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22h06 CET

William deitou-se no seu beliche pouco depois das dez, mas não dormiu. Alguns dos marinheiros estavam a jogar cartas, enquanto outros contavam histórias improváveis de tesouros que tinham recuperado do fundo do oceano. Depressa se tornou claro que não faziam ideia de quão bem-sucedida ia ser aquela viagem, e poucos se mostravam otimistas.

Enquanto William descansava, Monti continuou a trabalhar e a vigiar no convés. Pouco passava da meia-noite quando chegou junto ao beliche do colega e, como estava tudo mais sereno, conseguiu pô-lo a par do que se passava sem que o ouvissem.

— No convés, não se passa grande coisa. O Carter e o Grant não saem das cabinas desde que zarpámos. Duvido que vejamos algum deles antes de amanhecer. Mas não podemos correr riscos, por isso é melhor substituir-me. Quando subir para o convés, há de ver um bote salva-vidas a estibordo.

— De que lado é o estibordo? — perguntou William.

— Do direito, idiota. Pensava que vinha de uma nação de marinheiros. Esconda-se debaixo da lona, de maneira a que as pessoas que saiam para o convés durante a sua vigia não o possam ver. E certifique-se de que não adormece. Acorde-me às quatro para eu o render.

William subiu uma escada de caracol e saiu para o convés. Avistou o bote salva-vidas a balançar suavemente ao vento e caminhou cautelosamente na sua direção, parando ao mais pequeno som fora do vulgar.

Uma última verificação, para ter a certeza de que não havia ninguém a observá-lo. Estabilizou o salva-vidas, içou-se lá para dentro e escorregou para debaixo da lona. Depressa percebeu que não havia perigo de adormecer. Era muito mais provável vomitar.

Tentou dominar a técnica de balançar juntamente com o barco e, por mais vezes que olhasse para o relógio, nem por isso o ponteiro dos minutos andava mais depressa. E depois, sem aviso, ouviu uns passos pesados a aproximarem-se, seguidos de uma voz a falar inglês.

22h19 GMT

Jackie concluiu que aquilo ainda era pior do que uma operação de vigilância, pois estavam à espera de alguém que não estava ali, em vez de alguém que estava ali e acabaria por aparecer.

00h58 CET

— Está tudo pronto. Agora, a única coisa que temos de fazer é…

William não moveu um músculo até a voz acabar por esmorecer. Mais palavras, mas foram levadas pelo vento. Levantou um bocadinho a lona e os seus olhos pousaram num grupo de quatro homens a poucos metros do bote salva-vidas.

Grant abriu o fecho do saco de viagem e tirou de lá a velha caixa de madeira que ele vira pela primeira vez na oficina de Carter. Pousou-a cuidadosamente no convés. O contramestre atou destramente uma corda à sua volta, como se estivesse a embrulhar um grande presente de Natal. Depois de garantir que estava bem presa, prendeu a corda ao molinete que William e Monti tinham ajudado a trazer para bordo. Em seguida, agarrou na manivela e rodou-a lentamente até tirar a folga do cabo. Um homem mais velho com o rosto batido pelas intempéries e barba escura e desleixada, que usava um boné com trancelim, estabilizou a caixa à medida que esta era içada lentamente do convés.

Quando estava a cerca de um metro do chão, o capitão guiou-a com calma sobre a amurada do barco e depois fez um aceno de cabeça. O marinheiro começou a rodar o guincho na direção oposta e a caixa iniciou a lenta descida em direção à água. William não a perdeu de vista até desaparecer sob as ondas. Passaram-se vários minutos até o homem que manobrava o guincho concluir o seu trabalho e a caixa pousar no fundo do mar, cerca de quarenta metros mais abaixo. Ele e o capitão lançaram então uma pequena âncora borda fora. Estava presa a uma boia com uma luz intermitente que marcava a localização exata da largada.

Carter olhou para o capitão e simulou uma continência. Grant agarrou no saco de viagem vazio e atravessaram ambos o convés. William voltou a esconder-se debaixo da lona, mas não conseguiu perceber o que diziam até passarem pelo bote salva-vidas.

— Espero que eles sejam de confiança.

— Estão a ser suficientemente bem pagos, e se…

William não mexeu um músculo, decidindo esperar até ter a certeza de que eles já tinham regressado às suas cabinas.

00h00 GMT

O superintendente cruzou as pernas. Precisava desesperadamente de urinar, mas não ia ser o primeiro a admitir tal coisa. Lamont continuava a olhar esperançado para o longo caminho de acesso à casa, atento ao som de algum motor.

Jackie não tinha parado de olhar para o relógio nas últimas três horas, sentindo-se cada vez mais ansiosa.

02h00 CET

William levantou a lona um centímetro e espreitou em todas as direções. Não viu ninguém. Olhou para o relógio e saiu atabalhoadamente por um dos lados do bote oscilante, com dificuldade em agarrar-se. Aterrou de cabeça no convés escorregadio.

Tentou firmar-se e pôr-se em pé, mas estava tão fraco e zonzo que teve de se agarrar à amurada. Por fim, sucumbiu, debruçou-se para fora do barco e vomitou violentamente. Quando levantou a cabeça, viu que estavam agora a navegar à volta da boia.

Levou algum tempo a recuperar o suficiente para voltar a descer a escada de caracol e deixou-se cair no seu beliche, onde ficou imóvel para tentar não enjoar novamente.

Decidiu não acordar Monti, pois não valia a pena ele passar as duas horas seguintes naquele salva-vidas quando não iria acontecer nada antes de o sol nascer. Mesmo assim, não conseguiu dormir.

01h07 GMT

Lamont ouviu o som de um carro a aproximar-se por trás. Passados instantes, um Jaguar verde passou por eles e seguiu pelo caminho de acesso, com os faróis acesos. Parou junto à casa.

O condutor saiu, abriu a porta da casa e desapareceu lá dentro. Pouco depois, as luzes da entrada acenderam-se.

Lamont praguejou várias vezes antes de quebrar o silêncio de rádio e dar a ordem que tanto temia.

— Operação Período Azul abortada. Regressem à base.

E ainda bem que não conseguiu ouvir o coro de resmungos e palavrões vindo das duas carrinhas, onde os seus leais subordinados tinham ficado em silêncio durante mais de cinco horas. Foram vários os que saíram dos veículos e começaram a urinar em simultâneo.

06h09 CET

— Porque é que não me acordou às quatro? — perguntou rispidamente Monti.

Olhou com cara de poucos amigos para William, que estava da mesma cor que o seu lençol ensopado e continuava a transpirar. Ele levou o dedo aos lábios e fez sinal de que deviam subir ao convés.

Os grasnidos das gaivotas pairavam sobre eles enquanto William apontava para a boia com a luz a piscar que andava para cima e para baixo ao sabor das ondas, antes de explicar a Monti por que motivo não se dera ao trabalho de acordá-lo.

— Bem pensado — disse o tenente.

Olharam para a ponte de comando, onde o capitão manobrava a embarcação em círculos cada vez mais apertados à volta da boia. Nem sinal de Carter ou Grant, mas William duvidava que estivessem a dormir.

Durante os quarenta minutos seguintes, ele e Monti cumpriram as ordens que o contramestre lhes dava, mas os seus olhos estavam sempre a desviar-se para o acesso aos aposentos privados, à espera de que os atores principais fizessem a sua entrada em palco.

Pouco passava das sete quando Carter saiu para o convés, acompanhado de dois mergulhadores com fatos de neopreno, os quais puseram as máscaras, calçaram as barbatanas sentando-se na amurada e ajustaram os reguladores. A seguir, deixaram-se cair de costas e desapareceram sob as ondas.

05h20 GMT

O superintendente Wall conduziu Lamont e Jackie de volta a Guildford e deixou-os no centro da cidade.

— Tenho a certeza de que conseguem encontrar o caminho para a estação — disse, e arrancou.

— Não podemos censurá-lo — disse Jackie passados vinte minutos, enquanto estavam especados numa plataforma fria e cinzenta, à espera do primeiro comboio para Waterloo.

— Por este andar, quando chegarmos à Scotland Yard — comentou Lamont —, provavelmente vamos descobrir que o inspetor-chefe Warwick é o novo chefe da Brigada de Arte e Antiguidades, e que eu fui despromovido a inspetor e tenho de tratá-lo por senhor.

— O que significa que eu estarei de volta ao serviço como polícia de trânsito — disse Jackie.

08h30 CET

Os dois mergulhadores voltaram à superfície quatro vezes durante a hora seguinte e, em cada uma delas, fizeram o sinal de polegar para baixo antes de voltarem à sua tarefa. Passadas mais duas horas, regressaram ao barco com ar exausto e deitaram-se no convés, a recuperar. William desconfiava que eles nunca tinham estado a mais de uns quantos metros da superfície.

Carter e Grant mostraram-se convenientemente desapontados, e a tripulação já começava a perder o interesse nos seus esforços. Mas William sabia que estavam apenas a assistir ao primeiro ato daquela pantomima e que a cortina estava prestes a subir novamente depois do intervalo.

Assim que os mergulhadores se sentiram recuperados, voltaram à sua missão. Ao longo das duas horas seguintes, houve mais três sinais de polegares para baixo, para todos verem. Foi Monti quem reparou que a boia de marcação e a respetiva luz intermitente já não eram visíveis.

— Devem ter localizado a caixa — sussurrou.

— Mas ainda não estão prontos para admiti-lo — disse William.

Os mergulhadores desapareceram novamente debaixo de água, mas desta vez, quando vieram à superfície, um deles estava a acenar freneticamente enquanto o outro mostrava agora o polegar para cima. A tripulação correu para estibordo e começou a festejar, embora William notasse que o capitão continuava extraordinariamente calmo. O que não admirava, pois já tinha lido o segundo ato.

O contramestre voltou rapidamente para o molinete e começou a tirar a folga do cabo. Carter e Grant juntaram-se à tripulação, que estava na expectativa debruçada sobre a amurada, e quando a caixa voltou a aparecer à superfície alguns minutos depois, convenientemente cheia de cracas, pareceram tão surpreendidos e encantados como o resto dos homens.

O contramestre moderou os seus esforços, de maneira a que a preciosa carga pudesse ser içada em segurança sobre a amurada e pousada no convés. Depois ajoelhou-se e começou a desatar a corda enquanto o capitão descia da ponte de comando. Toda a gente ficou por perto, impacientemente à espera de descobrir o que estava dentro da caixa. Bem, nem todos.

Uma vez retirada a corda, o contramestre desviou-se para deixar Carter encarregar-se da cerimónia de abertura, o qual mesmo assim fingiu precisar da ajuda de Grant para abrir a fechadura velha e enferrujada. William só gostava de saber em que loja de antiguidades teria Carter encontrado um adereço tão convincente. Quando a tampa foi finalmente levantada, seguiu-se um momento de silêncio absoluto, ao mesmo tempo que todos os que se encontravam no convés olhavam incrédulos para as 712 moedas de prata. Mas apenas Carter sabia o número exato.

A tripulação festejou enquanto Grant pegava na caixa e a aninhava nos braços como se fosse um filho único resgatado do mar. A seguir, caminhou lentamente em direção aos aposentos privados, com um Carter sorridente no seu encalço.

O capitão anunciou à tripulação que iam regressar ao porto de imediato, mas que todos os marinheiros iriam receber na mesma o salário de uma semana completa. Isto suscitou festejos ainda mais efusivos.

10h54 GMT

— Gabinete do comandante Hawksby.

— Angela, daqui fala Bruce Lamont. Pode passar-me ao chefe?

— Ele ainda está em Itália, Bruce. Não deve voltar antes de segunda-feira.

— Há alguma esperança de ficar por lá?

— Será que ouvi bem, inspetor-chefe?

— Nunca me ouviu dizer semelhante coisa, Angela.

— O assunto pode esperar até segunda-feira?

— Que remédio. Mas a verdade é que também já estou a ficar habituado a ficar à espera para depois descobrir que não aparece ninguém.

12h36 CET

Depois de o barco atracar, William e Monti debruçaram-se sobre a amurada e viram Grant a carregar a caixa pela prancha de desembarque. Continuava agarrado a ela quando entrou para o banco de trás do carro que o esperava.

William reconheceu o motorista. Que estranho ele saber exatamente a que horas teria de ir buscar os seus dois passageiros, embora não tivessem forma de comunicar entre si… Carter apertou a mão ao capitão, ao contramestre e aos dois mergulhadores, revelando quem fazia parte da trama. A seguir, desceu a prancha de desembarque e juntou-se a Grant.

Quando o carro arrancou, e antes que William tivesse oportunidade de perguntar, Monti disse:

— Não se preocupe, estão a ser seguidos. De qualquer forma, sabemos exatamente para onde vão.

— E se mudarem de planos? — indagou ele.

— Prendemo-los, roubamos a caixa e reformamo-nos.

William riu-se no preciso momento em que um homem elegantemente trajado com um blazer assertoado passava junto à embarcação e regressava ao hotel, aparentando ser um turista endinheirado.

William e Monti foram para a fila juntamente com o resto da tripulação, para receberem uma semana de salário. Não ia ficar barato, pensou William, mas Carter precisava que todos os figurantes naquela charada repetissem uma versão plausível do que tinham presenciado às suas famílias e amigos, e a quem mais se dignasse ouvi-la.

Depois das contas acertadas, voltaram ambos ao hotel em que Hawksby estava hospedado, o qual se encontrava à espera deles. Desta vez, William pôde tomar um duche e Monti fez a barba e escovou os dentes pela primeira vez desde há dias.

Depois de terem vestido a sua própria roupa, juntaram-se a Hawksby para almoçar. Não que William estivesse com muita fome… Estavam precisamente a terminar o prato principal quando um empregado de mesa se aproximou deles e disse ao tenente Monti que tinha uma chamada, que podia atender na receção.

— É um bom homem, este Monti — disse Hawksby, erguendo o copo depois de ele se ter afastado.

— Sem dúvida — replicou William, voltando a encher o copo de vinho. — Como é que terá corrido a Operação Período Azul?

Hawksby olhou para o relógio.

— Por esta altura, já terminou, de uma forma ou de outra — disse, ao mesmo tempo que o tenente voltava a aparecer e a tomar o seu lugar.

— Posso confirmar que uma caixa de madeira contendo mais de setecentas moedas de prata foi entregue no Departamento da Marinha Italiana, em Roma. Um tal senhor Carter exibiu a sua licença devidamente carimbada e reivindica a descoberta de um tesouro, assessorado por um homem chamado Booth Watson.

Hawk e William bateram com as palmas das mãos na mesa.

— A última vez que o senhor Carter foi visto estava a ser fotografado e a conversar com jornalistas sobre a sua extraordinária descoberta — disse Monti, enquanto William voltava a encher-lhe o copo. — Como quer proceder a partir daqui?

— Não tenho pressa — redarguiu Hawksby. — As engrenagens da administração pública são sempre bastante lentas. Por isso, vamos deixar os bandidos gastar os seus imerecidos proventos durante alguns dias antes de dizermos ao mundo que, afinal, a espantosa descoberta que fizeram não vale mais de setecentas mil libras, mas apenas alguns milhares, na melhor das hipóteses.

— E nem nesses hão de pôr as mãos — disse Monti —, porque teremos de confiscar a caixa e o seu conteúdo como prova a apresentar quando forem a julgamento, o que não acontecerá durante pelo menos um ano.

13h25 GMT

William e o comandante separaram-se quando chegaram a Heathrow.

— Vemo-nos na segunda-feira, às nove no meu gabinete, para fazermos o balanço da situação — disse Hawksby. — Bom fim de semana.

William sentiu pela primeira vez que fazia efetivamente parte da equipa.

Ao entrar no metropolitano para Londres, perguntou a si mesmo se Lamont e Jackie teriam tido o mesmo sucesso com a Operação Período Azul. Ainda pensou em ligar para casa dela, mas decidiu que isso podia esperar até à reunião com Hawk na segunda-feira.

Saiu da estação de South Kensington e dirigiu-se para casa. Mas continuaria a ser também a sua casa? Será que Beth lhe tinha perdoado e esquecido a primeira discussão entre os dois, ou teria posto trancas à porta? E, se o tivesse feito, quem poderia censurá-la? Sentia-se apreensivo enquanto se aproximava da porta de entrada, mas quando enfiou a chave na fechadura a porta não só se abriu, como as flores que ele enviara estavam numa jarra, na mesinha da entrada.

Beth veio a correr da cozinha e abraçou-o.

— Estou tão arrependida — disse. — Comportei-me como uma idiota. É claro que sei que não podes falar sobre o teu trabalho, sobretudo quando tem a ver com o Rembrandt. Mas, por favor, da próxima vez que te esgueirares a meio da noite, pelo menos telefona e dá-me uma ideia de quando voltas para casa. Passei os últimos três dias a pensar se me terias deixado, e quando não ligaste…

— Estava numa missão.

— Não preciso de saber — disse Beth, levando-o para a cozinha. A mesa já estava posta, faltava apenas acender as velas. — Fiz uma refeição especial para arrufos de namorados, para tentar compensar o meu comportamento horrível. Fica pronta em cerca de meia hora e depois posso contar-te as minhas novidades.

William tomou-a nos seus braços e beijou-a.

— Senti a tua falta.

— E eu também senti a tua. Na verdade, pensei que te tinha perdido.

Ele pegou-lhe na mão e levou-a para fora da cozinha.

— Mas ainda não jantámos! — disse ela, enquanto ele a arrastava pelas escadas acima.

— Há pessoas que fazem sexo antes de jantar.

— Homem das cavernas! — disse Beth, começando a desabotoar o vestido.

William estava a ler um artigo no The Guardian, um jornal em que nunca pensara pegar antes de conhecer Beth. Leu a notícia do correspondente em Roma uma segunda vez antes de lhe entregar o jornal e esperar pela sua reação.

— Uau! Mais de setecentas mil libras — disse ela. — Mas que golpe! Foi por isso que tiveste de ir embora tão à pressa? Desculpa, não devia ter perguntado.

Ele acenou afirmativamente.

— A verdadeira história deve ser conhecida muito em breve e não virá na página doze, mas sim na primeira página. Mas até lá não posso dizer nada.

— Eu compreendo — disse Beth, partindo a parte de cima do seu ovo.

— Ontem à noite — disse William —, deste a entender que também tinhas notícias interessantes.

— Isso foi antes de me interromperes, homem das cavernas!

— E então? Vais contar-me?

— Tenho um novo emprego.

— Vais deixar o Fitzmolean?

— Não, pelo menos até devolveres o quadro sobre o qual não posso fazer perguntas.

— Então, o que é?

— Fui promovida a curadora assistente.

— Gosto imenso da ideia de viver com uma curadora assistente, embora não saiba bem o que faz.

— Vou ser responsável por organizar eventos especiais, como a exposição de Van Eyck no mês que vem, e fico a depender diretamente do Mark Cranston, o curador.

— Dá direito a aumento de salário?

— Nada digno de nota. Mas, para ser justa, nem sequer sabia que estava a ser considerada para o cargo.

— Os teus pais vão ficar muito orgulhosos.

— Telefonei ao meu pai ontem à noite, para lhe dar a notícia.

William ficou surpreendido, mas não comentou.

— E tenho mais outra novidade: o Jez vai deixar-me.

— Por outro homem?

— Sim, vai mudar-se para casa do seu amigo Drew e, por isso, terei de procurar outro hóspede. E, antes que perguntes, a resposta é não.