15
Na manhã seguinte, William acordou pouco depois das sete, tomou um duche, fez a barba e já estava vestido quando Jackie regressou da sua noite de vigília. Sentaram-se à janela de sacada a desfrutar de um belo pequeno-almoço constituído por bacon e ovos, ao mesmo tempo que continuavam a vigiar a casa. Carter só desceu ao rés do chão depois das nove e eles não tinham maneira de saber o que comeu ao pequeno-almoço, pois a cozinha ficava nas traseiras da casa.
— Então e agora?
— Voltamos para a Mulberry Avenue e esperamos que ele saia de casa a dada altura. Se sair de carro, seguimo-lo. Se for a pé, eu fico no carro enquanto tentas descobrir o que anda ele a fazer naquele barracão. Talvez seja algo perfeitamente inocente, mas o Lamont vai querer saber na mesma.
Passados vinte minutos, estavam estacionados em frente da casa de Carter, do outro lado da rua, a cerca de trinta metros da cancela da entrada, sem nunca tirarem os olhos da porta da rua.
— Isto é inútil — disse William, ao fim de mais uma hora passada a falar sobre tudo e mais alguma coisa, desde a visita que a princesa Diana se propunha fazer à Scotland Yard até a quem seria o próximo comissário.
— Será que o Hawk tem alguma hipótese? — perguntou ele.
— Desta vez, não — disse Jackie. — Mas é possível que venha a ter daqui a uns tempos, embora tenha os seus inimigos.
Passou-se mais uma hora antes de William dizer:
— O que aconteceu àquele tipo que estava contigo quando vi pela primeira vez a cópia do…
— Ross Hogan. — Jackie fez uma pausa antes de acrescentar: — O Hawk mandou-o voltar para Peckham.
— Para onde eu devia ter ido!
— E ainda és capaz de ir, se não encontrarmos o Rembrandt. Isto porque o Ross desapareceu da face da terra.
— Provavelmente, demitiu-se depois de o mandarem para Peckham.
— Ou, possivelmente, está a trabalhar como infiltrado.
— Eu também pensei em fazer isso.
— No teu caso, seria escusado — disse Jackie. — Tens o ar, a maneira de falar e o cheiro de um menino de coro. Não, o Ross é ideal para esse tipo de trabalho. Até os criminosos acham que ele é um criminoso. E não te desconcentres, porque nunca se sabe quando tudo pode mudar numa fração de segundo.
— Mas quando é que essa fração de segundo vai acontecer? — perguntou William ao fim da terceira hora.
Nessa altura, a porta de casa abriu-se e ambos se calaram.
Carter apareceu com um saco de compras vazio na mão. Percorreu o caminho da entrada, abriu a cancela e seguiu na direção oposta.
— Pronto, é a nossa oportunidade — disse Jackie. — Leva a máquina fotográfica e vê se consegues tirar algumas fotografias do que está dentro daquele barracão.
— Podemos justificar isso?
— Mais ou menos. Alegaríamos razão para suspeitar. — Jackie não soava nada convincente. — Assim que ele voltar, buzino uma vez. Certifica-te apenas de que, depois de ele entrar em casa, ainda ficas algum tempo escondido atrás do barracão. E não te esqueças da regra dos três minutos.
— E a Angie?
— Se ela sair, buzino duas vezes. Três se ela te vir e, nesse caso, tens de começar a correr, porque seremos obrigados a abandonar a vila o mais depressa possível. Às vezes, só temos uma oportunidade.
— Sem pressões — disse William.
Tirou a máquina fotográfica do banco de trás, saiu do carro e atravessou a estrada, olhando em todas as direções. Caminhou cautelosamente até ao número 91. Não se via ninguém e Carter tinha deixado a cancela aberta. Ele entrou sorrateiramente por trás do Volvo e dirigiu-se com ligeireza até ao barracão. Só o teriam podido avistar a partir da janela da frente durante alguns segundos. Experimentou a porta, mas estava fechada à chave. A seguir, ouviu um carro a descer a rua e escondeu-se atrás do barracão até ele dobrar a esquina.
Espreitando pela janelinha do barracão, vislumbrou uma bancada de madeira e uma cadeira. Havia algumas limalhas de prata espalhadas sobre a bancada, mas estava tão escuro que ele não conseguiu ver mais nada. Poderia correr o risco de usar o flash? Encostou a câmara ao vidro da janela e disparou um rolo inteiro de película, mas não tinha como saber se alguma das fotografias sairia bem.
Tirou o rolo da máquina e estava a pôr um novo quando ouviu um carro buzinar uma vez. Era Carter, não Angie. Olhou, viu Jackie a passar de carro e tratou de se agachar rapidamente atrás do barracão precisamente quando Carter chegava à cancela, segurando um saco do Sainsbury’s. William ouviu a porta de casa abrir e fechar. Um homem quando chega a casa vai quase sempre direito à casa de banho, um processo que leva pelo menos três minutos. William aguardou trinta segundos antes de agir: vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta. Levantou-se, atravessou rapidamente o relvado contornando o Volvo e saiu pela cancela. Não correu nem olhou para trás.
Cem metros mais abaixo, avistou Jackie, que estava à sua espera no carro com o motor a trabalhar. Mal fechou a porta do lugar do passageiro, ela arrancou.
— Achas que ele me viu? — perguntou William, enquanto faziam o caminho de regresso ao hotel.
— Não. Estive de olho na porta da rua e nem sinal de um ou de outro. E então? Descobriste o que anda ele a fazer no barracão?
— Estava tão escuro lá dentro que não consegui ver grande coisa, mas tirei um rolo de fotografias. Teremos de esperar e ver como é que saíram.
— Vamos ter de sair daqui amanhã — recordou-lhe William ao entrarem no parque de estacionamento do hotel.
— Não me esqueci — disse Jackie. — Vi uma residencial que fica aqui perto, mas como infelizmente não tem vista para a casa vamos passar a maior parte do tempo no carro.
Quando chegaram ao quarto, Jackie ligou a Lamont e pô-lo ao corrente de tudo. William sentou-se junto à janela de binóculos em riste, enquanto mastigava os biscoitos de gengibre entretanto repostos. Carter tinha voltado para o barracão, onde William apenas conseguia ver um braço a movimentar-se para cima e para baixo, a trabalhar em alguma coisa… mas o quê?
— O que disse o Lamont? — perguntou, quando Jackie desligou o telefone.
— Disse para ficarmos quietos por agora. Entretanto, tu vais vigiando a casa enquanto eu vou pôr o rolo a revelar.
William esperou que ela saísse antes de se sentar na cabeceira da cama e telefonar para o apartamento de Beth. Ninguém atendeu. Ela ainda não tinha voltado do trabalho. Ainda pensou se deveria correr o risco de lhe ligar para a galeria, mas decidiu que era melhor não.
Voltou para a janela e concentrou-se novamente no barracão. Carter estava inclinado sobre a bancada, ainda a dar ao braço. Só voltou para casa depois de escurecer, altura em que William o perdeu de vista. Eram quase seis horas quando Jackie chegou, com uma expressão de triunfo estampada no rosto.
— Ele está a cunhar moedas a partir de um molde, tal como o teu pai sugeriu.
— Que tipo de moedas?
— Tirando o facto de serem de prata, não faço ideia. Vais ter de conseguir apoderar-te de uma amanhã. Sabes arrombar uma fechadura?
— Não, deve ter sido uma das aulas de formação básica a que faltei.
— Nesse caso, terei de ser eu a fazê-lo.
— Sem um mandado de busca?
— O Lamont está empenhado em descobrir quem é o financiador do Carter e o que andam os dois a tramar. A última coisa que disse antes de desligar foi: «Estou farto de apanhar peixe miúdo.»
— Isso é tudo muito bonito — retorquiu William —, mas como é que vamos fazê-lo?
— Deixamos esse problema para amanhã — disse Jackie. — Por agora, vais para o carro e fazes o turno da noite enquanto eu vou ver se durmo. Faças o que fizeres, não adormeças.
William saiu relutantemente do hotel, mas não antes de tirar do frigorífico dois chocolates Mars e uma garrafa de água. Com certeza que a senhora Walters não iria opor-se a isso. Conseguia ouvi-la dizer: «Futuramente, beba água da torneira, inspetor estagiário.» Conduziu novamente até à vila, virou para a Mulberry Avenue e estacionou atrás de uma carrinha, de onde avistava bem a porta de casa de Carter.
Reparou que havia uma cabina telefónica na outra ponta da rua e praguejou. Ainda não tinha falado com Beth. Naquela noite, devia tê-la levado a ver o filme de James Bond e ficar de olho em Faulkner, em vez de estar a morrer de frio num carro desconfortável e a olhar para uma casa escura como breu. Sabe-se lá como, o agente 007 conseguiria salvar o mundo de um criminoso infame em apenas duas horas, enquanto William tentava manter-se acordado a noite inteira, a vigiar um bandido local. Ligou o rádio. O Sínodo Geral da Igreja Anglicana andava a discutir se as mulheres deviam ou não ser ordenadas. «Isso é apenas a ponta do icebergue», conseguia ouvir o pai a dizer. «A seguir, vão querer ser bispos.» Às notícias, seguiu-se um programa sobre a recente proliferação da mosca tsé-tsé na África subsariana. William adormeceu e só acordou quando ouviu o sinal sonoro a anunciar o noticiário das cinco da manhã.
— Bom dia, está a ouvir a BBC. O primeiro-ministro…
Ele pestanejou, esfregou os olhos e olhou para a casa, vendo uma luz acesa no andar de cima. Despertou instantaneamente, com o coração a bater descompassado. Passados uns instantes, a luz no andar de cima apagou-se e acendeu-se outra no rés do chão. William abriu a garrafa de água, bebeu um gole e estava a salpicar o rosto quando a porta se abriu e Carter apareceu com um grande saco de viagem de couro, que colocou na mala do carro antes de se sentar ao volante. Precisou de três tentativas para pôr o motor a trabalhar.
O Volvo saiu do caminho da entrada e William arrancou em marcha lenta, deixando os faróis apagados. Quando chegou ao fundo da rua, Carter virou à direita e ele seguiu-o mantendo a distância, pois havia poucos veículos a circular àquela hora da manhã. Carter virou à esquerda numa rotunda e juntou-se ao trânsito matinal para sair da vila.
— Por favor, por favor, por favor — murmurou William, enquanto o Volvo continuava em direção à autoestrada.
Na rotunda seguinte, as preces de William foram atendidas quando Carter virou na terceira saída e se juntou ao fluxo de trânsito com destino a Londres.
Permaneceu na faixa de dentro e não ultrapassou uma única vez o limite de velocidade. Era claramente um homem que não queria ser mandado parar pela polícia, o que levou William a interrogar-se sobre o conteúdo do saco de viagem. À medida que os quilómetros passavam, ia ficando cada vez mais confiante de que Carter se dirigia para a capital, possivelmente para se encontrar com o homem que Lamont estava tão ansioso por identificar. Mas depois, sem ligar o pisca, ele saiu da autoestrada e começou a seguir as placas até ao aeroporto de Heathrow, onde deixou o carro no parque de estacionamento de curta duração.
William estacionou no piso acima e seguiu-o até ao terminal 2, onde o viu dirigir-se para o balcão da British Airways. Ficou à espera de que ele fizesse o check-in e recebesse o cartão de embarque. A seguir, Carter subiu pela escada rolante até ao primeiro andar, segurando o saco de viagem com firmeza, e encaminhou-se para a área das partidas.
William foi rapidamente ao balcão de check-in e mostrou a identificação à funcionária.
— Preciso de saber em que voo vai viajar um tal senhor Kevin Carter.
Ela hesitou por um momento e depois premiu um botão que tinha debaixo do balcão. Passados instantes, apareceu ao seu lado um homem alto e bem constituído. William exibiu novamente a sua identificação e repetiu o pedido.
— Quem é o seu chefe? — foi a única coisa que o homem disse.
— Inspetor-chefe Lamont, responsável pela Brigada de Arte e Antiguidades da Scotland Yard.
O segurança agarrou num telefone.
— Qual é o número?
— 01 735 2916 — respondeu William, rezando para que Lamont estivesse no seu posto.
— Lamont — disse uma voz.
O segurança entregou o telefone a William, que explicou ao chefe por que motivo estava em Heathrow.
— Passa-lhe novamente o telefone, rapaz — disse Lamont.
Ele obedeceu e ouviu uma conversa unilateral que terminou com as palavras: «Sim, senhor.»
O segurança acenou com a cabeça e a funcionária do balcão de reservas consultou o computador antes de dizer:
— O senhor Carter está no voo 028, com destino a Roma. A porta de embarque fecha dentro de vinte minutos.
— Tenho dois problemas — disse William, virando-se novamente para o segurança. — Preciso de um lugar nesse voo e não tenho passaporte.
— Emita um cartão de embarque em nome do inspetor Warwick — disse o segurança para a funcionária — e, se possível, sente-o duas filas atrás do senhor Carter.
— Consigo pô-lo três filas atrás dele — disse ela, digitando rapidamente no computador.
— Não podia ser melhor — disse William.
Ela imprimiu o cartão de embarque e entregou-lho.
— O meu nome é Jim Travers — disse o novo assistente de William. — Siga-me. Não temos tempo a perder.
William foi conduzido aos bastidores e acompanhou Jim ao longo de um lúgubre corredor de tijolo cinzento, no qual não se viam quaisquer passageiros. Depois de uma longa e rápida caminhada, Jim abriu uma porta que dava para o exterior, onde um carro descaracterizado estava parado junto à pista. Saltou lá para dentro e conduziu William até à lateral de um avião em espera.
— Boa sorte! — disse ele antes de William subir os degraus a correr e entrar num avião vazio.
Sentou-se no seu lugar, na parte de trás, e não teve de esperar muito até aparecerem os primeiros passageiros. Carter estava entre os últimos. Ainda agarrado ao saco de viagem, sentou-se à janela, três filas à frente dele.
Depois de o avião descolar, William comeu a primeira refeição digna desse nome dos últimos dois dias, antes de aproveitar a oportunidade para se recostar e fechar os olhos. No fim de contas, Carter não iria desembarcar antes de chegarem a Roma.
O avião aterrou no Aeroporto Leonardo da Vinci duas horas depois e deslizou pela pista até à porta de desembarque. Quando entraram no terminal e se dirigiram para o controlo de passaportes, havia apenas dois passageiros entre William e Carter. Socorro, pensou ele ao lembrar-se de que não tinha passaporte. Contudo, apenas uns metros mais à frente, uma mulher jovem e elegantemente vestida surgiu ao seu lado e deu-lhe o braço.
— Venha comigo, inspetor Warwick.
— Mas posso perder o homem que estou a seguir.
— Dois dos nossos agentes já estão no encalço do Carter. Vai apanhá-lo do outro lado.
Foram direitos a uma saída que dizia «Tripulação», na qual obviamente já estavam à espera deles, uma vez que passaram pelo controlo de passaportes sem sequer abrandar o passo. William sentiu-se tratado como realeza enquanto o levavam rapidamente para fora do terminal, onde havia um carro à sua espera, com a porta de trás aberta.
Depois de agradecer à mulher, entrou na viatura e deparou-se com um homem já sentado no banco de trás, envergando uma elegante farda bege e que estava claramente à sua espera.
— Bom dia — disse ele. — Sou o tenente Antonio Monti e estou aqui para lhe dar toda a ajuda de que precisar.
— Grazie — replicou William enquanto trocavam um aperto de mão.
— Parla italiano?
— O suficiente para me safar — disse William. — Ma poi Roma è la mia città preferita.
Tiveram de esperar mais trinta minutos até Carter sair do edifício, de saco na mão, e juntar-se a uma fila para apanhar táxi, altura em que o tenente já sabia sobre ele praticamente tanto como William.
O motorista da polícia italiana revelou-se muito mais competente do que William no que tocava a perseguir um suspeito, o que lhe permitiu desfrutar de algumas vistas familiares: o Coliseu, a Basílica de São Pedro, a Coluna de Trajano, e todas lhe recordaram os seus tempos de estudante, quando se sentara na parte de trás de um autocarro apinhado de gente e sem ar condicionado, em direção a uma pousada da juventude que não ficava propriamente no centro da cidade.
Quando, por fim, o táxi de Carter se imobilizou, não foi à porta de um hotel, como William esperava, mas sim de um grande edifício municipal com uma bandeira italiana a flutuar ao vento no alto de um mastro no telhado.
— Fique onde está e deixe isto comigo — disse o tenente. — Não queremos que ele o veja.
Saiu do carro e entrou atrás de Carter. William também saiu, mas apenas para esticar as pernas. Depois, de repente, recuou um passo e escondeu-se atrás de uma fonte, ao ver uma figura familiar a entrar no edifício. Os seus olhos nunca se desviaram da porta mais do que uns segundos, mas passou-se quase uma hora até o tenente voltar e juntar-se-lhe no banco de trás do carro.
Carter saiu passados uns instantes e mandou parar um táxi, mas Monti não deu instruções ao motorista para os seguir.
— Vai voltar ao aeroporto — disse ele. — O saco já está vazio — acrescentou, sem mais explicações. — Reservaram bilhetes para o voo das três e dez com destino a Heathrow.
— Nesse caso, eu também devia ir — disse William.
— Não é necessário. A inspetora Roycroft estará em Heathrow à espera deles. De qualquer forma, temos coisas mais importantes para fazer.
— Por exemplo?
— Primeiro, tem de experimentar um pouco da hospitalidade italiana. Vamos almoçar no Casina Valadier antes de passarmos pela Galeria Borghese, e mesmo assim chegará a tempo de embarcar no voo das cinco e vinte para Londres.
— Mas as minhas ajudas de custo não…
— Está em Itália, mio amico — disse o tenente —, e acabou de prestar um grande serviço ao povo italiano, pelo que tem de ser recompensado. E, de qualquer forma, em Itália não nos preocupamos tanto com as despesas como vocês, ingleses.
Era óbvio que não tinham de enfrentar uma senhora Walters, pensou William.
— Talvez queira dar uma vista de olhos nisto — disse Monti, entregando-lhe um documento que parecia oficial.
Ele olhou para a primeira página.
— O meu italiano não é assim tão bom — confessou.
— Nesse caso, terei de lho ler linha por linha durante o almoço, pois preciso de saber se deseja que seja deferido o pedido de licença do senhor Carter ou se a Scotland Yard prefere que o recusemos.
William bateu à porta e, quando Beth abriu, foi recebido com:
— Olá, desconhecido, qual é a tua desculpa desta vez?
— Fui a Roma.
— Para visitar outra mulher?
— A irmã de Napoleão.
— Disseram-me que é bastante fria.
— Como mármore — disse William, inclinando-se para a beijar, mas apenas lhe roçou os lábios, pois ela desviou-se.
— Não até ter ouvido a versão de Paulina — disse Beth, levando-o para a cozinha.
Durante o jantar, ele contou-lhe tudo o que tinha acontecido desde a última vez que a vira, incluindo uma refeição memorável no Casina Valadier e uma tarde passada com Antonio Monti na Galeria Borghese.
— Devias ter ido para a polícia italiana, William. É óbvio que têm melhores galerias, melhor comida e…
— Mas não têm mulheres mais adoráveis — replicou ele, tomando-a nos braços.
Ela empurrou-o com ar brincalhão e disse com firmeza:
— Só depois de me contares para que é que o Carter precisava de uma licença.