas C (Fig. 2). É muito semelhante à A. suspensa de Loew; a principal diferença entre elas é seguinte; na A. suspensa, a segunda célula basal e a raiz da célula discoidal são de cor amarela, enquanto que na Var. C, como em todas as formas de A. fraterculus essas partes da asa são hialinas.

Temos somente um exemplar desta variedade, apanhado em São Paulo, com abdome alongado, um tanto estreitado e metanoto todo pardacento.

♂: Comprimento do tórax e abdome reunidos: 8,50, da asa 9mm.

Tipo Van der Wulp (Fig. 3).

É uma variedade da qual possuímos dois exemplares, ambos apanhados em Manguinhos:

♂: Comprimento do tórax e abdome 6, da asa 7mm.

♀: Comprimento do tórax e abdome reunidos 4,50, da asa 6,5mm, do ovipositor 1,75mm.

Varietas A (Fig. 4). Desta variedade temos, em nossa coleção, 5 exemplares: 3 de Manguinhos, 1 de Ypiranga (São Paulo) e 1 de Assunção (Paraguai); os últimos, enviados pelo Sr. R. von lhering, apresentam a saliência triangular da faixa em S apagada.

♀ de Ypiranga: Comprimento do tórax e abdome reunidos 6, da asa 7, do ovipositor 1,5mm.

♂ de Assunção: Comprimento do tórax e do abdome reunidos 6, da asa 7mm.

♀♂♂ de Manguinhos: Comprimento do tórax e do abdome reunidos 5; 5,75; 7,80mm.

Asa 6,5; 7; 9mm; Ovipositor 1,5.

Varietas B (Fig. 5). É uma variedade que se aproxima do tipo Wiedemann, porém o vértice do V é pouco apagado e há em alguns exemplares uma estreita porção da 1a faixa hialina entre as 2 faixas: basal e em S. Temos 7 exemplares; desses uma fêmea de Joinville (Sta. Catarina) tem as 2 primeiras faixas escuras separadas por um estreito espaço hialino; nos outros 6 as 2 faixas escuras são unidas apenas num ponto: três são de São Paulo e três de Manguinhos. Nestes últimos a porção parda do ramo externo do V., na 1a célula posterior, é mais longa que a do ramo interior, quase atingindo a 3a longitudinal, enquanto a do ramo interno termina pouco acima da extremidade superior da pequena transversal.

Exemplar de Joinville ♀: Tórax e abdome reunidos: 5,5, asa 7,5, ovipositor 1,75mm.

Exemplares de Manguinhos (♀♀♂): tórax e abdome reunidos 4,50; 5,20; 4,80; asa 6; 7; 6; ovipositor 2; 1 mm.

Exemplares de São Paulo ♂♀♀: tórax e abdome reunidos 5,75; 5,25, asa 7. 7, 25; ovipositor 0 1,75mm.

Tipo Wiedemann (Fig. 6). Temos 3 exemplares de A. fraterculus que se podem filiar a este tipo: um deles foi apanhado em Manguinhos (Fig. 1) e outros 2 em Utiareti (Mato Grosso); ambos apresentando o ramo interno do V mais comprido que o externo.

♂ de Manguinhos: tórax e abdome reunidos 5,5, asa 6mm.

♂♀ de Utiareti: tórax e abdome reunidos 5,75; t; asa 5; 6,5; ovipositor 2,5mm.

Varietas soluta Bezzi (Fig. 7). Desta variedade possuímos 3 exemplares: 2 vieram de São Paulo, enviados pelo Sr. R. von lhering; o outro foi apanhado em Manguinhos. O desenho das faixas é perfeitamente igual ao da figura, menos no exemplar “♂” de São Paulo em que a faixa em S apresenta, entre a 2a e a 3a longitudinal, uma incisura angular, cujo vértice está na extremidade superior da pequena transversal. Em nossos exemplares o vértice do V é quase completamente apagado (Fig. 6).

♂♀ de São Paulo: tórax e abdome reunidos 4,5. 5; asa 6. 7; ovipositor 1,5mm.

♀ de Manguinhos: tórax e abdome reunidos 4, asa 5; ovipositor 1,5mm.

Tipo Loew (Fig. 8). Temos 6 exemplares que podem ser considerados como pertencentes a este tipo; todos apresentam a asa como mostra a figura; 4 foram apanhados em Manguinhos, um em Uruguaiana (Estado do Rio Grande do Sul) e um em Sant'Anna de Macacu (Estado do Rio); neste último a união das 2 faixas, basal e em S, ao nível da 3ã longitudinal, faz-se numa extensão um pouco maior do que nos outros exemplares. No exemplar de Sant'Anna a asa é igual ao desenho dado por Loew para a Anastrepha pseudosparallela.

♂ de Sant'Anna de Macacu: tórax e abdome reunidos: 7; asa 8mm.

♀♀♀♂ de Manguinhos: tórax e abdome reunidos: 5; 6; 7; 5; asa 6; 8; 8,25; 6; ovipositor: 2; 2,5; 3; 0mm.

♂ de Uruguaiana: tórax e abdome reunidos: 6,5, asa 8mm.

Tipo Bezzi (Fig. 9)

Temos um exemplar de A. fraterculus que veio de São Paulo, enviado pelo Sr. R. von lhering, cuja asa é muito semelhante à que vem desenhada no trabalho de Bezzi.

♂: tórax e abdome reunidos 6,75; asa 8mm.

No nosso exemplar a parte superior da 1a faixa hialina estende-se até a 3a longitudinal.

Do exame de nosso material, comparado com as descrições e figuras dos autores citados, concluímos que a espécie Anastrepha fraterculus, além de ser muito espalhada, tem uma inclinação bem marcada a variar, principalmente no seguintes caracteres:

1°, o tamanho do corpo;

2° tamanho do ovipositor visível (nas fêmeas);

3°, detalhes das nervuras das asas;

4°, formas das faixas das asas;

5°, pigmentação destas faixas;

6°, existência ou falta de manchas e estrias cor de enxofre no tórax, sendo isso, pelo menos em parte, devido ao estado e tempo de conservação.

Em vista do exposto julgamos que não se deve seguir o exemplo de Loew, estabelecendo espécies novas sobre pequenas divergências. Assim parecem duvidosas como novas espécies as formas, denominadas por Loew: A. suspenas, A. ludens, A. lamata, A. integra, A. consobrina, A. pseudoparallela, A. oblíqua (MacQ) e talvez a A. peruviana Townsend. Quanto a A. parallela (Wied) as diferenças de tamanho, indicadas por ele e as no decurso das nervuras longitudinais, salientadas por Loew, parecem indicar uma espécie diferente; todavia nossos exemplares provenientes do mesmo lugar e provavelmente criados todos em goiabas, mostram enormes diferenças no tamanho, devidas naturalmente a melhor ou pior nutrição das larvas; também não podemos atribuir grande importância ao decurso das nervuras porque a consobrina que, segundo Loew, mostra a mesma forma, tem o desenho igual a exemplares nossos que têm as nervuras como em fraterculus.

Muitas variedades análogas procedem de pontos muito distantes, o que exclui que essas formas sejam variedades regionais.

Todas estas considerações parecem de pouca importância, porém representam uma contribuição a questão da fixidez das espécies.

Uma de nossas formas merece talvez uma menção especial, por não ser ligada às descritas por formas intermediárias, tanto em nosso material como naquele dos autores citados. Convém dar um nome distinto (A. fenestrata), sem afirmar que se trate de uma espécie de valor indiscutível. O desenho das asas, além de ser muito diferente na metade basal, é também mais escuro que na A. fraterculus em contraste com o corpo e as pernas que não têm cor mais carregada.

Segue a descrição feita de um exemplar seco: A. fenestrata. ♂ (Fig. 19).

Cor amarelada: cabeça grande, pardacenta. Cerdas frontais e verticais pretas; fileira occipital constituída por cerdas finas, pontiagudas e pretas; cerdas genais curtas. Antenas amareladas; terceiro artículo alongado, arredondado na extremidade; aresta fina com pubescência apenas perceptível. Face um tanto convexa no meio. Palpos pardacentos largos, mal atingindo a margem anterior da boca; a pubescência destes bem como as de probóscida, mento e occipício, amarelada.

Tórax bem desenvolvido. Calo humeral e 2 estrias longitudinais, uma entre ele e a raiz da asa, outra entre ele e a borda anterior do escutelo, amareladas. A estria interna apresenta 2 partes: a anterior começa na extremidade interna desta e termina na margem anterior do escutelo, perto da extremidade externa. Ambas as porções da estria são curvas, de concavidade interna. Em frente ao escutelo a borda posterior do escudo é parda escura. A pubescência no escudo é densa, curta e amarelada; macrochaetae em número de 10 de cada lado; 1 escapular, 1 humeral, 2 notopleurais, 1 presutural, 3 supralares e 2 pré-escutelares. Há 2 cerdas pretas e fortes sobre as pleuras de cada lado: 1 mesopleural e 1 pteropleural. Pubescência do peito e das pleuras curta e amarela pálida. Metanoto sob o escutelo pardacento. Escutelo grande e chato, com pubescência amarelada muito curta na face superior e 4 grandes macrochaetae na margem. Abdome pardo-amarelado, com a pubescência pardacenta e preta na face superior e pêlos ao longo das margens laterais. Último segmento mais curto que os 2 precedentes reunidos. Borda posterior do 1° segmento e anterior do 2° um tanto escuras. Na extremidade do último segmento de cada lado 4 cerdas pretas ao longo da borda. Patas pardo-amarela-das. Fémures anteriores com cerdas curtas, pardas, na face superior e com cerdas mais compridas e pretas na face inferior; fémures médios sem cerdas, com pubescência curta e pardo-amarelada; fémures posteriores com algumas cerdas na extremidade da face superior e no meio da face inferior. Tíbias anteriores e médias sem cerdas. Tíbias posteriores com uma fileira de cílios na face externa. Asas como na figura; primeira veia longitudinal com cerdas em toda a extensão; terceira veia com cílios até a pequena veia transversal. Estigma enegrecido; todas as manchas de pardo-avermelhado muito carregado, com exceção de algumas nuvens amareladas.

Comprimento do corpo: 8,5; da asa 9,5mm.

Habitat: Amazónia.

2 – Anastrepha serpentina (Wiedemann, 1820). (Fig. 20)

Dacus serpentina Wiedemann, 521, 12

Leptoxys serpentina MacQuart, 1843, 373, 2

Urophora vittithorax MacQuart, 1851, 259, 9. t.XXXI f.4

Acrotoxa serpentina Loew, 1873, 227, t.XI f.25

Anastrepha serpentina Bezzi, 1990, 284

Anastrepha serpentina Herrera, 1908, 170

Anastrepha serpentina Tavares, 1915, 52-54

Habitat Brasil, México (Mus. Kiel).

Criada, pela primeira vez, por Herrera de frutos da Mammea americana L, depois por Tavares de frutos da Sapota achros Mill e finalmente por Costa Lima, de frutos de abieiro (Lucuma cainito A. De.) e de abricoteiro {Mimusops cariocea Miq).

Abandonamos aqui o género Anastrepha do qual damos ainda um quadro no fim deste estudo, e passamos ao género Hexachaeta, do qual observamos uma só espécie:

Hexachaeta Loew, 1873

Loew, Monogr. Dipt. N. Amer. III, p. 219.

3 – Hexachaeta exinda (Wiedemann, 1830) (Fig. 21)

Trypeta eximia Wiedemann, II, 477

Tephritis fasciventris MacQuart, 1851, 264, t.27, f.3

Hexachaeta eximia Loew, 1873, 216.

Hexachaeta eximia Wulp, 1899, 402, t.XI, f.15

Hexachaeta eximia Aldrich, 1905, 601

2 ♀ ♀: uma apanhada em Manguinhos em julho de 1913 e outra em Sant'Anna de Macacu (novembro de 1911). O espécime de Manguinhos mostra as duas manchas hialinas na cédula discoidal e as duas da borda posterior da asa, na 3a célula posterior, um pouco menores que as mesmas no outro exemplar; além disso, há no espécime de Sant'Anna do Macacu uma pequena mancha parda dentro da parte escura da asa, entre a 1a e a 2a nervuras longitudinais e abaixo do ramo ascendente da nervura auxiliar.

Borda anterior da asa com 3 manchas hialinas triangulares. Em ambos os espécimes a 5a nervura longitudinal é provida de espinhos na 1a porção. A extremidade do triângulo hialino externo não atinge a 3a longitudinal no espécime de Manguinhos, ao passo que atinge no outro.

Ápex de asa com 2 manchas hialinas grandes e triangulares; a interna tem a forma de triângulo agudo, a externa é mais larga que a interna e é arredondada no ápice: o ápice desta no exemplar de Sant'Anna do Macacu atinge no espécime de Manguinhos; o ovipositor deste último espécime é um pouco mais curto que o do outro.

Todos os outros caracteres concordam com a descrição original.

Habitat Atoyac in Vera Cruz (México), Suriname; Brasil.

Chegamos agora ao Género Plagiotoma Loew 1873 (Monograph. Dipt. N. Amer. III p.273) e damos primeiramente uma chave.

Chave das formas brasileiras descritas, incluindo três que parecem novas:

(A questão se estas formas constituem espécies boas ou apenas variedades, só poderá ser decidida com maior material, obtido de preferência de galhas de procedência idêntica.)

4    manchinhas pretas na extremidade posterior do dorso do tórax…………………………………………………………………………. rudolphi

2    manchinhas pretas na extremidade posterior do dorso do tórax………………………………………………………………………………….. 2

2.    2a célula basal amarela, não hialina …………………….. biseriata Loew
       2a célula basal parcialmente hialina …………………………………… 3
       2a célula basal completamente hialina ………………………………… 4

3.    abdome com uma série de manchinhas pretas de cada lado……………………………………………………………………………. jonasi
       abdome com faixas laterais negras, dorsal e ventral de cada lado, a dorsal interrompida……………………………………………….. trivittata

4.    2a célula basal completamente hialina ………………….. obliqua Loew

Segue a sinonímia e o habitat das espécies brasileiras descritas

1 – Plagiotoma obliqua (Say, 1 830) (Fig. 22)

Trypeta obliqua Say, 1863; 1859, II, 370

Trypeta obliqua Loew, 1873, 251, t.XI, f.14. Criada de galhas de Vernonia em Agosto.

Palgiotoma obliqua Wulp, 1899, 405, t.XI, f.23.

Plagiotoma obliqua Aldricht, 1905, 605.

Habitat: Indiana, Pennsylvania; Orizaba, Texas; México (Atoyaca in Vera Cruz; Brasil Loew)

2 – Plagiotoma biseriata Loew, 1873, 252. ♀.

Palgiotoma obliqua Schiner, 1 868, 267.

Habitat: Brasil.

Damos agora a descrição das espécies ou formas novas

3 – Palgiotoma rudolphi ♂ ♀. (Fig. 23)

Plagiotoma biseriata lhering, R., 1912, nec Plagiotoma biseriata Loew.

Esta forma difere da P. biseriata Loew, principalmente por apresentar quatro manchinhas pretas sobre a porção posterior do dorso do tórax (2 maiores externas e 2 menores internas) e, de cada lado, acima da raiz da asa, duas outras manchinhas pretas, uma atrás e outra adiante. Nos machos há sempre uma mancha lateral de cada lado do 3° segmento do abdome, e, como uma exceção, no 2° . Nas fêmeas há quatro manchinhas de cada lado do abdome, sobre os segmentos 2-5.

Ovipositor tão comprido, quanto os dois últimos segmentos do abdome. Os outros caracteres concordam com os da biseriata.

Comprimento do corpo, 6,5, da asa 7 mm.

Habitat: São Paulo, Brasil (Rodolpho von lhering) em galhas de Vernoma: Museu de São Paulo e Col. do Instituto Oswaldo Cruz.

Acima de Barreiros (Estado de São Paulo, na fronteira do Rio), colheu Lutz, em junho de 1915, uma galha lignificada em haste completamente seca que continha oito casulos amarelados em forma de barril. Somente depois de 7 semanas verificou-se a presença de moscas bem formadas em dois destes, tendo secado duas. Do resto nasceram, poucos dias depois, dois casais, os machos um dia antes das fêmeas. Precisaram de muitas horas para endurecer e mostrar os desenhos das asas, que no princípio quase não apareceram. Verificou-se, então, a identidade com a forma acima. Da observação, conclui-se que a espécie, no inverno, deve passar muito tempo em casulo e que se deve desconfiar de exemplares muito pálidos e de tecidos muito macios.

Já antes (10 de julho de 1914) Costa Lima tinha encontrado em Palmeiras uma galhas contendo dois pupários completamente parecidos. Estes, porém, em vez de moscas forneceram duas Chalcididae bastante grandes de cor verde-azulado metálico.

4 – Plagiotoma jonasi (Fig. 24) ♂

É uma pequena forma de Plagiotoma muito semelhante a P obliqua, distinguindo-se desta pelo abdome que apresenta três manchinhas pretas, e pelas asas, nas quais a 2a célula basal não é completamente hialina como a da P. obliqua e sim amarelada com uma parte hialina no meio. O exemplar tipo apresenta três manchas intensamente pretas na parte posterior da pleura; uma imediatamente acima e adiante da coxa do par mediano, a segunda acima da coxa posterior e a terceira ao redor da base da haste dos halteres.

Comprimento do corpo, 4, da asa 4,5mm.

Habitat : Utiareti (Mato Grosso). Apanhado pelo Dr. Jonas Corrêa. Tipo na cole-ção do Instituto. Há em nossa coleção um exemplar de Plagiotoma, capturado em Manguinhos, muito pequeno e defeituoso que tem asas do mesmo tipo da espécie acima.

5 – Plagiotoma trivittata ♂ (Fig. 25)

Corpo castanho; cabeça cor de mel; fronte larga, um tanto pardacento, com duas riscas longitudinais de cor ferruginosa; cerdas fronto-orbitais, pós-verticais e ocelares dum pardo claro; fileira occipital constituída por cerdas curtas, pontiagudas e pardas; lunula frontal pequena; face vertical; margem da boca não virada para cima; depressões antenais desaparecendo embaixo perto da margem da boca; a porção da face, situada entre elas, um tanto convexa; genas providas de cerdas pardo-escuras e de pêlos pálidos; palpos atingindo a margem da boca, a pubescência destes, da probóscida e do occipício pálido-amarelado; antenas não atingindo a margem anterior da boca, 1° e 2° artículos pardacentos com pêlos pálidos e muito curtos, 3° artículo amarelado. Olhos de um preto metálico; por baixo da margem inferior de cada um deles há uma faixa de cor ferruginosa em forma crescente, dirigida da face à gena.

Dorso do tórax pardo aos lados e no escutelo, ferruginoso no meio, com 3 faixas longitudinais mais escuras; as laterais, mais largas que a do meio, divergem e dirigem-se da margem anterior do tórax, preto do lado interno do callus humeralis, até as duas manchinhas pretas, situadas na extremidade posterior do mesonoto. As cerdas e a pubescência do tórax são pálidas. Metanoto preto brilhante, exceto na borda superior, no meio, onde há um pequeno triângulo de cor pardacenta com a ponta voltada para trás; longos pêlos pretos ao longo das bordas laterais; callus metanoti lateralis preto; peito, para trás do 1° par de patas, preto, exceto uma faixa parda na linha mediana. Abdome castanho, coberto de pêlos pretos; as extremidades laterais dos 2° e 4° segmentos de cor preta; face inferior do abdome com uma faixa preta de cada lado, desde o 2° até o último segmento. Patas castanhas; fémures anteriores no lado superior com pêlos pardacentos e no lado inferior com uma fileira de algumas cerdas curtas; fémures médios sem cerdas, com alguns pêlos; fémures posteriores com algumas cerdas na extremidade externa da face superior; tíbias anteriores e médias pubescentes; os anteriores sem cerdas, os médios com esporão terminal, rodeado de alguns pêlos curtos com aspecto de cerdas; tíbias posteriores com pubescência preta e apresentando uma só fileira de cílios pretos na face externa. Asas como na figura; nervuras pardas, tornando-se pretas nos lugares onde as faixas são mais escuras. 1a e 3a nervuras longitudinais com cerdas.

Comprimento do corpo 5,5, da asa 5,4mm.

Habitat : Serra-Acima (Mato Grosso).

Apanhado pelo Dr. Jonas Corrêa. Tipo na coleção do Instituto.

Subfamília Pyrgotinae

Gen. Apyrgota Hendel, 1913

Hendel, Neue Beitraege zur Kenntnis der Pyrgotinen. Archiv f. Naturges. Abt. A. Heft 11. p.77-8.

Sin. Eupyrgeta Hendel, 1908.

Hendel, Dipt. Fam. Muscaridae Subfam. Pyrgotinae in Genera Insectorum Wytsman, p.17.

Apyrgota personata n. sp.

Catálogo das espécies do género Apyrgota

1 - ♂ marshalii Hendel, 1913, p.106
               África do Sul, Nyassaland.

2 - ? personata Lutz & Lima, Palmares
               (E. de Pernambuco, Brasil)

3 - ♀ pictiventris Hendel, 1913. 1. c.
               p.107 Ceylão (Museu Britânico, Londres)

4 - ♀ pubiseta Hendel, 1913, p. 108
               1. c. Índias (Museu Britânico)

5 - ♀ sciorda Hendel, 1908, Acht nens Pyrgotinen,
               N.5, Wien Ent. Zeit. p.149 (Eupyrgota)
               1908, Genero Insect. p.19. Taf. Fig. 13, 14.
               Buru (Molucas) (Mus. Nacional Hungaro)

6 - ♀ unicolor Hendel, 1913, 1 c.
               p.108. Bezzi, 1914,
               p.153. Ceylão (Museu Britânico)

Apyrgota personata n. sp. Fig. 26.

Occipício amarelado, apresentando duas linhas pardas desde o vértice até o pescoço. Base e bochechas amarelo-pardacentas e brilhantes; fronte de um amarelo avermelhado escuro e opaco, exceto perto dos olhos. Sulco subantenal pardo-avermelhado e brilhante, com duas manchas pardo-escuras perto da extremidade inferior das bordas laterais; uma faixa pardo-escura vai da borda inferior de cada olho até a metade da distância do mesmo à margem da boca. Antenas quase tão compridas quanto a face; 3° artículo mais comprido que o 2° e arredondado no ápice; margem superior ligeiramente côncava; margem inferior convexa; arista inserida no meio da borda superior no 3° artículo; extremidade apical do 1° artículo e metade basal do 2° pardo-escuras, as outras partes da antena são pardo-amareladas; aristas branco-amarelada e nua. Fronte e face como na figura; olhos quase 2 vezes mais altos e largos; não há ocelos; palpos amarelados e clavados; probóscida falta. Escudo pardo-avermelhado com muitos pêlos pretos e com aspecto de cerdas perto da borda posterior; pleuras amarelo-pardacentas com muitos pêlos pretos e com a cerda abaixo da raiz da asa; escutelo amarelo com um par de cerdas (Macrochaetae); metanoto amarelo-pardacento. Abdome falta. Pernas amarelas. Asas como na figura, hialinas com faixas de cor pardo-escura; 2a nervura muito sinuosa, apresentando um pedaço de nervura na margem inferior do último quarto do comprimento; nervura cubital nua. Halteres amarelados.

Comprimento de cabeça e tórax: 4,4mm.

Um espécime. Na coleção do Instituto.

Habitat : Palmares (Pernambuco).

Catálogo das espécies ou formas descritas do género Anastrepha

Anastrepha Schiner, 1868, Novara. p.263.

1 – acidusa (Walker, 1849). ♀ Jamaica;
           Flórida (Brit. Museum)
       Trypeta acidusa Walker, 1914.
       Acrotoxa acidusa Loew, 1873, 231 e 335.
       Anastrepha acidusa Aldrich, 1905, 602.

2 – bivittata (MacQuart, 1843) ♀ Brasil
           (Mus. de Paris).
       Urophora bivittata MacQuart, 379, 5. t.XXX f.3.
       Acrotoxa bivittata Loew. 1873, 231. t.XI. f.27.
       Anastrepha bivittata Bezzi, 1909, 284.

3 – consobrina (Loew, 1873) ♂ ♀ Brasil
           (Berl. Mus.)
       Acrotoxa consobrina Loew, 230. t.
           XI.f.21.
       Anastrepha consobrina Bezzi, 1990, 283.

4 – daciformis Bezzi, 1990 ♂ ♀ 282, 1.f. 2 e 3.
           São Paulo – Brasil
           (Museu de Budapeste
           Col. Bezzi)

5 – ethalea (Walker, 1849) ♀ Pará – Brasil
           (British Museum)
       Trypeta ethalea Walker, 1915.
       Acrotoxa ethalea Loew, 1873, 335.
       Anastrepha ethalea Bezzi, 1909, 283.

6 – fenestrata Lutz & Lima. Rio Amazonas – Brasil (Instituto Oswaldo Cruz)

7 – fraterculus (Wiedemann, 1830) ♂ ♀

8 – grandis (MacQuart, 1845) ♀ Nova Granada (Col. Bigot)
       Tephritis grandis MacQuart, 340, 11. t.XVIII. f.14.
       Acroxota grandis Loew, 1873, 231. t.XI. f.26.
       Anastrepha grandis Bezzi, 1909, 284.

9 – hamata (Loew, 1873) ♂ ♀ Brasil (Berlin Mus.)
       Acrotoxa hamata Loew, 229, b. t.XI, f.22.
       Anastrepha hamata Bezzi, 1909. 284.

10 – integra (Loew, 1873) ♂ ♀ Brasil (Berlin Mus.)
       Acrotoxa integra Loew, 230, c. t.XI. f.23.
       Anastrepha integra Bezzi, 1909, 283.

11 – ludens (Loew, 1873) ♂ México (Berlin Mus.) (As larvas vivem em laranjas)
       Acrotoxa ludens Loew, 223, 5. t.XI. f.19.
       Trypetas ludens Riley & Howard, 1888, L. 45.
       Trypeta ludens Herrera, 1900, 1, n.1. 1905 e 1908. 169.
       Anastrepha ludens Johnson, 1893, 56.
       Anastrepha ludens Aldrich, 1905, 602.
       Anastrepha ludens Bezzi, 1909, 284.

12 – obliqua (MacQuart, 1835) ♂ ♀ Cuba (Mus. de Paris Jardin des Plantes e Mus. de Lille)
       Tephritis obliqua MacQuart, 464. 1843, 382. 6. t.XXX. f.11.
       Acrotoxa obliqua Loew, 1873, 223 e 337, 44.
       Anastrepha obliqua Aldrich, 1905, 602.
       Anastrepha obliqua Bezzi, 1909, 283.

13 – ocresia (Walker, 1849) ♀ Jamaica (British Museum)
       Trypeta ocresia Walker, 1916.
       Acrotoxa ocresia Loew, 1873, 337, 46.
       Acrotoxa ocresia Osten-Sacken, 1878, 195.
       Anastrepha ocresia Aldrich, 602.
       Anastrepha ocresia Bezzi, 1909, 283.

14 – parallela (Wiedemann, 1830) ♂ ♀ Brasil (Museu de Viena e de Frankfurt)
       Dacus parallela Wiedemann, 515. 5.
       Acrotoxa parallela Loew. 1873, 229, a, t.XI. f.20.
       Anastrepha parallela Bezzi, 1909. 283.

15 – peruviana Townsend, 1913, 345 ♀ Cholica-Peru

16 – pseudoparallela (Loew, 1873) ♂ ♀ Brasil (Museu de Berlim)
       Acrotoxa pseudoparallela Loew, 230, t.XI. f.24.
       Anastrepha pseudoparallela Bezzi, 1909, 283.

17 – serpentina (Wiedemann, 1830) ♂ ♀

18 – striata Schiner, 1868, 264, 98 - América Meridional (Museu de Viena).

19 – suspensa (Loew, 1862). ♂ ♀ Cuba, México e América Meridional
       (Mus. de Berlim e Cambridge).
       Trypeta suspensa Loew, 69, 4. t.II. f.5.
       Acrotoxa suspensa Loew, 1873, 222. 3. t.X. f.5.
       Acrotoxa suspensa Giglio-Tos, 1895. IV, 59.
       Anastrepha suspensa Schiner, 1868. 263, 96.
       Anastrepha suspensa Aldrich, 1905, 602.
       Anastrepha suspensa Bezzi, 1909, 294.

20 – tricineta (Loew, 1873) ♂ Haiti (Mus. of Cambridge, USA, apanhando a bordo a 60 milhas da costa).
       Acrotoxa tricineta Loew, 225, 6.
       Anastrepha tricineta Aldrich, 1905, 602.
       Anastrepha tricineta Bezzi, 1909, 294.

21 – tripunetata Wulo, 1899 ♂ ♀ México
       Anastrepha tripunetata Van Der Wulp, 405, 2. T. XI. f.22.
       Anastrepha tripunetata Aldrich, 1905. ?02.
       Anastrepha tripunetata Bezzi, 1909. 294.

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Explicação das estampas I e II

Fotografias de preparações microscópicas de asas:

Anastrepha fraterculus (Wied).

Tipo Wiedemann Fig. 6.

Tipo Van Der Wulp Fig.    3.

Tipo Loew Fig.    8.

Tipo Bezzi Fig.    9.

Var. soluta Bezzi Fig.   7.

Bezzi A. Fig.   4.

Bezzi B. Fig.   5.

Bezzi C. Fig.   2.

Bezzi D. Fig.   1.

Reprodução de desenhos publicados:

Fig. 10. Anastrepha suspensa (Loew)

Fig. 11. Anastrepha fraterculus (Wied) Seg. Loew

Fig. 12 Anastrepha ludens (Loew)

Fig. 13 Anastrepha parallela (Wied) Seg. Loew

Fig. 14 Anastrepha consobrina (Loew)

Fig. 15 Anastrepha hamata (Wied)

Fig. 16 Anastrepha integra (Loew)

Fig. 17 Anastrepha pseudo parallela (Loew)

Fig. 18 Anastrepha obliqua (Macq)

Fotografias de asas de outras espécies:

Fotografias 19 de asas Anastrepha serpentina Lutz e Costa Lima

Fotografias 20 de asas Anastrepha serpentina (Wied)

Fotografias 21 de asas Hexachaete eximina (Wied)

Fotografias 22 de asas Plagiotoma obliqua (Say)

Fotografias 23 de asas Plagiotoma rudolphi n. sp. aut. var.

Fotografias 24 de asas Plagiotoma jonasi n. sp. aut. var.

Fotografias 25 de asas Plagiotoma trivittata n. sp. aut. var.

Fotografias 26 de asas Apyrgota personata n. sp.